História A garota do trem - Terrorista!!!

Oi, meu nome é Daniel, tenho 19 anos, tenho 1,90 de altura, sou moreno, com olhos castanhos... Moro no interior do Paraná numa cidade chamada Morretes, essa cidade é conhecida como um ponto turístico pelos seus trens, e naquele dia eu finalmente não iria mais usar mais esse trem só para visitar novos lugares, porque eu fui aceito na Universidade Federal do Paraná que ficava em Curitiba, finalmente estava dando mais um passo para meu sonho de ser médico. 

Minha mãe, meu pai, meu tio e meus amigos estavam lá na estação de trem acenado as mãos enquanto eu embarcava no trem para Curitiba para ter meu primeiro dia de aula. Guardei minhas malas e sentei no banco de couro do meu acento, guardei no bolso a cruz que minha mãe tinha me dado na hora do embarque.

Minha família era muito católica, rezavam para tudo, por isso me botaram no colégio católico, quando era criança, tenho várias recordações boas de lá, e só de lembrar de entrar numa faculdade me deu um frio na barriga.

Uns acentos na frente vi um colega da minha escola, sentado, parece que ele não havia me visto.

Estava esperando o trem embarcar e começar a andar, quando uma garota de burca embarcou, pelo jeito que ela entrou, eu tinha certeza absoluta que havia algo diferente nessa garota. O jeito que ela mexia, seu andar doce, suas curvas. Uma deusa em movimento. Enquanto ela adentrava o vagão eu podia sentir a aura de sua presença, todas as pessoas se voltaram sentindo paixão e luxúria. Ela tinha um olhar perdido, parecia um pouco desastrada, só dava para ver seus olhos castanhos perdidos pelo vagão que se destacaram pela sua burca totalmente opaca e preta.

Nessa hora meu colega que estava em uns acentos na frente me viu e veio sentar no meu lado.

- Cara eu não sabia que podia entrar terroristas no trem! - Disse meu colega ao meu lado olhando para a muçulmana de burca. 

-Nem eu Erick... - respondi indiferente

Quando eu tinha quatro anos, meu tio americano veio morar em Morretes com minha família, nessa época teve o horrível atentado às torres gêmeas, onde minha tia morreu, dês disso meu avô não é mais o mesmo, a maioria do tempo ele fica na sua rede bebendo e falando como os muçulmanos deveriam ir para o inferno pelo que fizeram com sua esposa. Ele me ensinou a odiar os muçulmanos que nem ele, dizia que todos eram terroristas. Me lembro que ele criou até um grupo anti-muçulmanos, que normalmente faziam patrulhas agredindo eles, mesmo eu sendo educado que aquilo era o “certo” eu me sentia mau em participar, diferente da minha escola e meu irmão que eram fascinados.

 Agora estava com uns dos mais fascinados do grupo a meu lado, Erick era tão fascinado que quase foi preso por agredir um Muçulmano.  

- Óooooo Terrorista saí desse trem – Gritou Erick para a ela.

                A muçulmana que estava do outro lado do trem ficou procurando pelo vagão quem havia gritado, perdida olhava para o nada, estava meio assustada, mas parecia não ter entendido o grito de Erick, seus olhos perdidos estavam vagando pelo ar.

                Com a atitude estranha Erick deu uma risada, pela primeira vez fiquei irritado com Erick, mas para não parecer chato eu dei uma rizada falsa. Eu me perguntava o porquê de ela estar tão perdida.

- Santa Discórdia!!! Terrorista perdida!!! É aqui óooo!!!- Eric continuou tirando sarro dela

Ela reagiu igualmente o primeiro grito de Erick, depois ela pegou um fone de ouvido e provavelmente colocou uma música em seu MP4.

Erick parecia chateado, bufou e colocou seu fone também.

O trem começou a andar e eu pela janela ficava vendo a bela paisagem, naquele dia tinha um magnífico sol, a cada vez que o trem andava e pegava mais velocidade, a paisagem ficava mais verde com a flora muito diversa e também via a fumaça saindo do trem. No meio da viagem eu vi milhares de cachoeiras e lagos enfeitadas com a vegetação da mata atlântica e com montanhas. Sentia o trem tremendo, enquanto pegávamos cada vez a cada vez mais velocidade. Era 07:47.

Acabei dormindo no meio da viagem, quando acordei era quase hora de descer, olhei no meu relógio e era 10:27, estava quase na hora de descer da estação e pisar com pé direito minha nova rotina. Estava muito confiante, porem alguma coisa naquela garota me instigava, sentia a necessidade de conhecer mais dela. Quem será ela? Como deve ser a face dela? Como deve ser sua cultura? Sim eu sabia que nem tinha falando com ela, mas algo dentro de mim enfrentava toda minha criação e a única coisa que queria era saber quem era aquela Muçulmana.