História A garota dos Vampiros - Um pouco de humanidade

Não sei quanto tempo se passou, minhas memórias eram distorcidas, e parte do que eu sabia era história de quem esteve comigo.

Passei muito tempo em transição, entre inconsciência e morte, e da dor ainda me recordo.

Eram sempre os mesmos passos; primeiro não tinha nada, sem dor, sem movimentos, sem vida; depois meus sentidos voltavam aos poucos, as vezes podia ouvir as vozes preocupadas a minha volta, outras vezes, tinha apenas os passos distantes por estar só; por um momento tudo parecia bem, até minhas células começarem a ferver, regeitando a si mesmas, se explodindo, se devorando como chamas, apagando a si mesmas; e então eu retornava a consciência em meio a gritos agonizantes, me debatia, me curvava, sem poder fugir da dor que vinha de dentro, e em meio ao suor e lágrimas por todo sofrimento, minhas células me destruiam, e eu voltava para o estado de quase morta.

Até que um dia tudo parou, minhas idas e voltas cessaram, e eu voltei da escuridão sem dor. 

Abri os olhos, estava claro, a princípio não reconheci o lugar onde estava, depois soube que estava na casa de Rebekah, me trouxeram para cá por causa dos meus gritos e para poder lidar melhor com tudo, a minha volta estavam sinais claros que cuidavam de mim, mas não havia ninguém aqui.

Fiz um pequeno esforço para me levantar, eu estava fraca, aquilo era a pior sensação; me dirigi ao banheiro, me olhei nos espelho, eu estava diferente, mais magra, uma feição doentia, era o que eu via, fiquei ali me encarando, tendo flashs e lembranças, Klaus e Elijah tentando me socorrer era a única fixa, o resto eram borrões indistintos.

-Nicole? 

Klaus havia entrado no quarto, e em pouco tempo estava ao meu lado, desprendendo meu aperto forte da pia onde eu apoiava meu corpo fraco, em segundos eu estava em seus braços protetores. 

Eu estava de olhos fechados, apenas sentindo ele me abraçar, ele estava sentado e eu em seu colo.

-Eu achei que tinha perdido você - Sua voz baixa e aconchegante foi a primeira coisa que ouvi em tanto tempo.

Abri meus olhos para aquela figura angelical, ele me olhava como se absorvesse cada caracteristica de mim.

-Que bom que eu estava errado. - ele finaliza sério - Acho que você é meu ponto fraco - ele era intenso em cada palavra - Não sei o que faria se te perdesse. Fiquei aqui dia após dia, eu não aceitava que você partiria por minha culpa, não sem eu me desculpar... De verdade - ele desvia o olhar, parecia abalado - Eu nunca me perdoaria.

Suas palavras me tiraram o ar, e como um momento de lucidez, me lembrei de cada vez que me apaixonei, e como tudo sempre acabava mal, de algum jeito, Klaus em poucas palavras, definiu como me completava, começamos de um jeito tóxico, doentio, mas pela primeira vez, eu senti, senti que era verdadeiro. Não era pena, culpa, ou mal entendido, era só ele, o verdadeiro Klaus, que sem precisar dizer muito demonstrava o ser humano que existia ali.

-Eu te perdôo - sussurro

Seu sorriso surgiu ali. Ele me colocou em minha cama. Eu o observo. Ele preparava algo em uma vasilha.

-O que é isso? - falo olhando a água verde

-Uma receita bruxa - ele diz se sentando ao meu lado - Ela serve para abaixar sua temperatura.

Ele começa a passar a solução suavemente em meu rosto.

-Você ficou cuidando de mim? Mesmo achando que eu estava morrendo?

-Eu não desistiria até ter certeza.

-Elijah? O que aconteceu com ele? - pergunto um pouco alterada

-Ele está aqui, e Rebekah também, devem estar descançando.

-Eles também achavam que eu estava morrendo? 

-Elijah se ocupou a maioria do tempo com os diários de suas antepassadas, tentando achar algo que ajudasse e Rebekah procurava ajuda com as bruxas. - Klaus dizia terminando sua tarefa

-E... O que aconteceu comigo? - eu dizia hesitante, talvez com medo da resposta

-Você completou a maldição do lobo ao matar Marie - Elijah responde parado na porta

-Me desculpe Elih... Eu...

-Você não estava pensando... Mas entendo seus motivos, Marie era culpada por tudo isso.

-Agora eu sou... Híbrida?

-Klaus e eu conversamos e chegamos a conclusão que aconteceria uma hora, como vampira você não teria controle, e sem sua humanidade... Acelerou o processo...

-Só tinhamos medo das consequências, você precisava do sangue de duplicata, mas acho que você ser uma, meio que resolveu os problemas -Klaus interrompe

-Por que me sinto tão... diferente? - pergunto incomodada

-O que você sente? - Klaus pega minha mão

-Me sinto... Estranha, tão... Humana.

-A parte lobo tem disso, eles são quase humanos - Elijah responde olhando minha mão apertando a de Klaus.

-O botão de desligar... - olho confusa para Klaus

-É impossível desligar para híbridos - ele responde.

Meus olhos encontram o de Elijah

-Acho que precisamos conversar... 

Klaus se retira, e Elijah se aproxima

-Você está bravo comigo? - pergunto com voz fraca

-Isso não seria possível... Nunca, eu mesmo deveria ter matado Marie, eu quase te perdi a muito tempo.

-E agora? O que vai acontecer? 

-Eu não sei, pequena

-Eu não me sinto bem, vai ser assim para sempre? 

-Você vai ficar bem, eu prometo! - seus olhos me traziam segurança denovo. - Descança ta bom? - ele se aproxima, e se afasta sem fazer nada

-A ligação não existe mais... - digo antes que ele cruze a porta

Ele para e me olha

-Fico feliz... - ele não parecia feliz

-Eu posso sentir, ela não está mais presente. - eu digo esperançosa

-Agora você verá tudo com clareza, e o que sentir vai ser real... - ele parecia querer dizer mais algo, mas seu semblante triste foi a última coisa que vi, antes de estar só neste quarto denovo.