1. Spirit Fanfics >
  2. A Garota Que Ninguém Reparou >
  3. Til it happens to you.

História A Garota Que Ninguém Reparou - Til it happens to you.


Escrita por: agirlwithscars

Notas do Autor


Olá, docinhos!
Já vou avisando que o capítulo de hoje é bem bad, e me deixou bem bad na hora de escrever mas se fez necessário para o andamento da história e mais pra frente vocês irão entender.
Tem recadinhos nas notas finais!!!
Boa leitura,
~agirlwithscars.

Capítulo 10 - Til it happens to you.


Fanfic / Fanfiction A Garota Que Ninguém Reparou - Til it happens to you.

Perdi o fôlego. Meu coração começou a bater forte e minha cabeça começou a girar. Fechei os olhos e apoiei uma mão em seu peito e pude sentir seu coração pulsando na palma de minha mão.

- Jesse... – sussurrei. – Não faça isso.

Ele deslizou uma mão de minha bochecha para minha nuca e a outra foi até minha cintura, fazendo-nos ficar ainda mais próximos.

- Jesse. – choraminguei. – Por favor.

Ele colou nossas testas e sua respiração ficou forte contra o meu rosto. Abri meus olhos lentamente e ele olhava-me com cautela, como que pedindo permissão para aproximar-se.

- Não. – murmurei.

Ele optou por me ignorar e levantou-me na ponta dos pés, fazendo sua mão em minha cintura de apoio para eu não cair. Seus lábios aproximaram-se dos meus.

- Eu quero tanto você, Amélia. – sussurrou.

Seus lábios tocaram os meus com ternura, beijando-me carinhosamente e apaixonadamente. Sua língua percorria minha boca como se me beijar fosse a coisa mais importante do mundo. Meu corpo foi amolecendo e escorregou por sua mão.

Apesar do meu esforço contínuo de resistir as seduções e beijos de Jesse, meu corpo havia me traído e eu estava inconscientemente respondendo a suas carícias.

- Não! – gritei, empurrando seu ombro pra trás, fazendo-o cambalear e desequilibrar-se. – Não.

- Amélia...

- Não! – levantei minha mão, fazendo-o calar-se e comecei a chorar. – Não posso.

Ele aproximou-se e tocou meu rosto, limpando minhas lágrimas. Peguei seu pulso e o empurrei para longe.

- Não me toque, Jesse. – sussurrei. – Nunca mais. Por favor.

- Amélia. – ele respirou fundo. – Porque você é assim comigo?

- Você não entende. – murmurei, andando de um lado para o outro da sala. – Talvez nunca entenda.

- Me ilumine.

- Você nunca vai entender. – disse, fechando os olhos para controlar as lágrimas. – Só... fique longe de mim.

Ele riu debochado.

- Vai ser difícil ficar longe de você, Amélia.

- Você vai ficar longe de mim! – gritei. – Você precisa!

Ele aproximou-se e colocou seus braços em volta de mim apoiados na parede, aprisionando-me.

- Eu não vou ficar longe de você, Amélia. – ele levantou meu queixo, fazendo-me olhar em seus olhos. – Nunca.

Talvez apenas ordená-lo para ficar longe de mim não bastasse, eu deveria feri-lo de alguma maneira que o fizesse ter nojo de mim e me quisesse o mais longe possível de seu ser. Já bastava eu ter que arrastar Daniel para o meu passado assombrado por fantasmas, eu não iria expor Jesse à tal sofrimento.

- Eu... – sussurrei. – Eu quero você longe de mim, Jesse.

Ele socou a parede, fechou os olhos e respirou fundo.

- É você que tem problemas. – ele disse, apontando para mim. – E eu não acredito na merda que você está falando e nem sei a razão desse comportamento... – ele beijou meu nariz. – mas eu vou descobrir. E não vou desistir de você, Amélia.

- Você... – disse, empurrando seu ombro para longe. – precisa.

Ele jogou os braços para cima, passou a olhar fixamente para o chão e a andar de um lado para o outro.

- Tudo bem. – disse, saindo da sala e batendo a porta bruscamente atrás de si.

Meu corpo traiu meu cérebro, meus joelhos tremeram e fui de encontro ao chão. Lágrimas escorreram de meus olhos e trilharam um caminho até meu colo.

Eu estava traindo minha vida, meu corpo e meus sentimentos tanto em relação à Jesse quanto em relação à Daniel e minha mãe. Tudo a minha volta era uma completa mentira.

Passei a costas de minha mão em meu rosto para secar as lágrimas, joguei a mochila sobre o ombro e caminhei pelo corredor até o banheiro mais próximo. Eu precisava libertar essa dor imensa que crescia dentro do meu peito para o exterior. Entrei no banheiro e tranquei a porta atrás de mim. Para minha sorte, o banheiro aparentava que havia acabado de ser limpo e estava completamente vazio. Coloquei minha mochila sobre a pia e comecei a vasculhá-la a procura da minha caixa de remédios. Peguei o frasco que dizia Ansiedade e tomei um comprimido, peguei o frasco de Síndrome do Pânico e tomei um comprimido e peguei o frasco de Taquicardia e tomei um comprimido, fazendo um coquetel de remédios no estômago. Eu sabia que eu não deveria mais tomar meus remédios por conta do aneurisma cerebral, mas esse era um dos poucos momentos em que o universo fodia com a minha vida e eu não conseguia suportar. Peguei todos os frascos de remédios que estavam em minha caixa e os joguei no lixo, e percebi que o fundo da mesma brilhava. Retirei o fundo da caixa e achei a lâmina que usava para cortar os pulsos, braços, boa parte da barriga e coxas. Envolvi a lâmina nos dedos e a passei levemente pelos pulsos. Em poucos segundos a linha imaginária ficou avermelhada e o sangue começou a coagular para fora do corte. Passei a lâmina mais seis vezes no mesmo braço, fazendo com que uma poça de sangue se formasse em volta dos meus pés. Guardei a lâmina na caixa de remédios, e por sorte eu ainda tinha um rolo de atadura de crepom na caixa para emergências como essa, envolvendo automutilação. Enrolei a atadura em volta do meu pulso até a dobra do cotovelo e dei um nó no final para não soltar. Minha cabeça começou a latejar e fiquei tonta. Coloquei as mãos uma em cada lado da pia e respirei fundo, e senti o chá que Daniel havia feito para mim de manhã voltar para minha garganta. Empurrei a porta da cabine do banheiro, joguei-me ajoelhada no chão e vomitei. Meu corpo começou a ter espasmos e voltei a chorar e soluçar.

Acordei com uma forte dor de cabeça e logo lembrei-me dos acontecimentos da noite passada: papai estava batendo em mamãe com o seu cinto e corri até o quarto de Daniel, onde arranquei vários chumaços de cabelo a noite toda. Pode soar até estranho, mas arrancar aqueles fios de cabelo havia aliviado um pouco minha dor no peito e fez-me esquecer um pouco o que estava acontecendo no quarto ao lado. Levantei-me, coloquei minha pantufa e fui até o quarto de mamãe. Mamãe estava deitada no chão – enquanto a cama continuava arrumada e intacta – com o rosto arroxeado e as roupas rasgadas.

- Mamãe? – chamei. – O que houve com a senhora?

Aproximei-me para observá-la melhor e acordá-la. Cutuquei e balancei seu ombro. Nada.

- Mamãe! – gritei. – Por favor, acorde!

Mamãe continuou imóvel. Deitei-me ao seu lado e a abracei.

- Amo você, mamãe.

Passos pesados começaram a ecoar pelo corredor e papai apareceu na porta com uma garrafa de uma bebida na mão que eu não sabia o nome, olheiras abaixo dos olhos, a camisa amassada e a calça suja de... sangue? Porque a calça de papai estava suja de sangue? Seria aquele sangue de mamãe?

- Papai? – levantei-me para observá-lo melhor.

- O que você está fazendo aqui, sua merdinha?

Engoli em seco. Porque papai estava me tratando daquele jeito?

- Papai? – choraminguei.

- Sai! – ele gritou, fazendo-me estremecer da ponta dos pés até a ponta do nariz.

Meu corpo congelou e eu não conseguia mexer minhas pernas ou mover meus lábios, eu só conseguia respirar.

- Eu mandei você sair, filha da puta! – ele correu até mim e puxou-me pelos cabelos até a porta.

- Ai! – gritei.

Ele jogou-me no chão do outro lado da porta e tomou um grande gole de sua bebida direto da garrafa.

- Eu deixei você falar? – ele disse.

- N-não. – gaguejei.

Ele chutou-me no estômago e caí para frente. Uma dor extremamente forte e aguda apossou-se de meu corpo e acabei vomitando no sapato de papai.

- Sua vadia filha da puta! – ele gritou.

Ele abriu a fivela de seu cinto, dobrou-o na mão e abaixou-se para ficar de minha altura.

- M-me desculpe, papai. – sussurrei.

Ele estalou a língua e abriu um sorriso lascivo.

- Tarde demais para desculpas, doçura.

Ele levantou o cinto e o voltou com toda a força em meus ombros e depois em minhas costas, fazendo-me gritar cada vez mais a cada estalo que chocava-se de encontro ao meu corpo.

- Por favor, papai! – gritei. – Pare!

Meu pedido para terminar com as cintadas em minhas costas foram em vão, deixando-o mais forte e com uma infinita vontade de continuar.

- Christopher... – a voz de Daniel ecoou no corredor, fazendo uma onda de alívio percorrer meu corpo, deixando-me inerte da dor que sentia. – se você não soltar a Amélia agora, eu vou arrancar suas bolas com o meu cinto.

Papai colocou calmamente seu cinto no chão ao meu lado e levantou-se com as mãos para cima.

- Relaxa, Danny. – ele disse, abrindo um largo sorriso no rosto. – Estou apenas cumprindo meu papel de pai e disciplinando minha filha.

- Se você chama isso... – Daniel disse, fazendo uma careta e abanando a mão no ar. – de disciplina, você tem muito a aprender sobre como ser um bom pai. Agora... – Daniel disse, aproximando-se de papai e fechando suas mãos em punho em volta da gola de sua camisa. – você vai sumir daqui, Christopher. E nunca mais vai tocar na minha Ames.

Papai gargalhou.

- Eu não tenho medo de você, garoto. – disse, dando de ombros.

- Deveria. – Daniel sussurrou, acertando um soco no rosto de papai, fazendo seu rosto ir para o lado.

Papai passou a mão na base de seu nariz para limpar o sangue que escorria em seu rosto e cuspiu no chão.

- Isso vai ter volta, Hayes. – disse, indo em direção as escadas. – E eu vou voltar.

A expressão de raiva de Daniel mudou quase que instantaneamente assim que ele baixou o olhar na mesma altura que o meu e observou-me.

- Meu anjo. – sussurrou, ajoelhando-se ao meu lado. – Sinto muito por você ter passado por isso.

Eu tentei ao máximo sorrir e dizer para Daniel que estava tudo bem e eu iria superar, mas... eu não conseguia. Eu só conseguia pensar em mamãe toda machucada e caída no chão, no sorriso de papai antes de começar a me bater e a dor que martelava em cada centímetro do meu corpo.

- Danny... – sussurrei.

- Shhh. – ele disse, abraçando-me levemente para não machucar-me. – Você está segura comigo.

Levantei-me do chão da cabine do banheiro e lavei meu rosto na pia. Respirei fundo, peguei minha mochila e direcionei-me a sala da próxima aula que haveria no dia: física quântica.

POINT OF VIEW: DANIEL HAYES.

- Ainda bem que você sabe disso, maninho. – Ames disse, soprando-me um beijo antes de sair de casa.

Peguei meu celular e disquei o número de Ethan, meu colega da faculdade e ávido hacker. Ele atendeu no terceiro toque.

- Alô?

- Ethan? É o Daniel.

- Daniel, parceiro! Tá tudo bem?

Respirei fundo e passei a mão no cabelo. Não, não estava nada bem.

- Está sim, Ethan. É que... preciso que você faça um pequeno favor para mim.

- Qualquer coisa, bro.

- Preciso que você encontre o atual endereço de Christopher Jones.

A linha ficou muda por longos segundos.

- Ethan? Você tá ai, cara?

- Tô aqui. – murmurou Ethan. – Daniel... Christopher não é o pai da Amélia?

- Sim.

- E por quê você quer o atual endereço dele?

- É-é uma longa história. – gaguejei. – Ele se mudou e acabou esquecendo de nos passar o seu endereço e telefone. – menti.

- Ah! Beleza, cara. Daqui a pouco te mando um e-mail com o endereço.

- Valeu, Ethan.

- De boa, Danny.

Mandei uma mensagem para minha chefe Clarissa dizendo que iria chegar atrasado, porque Amélia estava febril. Mais uma mentira para adicionar à minha lista.

O e-mail de Ethan chegou assim que eu terminei de arrumar a casa e direcionava-me a porta pronto para ir a casa de Christopher.

De: Ethan Welch.

 Para: Daniel Hayes.

Assunto: Endereço do Christopher.

Brooklyn, Wiliamsburg, Bedford Street, 314.

**

Seguindo a risca as instruções de Ethan, optei por pegar um ônibus e descer no ponto mais próximo a casa de Christopher. E lá estava eu, em frente a um portão enferrujado de uma casa que aparentava estar abandonada. Dei três leves batidas na porta e ela abriu-se sozinha.

- Christopher? – chamei.

Caminhei pela sala escurecida até chegar ao pé da escada e subi os degraus da mesma. No fim do corredor da escada estava uma porta com uma fresta aberta. Abri a porta lentamente, arrancando rugidos da mesma. O quarto estava muito bem iluminado e sem móveis, três das quatro paredes eram brancas, já a quarta estava repleta de colagens de fotos de Amélia. Por que Christopher possuía uma colagem de Amélia? Comecei a arrancar foto por foto e jogá-las no chão. Peguei um pedaço rasgado de uma das fotos e deixei uma mensagem para Christopher no verso.

Você sabe quem fez isso, então venha me buscar.

Deixei a foto no vão da porta e saí da casa.

**

Eu havia levado pouco tempo para ir e voltar da casa de Christopher, o que restou-me 20 minutos de atraso antes de ir para o trabalho. Aproveitei esse pouco tempo para tomar um café preto puro e ler o jornal. Coloquei o laptop e a pasta de documentos do escritório na minha maleta, quando bateram à porta.

- Já vai! – gritei.

Abri a porta e dei de cara com Christopher imundo e fedendo à uísque.

- Veio me buscar, Christopher? – provoquei.

- Exatamente, garoto.

**

POINT OF VIEW: AMÉLIA JONES.

A aula de economia – a última aula do dia – terminou meia hora antes por conta da reunião de professores. Jenny chamou-me para ir até sua casa para estudar para o teste final de física quântica e eu estava considerando essa possibilidade, apesar de que a única coisa que eu queria naquele momento era voltar para a casa de Daniel e descobrir onde mamãe estava. Enquanto eu guardava meus livros da aula que tivera no dia de volta para o armário escutei risadinhas vindo do meu lado direito e virei-me dando de cara com Jesse arrancando selinhos de Jenny. Ótimo, era só o que me faltava! Ele levantou o olhar e percebeu que eu os encarava, começou a beijar Jenny avidamente sem tirar os olhos de mim. Eu não poderia ir até ele, puxar Jenny pelos cabelos e estapear sua cara, afinal, eu havia dito para ele que não o queria mais perto de mim. Fechei a cara e bati a porta do armário, fazendo todos ao meu redor encarar-me com os olhos arregalados. Respirei fundo e engoli as lágrimas. Eu deveria ser forte. Por mim, por Daniel e especialmente por minha mãe.

**

Cheguei na casa de Daniel, joguei a mochila no canto do sofá e andei até a cozinha para tomar um copo de água. Bem abaixo do filtro havia uma poça de sangue e mais a frente começava um rastro de pegadas.

- Danny? – chamei, já começando a soluçar. – Daniel!

Segui as pegadas até o pé da escada e elas transformaram-se em poças novamente. Subi as escadas correndo e as pegadas voltaram e registraram o caminho até o quarto de Daniel. A porta estava emperrada, empurrei meu ombro contra a porta uma, duas, três vezes e ela abriu. Coloquei as mãos nos joelhos para recuperar o fôlego. Respirei fundo e levantei o rosto e lá estava Daniel, desacordado no chão em cima de uma enorme poça de sangue. Gritei. Gritei para Daniel sobreviver, gritei para que algum dia Jesse me perdoasse, gritei para mamãe voltar para casa, e gritei para extrair aquela imensa dor que apossava-se de meu peito novamente.

Joguei-me sobre o corpo de Daniel e comecei a sacudi-lo. Ele abriu um dos olhos e um sorriso triste tomou posse de seu rosto contorcido de dor.

- Eu estou bem, Ames. - sussurrou.

- Não, querido, você não está.

Rasguei um pedaço da barra da camisa jeans de Daniel que eu estava usando, a amassei formando uma bola e coloquei sobre o sangue que jorrava para fora de um enorme e profundo corte ao lado de seu umbigo.

Você não vai me deixar. - choraminguei. - Você prometeu.

Peguei sua mão e a coloquei por cima da camisa no ferimento. Saquei meu celular no bolso de trás da calça e disquei para a Emergência.

- Qual a emergência? - a voz de uma mulher ecoou pelo meu ouvido.

- É-é meu irmão. - gaguejei. - Ele está ferido.

- Senhorita, de zero à dez o quão perigoso está o ferimento?

Dez. - sussurrei, engolindo em seco.

- Estamos indo. - ela disse, e desligou.

Joguei o celular no chão, coloquei minha mão sobre a de Daniel no ferimento e deitei-me no chão ao seu lado.

- Vou cuidar de você. - sussurrei em seu ouvido. - Assim como você cuidou de mim.

Aproximei-me de seu rosto e depositei um rápido selinho em seus lábios.

- Eu amo você, Daniel.


Notas Finais


Bom, recadinhos:
a) estou postando hoje porque terei compromissos amanhã e não iria conseguir postar.
b) semana que vem entrarei em semana de provas, portanto, o próximo capítulo só irei postar dia 12/11.
c) POR FAVOR, se vocês estiverem curtindo a história, quiserem dar algumas ideias, COMENTEM!
Beijos, bom final de semana e até dia 12.
~agirlwithscars.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...