Ela
Sai da minha casa ainda feliz por causa de sábado. Não acredito que todas as minhas tentativas de esquece-lo tinha falhado, até mesmo a saída com as meninas no dia anterior para o karaokê ou no resto do sábado arrumar a casa que por sinal estava muito bagunçada...fiquei arrumando até umas dez da noite.
Estava um pouco cansada de ontem e acabei levantando um pouco atrasada. Geralmente vou de táxi ou ônibus para o trabalho mas dessa vez decidi usar a moto para ser mais rápido a chegada para o meu local de trabalho...e...
Acho que você leitor ainda mal sabe meu nome.
Eu me chamo Keira Marshall e tenho um emprego no lugar que sempre sonhei em trabalhar, na “The New York Time” mas infelizmente ainda não sou um daqueles grandes e renomados mas estou chegando lá, ainda sou apenas uma colunista...porém me considero muito feliz...não poderia estar mais feliz com a minha vida com um sonho quase se realizando.
Tenho 24 anos e como consegui tão jovem entrar na New York Times? Nasci com uma sorte muito grande, sempre tive facilidade em aprender as coisas...não era ‘bem dotada’ mas que conseguia fazer as coisas com muito mais facilidade do que a maioria? Conseguia muito, eu era adiantada um ano e além disso tinha ganhado vários prêmios de competições desde pequena como soletrar e depois os mais difíceis como as competições de exatas. Por causa disso muitas universidades começaram a entrar em contato com a escola onde estudava pois estavam de olho em mim. Caso eu continuasse sendo um “gênio” iriam querer eu imediatamente.
Contando assim até parece que minha vida foi mil maravilhas...quem me dera que tivesse sido.
Não foi muitas coisas boas que aconteceu na minha vida então eu me tornei uma pessoa um pouco fria...segundo meus amigos. Não acho que eu seja fria apenas realista e sincera. Tanto que não tenho muitos amigos. Tenho a Zara que conheço desde a escola e a Samantha que é minha amiga no trabalho. E uns 12 motoqueiros...sim motoqueiros.
Teve uma saída que apresentei Samantha para Zara...Graças a Deus as duas se deram muito bem que somos um grupo de três componentes como os três mosqueteiros (antes do D’Artagnan). Fiz a mesma coisa com as duas e meus amigos motoqueiros, também se deram bem.
Agora por que motoqueiros? Pois é, lembra que falei que não foi muita coisa boa que aconteceu na minha vida? É por causa dessas coisas ruim que acabei fazendo amizade com motoqueiros. Eles são pessoas incríveis e parecem uma família. Na verdade não parecem...eles são uma família e considero-os como uma família, estavam presentes nos momentos que mais precisei. Me acolheram e principalmente me adotaram e acabei virando a mascote deles. A minha língua com dois piercings e o apelido que eles me deram viraram o logo do bar deles e o apelido que ganhei o nome do bar.
Conheci eles logo quando perdi minha mãe e traída pelo meu primeiro namorado. Esse dia me revelei ser uma garota “fora da lei” do que a certinha...se bem que não era conhecido por “ah! Aquela garota super inteligente, um ano adiantada e que ganha prêmios em competições de matemática e física” mas também como a “inteligente sarrista” HAHAHAHA boas lembranças...
Mas enfim...
Eu lembro de estar caminhando com muita raiva, esse dia foi quando descobri a traição do meu namorado e tinha socado ele muito. O karatê me ajudou muito a fazer o estrago nele. Sabia que era errado mas ele tinha ofendido usando a minha mãe sabendo que isso me afetaria de tal maneira. Ele argumentava como se quisesse convencer qualquer testemunha que, o que ele fez era normal e eu era a louca que estava levando isso muito a sério e estava culpando por nada. Quando eu não aguentei e disse umas poucas e boas, só senti uma ardência no meu rosto e quando percebi estava com a minha mão no rosto onde tinha levado o tapa e estava estática. Ele usava um anel que acabou deixando um pequeno arranhão no meu rosto que até hoje tenho uma pequena cicatriz desse tapa na minha bochecha direita perto da boca.
Lembro de uma sombra de uma pessoa passar por mim, percebi que essa pessoa ia dar o troco mas não deixei. Estava cega, não vi quem era. A raiva chegou no meu limite e me cegou e não deixei que essa pessoa passasse e corri pra cima do meu Ex comecei a golpear o meu Ex. Canalha….
Ele revidou acertando minha barriga e perto do meu olho mas, a melhor coisa foi que eu consegui ficar por cima e socava muito o seu rosto. Não só seu rosto mas as minhas mãos ficaram machucadas.
Engraçado que eu fazia artes marciais mas eu era e sou bem frágil. Qualquer coisa me machuca ou marca. Sinceramente é uma merda...mas você passa a não ligar muito.
Meninos precisaram me segurar para não continuar a soca-lo nenhuma menina se atrevia a me parar. Deve ter sido um susto para qualquer um vendo pela primeira vez uma “certinha” em uma briga. Depois que me tiraram de cima dele eu fui pra uma cafeteria comer doce e esquecer do ocorrido foi o estopim para comer muito doce e dar uma engordadinha.
Na volta pra casa eu estava passando por uma loja de tatuagem, fiquei parada vendo os trabalhos dos donos desse studio de tattoo exposto na vitrine e entrei e acabei fazendo uma tatuagem. Pelos machucados do meu rosto eles nem perguntaram a minha idade acharam que eu já era de maior. Fora que meu rosto tinha uma carinha de ser mais velha. Mas desde aquele tempo meu rosto não mudou então hoje em dia acham que sou mais nova da idade real que tenho...irônico? bizarro? Não sei...
A minha sorte era que meu pai estava viajando a trabalho pois estava em um caso de briga de família na Califórnia (ele é advogado) então voltei pra casa sem ninguém precisar encher meu saco e perguntando o que aconteceu.
No dia seguinte fui chamada pela diretoria, eu “me safei” pois o diretor era amigo do meu pai então ficou como legítima defesa quando meu Ex deu um tapa no meu rosto e outros golpes mas para não ficar muito na cara que o diretor mexeu os pauzinhos para eu me safar tive que fazer serviços voluntários.
Teve meninas que não gostaram da minha punição leve e fui marcada por elas que eram como se fosse fã clube do meu Ex. Elas começaram a fazer alguns bullyings e passei por um bocado... e vamos deixar isso de lado e nos concentrar no presente.
Cá eu de moto estacionando... e muita gente me observando, pelo menos cheguei a tempo. Tive que ir com uma roupa diferente dos outros dias já que estava de moto. Era a primeira vez que estava indo de moto todo esse tempo que trabalho aqui, Vai completar um ano e fala sério... quase trezentos e sessenta e cinco dias, e extraindo um dia? Não é nada demais minha gente aparecer assim né!?
Foi um espanto para muitos. Afinal, para esse serviço tive que pegar mais firme em minha aparência então ninguém fazia ideia da minha vida passada, o que fiz e deixei de fazer e muito menos as tatuagens que tenho e os piercings que tinha. Eu sempre escondia as tattoos que ficam expostas. Então aparecer de moto foi a grande fofoca do dia. E ainda estou lidando com jornalistas...a notícia corre solta. A única coisa que deixei era o piercing do ouvido. O resto tirei tudo mas fiquei com as cicatrizes que para um bom observador saberá que tive piercings.
Resumindo meu dia até agora foi fofoca a meu respeito:
1 – A garota prodígio com moto?
2 – Olha aquela roupa dela parece até outra pessoa. OUTRA PESSOA
3 – Quem é ela? Nossa é a garota prodígio? Inacreditável
4 – Que coragem aparecer assim aqui, espero que perca o emprego para ficar com o dela
5 – Cara curti esse jeito diferentão
Bom...eram fofocas variadas positivas e negativas. Mas nem ligava. Foi uma necessidade usar a roupa para conseguir “dirigir” a moto. Fui almoçar com a minha única amiga da empresa e quando voltamos uma secretária da chefe da minha chefe estava me querendo na sala.
Eu gelei...olhei para minha amiga e ela olhou para mim e disse:
- Espero que não seja nada – dei um sorriso para ela de ‘fudeu tudo’. Me levantei e caminhei direto para a sala da chefe da minha chefe. Ela tinha 66 anos mas era muito bem cuidada parecendo bem mais jovem. Era uma mulher elegante e muito respeitada. Eu amava seu cabelo...platinado e moderno. E ela é linda...claro.
- Pode sentar Keira, não se sinta intimidada por mim...sei que muitos faz boatos que sou uma bruxa disfarçada de elegância e boa aparência. – ela sorriu para mim suave e me sentei.
- Senhora...antes de qualquer coisa peço perdão...creio que fui chamada por algum erro que cometi e... – ela me interrompeu.
- Que isso querida, não te chamei por isso. Só queria confirmar o que as fofocas estão dizendo sobre você nesta manhã. E vejo que são verdadeiras.
- Senhora me desculpe pelo desrespeito, nunca mais se repetirá esse tipo de traje.
- Pare por favor, não há nada demais. As pessoas dessa empresa que são competitiva e se vestem como se fosse uma New York Times Fashion Week e são loucas para derrubarem as outras com sua aparência e capacidade de escrever uma reportagem. Como hoje, pelas fofocas que estavam falando de você, ouvi coisas piores do que os meus olhos confirmaram ao te ver.
Olhei para ela quieta e um com uma cara de não saber o que falar...afinal admirava ela....ela era a minha BITCH QUEEN da elegância.
- Senhora por favor...pode ser mais clara? – tentei pedir com o máximo de educação.
- Olha vou te contar um segredo – ela se levantou, se virou de costas e levantou a blusa dela revelando uma tatuagem na parte lombar e continuou – Fiz essa tatuagem quando tinha 17 anos...Meu primeiro festival de música que fui, tive que fugir de casa para poder ir e acabei fazendo essa tatuagem. Quando voltei para casa levei a maior bronca dos meus pais...afinal... sumi por 4 dias.
- Meu Deus... – sorri - e qual era o festival Senhora?
- Festival de Woodstock
- Caralho......
- Poisé... você acha que não percebi quando você trocava seus tênis ou chinelo para o salto antes de entrar dentro do prédio? Várias vezes fraguei você - ela sorri para mim...
- Uau...não esperava por essa... que...eu....tinha sido pega a muito tempo...
- Então... sei como as pessoas daqui são, tem as realmente boas como profissional e como pessoa, e as boas apenas como profissional e cobras como pessoa. Você definitivamente é a primeira opção. E as pessoas da segunda opção queriam por que queriam te derrubar hoje com esses boatos de falso testemunho. Não tinha nada a ver o que afirmavam porém fiquei curiosa em te ver.
(estava com uma calça de jeans preta que acabava logo no ossinho do tornozelo, uma camisa chemise branca, um sneaker Adidas sl 72 preto com um detalhezinho vermelho e jaqueta de couro que dentro da empresa eu tirei claro pois estava calor. O cabelo solto mesmo pelo fato de precisar usar capacete.)
Fiquei com os olhos fixados e hipnotizados nela...a Sra. Underwood e um sorriso bobo na cara. Ela sorri e continua...
- Vejo muito de mim em você...mas claro...vejo você ser mais forte do que qualquer coisa. Não sei o que você passou na vida mas continue assim. Eu gosto de você...
- Obrigada Senhora... – sorri com vergonha
- Que isso querida...esse é o nosso segredinho. – e a Sra. Underwood dá uma piscadinha e sai da sala dela nas nuvens. Sentei ainda meia boba na minha mesa e lá vem a minha amiga....Samantha.
- Iaaaiii gatinha o que aconteceu...parece que boa coisa aconteceu...
- Cara...Acho que nunca na minha vida vou querer outra chefe da chefe.
Sam riu.
- Parece que nem vai me contar hein sua vadia!
- Se pudesse contaria Sam! – Ri alto sem perceber...
Meu trabalho acaba as 18 horas. Geralmente Sam fica mais 30min me esperando por o dela acabar as 17:30. Ainda não acredito que ela faz isso por mim. Claro que geralmente é para sair nós duas juntas ou nos encontrar com a Zara...por exemplo na cafeteria que gosto ou em um restaurante/bar. Mas ultimamente não está dando para fazer muito isso, já que como citado antes estou cursando Administração para um dia quem sabe assumir a The New York Times. Acho que administração ajudaria bastante. Já que hoje estou de moto é muito mais fácil chegar lá do que pedir um táxi ou ir de ônibus.
Chegando lá muita gente me olha...pelo menos por ser uma faculdade e ter jovens eles não vão ficar assanhados como as pessoas de hoje de manhã. Desço da minha moto sendo observada. Ignorei tudo e fui direto para minha sala. Não vejo a hora de pegar logo meu diploma.
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