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História A garota que não contava - Não mais o mesmo


Escrita por: JaneDi

Notas do Autor


Mais um personagem e Sherlock se decepciona.

Capítulo 4 - Não mais o mesmo


Fanfic / Fanfiction A garota que não contava - Não mais o mesmo

Finalmente em casa...

Hum estranho.

Quando foi que Sherlock começou a pensar que esse pequeno lugar no meio do nada transformou-se em “lar” para ele?

Embora ele sentisse que seus pais tivessem fincado de vez a residência naquele ambiente inóspito e pouco inteligente, o menino ainda resistia quando lembrava de Londres, suas ruas, seu cinza, seu tempo nebuloso, as massas de pessoas, os sem teto, os ambulantes. Mas, conforme o tempo foi passando e ele pode contar as estações virando naquele lugar, por um momento, pensou que, talvez, a maior coisa que lhe parecia faltar era a ausência de seu irmão mais velho.

Eles não eram exatamente amigos. A diferença de quase sete anos entre um e outro tornou o desenvolvimento fraternal complicado. Quando Sherlock nasceu, Mycroft Holmes já era uma criança inteligente e muito querido por toda a família. Eles nunca brincaram juntos, ao invés, Sherlock sentia-se sempre na sombra do irmão, ele era o inteligente, o tolerável, possuía um vocabulário vastíssimo e sempre aquele em que as realizações acadêmicas caiam primeiro. Todos esperavam grandes coisas do menino Holmes mais velho e, por conseguinte, Sherlock deveria fazer o mesmo.

No entanto, tal ambiente não gerou um complexo desfavorável entre os dois. Muito pelo contrário, as forças que os desafiaram a serem distantes faziam que fossem mais próximos, mas unidos.

Sherlock era devoto do irmão mais velho, a tal ponto que mesmo na tenra idade queria o imitar em tudo. Preferia mais a companhia calma e complexa de Mycroft do que as crianças de sua idade. Da mesma forma, o mais velho dos irmãos via na pequena criança de cabelos cacheados uma fonte de depósito de expectativas, de experiências, era alguém que o idolatrava como deus. As tardes eram preenchidas com experiências, jogos de xadrez, leitura, passatempos curiosos que ajudavam ambos a vencer o fato de não terem amigos.

Isso foi até ele partir para a Austrália.

Chamaram de intercambio o período de 27 meses que Mycroft Holmes passou distante. Quase sem entrar em contato, poucos e raros telefonemas. Nenhuma visita nos feriados ou férias. Foi bastante uma surpresa. O jovem rapaz, que mesmo crescido com um lugar cativo na escola Elton (mas nunca frequentado, pelo justo senso de não elitismo da sua mãe), e com uma entrada antecipada em Oxford, decidiu seguir um rumo pouco esperado para aquilo que construíra até então e partiu para o outro lado do hemisfério.

Os adultos nunca se preocuparam em conta para Sherlock, mas o menino, que crescia cada dia mais inteligente, tal quão o irmão, via algo estranho nos lamentos da sua mãe tarde da noite, os choros, a forma que seu pai tentava consola-la, a forma que mudavam de assunto quando algum parente perguntava... tudo estranho e nebuloso.

Mas então ele estava retornando!

Finalmente Mycroft estava vindo do exterior e Sherlock mal podia se conter, dizer que estava animado era pouco. Ele até tentou usar um pouco de pomada para domar o cabelo que uma vez era motivo de piada entre os dois. Pensou no que poderiam fazer juntos novamente! Só Deus sabe o quanto tedioso aquela vizinhança era. E na escola, Sherlock sentia falta de um incentivo verdadeiro. Claro, John Watson era um bom coligado e um menino disposto a entrar em uma briga por ele era  bom sempre manter perto de si. Mas, fora isso, ele sentia uma falta tremenda da companhia do irmão. Ele mal podia esperar para mostrar os bosques para ele, podiam fazer tanto juntos. Sherlock iria mesmo mostrar alguns experimentos que estava fazendo para ele. Não podia ser melhor.

Mas então parecia que era uma outra pessoa ali.

Empoado, um pouco mais magro do que o irmão forte que lembrava dos dias da sua infância, Mycroft não era o mesmo. Não para Sherlock.

“você tem crescido irmão” Mycroft disse assim que o viu. Claro, não houve abraços, ou nada a mais além do que aquele pequeno sorriso de um lado “espero que tenha desenvolvido sua mente assim como falei para você” ele disse relembrando o passado.

Ele acenou com indiferença, Sherlock era mais alto que a média, porém isso não era algum feito a se comentar, genética de altura sempre fora forte em sua família, ele estava mais interessado nas aventuras do irmão mais do que qualquer coisa.

“na verdade Sherlock tem se saído muito bem na escola” sua mãe comentou, ela também era muito mais feita com ‘realizações feitas por si mesma’ “está se saindo muito bem em química e física, e está se destacando em esgrima e natação” disse com orgulho.

Os olhos de Mycroft brilharam em um tom curioso, o sorriso ainda lá.

“e ele já tem amigos!” ela disse animada, como se de repente lembrasse do pronto principal “qual é o nome querido? Daquele rapaz loiro que sempre vem por aqui?” ela perguntou na direção do seu filho mais novo.

As orelhas de Sherlock ganharam um tom de rosa profundo.

“oh, lembrei: John Watson, um monte de adorável menino, e claro há também Mol...”

“mamãe, por favor!” Sherlock interrompeu, profundamente envergonhado, quantas vezes ele já tinha dito que todas as pessoas a sua volta não passavam de associados?

“amigos? ” Mycroft voltou em um tom cortante “realmente curioso” e então ergueu as sobrancelhas em alguma piada para si próprio.

Sherlock não pode evitar, mas se encolheu.

O tom moderado e sempre cauteloso se seguiu e a cada vez que Mycroft recusava um novo pedaço de bolo da mãe, o menino sabia que algo havia mudado, seu irmão, seu adorado irmão não era o mesmo. Ele não mais queria saber dos passatempos do passado e a todo momento insistia em dizer que Sherlock tinha que ter boas maneiras pra quilo, boas maneiras para isso. Deveria estudar política, se preocupar em investir seu tempo em coisas importantes. Foi um saco!

Mas, o que mais o mexeu foi sua próxima declaração.

“Eu estarei indo para os Estados Unidos próxima semana” ele anunciou em poucas palavras.

Ambos os pais ficaram perplexos, tristes e magoados e Sherlock não entendeu. Ele pensava que o irmão iria ficar em casa, com ele, como nos velhos tempos.

“Querido, mas você acabou de voltar do exterior, imaginei que agora permaneceria em Londres” sua mãe disse triste.

“O que irá fazer lá, meu filho? ”  sr. Holmes perguntou, tentando esconder a dureza na voz após a notícia.

Mycroft pareceu cansado antes mesmo de responder, “trabalho com o governo papai, vou prestar alguns serviços para a embaixada”.

E então algo no gesto polido, um leve e pequeno rubor, o aperto no queixo... para um observador qualquer, tudo isto passaria incólume, mas Sherlock era um menino inteligente e ele viu e sabia, de alguma forma, que seu irmão mais velho estava mentido.

Depois que seus pais e ele foram trancados na biblioteca por algum tempo já conversando suas coisas de adulto, da qual Sherlock não fora convidado a tomar partido, ele esgueirou-se até o quarto do irmão. A mala em cima da cama bem feita ainda estava lá e mesmo que seu inconsciente alertava que isso era errado, ele pegou-se abrindo a bagagem de Mycroft procurando algo, não sabendo exatamente o quê. Roupas bem dobradas e passadas, alguns livros e oh! Um envelope pardo no bolso interno.

“Você não deveria mexer nas coisas pessoais dos outros, irmãozinho” foi a voz de Mycroft que o assustou.

Sherlock deu a volta e viu que o irmão tinha retornado silenciosamente e agora estava ali, pela porta o observando e não tão feliz.

“por quer você tem três tipos de passaporte?” Ele perguntou ainda segurando os documentos que achara, Sherlock não estava envergonhado agora, ele queria mostrar para o irmão que ele podia ser uma criança ainda, mas ele era tão esperto quanto ele.

“Nada que lhe interesse agora” foi sua reposta cortante e então puxou os documentos e os colocou na mala.

“Por que então você está mentindo para a mamãe?” Sherlock continuou.

“eu não estou mentido para ela!” e o menino teve a satisfação de ver seu irmão um pouco desfeito com sua máscara de gelo desde que chegara em casa.

“você está mentido!” Sherlock disse com raiva “você não irá trabalhar com a embaixada, irá?”

“isso não é dos seus negócios” Mycroft disse com raiva e então, como se percebendo o leve distanciamento de sua postura fria, voltou a se controlar, “pelo menos não por agora, não é algo que você deva entender” disse mais calmo.

“Eu não sou mais criança!”

“sim é” disse friamente, “seus ataques, suas palavras desmedidas a mesa, seu comportamento petulante, você ainda é um bebê Sherlock!”

O menino então fechou os punhos com força, as lágrimas querendo cortar por traz dos olhos, mas elas não iriam fazer uma aparição naquela tarde.

“você ainda é uma criança e não entende algumas coisas ainda, eu fico feliz que você agora tem... amigos, realmente, eu não esperava, mais talvez isso seja algo bom para você” ele disse não fazendo qualquer esforço para mostrar que acreditava no que dizia.

“eu odeio você Mycroft!” Sherlock disse antes de se virar e correr para baixo, para longe do irmão, “eu não me importo que você vá para longe, eu odeio você!” ele gritou.

Sherlock então foi para os fundos da casa, onde ele não poderia ver a tristeza da mãe, a decepção nos olhos do pai e sobretudo, a frieza do irmão. Se estabeleceu no gramado, numa parte escondida entre a sebe e aas tulipas da sra. Holmes. Passou um momento até que ele ouviu os pequenos passos e então ele sabia que ela estava lá.

A menina da casa ao lado parecia que sempre adivinhava quando Sherlock saia de dentro de casa e dando dois ou três minutos, lá estava ela, junto a ele, como se fosse uma presença e uma sombra.

“Oh, Sherlock, eu encontrei você! ” Ela disse alegre.

“Eu não estava me escondendo em primeiro lugar para ter alguém me achando” disse mordaz. Bem, azar o dela que seu humor estava péssimo. Mas Molly não pareceu ligar, ou então ela estava acostumada demais com o jeito ranzinza do vizinho para se incomodar, ela parecia que tinha o próprio sol a iluminando, pois dificilmente Sherlock a via sem um sorriso no rosto ou uma palavra gentil para qualquer pessoa.

“Bem, então o que você está fazendo aqui? ” Ela perguntou curiosa “ah... sua mãe me contou que seu irmão iria chegar por essa manhã e ela estava tão animada! ” Disse alegre. “Sua mãe fala tanto dele e você tem essa foto no aparador da entrada, vocês parecem tão doces juntos! Eu sempre quis ter um irmão ou irmã na verdade, parece incrível! Só que eu queria ser a mais velha, só para eu poder cuidar do mais novo, assim como você Sherlock! Bem, não dizendo que ser o caçula é algo ruim, por outro lado, eu gostaria de ser a mais nova...”

“Molly!” Sherlock alertou enterrando a cabeça entre os braços.

“ah... ok, divagando” ela recuou, ligeiramente envergonhada, as vezes ela começava a falar sem parar quando estava com ele. “Mas de qualquer forma, por isso que eu vim... eu trouxe isso para seu irmão” e então ela tirou um pacote de traz das costas, “um presente de boas-vindas, você sabe, já que você gosta tanto, talvez possam fazer algo juntos”.

Era um guia das melhores experiências e descobertas década de oitenta na área de química e física. Sherlock segurou o livro com as mãos e o folheou.

Por uma questão de fato, Sherlock sabia que Molly e seu pai eram pobres.  Não chegavam ao ponto de passarem necessidades, mas ele via o que via e comprar um livro daqueles (mesmo sendo de uma edição mais antiga) não era uma coisa fácil para uma família que recebia doações dos vizinhos para se manter.

E então ele voltou sua atenção para Molly, vendo a expectativa no olhar castanho da menina, sabia que não iria entregar aquele presente para seu irmão. Ele não era mais o mesmo e Mycroft provavelmente iria, mais tarde, desfilar seus comentários frios sobre Molly também... e apenas não era certo.

“tudo bem Molly... eu vou entregar” ele mentiu.

Ela enrubesceu. A menina tinha ganhado esse estranho comportamento nos últimos tempos quando se via sobre o olhar do amigo.

“ce-certo então, espero que se divirtam!” Ela disse alegre e saiu de volta para sua casa.

Sherlock soltou um suspiro, levantou do chão e voltou para casa. Deixando o livro seguro, em canto esquecido do seu quarto, se por um lado, o livro nunca viu Mycroft, por outro, muitos anos depois, o livro foi usado por Sherlock e seu filho.

 



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