Duas semanas se passaram. O tempo passa mesmo quando estamos parados esperando algo mudar e acontecer. Ele passa sem mais nem menos.
Na verdade, por mais que tivesse que seguir minha rotina diária, eu ainda estava esperando tudo voltar nos seus eixos, porque sinceramente eu estava querendo sumir. Simplesmente me enfiar em um buraco e sumir e esperar que ninguém sentisse minha falta.
14 dias passaram mais lentamente do que o tempo que demora para se passar 365 dias. Mas, os acontecimentos me deixaram mais desnorteada, perdida e confusa.
Primeiro, eu fiquei doente. Tá, isso não é um fato para me deixar sem chão. Aconteceu que no dia seguinte da noite desastrosa de presenciar o fim da minha amizade e ficar chorando um rio de lágrimas, diz minha mãe que acordei praticamente inconsciente e com uma febre que dava até para fritar um ovo na minha barriga, porém conforme me disseram, depois de dezenas de exames, o médico diagnosticou que só podia ser psicológico. E quando acordei dois dias depois com a minha mãe segurando minha mão, eu lembro de ela abrir um sorriso e gritar para meu pai chamar o médico e a enfermeira. Foi o tempo de eu perguntar o que estava acontecendo que começaram o interrogatório.
E no fim, soube que meu irmão ouviu os gritos da Ananda e do Mário e veio atrás de mim e me carregou de volta para o apartamento e disseram que eu já estava meio inconsciente, e estava mesmo, pois só lembro da Ananda falando: "Não existe mais..." e tudo ficou preto. E me colocaram na cama, mas na madrugada, eu acordei os três gritando e foi quando me trouxeram para o hospital. Tive que dizer o motivo de tudo; a Ananda e o Mário haviam ficado bravos comigo. A minha mãe me olhou e abraçou, ela sabia que eu estava quase desabando. O médico analisou a prancheta com meus exames e disse:"Como prevíamos... foi algo totalmente psicológico, já que os exames não apontam nada de errado, porém, nesse caso pelo o que a Ayumi relatou... Acho melhor ela não passar por nenhum aborrecimento e irei dar um atestado para ela ficar mais três dias em casa e evitar ter de encontrar com os seus colegas."
E quando cheguei, a Amara estava nos esperando e perguntou se eu queria conversar com a Ananda, que, segundo ela foi muito insensível com sua atitude, apenas respondi que era melhor não. Perguntei à minha mãe o que tinha feito de errado. Ela respondeu:"É um erro de interpretação de ambas as partes. Acredito que você devia ter entendido a situação de maneira errada e escrito, exposto de uma forma que irritaram os dois, porque para eles a situação era outra."
Quando voltei para o colégio, eu provei da solidão. Não digo que fiquei parecendo aquelas solitárias dos filmes, mas em boa parte eu estava lá... sentada e mexendo no celular. O Nicholas veio atrás de mim, mas eu estava querendo manter distância dele, qualquer ato que eu fizesse, ele interpretaria errado e acharia que eu estava gostando dele. Me poupe disso!
Segundo, meus pais me obrigaram a levar o meu amigo-namorado a conhecer eles.
Eu fiquei mais nervosa por ele do que ele estava. E foi um completo desastre por causa de mim... sinto meu rosto corar só de começar a lembrar.
Quando meus pais pediram para eu levar o suco na mesa, aconteceu que eu tropecei e o suco voou em mim. É, eu fiquei encharcada! Muito encharcada, sem contar que tive que ouvi meu irmão rir de mim a noite inteira e imagina como eu fiquei na frente do Paulo. Acho que para não me deixar muito sem graça, ele me levantou e disse que eu estava muito bonita do mesmo jeito. Só ele mesmo para mentir tão bem.
Terceiro, o Paulo estava me traindo. O que aconteceu foi o fato que me deixou em dúvida. Era quarta-feira e eu estava voltando do treino e a Ananda me chamou. Eu a encarei surpresa e fiquei esperando, foi quando eu vi a sua expressão de pânico.
"O que foi Ananda?"
"Ayumi", ela assumiu uma expressão preocupada e cautelosa, "eu sei que aconteceu tudo aquilo e fiquei sabendo que você ficou doente..."
"Se você está fingindo toda essa preocupação... eu não preciso que você se desculpe",
falei seca e me virei para continuar andando.
"Espera. Eu vi o Paulo com outra garota", fiquei estática. "Quando estava voltando do colégio, eu vi os dois aqui perto. E eles pareciam mais do que amigos."
"Já não basta aqueles gritos? Agora, quer que eu acredite que o Paulo está...?", nem terminei a frase e voltei a andar.
Depois quando eu voltei a pensar em tudo, a dúvida realmente passou pela cabeça. Em quem eu devia acreditar? No Paulo ou na Ananda? No garoto que estou completamente apaixonada ou na garota que é minha melhor amiga desde que nasci?
Era difícil pensar no Paulo com outra, sendo que me disse que me amava quando saímos, sendo que ele se tornava cada vez mais um príncipe. Meu príncipe.
Porém, era mais difícil ainda pensar que a Ananda seria capaz de inventar essa situação. Do jeito que ela é, ela realmente independente da nossa situação, se ela visse algo que me envolvesse ela me contaria. Isso só provava que ela tinha uma consideração por mim.
Sabe, quando estou em situação que querem me levar ao limite, eu apelo a nossa parte que nunca falha e nunca está errada. Eu costumo sempre dizer que nosso corpo é dividido em dois. Porque, tem aquela parte que é a que costumamos acreditar e a que nunca erra e sempre te avisa a verdade e que muitas vezes não é muito agradável a resposta. E foi o que aconteceu.
"Ela está certa Ayumi. Ela está certa Ayumi...", a parte que nunca erra e que costumo de dizer que é o pressentimento, martelava na minha cabeça.
"Ela só quer te derrubar. Ela só quer te derrubar...", a outra parte contradiz.
Isso só me deixou ainda mais dividida. Não ajudou muito e sim, piorou.
Estou já faz quinze minutos que estou repassando pela centésima vez as minhas duas semanas e não chego a nenhuma conclusão. Já era sábado e a semana começaria novamente e mais coisas aconteceriam.
Meu celular começou a tocar e era o Paulo. Eu tentei evitar ele e hesitei em atender, mas o meu dedo involuntariamente aceitou a chamada.
Ayumi: Oi.
Paulo: Oi... você anda sumida...
Ayumi: Estava muito ocupada.
Paulo: Que tal irmos passear hoje à noite?
Ayumi: Pode ser... Paulo, você teria coragem de me trair? -bati a mão na testa. A linha ficou em silêncio.
Paulo: Claro que não Ayumi. De onde você tirou isso? Eu gosto de você. Só de você.
Ayumi: Desculpa. É que... só passou pela cabeça. Então, que horas eu tenho que estar pronta?
Paulo: Às 7 horas...
Ayumi: Tchau. Estarei te esperando.
"Mãe, eu vou sair com o Paulo de noite", gritei.
"Tudo bem. Tenha juízo."
"Eu tenho sempre", andei até a cozinha, onde meus pais estavam cozinhando. Me sentei na cadeira e suspirei. "Mãe, a Ananda disse que viu o Paulo com outra garota e agora eu não sei em quem acreditar."
"Aquele moleque está te traindo?", meu pai esbravejou.
"Miguel, se acalme", minha mãe deu um beijo nele que voltou a cozinhar.
"Como vou me acalmar se... Não sei como a Ayumi está tão calma. Ainda tem dúvida em quem acreditar..."
"Amor, por favor, se acalme", ela lhe deu um copo de água e lhe lançou um olhar que o calou. "Querida, uma vez quando tinha sua idade, eu conheci um garoto e me apaixonei por ele e..."
"É melhor deixar as duas em particular", meu pai falou emburrado e revirou os olhos.
"Então, aconteceu que a minha amiga naquela época disse que ele estava dando em cima dela e eu acreditei."
"E você terminou com ele", completei.
"É. Mas depois... eu descobri que na verdade aquela garota era minha inimiga número 1. E eu descobri da pior maneira possível."
"Como?"
"Ela jogou na minha cara e quando eu fui atrás dele... eu descobri o porquê de ela ter simplesmente falado para mim, era porque ela gostava e tinha inveja por eu ter ficado com ele e ele caiu nos braços dela."
"Eu não sabia mãe dessa história. Você nunca me contou."
"Ah querida, eu amo tanto o seu pai. Ele foi uma das melhores coisas que me aconteceu. Aquele garoto só foi uma paixonite qualquer. E, não é um assunto muito agradável de se falar com seu pai do lado."
"E eu nem estaria aqui."
"Sim. Outra razão para mim amar tudo o que me aconteceu e acontece. Ayumi, quando
seu pai me apareceu, eu acho que eu pisquei umas mil vezes para ver se eu não estava alucinando", nós rimos, "mas então, quando pedimos para conhecer o Paulo, vimos que ele é um bom garoto."
"Mas e a Ananda? Eu não consigo nem pensar que... ela mentiu."
"E se ela viu e entendeu errado?"
"É verdade, nem tinha pensado nisso. Acho que só estou meio abalada com os últimos fatos."
"Querida, você com o tempo vai aprendendo a lidar com todas essas situações."
"Espero que seja logo."
"Com certeza sim. Na primeira vez é mais difícil, porque é uma situação muito nova, mas quando acontece outra vez, você se acostuma e já sabe como lidar e aí acontece de novo e então a situação se torna normal e você aprende a lidar com isso."
"Ayumi!"
"Que foi Matheus?"
"A sua banda está aí na porta."
"A banda inteira?"
"Não, só a metade", ele falou com sarcasmo.
"Oi pessoal. Entrem", dei espaço na porta.
"Oi Ayumi. Só temos que chamar a Liv e a Cam para sairmos. Você topa? Estamos pensando em ir no parque fazer um piquenique", a Ju falou.
"Vamos sim. Só espera um pouquinho...", me virei para meu irmão que estava deitado no sofá, "ei, Matheus. A banda inteira não está aqui e... não esquece de avisar a mãe e o pai que eu fui em um piquenique com a banda. Beijos", fechei a porta.
"Marcelo, vai chamar a Liv e a Cam. Enquanto nós três iremos preparar tudo na cozinha do prédio. Nos encontre lá."
"Ok."
"Pedi para a tia Meire nos ceder a cozinha hoje e a cozinheira daqui irá preparar aquelas delícias que só ela sabe fazer", a Ju nos explicou.
"A minha avó é a cozinheira daqui. E até que ela queria fazer na cozinha do apartamento dela, mas está em reforma", a Bru falou.
"Eu sempre esqueço o nome dela. Desculpa", a Ju respondeu e me olhou como se perguntasse se eu sabia. Eu sempre via a avó da Bru, mas eu nunca lembrava o nome.
"É Sarai", eu e a Ju olhamos para ela, "ei, é um nome bíblico. Mas chame ela de Sara. Ela gosta mais do que Sarai."
"Até eu gostaria mais", comentei. "Minha professora de arte se chama Mharessa."
"A sobrinha da minha vizinha se chama Cleuzodete", a Ju falou rindo.
"Essa foi a pior."
"Boa tarde meninas", a Sarai ou Sara nos cumprimentou, "oi minha netinha linda."
"Obrigada pelo elogio."
"Garotas, eu preparei sanduíches e vários doces. Coloquem tudo na cesta e não esqueçam a toalha para colocar na grama", eu a olhei e ela andava por aquela cozinha com a maior delicadeza e confiança. Parecia que a era a sua casa. Além de ela parecer aquelas princesas da realeza, desde as roupas meio volumosas e a maneira de falar.
"Tem certeza que ela é sua avó?", sussurrei para a Bru.
"Sim, minha amiga. Eu sei que minha avó é muito nova e elegante, ela até poderia atuar naqueles filmes de contos de fadas. Experimente um pedaço desse bolo", ela colocou um pedaço no guardanapo para mim e em outro para ela.
Na primeira mordida, aquele bolo derreteu na boca. Era molhadinho e fofinho, além daquele recheio dos céus.
"É muito bom Bruna!"
"Como eu sei. Ela não faz muito desse bolo para as confraternizações do prédio e ela inventou alguns dias atrás."
Dividimos tudo em 6 festas, para cada um levar uma.
"Dá até para sair pulando e cantando igual a Chapeuzinho Vermelho", a Cam falou depois de pegar uma cesta.
"Oi pessoal", a Liv acenou, "oi tia Sara", ela deu um abraço na Sara.
"Oi Lívia."
"Está faltando mais alguma coisa?", o Marcelo perguntou.
"Não. Está tudo pronto. Vamos... Sara, precisa de ajuda para arrumar a cozinha?", a Ju pegou a cesta dela.
"Não, eu arrumo tudo. Façam um bom piquenique! E se cuidem."
"Tchau", falamos em coro.
"Faz tempo que eu não te via Ayumi."
"Verdade Ju. Estou andando com muitos assuntos enchendo minha cabeça."
"Fiquei sabendo... seu pai me encontrou e disse que você estava no hospital. Eu queria poder ir te visitar, mas minha mãe disse que era melhor eu deixar você se recuperar e que quando estivesse melhor, eu iria te fazer uma visita", ela sorriu. Pensei por um breve momento que foi ótimo, ela não ter ido me visitar, pois ela estaria me poupando com suas falsidades.
"E como está
indo os estudos?", mudei para um assunto não tão pessoal.
"Está bem. O nono ano não tem nada de extraordinário."
"Acho que no colégio não tem nada de extraordinário, sabe..."
"Sei, mas neste ano é como se fosse a repetição do ano passado."
"Chegamos e as duas não vão nos ajudar aqui?", o Marcelo nos chamou a atenção.
"Desculpe", falamos juntas e o ajudamos a estender a toalha de piquenique na sombra.
"Eu amo esse bolo de chocolate", a Liv pegou um pedaço.
"Eu desse cupcake", peguei um cupcake de morango.
"Vocês só gostam de doce? Eu amo os salgados", a Ju pegou um sanduíche.
"Tem suco de abacaxi", a Bru colocou os copos e nos serviu.
"Está sujo aqui", o Marcelo falou para a Bruna.
"Onde?", ele pegou um cupcake e jogou na cara dela.
"Você brincou com o fogo Marcelo", ela se levantou brava e saiu atrás dele. O problema é que os dois estavam na beira do lago e ele empurrou a mesma.
"Acho melhor irmos ajudar. Antes da Bru que é meio esquentadinha...", a Liv se levantou preocupada.
"Marcelo eu te odeio com todas as minhas forças. E agora? Eu não tenho toalha."
"É para limpar seu rosto", ele falou rindo.
"Quer saber?", ela deu um empurrão nele que caiu no lago também.
"Bru se acalma..."
"Quer que eu te empurre no lago também Liv? É tudo sua culpa...", ela falou completamente vermelha. A Bruna é definitivamente brava.
"Minha culpa?", a Liv falou e voltou a se sentar conosco.
"Não sei como você aguenta essa esquentadinha Liv", a Cam falou rindo.
"Mistério. Nem eu sei. Acho que o Marcelo ainda vai ter que tomar coragem e dizer que gosta dela", paramos para olhar os dois. Ele tirou um resto de cobertura do nariz dela e se não fosse pela platéia, eu tenho certeza que rolaria um beijo digno de cinema.
"Eu shippo", a Ju pronunciou.
"Nós já shippamos Brumar."
"Em vez de ficar shippando casalzinho, eu vou é comer."
"Você é muito comilona Camila. Depois fica reclamando que está igual uma baleia."
"Deixa eu viver a vida. Ontem eu aprendi que o que importa é que eu me ame."
"Olha a dona Camilinha dando uma aura de sofisticação. Vamos dar uma volta por aí. Você está acabando com a comida", a Liv a puxou.
"E você?"
"Eu o quê?"
"Ainda está com o Paulo?"
"A gente meio que está namorando."
"Você tem certeza que ama ele?", ela me olhou com um olhar sem expressar nada e me irritava isso e eu me irritei de novo. Na verdade, havia chegado no limite faz muito tempo e eu é que não percebia. Eu tinha que parar de ser tão boba.
"Quer saber Júlia, o que você tem? Desde que você descobriu que eu estava gostando do... você só quis me destruir e nem sei o porquê! Parece que você só tenta me jogar contra o Paulo e ainda me fez torcer o pé no dia do show do prédio!!!", gritei e então ela abaixou o olhar e ficou quieta, até voltar a dizer meio chocada.
"Ayumi... eu não acredito que você está me julgando desse jeito", ela falou com um tom indignado e triste ao mesmo tempo, "eu nunca faria isso, Ayumi eu fui criada junto com você! Eu só soube que você tinha torcido o pé depois de você falar que ia desistir de tudo. E... estou muito longe de gostar do Paulo...", ela deu uma risadinha como se fosse a pior coisa estar gostando do Paulo, "você deve estar se perguntando sobre o que te falava, eu realmente fui meio insensível com tudo nos últimos tempos, é porque eu me apaixonei por um garoto, mas era a típica ilusão passando."
"E isso fez você querer me dar conselhos que me fizessem achar que o Paulo seria igual o seu garoto-ilusão?"
"É. Me desculpa", ela fechou os olhos, "você sabe o quanto te considero como minha amiga."
Acho que pelo fato de que eu deveria levar em consideração toda nossa amizade, eu a abracei de maneira espontânea. Esqueci naquele momento da minha desconfiança, pois levando em consideração tudo o que ela falou, ela realmente não teria coragem de fazer isso. Esqueci também a possibilidade de ela ter me empurrado da mureta para torcer o pé. Não foi ela, devia ser o fruto da minha imaginação sentindo aquelas mãos me empurrando, as vezes só foi a minha culpa.
"Eu é que te peço desculpas Ju."
"Não. Eu é que fui patética de achar que todos os garotos seriam iguais ao 'garoto-ilusão'."
"Você podia ter me contado."
"Eu queria, mas então você começou a gostar do Paulo e achei que você não iria entender."
"Talvez eu entederia que tudo o que você me falava era só porque você estava magoada e decepcionada."
"Ayumi e Júlia", a Bru nos chamou.
"Oi", nós duas nos levantamos.
"Entrem meninas um pouco na água", a Liv falou. Os quatro estavam nadando.
"Eu não. Nós iremos voltar encharcados para o prédio? Iremos parecer mendigos."
"Vamos Ju", antes de ela entender, eu a puxei junto comigo e caímos na água.
"Eu não acredito", ela revirou os olhos.
"Vamos só aproveitar!!!", a Cam começou a jogar água para cima.
"Eu concordo!!!", pulei.
A Júlia estava certa. Naquela tarde bancamos os adolescentes inconsequentes. Quando chegamos no prédio molhados, a Sara achou que tínhamos ido em uma festa na piscina sem toalha e não só foi ela que achou isso.
"Eu avisei que nos achariam uns mendigos", a Ju cruzou os braços.
"Agora é só tomar um banho. Tudo resolvido", o Marcelo falou.
"Tchau pessoal. Até mais", acenei. Entrei na sala e meus pais e meu irmão me olharam boquiabertos.
"Ayumi! Que eu saiba era um piquenique", meu pai falou.
"Eu também achava. Mas aconteceu que... acabamos entrando no lago."
"Vá tomar um banho e vá se arrumar."
"Sim mãe."
18:30 horas. A adolescente inconsequente não teria praticamente tempo para se arrumar. Que ótimo! Sentiu a ironia?
Tomei um banho rápido e vesti uma roupa que achei adequada, arrumei o cabelo e passei uma maquiagem básica.
"Ele já chegou", minha mãe veio avisar. Ela viu que eu estava me analisando no espelho. Então, ela pegou uma presilha de borboleta e prendeu no lado do meu cabelo que combinou com meu vestido rodado e com algumas rendas.
"Obrigada mãe", dei um abraço nela.
"É minha obrigação querida. Eu te amo", ela me deu um beijo na minha testa.
"Eu também."
"Agora vá, antes que se atrase."
"Não volto muito tarde."
"É bom mesmo, senão eu e seu pai iremos ficar preocupados. Nos ligue se precisar de qualquer coisa."
"Tá. Tchau", fechei a porta e vi ele, "oi Paulo".
"Oi. Hoje vou te levar para um restaurante... espero que goste de comida árabe."
"Gosto sim."
"Ayumi, eu tenho que esclarecer algo com você", ele se virou para mim e eu assenti. "Eu nunca te traí e nem pensei, ok?"
"Ah... sobre isso...", lembrei do que minha mãe havia falado comigo mais cedo, "só foi uma pergunta que passou pela cabeça. Desculpa se eu te deixei chateado."
"Tudo bem."
Andamos até o tal restaurante e quando íamos entrar uma voz que eu reconhecia me chamou.
"Ayumi?"
"Kendy?", o olhei.
"Oi. É coincidência..."
"É. Paulo. Kendy e Kendy. Paulo", os apresentei.
"Prazer Paulo", eles apertaram as mãos. "Ele é seu...?"
"Meu..."
"Sou o namorado dela", o Paulo falou com um tom de ciúmes?
"Ele é meu colega e também é do meu time de basquete", disse para o Paulo. "Então, você está passeando?", perguntei.
"Sim. Minha irmã me obrigou."
"Ah... eu entendo."
"Tenho que ir."
"Até segunda."
"Não gostei dele."
"Está com ciúmes seu bobo? Vamos entrar."
"Boa noite. Posso servir algo ao casal?", a garçonete nos entregou o cardápio.
"Por enquanto não."
Peguei meu celular para ver o horário e ele estava sem bateria. Não acredito.
"Paulo, pode me emprestar o celular para ver a hora?"
"Sim. Eu vou no banheiro", ele me entregou o celular.
Quando liguei a tela, entrou direto nas mensagens do Paulo e ele estava conversando com uma garota.
Amor: Meu amor, espero que você já tenha conseguido aquela aposta com aquela japinha. Não aguento mais te ver às escondidas...
Paulo: Oi amor... logo logo, eu tenho certeza que irei conseguir a aposta com a Ayumi e então tudo voltará ao normal.
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