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História A garota da porta ao lado - Rejeição.


Escrita por: greenasaleaf

Notas do Autor


Oioi todo mundo! Bom, esse capítulo não demorou tanto, né? Hahah, ele saiu um pouco maior que o normal, então espero que gostem do resultado! Boa leitura :)
[capítulo editado]

Capítulo 4 - Rejeição.


Fanfic / Fanfiction A garota da porta ao lado - Rejeição.

O som da porta fechando ecoou pelo apartamento de Bonnie, lembrando-a de que agora estava sozinha. Gradualmente a luz do sol deixou a sala de estar, deixando-a no escuro novamente.

O ar cheirava a produtos de limpeza, o vento entrava pela janela, balançando as cortinas e esfriando o cômodo, a única fonte de iluminação era a lua, agora alta no céu, Bonnie abraçava a si mesma, sentada no sofá e olhando a vista do apartamento pela janela. A cidade ainda estava barulhenta, os prédios estavam cobertos de pontos luminosos, e ela se pegou pensando em o que cada uma daquelas pessoas estaria fazendo agora. Ela se perguntou se alguém estaria chorando ou se alguém estava se sentindo sozinho, como ela estava. Mas principalmente, Bonnie se perguntou o porquê de tudo aquilo, sem realmente querer uma resposta.

Esticou o braço, pegando o controle remoto entre os dedos, brincou com os botões com uma lentidão quase irritante até, finalmente, decidir ligar a TV, deixou em algum canal aleatório, e começou a mexer no celular e tentar ocupar a cabeça. Os dedos caminhavam pela tela, aleatoriamente entrando e saindo de aplicativos, Bonnie ponderou se deveria ou não entrar na galeria de fotos, segurou o dedo sobre o ícone, e sem um pingo de animação, entrou para as antigas histórias que aquelas fotos carregavam.

Os dedos se moviam sozinhos, passando as fotos automaticamente e, a cada imagem nova, Bonnie se lembrava de tudo que haviam passado juntos, e se realmente valia a pena jogar aquilo tudo fora. Sentia os olhos pesados, talvez pelo sono, talvez pelas lágrimas que insistiam em voltar a escorrer; acabou adormecendo no sofá antigo e desconfortável da sala de estar, estupidamente desejando que ela nunca tivesse descoberto nada.

 ▼▽▼

 

Do outro lado do corredor, Marceline se sentia como um balão esvaziando, durante a tarde não havia pensado em nada, eram apenas Bonnie e ela, mas isso havia acabado agora, e ela precisava voltar para a vida real, mas a vida real  não era tão divertida assim.

Assim que a porta foi aberta e a luz acesa, a mulher sentiu o cheiro do namorado no ar, caminhou até seu quarto, a cama ainda estava desfeita, e o quarto inteiro exalava o odor dele, os lençóis, os travesseiros, tudo. Marceline andou a passos lentos até a cama, deitando-se em posição fetal, agarrando um dos travesseiros e inspirando profundamente o aroma que ele exalava. Era doce, viciante.

Adormeceu daquele jeito, sem tomar banho, com as luzes acesas, e agarrada em um travesseiro.

 

 ▼▽▼

 

Bonnibel abriu os olhos, se espreguiçando e sentindo as consequências de ter apagado no sofá; seu corpo inteiro doía e reclamava da noite mal dormida; Bonnie desligou o alarme do celular, reclamando mentalmente sobre como ser uma adulta e ter que ir trabalhar era chato, levantou-se e caminhou a passos largos até o banheiro, agora abastecido, graças as compras feitas na tarde anterior, tomou um banho rápido, ficando mais desperta enquanto pegava a muda trazida em sua bolsa, vestindo-a.

Quando pronta, andou até a cozinha, observando com o estômago roncando que a mesma não se encontrava no mesmo estado que o banheiro: limpa, porém, completamente vazia exceto por alguns enlatados que de nada lhe serviriam agora.

Bonnie anotou mentalmente que teria que voltar a fazer compras se quisesse sobreviver ali. Normalmente era ele quem as fazia.

Afastou o pensamento com um movimento de cabeça, voltou ao banheiro, olhando o reflexo no espelho. Ela parecia cansada, os cabelos, sem vida, os olhos a encaravam de volta, quase com pena, e, com um suspiro pesado, Bonnibel passeou os dedos pelo cabelo, repentinamente detestando aquela cor.

Ele sempre dizia que era uma cor linda, e ela sempre acreditava, mas agora, Bonnie só consegue ver essa cor como morta e apagada, talvez refletindo seu próprio estado de espírito no espelho.

As palavras da vizinha lhe vieram a mente.

— Rosa, não é?

Largou a escova de cabelo na pia, saiu do banheiro, puxou a bolsa e o celular do sofá, e trancou a porta ao sair do apartamento.

No caminho até o estacionamento do prédio digitou uma mensagem apressada para Caroço.

“Hey, Caroço, será que você pode me fazer um favor hoje (mais um hahah <3), assim que eu sair do trabalho? Você vai adorar, eu prometo.”

Bonnie bloqueou o celular e guardou-o na bolsa, destravando o carro enquanto caminhava em sua direção.

— Vai ser um longo dia.

 

 ▼▽▼

 

Marceline abriu os olhos preguiçosamente, levantou-se da cama e olhou o culpado por tê-la acordado: o celular, apitando incessantemente para anunciar as novas mensagens. Ela desbloqueou a tela, abrindo o aplicativo e lendo-as, curiosa.

“Marcy? Acorda logo! Adivinhe, consegui um bico pra gente! Sabe aquela boate nova, Insomnia? Pois é, eles pagam bem e a boate é bem frequentada, se é que me entende”

Marceline sorriu, lendo a mensagem da amiga e mandando uma resposta imediata.

“Só avisar quando”

Ela leu a resposta, anotando a data no pequeno bloco em cima do criado-mudo, e pensando na entrada extra que teria. Deitou a cabeça no travesseiro e aspirou o cheiro do namorado, mas sua cabeça vagava longe daquele odor, Marceline estava pensando em uma certa vizinha.

Marcy foi desperta dos pensamentos por uma batida grosseira na porta, levantou-se, lembrando do banho não tomado, e de que provavelmente não estava nem um pouco apresentável, as batidas continuavam, incessantes na porta, ela apressou-se e a abriu com pressa.

— Saudades, amor? — o homem sorriu para ela, com um cigarro entre os lábios.

Marceline não respondeu, apenas lhe deu espaço para entrar, abraçando-lhe assim que a porta se fechara, mas sem ser recebida com o mesmo afeto.

— Como passou a tarde ontem? — perguntou, virando-se para ela e passando a mão pelos cabelos, emaranhados e um pouco oleosos — Não tomou banho ontem?  — Marceline negou, balançando a cabeça — Onde você foi?

— Em lugar nenhum — ela o respondeu, desviando o rosto, ele a puxou novamente, segurando seu queixo na ponta dos dedos e a forçando a encara-lo. Soltou um suspiro, soltando a mão do namorado de seu rosto e respondendo a pergunta mais detalhadamente — Uma moça 'tá se mudando pro apartamento da frente, passamos a tarde juntas.

— Você sempre tem que ficar com segredinhos, não é? Eu estava até planejando te levar para sair hoje. — passou os dedos pelo próprio cabelo, arrumando a franja — não vou mais ficar aqui hoje. Precisava de dinheiro emprestado. — Ele caminhou até a mochila de Marceline, tomando a liberdade de pegar o dinheiro guardado ali e imediatamente saindo do apartamento — Vá tomar banho logo. 

Marceline sentou-se no sofá, puxou os pés para cima do móvel e passou um tempo brincando com os dedos. A animação inicial sendo dissipada pelos seus próprios pensamentos

 

 ▼▽▼

 

Bonnibel entrou na sala, andando em direção à sua classe, sorriu para o garoto à sua frente, com o rosto levemente corado.

Sentou-se na cadeira e virou-se para o menino, iniciando uma conversa para com ele, estavam assim desde o início das aulas, Bonnie já ouvia os boatos sobre a reputação que ele tinha na escola, mas ela não ligava, realmente, boatos sempre serão boatos.

Os dias passavam sempre iguais, ela chegava na aula, eles conversavam, Bonnie lhe ajudava a tirar boas notas e ele continuava com sua rotina, desconhecida para a garota,, mas neste dia aconteceu algo um pouco diferente.

Era o penúltimo dia de aula do segundo ano do ensino médio, Bonnie segurava um pequeno envelope entre os dedos levemente trêmulos, esperando o amigo sair da sala de aula para lhe entregar. Bonnie conhecia muito bem a personalidade do amigo aquele ponto, mas ela continuava sem realmente se importar, ela achava que seria diferente. Porque, afinal, agora seria com ela.

Com o rosto quente e vermelho, ela lhe entregou a carta assim que ele saiu, despedindo-se apressada e se afastando dele, ela não se virou, mas caso o fizesse, teria voltado e arrancado a carta daquelas mãos.

O garoto a lia com um sorriso engenhoso, lembrou-se do compromisso marcado para hoje, e caminhou lentamente para o lugar marcado, despejando o papel amassado em uma das lixeiras no caminho, um zilhão de pensamentos e ideias viajavam pela cabeça dele.

A garota sorriu ao vê-lo se aproximar, corada, levantou-se e o cumprimentou, ele não respondeu, puxou-a pela cintura e não esperou antes de beijar-lhe e passear os dedos pelo seu corpo.

Bonnie deveria ter olhado para trás neste dia, se ela o tivesse feito, quem sabe não teria aproveitado melhor os sete anos de cega devoção que desperdiçaria com ele.

Depois de sua confissão, o garoto a pediu em namoro, Bonnibel aceitou prontamente, já cega de paixão pelo novo namorado, as amigas lhe avisavam que ele não era boa pessoa, mas quando o assunto vinha a tona, Bonnie simplesmente se retirava do cômodo e fingia não saber.

No inicio do quarto ano de namoro, ele a convidou para ir morar com ele em Nova Iorque, e Bonnie largou tudo para segui-lo, abandonou a bolsa escolar integral que havia ganhado, a faculdade inconcluída, abandonou os esforços para ter um histórico perfeito, renegou completamente a sua própria vida, para viver em prol da vida dele.

Isso até alguns dias atrás, quando ela finalmente aceitou todos os antigos conselhos das amigas, e percebeu o quanto havia sido idiota. Mas estava um pouco tarde demais para começar a se culpar agora.

 

 ▼▽▼

 

Bonnie levantou-se de sua cadeira, salvando o arquivo incompleto no computador e abandonando seu cubículo de trabalho para a hora do almoço. Algumas memórias antigas passeavam pela sua cabeça, ainda lhe culpando por não ter escutado as amigas naquela época.

Agora ela iria ter que correr atrás do prejuízo, e iria começar terminando a faculdade. Bonnie era uma mulher inteligente, sempre teve muita aptidão para áreas relacionadas a ciência e química, para qualquer área, na verdade, o que lhe garantiu diversos prêmios em concursos mirins e juvenis, mas devido ao seu relacionamento, nunca chegou a terminar uma faculdade, ainda tinha um currículo impecável pelos cursos técnicos feitos quando adolescente, mas sentar em uma cadeira e redigir documentos durante a tarde inteira não era exatamente o que queria fazer com sua vida.

O celular apitou, avisando a chegada de uma nova mensagem.

“Corre pra cá agora, vamos almoçar juntas hoje”

Bonnie sorriu com a resposta da amiga, apressando o passo para chegar em seu carro, seguindo o endereço enviado por ela.

 

 ▼▽▼

 

Estacionou o carro e desceu, procurando a cafeteria em meio as lojas do lugar, caminhou a passos largos até a porta, correndo os olhos pelo lugar e procurando os cabelos roxos de Caroço.

— Ei! Miga! — Bonnie seguiu a característica voz de Caroço e a encontrou sentada no fundo da cafeteria, bebericando uma xícara de café. — Conta, qual é o favor? — ela ergueu os olhos, para cumprimentar Bonnie, diminuindo a animação gradativamente — Como você está?

Caroço ainda não havia se acostumado com a nova aparência que Bonnie exibia nas últimas semanas, as olheiras profundas, a pele pálida, normalmente Bonnie era cheia de vida, sempre alegre, falando do quanto seu namorado era lindo e o quanto ela o amava, fato que realmente incomodava Caroço, que sabia o quanto ele a enganava, e se irritava ainda mais por saber que não adiantava discutir com a amiga por isso, já que Bonnie sempre se esquivava do assunto.

— Eu sei que não devo estar muito bonita hoje. — Bonnie sorriu, acenando para o garçom e fazendo um pedido.

— Isso vai passar, amiga, você sabe! — Caroço bateu as mãos na mesa, chamando a atenção da cafeteria inteira e fazendo seu café respingar. — Olha Bonnie, você me perdoa, mas aquele cara era um BABACA total! Eu já tinha te avisado... — Bonnie parou de escutar, olhando a vista da janela e esperando a amiga terminar o discurso. — ... eu sei que você deve estar chateada, mas ele sempre te enganava, ele até deu em cima de MIM uma vez! Eu não sei como... — Bonnie não respondia, ela sabia que tudo que Caroço falava estava certo, mas ela não tinha paciência para escutar mais um de seus sermões agora.

— Caroço, eu sei disso, eu fui estúpida, eu sei. — Bonnie suspirou, voltando o olhar para a amiga. — Eu queria marcar uma hora, no seu salão. — Caroço sorriu.

— É pra já, minha linda, pode vir hoje depois que o salão fechar, eu faço um horário especial para você, quer fazer o que? Cortar, hidratar, se quiser fazer tudo de uma vez, tá precisando...

— Hm, eu queria tingir... — Caroço direcionou o olhar para ela, piscando algumas vezes. — ... de rosa.

Um silêncio estranho tomou conta da mesa, enquanto Caroço pensava no que tinha dado esta ideia a Bonnie, encarando-a enquanto o pedido dela era depositado na mesa.

tá doida, né? — Caroço sorriu, imaginando o resultado. — Vai ficar MARA, eu vou preparar a tintura hoje a tarde, acho que tenho um tempinho livre, o salão fecha às oito, então vem lá pelas oito e meia, ok?

Bonnie almoçou em silêncio, deixando a amiga tagarelar, sem ter animação suficiente para acompanhá-la.

Assim que o seu horário de almoço terminou, ela se despediu de Caroço e dirigiu de volta ao prédio da empresa, voltando para sua função como formiga corporativa.

No caminho, Bonnie se pegou pensando nas oportunidades perdidas em sua vida, nas fórmulas empoeiradas que nunca foram testadas, em todo o seu potencial jogado no lixo.

— Acho que agora é tarde demais para me culpar. — ela soltou um longo suspiro, fechando os olhos por um segundo enquanto esperava o sinal abrir.

Uma buzina na parte de trás da estrada avisou Bonnie para começar a andar, e assim ela o fez, seguindo o caminho de sempre e entrando no estacionamento da empresa e estacionando o carro. Estava um pouco atrasada, por isso entrou no prédio as pressas, esbarrando em algumas pessoas no caminho.

Entrou no elevador, evitando se olhar no espelho durante o trajeto, voltou para o seu cubículo e voltou a trabalhar naquele arquivo, ainda pensando na possibilidade de voltar a cursar a faculdade, mas sem ter realmente esperanças de fazê-lo, o emprego ali lhe garantia o suficiente para uma boa estabilidade financeira, mas Bonnie não tinha certeza se conseguiria uma bolsa integral novamente, e faculdades são caras, sem falar nos horários, seria desgastante demais e Bonnibel não se sentia forte o suficiente para encarar uma agenda dessas nesse momento atual em sua vida.

 

 ▼▽▼

 

Salvou o arquivo, empurrando a cadeira para trás e descansando o pescoço no apoio, fechou os olhos, escutando o barulho dos colegas de trabalho digitando, presos em suas próprias tarefas. Faltava meia-hora para ser dispensada.

Soltou um suspiro, esfregando os olhos e alongando as costas, em um ato inconsciente abriu a gaveta e puxou uma foto de dentro, era uma foto antiga, um pouco desgastada, do primeiro ano de namoro, ela parecia brilhante e feliz naquela foto, era o último ano do ensino médio, ano em que ela ganhou a bolsa integral para cursar a faculdade. Ela desejou poder voltar para aquele tempo e mudar suas próprias escolhas.

Segurou a foto entre os dedos, rasgando-a ao meio e despejando os restos na lixeira, olhou para os próprios pés, com os olhos marejados e o peito apertado e ardendo com a vontade de chorar voltando. Bonnie sabia muito bem que não valia a pena chorar por aquele tipo de pessoa, mas isso não significa que ela pudesse controlar seus sentimentos.

Bonnie fechou os olhos, esfregando o rosto com força, desejando poder acordar daquela sensação maldita de vazio, agarrou sua bolsa e saiu da sala, avisando o gerente que havia terminado os documentos do dia e saindo da empresa, deixou o carro na estacionamento. Estava com a cabeça latejando de estresse, andou até o mercado mais próximo, comprando um maço de cigarros e um isqueiro, começou a caminhar até o parque tentando acender um deles no caminho, sem sucesso, encostou-se em uma árvore e tentou mais uma vez.

— Merda. — ela reclamou, sem conseguir acender o cigarro por culpa do vento soprando forte.

— Quer uma ajuda? — Bonnie levantou o rosto, ouvindo a voz conhecida de sua vizinha. — Aqui. — ela tirou o isqueiro da mão de Bonnie, bloqueando o vento com uma mão e acendendo-o rapidamente com a outra — Tem outro para mim? — Bonnie sorriu, entregando-lhe o maço de cigarros e vendo-a acender um para si mesma. — Péssimo dia?

— Péssimo. — ela soprou a fumaça, abaixando o rosto e olhando para o cigarro em seus dedos, recebendo um sorriso cúmplice da amiga.

— Duas. — elas se olharam e terminaram os cigarros em silêncio, apenas aproveitando a nicotina invadindo seus organismos.

Assim que o céu começou a escurecer, se despediram com sorrisos tristes e voltaram para seus próprios afazeres pessoais; Bonnie, para um salão de beleza e Marceline para o ensaio de sua banda.


Notas Finais


Obrigada por terem lido até aqui! Vejo vocês no próximo capítulo, espero ;)


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