1. Spirit Fanfics >
  2. A Garota Que Ninguém Reparou >
  3. Three days.

História A Garota Que Ninguém Reparou - Three days.


Escrita por: agirlwithscars

Notas do Autor


Olá, pessoal!
Eu sei que disse que iria postar somente no dia 12, porém o capítulo ficou pronto e por conta de eventos não poderei postar no dia 12. Mas, para recompensar semana passada e não deixar vocês sem capítulo novinho em folha, resolvi postar.
Esse capítulo também vai ser bad, então preparem-se. Talvez o capítulo seguinte também venha ser assim, mas, faz parte da história. Afinal, depois da tempestade vêm o arco-íris, certo?
Enfim, boa leitura!
PS: RECADO SUPER IMPORTANTE NAS NOTAS FINAIS!!!
~agirlwithscars.

Capítulo 11 - Three days.


Fanfic / Fanfiction A Garota Que Ninguém Reparou - Three days.

A porta da casa de Daniel foi arrombada e três paramédicos subiram até o primeiro andar, onde eu gritava freneticamente: “Aqui! Aqui! Socorro!” Um deles carregava uma maca e colocou a mesma no chão ao seu lado.

- Senhorita. – disse o paramédico. – Você precisa soltá-lo agora.

Neguei com a cabeça.

- Não posso. – sussurrei.

- Não poderemos ajudá-lo aqui. – o paramédico disse, colocando a mão em volta do meu pulso. – Solte-o.

Soltei a mão de Daniel que pairava sobre o ferimento, lentamente levantei-me e andei de encontro a parede. O paramédico com a maca o prendeu sobre a mesma. Os outros dois paramédicos estancaram o sangue o máximo que podiam e começaram uma transfusão bem ali, no quarto de Daniel, com uma pequena caixa de agulhas e pacotes de sangue.

- Estamos prontos para ir. – um deles murmurou.

- Certo. – o da maca assentiu. – Nós devemos ir agora, senhorita.

Sequei as lágrimas de meu rosto com a palma da mão e segurei a porta para os paramédicos passarem com a maca de Daniel. Descemos as escadas e chegamos à ambulância que estava estacionada em cima da calçada. Um dos paramédicos abriu a traseira e mostrou-me onde eu devia sentar-me e logo encaixaram a maca de Daniel em cima de um suporte dentro da ambulância.

**

Enquanto descíamos da ambulância para entrar no hospital, uma das máquinas de Daniel começou a apitar e os paramédicos congelaram.

- O que houve? – perguntei.

- Estamos perdendo-o. – disse um dos paramédicos, que jogou-se sobre Daniel e começou uma massagem cardíaca no mesmo.

- Não! – gritei.

- Afaste-se, senhorita. – disse outro paramédico, aprisionando-me em seus braços e empurrando-me em direção ao hospital.

- Não, não, não, não!

A porta do hospital abriu-se em um estrondo e vários médicos correram em direção a Daniel e levaram sua maca com o paramédico em cima realizando a massagem cardíaca para dentro do hospital.

- DANIEL! – gritei.

- Senhorita, controle-se. – disse o paramédico.

- Me controlar? – disparei. – Eu cheguei do colégio hoje e me deparei com meu irmão esfaqueado jogado em seu quarto. E depois disso, você ainda tem a cara de pau de me dizer isso?!

- Desculpe-me. – ele disse, envergonhado.

Comecei a debater-me para libertar-me de seu aperto, mas seu corpo era esguio e seus braços grandes e fortes.

- Me solta, seu idiota! – gritei. – Me solta!

Ele puxou-me até a ala das famílias que esperavam pelos pacientes e fez-me sentar em uma das cadeiras.

- Logo voltarei com informações, senhorita.

Bufei e comecei a esfregar a têmpora.

Nada disso era verdade, nada, nada, nada, nada. Era tudo uma ilusão, uma mentira. Daniel estava vivo. Daniel estava vivo. – eu repetia em minha cabeça. Dizem que quanto mais você repete algo em sua mente, pode tornar-se verdade. Essa era minha única opção: sujeitar-me a ter fé que algum milagre recairia sobre minha cabeça.

Coloquei meus cotovelos sobre meus joelhos e mergulhei meu rosto entre as mãos. Respirei fundo e comecei a contar mentalmente para acalmar-me. Um... dois... três...

- Olá! – disse, uma garotinha.

Levantei meu rosto e deparei-me com uma garotinha sorrindo inocentemente para mim. Sua pele era branca, com um leve tom rosado nas bochechas e seus olhos eram cinzas e penetrantes. Eu a reconheceria em qualquer lugar, mesmo sem os seus lindos e sedosos cabelos castanhos. Violet.

- Violet! – exclamei, puxando a mesma para um forte abraço.

- Dr. Jones! – ela retribuiu o abraço, sorrindo largamente. – Por que você foi embora? – ela perguntou, aprumando seu avental e sentando-se ao meu lado.

- Preciso te contar uma coisa... – disse, aproximando-me de seu ouvido. – Não sou médica de verdade. – sussurrei.

Ela riu. Uma risada tão doce e envolvente que acabei sorrindo sem ao menos notar.

- Eu desconfiei! – ela disse. – Você está sem o seu uniforme, e o Dr. Williams nunca tira o uniforme dele.

- Por falar em Dr. Williams... Como você está, Violet?

Ela deu de ombros e olhou para o chão. Estava claro que ela não estava pronta para tocar em um assunto tão delicado, ainda mais um assunto de tal gravidade.

- Bom, estou sem meus cabelos. – disse ela, bufando e apontando para a cabeça que estava totalmente lisa.

- Você está linda, Violet. – murmurei.

- Estou mesmo, não é? – disse ela, levantando o rosto e abrindo os lábios em um perfeito sorriso.

- Está.

Ela passou a observar-me e notou que a camisa jeans de Daniel que eu usava estava rasgada.

- O que houve com a sua camisa? – perguntou ela, intrigada.

- Eu tive que rasgá-la para... – engoli em seco. – estancar o ferimento do meu irmão.

Violet arregalou os olhos e em sua boca formou-se um “O” gigante.

- Oh. Meu. Deus.

- Pois é.

- Ele... morreu? – ela sussurrou.

Meus olhos começaram a arder e respirei fundo para segurar as lágrimas. Tal esforço não duraria muito.

- Eu não sei.

- Espero que ele fique bem. – ela disse, pegando minha mão e apertando-a.

- Obrigada. – fechei os olhos, eliminando algumas lágrimas que queriam sair de meus olhos. – Eu queria vê-lo, mas os paramédicos não me deixaram chegar perto dele.

- Você disse que é da família?

- Eles nem me deram oportunidade.

- Mas ele é seu irmão! Você tem direito de vê-lo.

- Não sei se essa regra aplica-se a nós. – murmurei. – Somos irmãos postiços. Fomos apenas criados juntos.

Ela começou a tamborilar os dedos no queixo e sua feição passou a ser pensativa.

- Já sei! – gritou. – Diga que você é esposa dele!

Fiz uma careta. Eu? Esposa de Daniel? Eu só pensava em rir do rumo que a situação estava tomando.

- Não temos alianças. – levantei minha mão esquerda, mostrando meu dedo anelar totalmente nu.

- E se você for noiva dele?

- Violet...

- Espere! – ela remexeu um bolsinho que havia na parte da frente de seu avental e retirou um anel dourado com várias pedras no centro formando uma flor.

- Violet! Onde você conseguiu isso?

- Era da minha avó. – ela deu de ombros. – Quando ela morreu foi para minha mãe. E agora que... – ela hesitou e eu a encarei. Sabia ao que ela estava se referindo e sabia o quanto devia doer. – E agora que eu estou doente, ela quis ter certeza que eu o usasse.

Ela colocou o anel delicadamente na palma de minha mão e meus olhos fixaram-se naquela maravilhosa joia que não parecia real.

- Obrigada.

- Fico feliz em ajudar. – ela levantou-se e abraçou-me. – Agora preciso ir. Até mais, Ames!

- Até mais, Vi!

Ela virou-se e saiu saltitando corredor a dentro.

Coloquei a aliança que Violet me emprestara em meu dedo anelar da mão direita. Talvez agora o meu “relacionamento” com Daniel irá começar a ter sentido para algumas pessoas.

**

Uma das enfermeiras de Daniel – seu nome era Anne – encaminhou-me até a ala do Trauma e informou-me que o médico que ficara encarregado do caso de Daniel gostaria de falar em particular comigo.

- Qual o nome dele? – perguntei, enquanto andávamos entre um corredor cheio de internos correndo de um lado para o outro.

- Nome de quem, senhora? – ela perguntou, erguendo os olhos dos óculos fundos e redondos.

- Do médico de Daniel.

- Ah. O médico encarregado do caso do seu noivo é o Dr. Reynalds.

A palavra noivo ainda me dava um certo frio na barriga, apesar de eu ter praticado falar “Daniel é meu noivo” umas mil vezes só na última hora.

- Mas... O Dr. Reynalds não é neurologista?

- Sim, senhora.

- E porque ele é o médico de Daniel?

- Senhora! – a enfermeira gritou, impaciente. – Creio que o Dr. Reynalds irá explicar tudo que tem o direito de saber.

Viramos o corredor à direita e entramos no consultório de número 5. Dr. Reynalds estava sentado atrás de uma mesa de vidro, usando óculos e totalmente mergulhado em papeladas. A enfermeira pigarreou e ele levantou o olhar. Ele inclinou a cabeça e observou-me curiosamente. Não era difícil suspeitar o que ele devia estar pensando.

- Amélia?

- Dr. Reynalds. – cumprimentei-o.

A enfermeira retirou-se e ele aconselhou-me a sentar-me.

- Você é... noiva de Daniel?

Mordi meu lábio inferior para não rir. Eu devia contar a verdade ou mentir?

- Dr. Reynalds... – ele levantou a mão, interrompendo-me.

- Deixa pra lá.

Ele recolheu os papéis de sua mesa e os organizou em uma pilha no chão.

- Amélia, temos muito o que conversar.

Comecei a remexer as mãos que estavam apoiadas em minha cocha.

- Diga.

- Bom, Daniel chegou gravemente ferido. E sofreu duas paradas cardíacas até chegar na sala de cirurgia. – ele começou. – Sim, tivemos que operá-lo. Ele sofreu graves lesões internas, incluindo a coluna. Infelizmente, foi uma cirurgia demorada acompanhada da cirurgia nos órgãos. – ele continuou. – Ambas cirurgias foram bem sucedidas, mas está tudo nas mãos de sua recuperação. Ele tem três dias para acordar.

- E se ele não acordar em três dias?

- Se ele não acordar em três dias... – ele engoliu em seco. – Devemos deixá-lo ir.

- Obrigada, Dr. Reynalds. – disse, empurrando a cadeira para trás e levantando-me.

- Amélia. Amélia!

Saí do consultório as pressas, já com lágrimas nos olhos. Cada veia em meu corpo pulsava e queimava. Finalmente, todas as barreiras que eu havia construído nesses anos haviam sido derrubadas. Não existia mais sanidade em meu corpo e minha mente. Corri em direção ao banheiro feminino, – único lugar onde eu sentia-me segura – entrei em disparada e tranquei a porta. Avaliei meu rosto por alguns momentos no espelho, coisa que eu não fazia desde minha última estadia como paciente neste mesmo hospital. Meu cabelo preto estava bagunçado e eriçado por conta das lágrimas que o umedeceram. Meus olhos verdes estavam totalmente vermelhos, com exceção da íris. Sombras roxas desenhavam a base de meus olhos e eu estava terrivelmente pálida. Levantei minha mão em punho e soquei o espelho, ele desfez-se em milhares de pedaços que caíram no chão, enquanto poucos ficaram presos em meus dedos, fazendo-os sangrar. A imagem de meus dedos sangrentos juntamente com cacos de vidro espalhados pelo chão lembrava-me da primeira vez que Christopher comprovara ser um alcoólatra agressivo.

Daniel pegou-me no colo e levou-me até o seu quarto, onde deitou-me delicadamente sobre sua cama bagunçada.

- Danny. – sussurrei, em meio aos soluços. – Estou com medo.

- Amélia Jones. – ele repreendeu-me, subindo na cama e colocando meu rosto molhado de lágrimas entre suas mãos. – Enquanto eu estiver vivo, estarei ao seu lado. Enquanto eu estiver ao seu lado, você não tem nada a temer.

- Você promete? – perguntei, fechando os olhos para conter minha dor de cabeça.

- É claro que eu prometo, Ames.

Ele abriu minhas pálpebras, fazendo minha cabeça girar freneticamente.

- Ames! – ele gritou, fazendo-me grunhir de dor. – Você deve me prometer algo, também. – ele disse, puxando meu tronco para cima, fazendo-me sentar. – Não feche os olhos.

- Mas estou tão cansada. – murmurei. – E tão... dolorida.

- Me prometa. – ele disse, sério.

Endireitei-me na cama e coloquei meus pés para fora, deixando-os balançando livremente. Respirei fundo e abri os olhos.

- Certo.

- Continue assim. – ele instruiu-me, levantando o dedo indicador para enfatizar a ordem.

Daniel correu até o banheiro de seu quarto e voltou com uma caixa de primeiros socorros. Abriu a caixa e dela retirou gases, ataduras, antissépticos, esparadrapos e alguns comprimidos para dor e relaxantes musculares. Ele levantou a barra de minha camiseta, deixando o enorme hematoma de minha barriga à mostra.

- Vai doer um pouco. – ele disse, seus lábios formavam uma linha tênue rígida.

- Eu posso ajudar. – disse uma voz feminina.

Virei meu rosto para a porta do quarto de Daniel e, com os ombros encostados no batente lá estava a namorada de Daniel – que parecia mais uma super modelo - , Bárbara.

- Bárbara. – Daniel disse, levantando-se para bloquear a visão de Bárbara. – Sua ajuda não é necessária.

- Deixa de ser idiota, Daniel. – Bárbara disse, empurrando os ombros de Daniel para trás e o ultrapassando até chegar à mim. – Ela precisa de ajuda feminina. – ela disse, virando-se para Daniel e colocando as mãos na cintura. – Ou você que pretende despir sua irmã?

Daniel contorceu o rosto em uma careta e jogou as mãos para o ar.

- Tudo bem. – murmurou. – O kit de primeiros socorros está no pé da cama. – disse, apontando para a caixa branca no chão e saiu do quarto logo em seguida.

Bárbara pegou um borrifador com algum remédio dentro que eu não reconhecia e o aplicou em minha barriga. Inicialmente eu não senti nada, mas após alguns segundos minha barriga começou a formigar e arder.

- Isso dói! – gritei.

- Vai passar. – ela disse, esticando os lábios em um sorriso triste.

Ela tirou minha camiseta e contornou a cama até ficar por trás de mim. Ela examinou as minhas costas e passou o mesmo remédio que havia passado em minha barriga na mesma.

- Ai! – grunhi.

- Desculpe. – disse ela, retirando o excesso com uma bola de algodão. – Acho melhor você não usar uma blusa muito apertada nos próximos dias.

- Está tão mal assim?

- Tá bem feio, Amélia. – ela sussurrou. – O que houve com você?

- Eu... – engoli em seco.

- Acho que já está bom, Bárbara! – Daniel murmurou da porta.

- Daniel! – Bárbara o repreendeu. – Olha o estado dela! – ela jogou o algodão no chão e bateu os pés em direção a Daniel. – Mas que porra aconteceu aqui?

Daniel aproximou-se e entregou-me uma de suas camisetas de flanela na cor verde esmeralda. Coloquei a blusa e a abotoei até o fim.

- Obrigada. – sussurrei.

- Daniel! – Bárbara gritou. – Você não vai me responder?

- Porra, Bárbara! – Daniel gritou tão alto que saltei da cama. – Não é da sua conta. – ele disse, puxando-a pelo cotovelo até o corredor. – Vai embora, por favor.

- Caralho, Daniel! – Bárbara disse, puxando seu cotovelo das mãos de Daniel e libertando-se. – Amélia está com as costas de quem foi... açoitada. – ela sussurrou.

- Ela. Tá. Bem. – Daniel disse. – Pode deixar que agora eu cuido dela.

- E quanto à mim Daniel?

- Você vai embora e não irá voltar mais, Bárbara.

- Você vai se arrepender disso, Daniel. – Bárbara disse, batendo o pé no chão.

Ela encarou-me por alguns segundos e pude ver que seu olhar dizia-me sinto muito. Ela desceu as escadas a passos firmes e seu lindo cabelo loiro esvoaçante foi a última coisa que vi descer.

Levantei-me da cama, andei em direção a Daniel e entrelacei nossas mãos.

- Você está bem? – perguntei.

- Vou ficar. – ele disse, passando a mão no cabelo.

Acariciei sua mão na minha e percebi que as juntas dos seus dedos estavam sangrando.

- Danny! Você se machucou!

Ele soltou sua mão da minha e limpou o sangue na calça.

- Não é nada, estou bem.

- Você pode precisar de sutura! – murmurei.

- Estou bem. – ele disse, agachando-se no chão para ficar da mesma altura que eu. – Estou bem porque você está aqui.

Lavei meus dedos na água fria da torneira da pia, amarrei meu cabelo em um coque no alto da cabeça e lavei o rosto. Eu não estava pronta, mas tinha que vê-lo. Caminhei até a recepção e pedi o número do quarto de Daniel Hayes.

- E a senhora é? – perguntou à recepcionista. Sua aparência deixou-me desconfortada. Cabelos compridos castanhos, olhos pretos, lábios pintados em um tom de vermelho vibrante e o uniforme do hospital que mais lhe parecia um traje de banho.

- Sou a noiva dele.

- Ah, sim. – disse ela, assentindo. – A senhora é uma mulher de sorte.

Estreitei meus olhos para a figura absurdamente vulgar à minha frente, que abria um sorriso malicioso enquanto digitava em seu computador.

- O que você está insinuando?

- N-nada, senhora!

- Se não fosse nada eu não estaria perguntando.

Ela deu de ombros e abaixou a cabeça.

- Ora, senhora, seu noivo é um homem atraente.

Forcei uma risada sarcástica.

- Jura?! – murmurei. – Pena que ele já é comprometido, não é?

O tom de pele da recepcionista passou de pardo para vermelho vivo.

- Desculpe-me, senhora.

- O número do quarto! Por favor.

- Quarto 304, ala do Trauma.

- Muito obrigada!

Girei meus calcanhares e andei até o corredor que indicava com setas para qual lado localizavam-se as alas. A ala do Trauma era um lugar horripilante. Inúmeras portas ao longo do corredor indicavam: Fraturas, Queimaduras, Ferimentos à balas, Produtos perigosos, Cirurgias emergenciais, e muitas outras. Fiquei me perguntando à qual dessas salas Daniel teria passado e o quão grave estava sua situação. Ao chegar no quarto, minha mão congelou na maçaneta. Será que eu realmente queria vê-lo? Será que eu estava pronta para abrir a porta e enfrentar o meu irmão que virara um vegetal? Eu não tinha escolha, apesar dos milhares de pensamentos que percorriam minha mente, eu amava Daniel. Eu não poderia deixá-lo, eu não ousaria. Eu o amava e iria até o fim do mundo por ele. Girei a maçaneta e entrei no quarto. O quarto de Daniel era exatamente igual ao que eu ficara quando estava em coma. Sua aparência não estava das piores, seu rosto estava levemente corado – marca de saúde, eu suponho – e seus longos cílios alcançavam as pequenas olheiras que formava-se abaixo de seus olhos. Ele não estava ligado a nenhum tubo – o que parecia-me bom – mas infelizmente ele estava usando uma sonda vesical. Acariciei seu rosto e beijei sua testa. Apesar de tudo que havia lhe acontecido, ele ainda estava arrasadoramente lindo. Escutei passos vindos dos corredores e dei de ombros. Com certeza deviam ser alguns dos internos enlouquecidos que corriam para lá e para cá bajulando os atendentes para participar de uma grande cirurgia. Aninhei-me na poltrona ao lado de Daniel e fechei os olhos, eu estava tão cansada...

- Olá, doçura.

Merda, merda, merda, merda.

Endireitei-me na cadeira e abri os olhos. Lá estava ele de novo. Um fantasma colado à sola do meu sapato, sempre pronto para destruir qualquer pitada de felicidade que fosse colocada em minha vida.

- Christopher.

- Sabe, doçura... – ele disse, colocando a mão no cinto e aproximando-se. Agarrei o braço da poltrona tão forte que as juntas de meus dedos ficaram brancas. – Fiquei com pena do garoto.

- Como você é gentil, Christopher.

- Sou mesmo. – disse, sorrindo e sentando-se no pé da cama de Daniel. – Doçura, temos assuntos pendentes à tratar.

- Primeiro! – disse, levantando-me. – Pare de me chamar de doçura, seu filha da mãe. Segundo, acho melhor você sair agora.

- Se não? – ele provocou.

- Se não, você não sair daqui com vida.

Ele gargalhou e levantou-se. Remexeu na traseira de sua calça e retirou da mesma um revólver calibre 22.

- Eu suspeito que... – ele disse, tamborilando a ponta da arma no queixo. – vou sair daqui novinho em folha.

- Christopher, diga logo o que você quer.

Ele aproximou-se e desamarrou meu cabelo. Ergueu o revólver e o enrolou entre os cachos.

- Ora, doçura. – ele cantarolou. – Eu quero você.

Estremeci. A bile subiu pela minha garganta e eu estava pronta para apagar naquele chão, ali mesmo.

- E se eu não for com você?

Ele estalou a língua no céu da boca e abaixou o revólver, respirei aliviada.

- Você nunca irá ver sua doce mãezinha.

Engoli em seco. Então, Christopher realmente havia raptado minha mãe? Onde ela estava? Estaria ela ainda com vida?

- Onde ela está?

- Você já está querendo demais, doçura. Uma coisa de cada vez.

Virei-me para encará-lo, ele parecia brincar com o meu medo enquanto sacudia a arma no ar. Seria aquela uma arma de verdade? Ou ele apenas estava querendo levar-me a loucura? E se é uma expressão muito subjetiva para deixar-me levar pelo instinto. Eu não arriscaria.

- E se eu for com você? O que acontece?

- Bom, doçura. – ele começou, sentando-se na poltrona e dobrando os joelhos. – Se você for comigo, pouparei a vidinha miserável de sua mãe e de seu irmão... E, ah, seu namoradinho e a irmãzinha dele também serão poupados.

- O quê?! – gritei.

Ele levantou abruptamente, ativou a arma – que fez um som de clique – e a colou em minha testa.

- Cala a boca, sua vadia!

Ele respirou fundo e abaixou a arma. Mais uma vez, eu via-me respirando aliviada.

- Eu não tenho namorado, Christopher.

- Eu sei quem ele é, doçura. – ele disse, em um tom ameaçador. – Você tem três dias.

- Três dias pra quê?

- Pra escolher. Ir ou ficar, salvar ou matar.

- Profundo. – sussurrei.

- O que foi que você disse, cadela? – ele perguntou, sacando o revólver mais uma vez.

- N-nada. – gaguejei.

- Ótimo. – ele colocou o revólver escondido na calça mais uma vez, tirou um cartão do bolso e o jogou na poltrona. – Você vai retirar toda a quantia em dinheiro que você e sua mãe possuem no banco e me entregar. – ele disse, aproximando-se de meu cabelo e cheirando o mesmo. – Juntamente com o seu corpo. – ele andou até a porta e antes de abri-la virou-se. – Você tem três dias, doçura.


Notas Finais


Espero que vocês tenham gostado do capítulo de hoje!
O recado SUPER MEGA importante que eu tenho pra vocês hoje é: FIZ UM TRAILER DA FIC! Sim, eu fiz! Semana passada enquanto eu não terminava o capítulo decidi fazer o trailer e, na minha opinião, ficou ótimo!
Link do trailer: https://www.youtube.com/watch?v=7xhxwkJW8Wo
Por favor, amores, comentem! É muito importante saber que a história está sendo reconhecida e que vocês estão gostando!
Até semana que vem!
Beijos,
~agirlwithscars.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...