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História A Garota Azul - Frígida e sedenta.


Escrita por: AnnieParker

Notas do Autor


GENTE MEU DEUS EU TBM NEM AVISEI QUE IA PARTICIPAR DESSE PROJETO!
Tô postando nas pressas, minha cara isso, mas pra quem não sabe, isso é aqui é uma das One-shots da Semana do Terror 2016 da @Bura, ao qual tive o prazer de ser convidada *---*
Fiquei com o casal Gruvia e saiu isso aqui, espero que você gostem. Procurem na tag da fic e achem as outras lindezas que as meninas escreveram <3
(Gente, só avisando em off, não era essa história que eu ia postar, era uma outra de mais de DEZ MIL PALAVRAS, mas não deu tempo de terminar, então fiz essa aqui de última hora, desculpem T^T).
Espero que gostem, pessoal! Boa leitura!
Ps.: Onde eu moro não tem horário de verão então ainda é antes da meia noite por aqui. Meu dia é 31 então ainda tô no prazo kkkk ~que vergonha, Annie.

Capítulo 1 - Frígida e sedenta.


Sonhava todos os dias com ela.

A pele frígida, lábios trêmulo, os profundos olhos azuis. Olhos que pareciam consumir sua alma, inexpressivos, sedentos de atenção.

“Gray”, ela chamava. Nunca se via nos sonhos, apenas sentia que estava lá, sendo tocado, chamado para o horizonte enevoado e frio. Entretanto, mesmo que quisesse ir, ele nunca conseguia chegar até lá. Era sempre abandonado por ela, que corria com seus pés descalços e o vestido que antes poderia ter sido tão alvo quanto sua pele, mas que agora se encontrava amarelado e rasgado.

E então ele acordava. Tão perdido e sozinho quanto havia sido deixado em sonho.

Até que estes foram se tornando pesadelos.

Em certo momento de sua infância perturbadora, morando sozinho com uma tia que vivia perdida em tabaco e bebida, ele havia parado de sonhar com a moça de cabelos e olhos azuis. Cresceu no caminho errado, revoltado por ter sido abandonado pelos pais naquela miséria de vida, vivendo em meio ao desespero.

Voltou a ser assombrado aos dezesseis anos, atormentado em sono, a moça cada vez mais parecendo sugar suas energias. Quando passou a vê-la também acordado, as coisas mudaram. Passou a temer cada espelho e canto escuro, porque lá sempre estava ela, sorrindo em sua direção. Era como um reflexo deturpado de sua própria sombra: sempre estava lá quando se virava, mas não era o que ele esperava ver.

Deixou amigos e namoradas de lado, pois eram nesses momentos que ela aparecia com frequência, mas sem sorrisos. Ciumenta, possessiva, manipuladora. Sem ao menos manifestar algum evento físico, a aparição demonstrava tudo isso. Ela o queria só para ele.

E antes que percebesse, Gray também parou de viver. Isolado, sem ir à escola e sem ninguém por perto, ela era sua única companhia.

Aos dezesseis anos, amargurado pelo seu próprio destino assombrado, descontava sua raiva nos pincéis e tintas. A pintava de todas as formas, o azul frio sempre destacando a tristeza e o medo. Em dado momento, num ataque de pânico e com o quarto repleto de imagens da garota azul, ele dormiu em meio ao choro e tinta.

E num sonho que beirava o mundo real e o onírico, ela o teve.

Clamando seu nome, o tocou em alma e corpo. Com a excitação correndo pelas veias, queimando em pavor e desejo, assim como tudo dele era dela, também foi ela que o tomou pela primeira vez.

E chorando pela própria loucura, foi a última vez que ele a viu.

 

***
 

 

– Senhor, a testemunha daquele caso está aqui para depor.

Alongando as costas, Gray respirou fundo.

– Pode mandar entrar.

Abriu rapidamente a gaveta, pegando um frasco laranja de comprimidos. Quinze anos se passaram, entretanto sabia que não poderia arriscar. Nunca mais poderia deixar de tomar seus remédios para esquizofrenia crônica. Esse era o preço para uma vida normal.

O investigador Romeo entrou com uma moça com cabelos tingidos de azul, coisa que Gray teve que aprender a conviver devido a modernidade dos jovens de cabelos coloridos. Ela estava algemada e de cabeça baixa, e foi colocada na cadeira em frente a sua mesa.

– Porque as algemas?

– Ela é agressiva, senhor.

– E a ficha?

– Não conseguimos identificá-la. Ela aparenta ter de dezoito a dezenove anos. Mas parece que ela perdeu a memória.

Ótimo.

– Tudo bem, pode sair.

Gray respirou fundo, seria um longo dia.

Preparou o computador para escrever, já que estava sem seu escrivão naquele momento. Olhou para garota, chamando-a:

– Moça? Consegue se lembrar do seu nome?

Ao ser chamada, levantou a cabeça devagar, o olhando por entre os fios de cabelo. Balançou a cabeça.

– De acordo com os policiais que a acharam na cena do crime, você estava ao lado da moça violentada e morta. Você era amiga dela?

Fez que não mais uma vez.

– Ela foi violentada pelos dois homens mortos no local. Ambos com cortes precisos no pescoço, ferimentos feitos praticamente ao mesmo tempo que os levaram a óbito. Foi você a autora do crime?

Desta vez, ela balançou a cabeça com veemência.

– Então o que estava fazendo ali, às 22h:35min da noite de ontem, se não era amiga da moça e nem estava com os homens?

Ela abaixou a cabeça de novo, parecia chorar.

– Meus homens dizem que você tem um comportamento agressivo. E como parece muito improvável que você seja cúmplice do estupro, eu acho que você conhece a vítima, estava lá, e os matou por vingança. Se for assim, pode me contar. Foi legítima defesa.

Quando sentia que estava quase conseguindo tirar a verdade da testemunha, ela o olhou de cabeça erguida. Olhar para aquele rosto era como orbitar à deriva de um buraco negro, caindo e caindo eternamente. Seu coração congelou, a respiração falhou e por um momento ele voltou quinze anos no tempo. Voltando a ser aquele garoto assombrado por sua própria mente.

Se jogou para trás com toda força, caindo da cadeira. Os profundos olhos azuis que ele tanto conhecia, sempre demonstrando obsessão, agora estavam tristes, mesmo que ainda vazios.

– E-eu não me lembro. – Foram suas palavras, sussurradas com lábios ressecados.

Era a garota azul.

Sem pensar duas vezes, Gray saiu da sala às pressas, se apoiando no balcão do corredor enquanto folgava a gravata. Estava tendo um ataque de pânico.

– Gray, você está bem?

Kagura, sua colega advogada, perguntou, vendo-o naquele estado deplorável:

– Você está pálido e gelado, o que aconteceu?

– Eu preciso… Que você me faça um favor. – Ofegou entre as palavras, tentando se acalmar. – Tem uma garota de cabelos azuis na minha sala. Pode conferir se ela está mesmo lá?

Kagura o olhou com preocupação. Ela sabia de sua doença.

– Gray, você acha…

– Só faz isso, por favor.

Ela acenou com a cabeça e foi até a sala, abriu a porta e voltou logo em seguida. Já esperando ouvir um “não tem ninguém lá”, Gray estava cogitando a se internar num hospício, quando ela disse:

– Sim, ela está lá.

A resposta teve o efeito contrário. O coração se acelerou ao invés de se acalmar.

O quê?!

– É uma garota bem esquisita por sinal. Quem é ela?

Gray não respondeu. Viu Romeo passando ao longe e o chamou de volta.

– Sim, senhor?

– A… garota. Mande-a de volta para cela, eu já terminei.

– Já? E então, ela é culpada?

– Apenas tire-a de lá! Eu vejo isso depois.

Mesmo estranhando a atitude, Romeo seguiu as ordens. Kagura ainda estava ali, observando tudo, quando ele a retirou da sala. Virado de costas enquanto ela passava, Gray escutou-a dizer:

– Meu nome é Juvia.

– Você está bem?

Respirando fundo, Gray forçou um sorriso para a amiga.

– Estou sim, não se preocupe.

Quando voltou para sala, jogou o frasco de remédios contra a parede e chorou como um garotinho. O que era pior? Ver alguém que não existe ou existir alguém que apenas você via?

Ele não conseguia decidir.

 

***

 

Depois de uma noite mal dormida e alguns comprimidos contra ansiedade, Gray concluiu que ela não era ela. Não poderia ser. Confessa que não havia jogado todos os desenhos e pinturas que tinha feito dela em seus momentos de loucura, coisa que deveria ter feito. Guardou apenas um, o maior de todos, o último, como a prova de que o que aconteceu havia sido real. Para ele. E que nunca poderia esquecer daquele rosto, mesmo que quisesse.

Então, como poderia existir alguém tão parecido?

Decidido a espantar da sua vida isso também, chegou à delegacia no dia seguinte com o documento de soltura da moça até então conhecida apenas como Juvia. Romeo entrou na sala indignado.

– Porque vai soltá-la?

– Por que não temos provas e a cadeia está cheia.

– Mas senhor, ela estava lá! Só temos que pressioná-la que ela conta!

Gray soltou os papéis que assinava, esfregando o rosto com impaciência.

– Olha, não existe arma do crime e nem material genético dela em qualquer corpo da cena. Ela não sabe quem é, nem tem documentos. Não podemos prendê-la aqui. Provavelmente ela é uma mendiga que passava pelo local.

– Uma mendiga bem agressiva.

Ele voltou para os papéis.

– A maioria é.

– Espero que saiba o que está fazendo.

Pela sua própria sanidade, ele estava fazendo a coisa certa.

Antes de deixar a delegacia naquela noite, ele ficou sabendo que a garota recebeu roupas e foi mandada para o endereço de um abrigo, até que se lembrasse de onde era ou alguém a reconhecesse de algum lugar. Não era mais problema dele.

Já em seu apartamento solitário, acordou assustado de madrugada, mesmo que não tivesse sonhado com nada. Provavelmente demoraria alguns dias para se reequilibrar.

Quando levantou para pegar uma xícara de café, assustou-se ao olhar pela janela da cozinha. No meio da chuva, em frente ao seu prédio e olhando exatamente para o seu apartamento, estava alguém parado do outro lado da rua. Pálida e assustadora, era a garota azul.

Quase derrubando a caneca, Gray se convenceu de aquela não era a verdadeira, proveniente de sua própria mente. E sim a da delegacia, a tal de Juvia.

A observou por longos minutos, era mesmo ela. Mas como sabia que ele morava ali? Coincidência? Teria o seguido? Andando de um lado para o outro, Gray pensou mil vezes antes de agir. E quando percebeu, já estava colocando um casaco e descendo as escadas.

Na porta do prédio, ele a chamou. A garota veio até ele, que teve que se controlar com a presença tão perto. Aquilo era uma prova de fogo. Estava começando a se arrepender.

– O que está fazendo aqui? – Conseguiu perguntar.

– Eu não sei, eu não tinha para onde ir. – Ensopada, ela tremia descontroladamente. – As pessoas no abrigo eram ruins, roubaram o casaco que me deram. E eu…

– Me seguiu.

Ela começou a chorar.

– Eu sinto muito, eu não sei para onde ir.

Gray sabia que iria se arrepender dessas palavras:

– Entra.

Subiu com ela até seu apartamento, mas por algum motivo não tinha medo. Estava mais do que convencido de que elas eram apenas muito parecidas. Porque além de ser logicamente impossível de que fossem a mesma pessoa, esta aparentava ter inocência. O que a outra evidentemente não tinha.

– Toma.

Lhe entregou uma xícara de café e uma toalha, aos quais ela aceitou agradecendo. O que diabos ele estava fazendo? Não sabia. Mas simplesmente não podia deixá-la na rua.

– Se lembrou de mais alguma coisa além do seu nome?

Balançou a cabeça.

– Tudo bem. Você pode ficar aqui esta noite, amanhã a levarei de volta para a delegacia e verei o que posso fazer.

– Obrigada.

Gray acenou e lhe trouxe roupa de cama, dizendo que havia escova de dentes nova e um pijama dele em seu banheiro, e que ela poderia usá-lo se quisesse tomar banho.

A deixou sozinha e se trancou no quarto, conferindo sua arma na gaveta da mesinha de cabeceira. E como se fosse piada, ele dormiu rapidamente.

 

***

 

 

Despertou vagarosamente, abrindo os olhos em direção a janela, onde ainda caiam pingos de chuva. Aproveitando para olhar como estava a garota, ele se levantou para ir até a sala, mas foi surpreendido por alguém no lado oposto e mais escuro do quarto.

Era ela.

– Como você entrou aqui?! – Assustado, tentou abrir a porta, mas ela estava trancada e sem a chave na fechadura. – Mas como…?

– Não preciso de métodos tradicionais para entrar nos lugares, Gray.

Sua voz estava diferente. Debochada.

– O que você quer, quem é você?

Quando ela apareceu no lado mais iluminado, ele soube. Pelo seu sorriso.

Num gesto instintivo, ele deu passos para trás, completamente sem fala.

– Você sabe quem eu sou, Gray. Nos conhecemos há tantos anos, como pode dizer isso?

– Vai embora! – Gritou, tapando os ouvidos. – Você não existe!

Como ela podia estar ali? Falando, tocando nas coisas? A esquizofrenia havia definitivamente subido de nível.

– Mas é claro que eu existo! – Ela disse se sentindo ofendida, até fazer uma pausa, pensando melhor. – Okay, passei a existir graças a você, mas o que importa? Eu estou aqui agora. Você não é louco.

Gray estava à beira de um colapso.

– Não, não, não.

Impedindo-o de balançar a cabeça agressivamente, ela se aproximou, tocando em seu rosto com seus dedos frios. Ele ficou imóvel, a olhando com pavor.

– Pare com isso, Gray. Você é meu. Por que ainda resiste tanto?

Com uma força sobre humana, ela o jogou no colchão e de algum modo fez com o que ele não se mexesse. Ou isso seria apenas reflexo do medo que o paralisava.

Ela subiu em cima dele, engatinhando.

– Durante todos esses anos que você quis me esquecer, se entupindo de remédios, eu estava lá, te observando e esperando o momento em que eu finalmente poderia atravessar a barreira até o seu mundo.

Ele sabia o que estava por vir. Durante anos ele teve acompanhamento psicológico para conseguir ter relações sexuais, pois sempre que tentava a memória vinha, fresca e doentia. Por isso nunca conseguiu um relacionamento: nunca conseguiu se envolver de verdade.

Por que só ela o tinha tido por completo.

– E agora eu estou aqui. Posso te tocar. – Ela acariciou seu rosto. – Posso te sentir.

Num momento de coragem, ele sussurrou:

– Vai embora…

– Ah não, meu amor. Eu sei que você também quer isso.

Quando ela colocou a mão dentro de sua cueca, ele percebeu que estava ereto. Ela tinha razão. Essa era uma das coisas que mais o enlouquecia: Mesmo que temesse, a desejava. Sempre.

Com a boca em seu sexo, ele gemeu. Era um prazer que doía, a cada suspiro mais sua alma parecia se perder em um caminho sem volta. Ela subiu em seu colo, com os seios à mostra, chupando seu peito e pescoço com força. E quando o beijou, ele não resistiu. Entregou-se à língua fria, possessiva, agressiva. Suas intimidades logo se encontraram, carne com carne, um ato que parecia completamente indigno.

E quando ele gozou, se sentiu o mais podre dos homens por ter sentido prazer por algo que não pertence a este mundo.

Completamente dilacerado por dentro e por fora, ele continuou na cama, incapaz de se mover, quando ela o beijou suavemente nos lábios e se levantou.

– Agora estamos eternamente ligados, e nem a divisão dos mundos pode nos separar.

– Quem… Quem é você? – Perguntou, as lágrimas caindo.

– Eu? – Sorriu. – Sou seu demônio.

E como num passe de mágica, ela sumiu, evaporando-se em sua própria existência.


 

Acordando do pesadelo, Gray se arrependeu do cochilo depois do almoço em seu sala. Assustado e olhando ao redor, constatou que ela não estava por perto, mas apenas o sonho era o sinal de que estava na hora de aumentar suas doses de remédio. Se levantou, foi até a gaveta e tomou três comprimidos, marcando na agenda uma nova consulta com o psiquiatra.

Entretanto, ele não viu que um pouco acima de seu colarinho, havia uma marca roxa e recente em seu pescoço.

 


Notas Finais


E então, o que acharam? Como é época de Hallowen o tema é terror e eu escolhi ir por esse lado. Sei que vão ficar muitas coisas no ar, mas... É uma coisa que se passa na minha cabeça, talvez no futuro vocês tenham respostas kkk.
Basicamente Juvia é um demônio que assombra Gray desde criança. Por que ela é obcecada por ele? Não sei. O Gray disse que foi abandonado pelo pais, sabe-se lá o que eles faziam? ¬U¬ Enfim, parece que de algum modo ela conseguiu chegar no mundo dos humanos e praticar o ato sexual com Gray é como se firmasse ela nesse mundo, pois ela sempre estará ligada a ele. Vendo agora parece até que ele foi estuprado kkkkk Mas a Juvia é um demônio, então... Vish, nem sei! :v
E desculpem pelo hentai meio bosta, queria poder fazer mais ç.ç
Beijos da Annie <3


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