História A Garota e o Pássaro - Um bater de asas

Em uma rua vazia e solitária havia dias chuvosos, tempestades e raios caindo diretos do céu. Um pássaro tentava voar com o vento o fazendo voltar ao chão a cada batida de asas. Quando se deu conta, já estava encharcado, suas tentativas falhas apenas traziam problemas. As penas iam se perdendo, suas esperanças iam flutuando para longe, acompanhando o vento forte.

Um pouco perdida e cansada de buscar sua felicidade, uma garota adentra a rua temida por qualquer pessoa. Parecia estar se rendendo a escuridão que habitava em seu coração. Ao perceber que alí os trovões gritavam mais alto, e que a nevasca cegava, a mesma sentiu o desespero sussurrar em seu ouvido.

Por outro lado, um triste e genuíno canto ainda soava baixinho, ofuscado pelo temporal. Jogado no chão estava o pobre pássaro, nem mesmo tentava bater suas asas novamente. Com receio a menina trouxe o mesmo para suas mãos, se questionando por que ele não voava para longe. Sua cor azul remetia a tristeza, mas não precisava ser assim. A jovem havia gostado tanto de seu canto, passou a se sentir acolhida. A partir daí eram os dois resistindo a todas tempestades, vez ou outra, em alguns momentos, o céu se mostrava mais azul, o branco da nuvem era visto. Até a escuridão chegar de novo, fazendo com que mais penas fossem perdidas e com que mais lágrimas fossem derramadas.

O plano elaborado pela garota era simples e esperançoso. Mesmo sem a vontade do pássaro, toda vez que a chuva cessava, ele batia suas asas, piando junto a dor. E então se passou um dia sem o vendaval, o sol brilhou desenhando um sorriso no rosto da menina. Logo o sonho chegou ao fim, mas o pássaro já havia batido suas asas por bastante tempo, caindo algumas vezes, sendo levado pelo vento de volta ao chão, uma hora ou outra iria flutuar junto com suas penas. A todo momento a garota se lembrava estar presa em uma rua obscura, mas seu amor pela ave era bem maior, suas inseguranças foram adormecidas, ela só queria poder ver ele voar, ela só queria sair da rua junto ao pássaro.

Mais uma vez o sol brilhou, só que agora com mais intensidade, o vento soprou sereno, deixando algumas penas azuis pairarem pelo ar. A menina segurou o pássaro em suas mãos e esperou que ele batesse as asas, quando isso foi feito, ela o jogou para o alto. Não houve quedas, ele voou. Voou tão alto que sumiu da vista da jovem, dançava no céu. A visão da mesma foi iluminada por uma saída, a ave desceu até seu encontro em meio ao canto doce e rodopios constantes. O pássaro azul a guiou até um muro com um grande portão, os dois deixaram o ambiente sombrio e se depararam com ruas movimentadas e outras aves voando. Desde então, o pássaro guia a menina, e a menina continua o fazendo bater as asas.