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História A Garota Que Ninguém Reparou - Back to life.


Escrita por: agirlwithscars

Notas do Autor


Sem recadinhos hoje. ):
Boa leitura!
~agirlwithscars.

Capítulo 6 - Back to life.


Fanfic / Fanfiction A Garota Que Ninguém Reparou - Back to life.

POINT OF VIEW: AMÉLIA JONES.

Assim que Bárbara saiu do quarto, esforcei-me a levantar. Cada parte do meu corpo doía, principalmente a cabeça. Desci da cama e peguei o carrinho do soro e o empurrei até o banheiro. A primeira coisa que eu gostaria de ver era meu rosto e meu corpo. Uma pessoa pode mudar muito de um dia para o outro, e muito mais depois de sete dias. O banheiro não era grande, mas havia um espelho pequeno de plástico em cima da pia. Fiquei alguns bons minutos na porta do banheiro, criando coragem para ver no espelho o estrago que Christopher – meu pai – havia feito. Aproximei-me do espelho e engoli em seco. O que eu olhava no espelho era o rosto de uma pessoa desconhecida, assustada e... horrível. Meus olhos estavam cansados e com olheiras, meu cabelo estava uma bagunça e cheio de nó, uma gaze branca seca cobria a minha testa, meu rosto e boa parte de meu corpo estava vermelho ou aproximando-se de um tom arroxeado, alguns arranhões foram cobertos com esparadrapo.

Desamarrei o nó que pendia na parte de trás do avental e o permiti escorregar até chegar aos meus pés. Senti-me vulnerável e fraca. Minha pele estava terrivelmente branca e as marcas em meu corpo aparentavam magreza. Entrei no pequeno box no canto do banheiro e prendi meu soro em um suporte que havia ao lado da prateleira de vidro com sabonetes e shampoo. Liguei o chuveiro no modo mais gelado possível e uma corrente de energia percorreu meu corpo assim que a água me tocou. Era como se estivesse de volta à vida, após tanto tempo ausente. Podia sentir a força tomando conta de meu corpo, fazendo-o ganhar mais cor. Tirei a gaze - agora molhada - de minha testa cuidadosamente e lavei o rosto. Minha cabeça latejou de dor e eu fingi não perceber. Assim que terminei, enrolei-me em uma toalha que estava perfeitamente dobrada em cima da pia e voltei-me para o quarto. Prendi meu soro no carrinho e apertei um botão que havia na parede que alertava à enfermeira que eu precisava de sua presença urgentemente. 

- Senhorita? - soou uma doce voz do outro lado da porta.

- Entre. - minha voz saiu rouca.

Uma mulher muito mais baixa que eu, de cabelos curtos e ruivos adentrou o quarto. Assim que levantou o olhar a mim, arregalou os olhos, o que me fez encará-la confusa.

- Algo errado? - perguntei.

A mulher balançou a cabeça freneticamente em negação.

- Então, por quê me olhou daquele jeito?

Pude perceber que ela engoliu em seco antes de responder.

- Senhorita... - ela suspirou fundo. - Todos nós do hospital achávamos que não iria... - ela deixou a frase se desfazer no ar.

- Sobreviver? - perguntei, incrédula. - Acordar viva e respirando?

Ela abaixou a cabeça, provavelmente envergonhada.

- Preciso de roupas que eu possa vestir sem precisar andar de costas. 

Ela levantou o olhar e me encarou.

- Não temos roupas, senhorita.

Levei a mão à testa e assim que a dor tomou conta de meu rosto, lembrei-me que não deveria ter feito isso.

- Já sei! - a mulher gritou animada do outro lado do quarto. - Já volto, senhorita.

Ela saiu praticamente correndo do quarto e voltou alguns minutos depois, segurando entre as mãos um pacote transparente com algo azul dobrado dentro. Em um movimento ligeiro, ela rasgou o pacote revelando o que parecia ser um uniforme padrão dos residentes do hospital.

- Acho que vai lhe servir. - ela disse, entregando-me as roupas.

Sorri docemente, agradecendo.

- Obrigada. 

Ela acenou com a cabeça e logo retirou-se, deixando-me sozinha. 

Coloquei o uniforme rapidamente e até que não estava tão mal. Olhei-me no espelho e entrei na fantasia de que ficara até bonita com o uniforme e gostaria de usá-lo em alguma outra ocasião. Prendi meus cabelos em um coque alto e coloquei um par de chinelos - provavelmente do hospital - que estava embaixo da cama. Peguei o carrinho de soro e decidi sair do quarto, à procura de minha mãe, que ao que parecia, não sabia que eu estava acordada. 

Ao sair, esbarrei com uma garotinha - que devia ter cerca de uns 8 anos - que corria pelo corredor.

- Me desculpe, doutora! - ela disse, segurando meu soro para não cair. - A senhora está dodói?

Segurei meu riso e afirmei com a cabeça.

- Ah. - ela soltou um longo suspiro. - Também estou dodói.

- O que você tem, querida? - perguntei, segurando em sua mão e andando pelo corredor.

- Eu não sei, mas quando meu médico, o Dr. Williams vai até meu quarto, ele sempre me pergunta se meu cabelo está caindo. - ela diz, em uma inocência notória. - Ele é estranho. - dá de ombros.

A pequena garotinha ao meu lado não aparentava nenhum pouco estar enferma. Seus grandes olhos cinza claro passavam uma sensação de alegria e animação que faria qualquer um sorrir. Seus cabelos eram de um castanho claro perfeito, enrolado nas pontas. Seu rosto tinha uma certa vermelhidão na bochecha que até para mim - que não sabia nada sobre Medicina - indicava sinal de saúde. Mas, o fato de a pequena estar internada no hospital e usando um avental igual ao que eu usava minutos antes, dizia o contrário.

- Qual o seu nome? - ela perguntou, tirando-me de meus devaneios.

- Amélia. Amélia Jones. E o seu?

- Violet. Violet Röth. - ela disse, levantando os cantos dos lábios em um sorriso.

- Muito prazer, Violet. - estendi a mão para ela que imitou o gesto e apertou delicadamente a mesma.

- O prazer é todo meu, Dra. Jones.

Apesar de saber que eu estava bem longe de ser médica ou algo relacionado à saúde, gostava do modo como Dra. Jones soava.

- Me chame de Amélia.

Ela assentiu e seguimos pelo corredor. No fim do corredor estendia-se um grande balcão de granito branco com algumas mulheres sentadas em cadeiras giratórias penduradas em telefones gritando algo como "Espere um momento", "911, em que posso ajudar?", "Irei transferir para a Emergência" e coisas do tipo. 

- Violet! - uma mulher a chamou atrás de nós. 

Girei os calcanhares e pude ver que aquela mulher era – claramente – a mãe de Violet. Elas eram assustadoramente parecidas.

- Mamãe! - Violet soltou-se de minha mão e correu de encontro aos braços de sua mãe, que a envolveram delicadamente. 

Um frio percorreu meu corpo e um vazio começou a tomar conta do meu peito. Lembrei-me da razão de ter ido até a recepção e virei-me em direção ao balcão. A moça mais alta das três que estavam no balcão, - uma loira com os lábios pintados em vermelho vivo – observou-me aproximando do balcão e levantou os olhos em direção ao meu rosto.

 - Pois não, doutora?

Eu nem lembrava-me de que estava usando um uniforme dos residentes do hospital.

- Ah... desculpe-me. Isso não é meu. – disse, apontando para as vestimentas. – Uma enfermeira me emprestou. Sou uma paciente.

- Certo. – ela disse, rispidamente. – Você pode informar-me o nome dessa enfermeira negligente?

- Eu não sei o nome dela. E, se a senhora acha que ela deve ser punida, está muito errada. – disse, fechando minhas mãos em punho ao lado do meu corpo.

- Não estou errada, senhorita. – ela praticamente cuspiu a última palavra. – Estou apenas cumprindo meu trabalho.

- Olha aqui, senhora... – comecei a falar, mas algo interrompeu-me.

- Ames! – alguém gritou.

Direcionei meu olhar sobre o ombro da mulher emburrada a minha frente e pude ver Daniel correndo loucamente pelo corredor na minha direção.

- Ames! – ele gritou, de novo.

Ele usava uma roupa descontraída, um jeans surrado com rasgos nos joelhos e uma camiseta de flanela vermelha, o cabelo castanho claro estava em uma bagunça só, seus olhos verdes estavam arregalados.

Corri de encontro à ele, e ele parou subitamente, impedindo nosso tranco. Envolveu-me em um abraço demorado e caloroso em seus enormes braços e senti-me um pouco segura.

- Danny. – disse, recuperando o fôlego assim que ele me soltou.

Ele acariciou minhas bochechas e parecia examinar meu rosto, logo depois meus braços, parando em minha mão direita onde um tubo de soro pendia.

- O que houve, Ames? – ele voltou a atenção à meu rosto. – O que ele fez com você, querida?

Daniel sempre soubera do meu passado e de minha mãe, e ele foi uma das únicas pessoas que teve força suficiente de proteger-nos do meu pai. Quando meu pai reapareceu em meu aniversário de 15 anos, Daniel estava em casa e imediatamente ligou para a polícia. Enquanto esperávamos os policiais chegarem, Daniel nocauteou meu pai bem na sala de estar, derrubando-o em cima da árvore de Natal.

- Danny... – suspirei. – Ele voltou e você não estava... – lágrimas brotaram de meus olhos e começaram a cair em meu rosto. – Você não estava lá para nos proteger.

Ele envolveu-me em mais um abraço e dessa vez afagou meus cabelos.

- Sinto muito. – sussurrou contra minha pele, o que fez-me sentir um calor percorrer meu corpo. – Eu nunca mais irei permitir que ele faça isso com você.

**

Daniel acompanhou-me até meu quarto, ajudou-me a colocar o soro de volta em seu devido lugar e logo em seguida, esgueirou-se sobre a poltrona ao lado da cama e acabou pegando no sono. Ele realmente parecia cansado.

Coloquei uma mecha de seu cabelo - que havia caído em seu rosto – atrás da orelha e deitei-me em minha cama.

A porta abriu-se em um estrondo, como se alguém tivesse a arrombado. Dei um pulo e arregalei os olhos, tentando ver sob a luz do corredor que havia explodido dentro do quarto.

- Oláaaa. – era Bárbara. – trouxe uma surpresinha.

Ela esticou a mão até a parede e parecia puxar algo na direção do quarto, logo, Jesse estava encostado no batente da porta. Ele usava uma calça jeans escura e uma camisa social azul, - que parecia ter sido amassada e colocada em uma garrafa – e o seu cabelo estava tão bagunçado que parecia que alguém havia entrelaçado os dedos entre eles e passado gel.

- Gostou? – disse Bárbara, saltitando para dentro do quarto.

Ela foi até Daniel que estava esparramado na poltrona e o cutucou com a sua bota. Ele se remexeu, abriu os olhos e quando percebeu que era Bárbara, revirou os mesmos.

- O que está fazendo aqui, Bárbara? – ele disse, recompondo-se na poltrona. – Ames precisa descansar, e não ficar doidona.

Uma gargalhada sombria saiu da garganta de Bárbara.

- Meu... querido. – disse ela, colocando o dedo indicador no peito de Daniel. – Você está insinuando que eu sou uma má influência para a pequena Ames?

- Sim, estou.

- HÁ-HÁ-HÁ. – ela riu, jogando os braços para o alto. – E você é um exemplo de pessoa, não é, Danny?

- Ei! – gritei. – Chega.

- Também acho. – disse Jesse, ainda encostado na porta. Eu já estava quase esquecendo-me da sua presença. – Preciso falar com a Amélia a sós. - meu estômago revirou em um misto de ansiedade e pavor.

Daniel olhou para mim à procura de algum pedido de socorro ou um pedido para que ele ficasse, mas apenas assenti. Ele pegou Bárbara pelo braço e praticamente a arrastou do quarto e bateu a porta atrás de si.

Jesse aproximou-se encarando cada parte nua de meu corpo, como se possuísse uma visão raio-x e estivesse prestes a acioná-la.

- O que está fazendo aqui? – perguntei, esfregando meus braços na tentativa falha de me esconder.

- Eu... – ele engoliu em seco. – Fiquei preocupado com você. E então vi a Bárbara na porta de sua casa... e ela me trouxe até aqui.

Bárbara? Bárbara havia trazido Jesse? Mas, ela nem ao menos sabia de sua existência!

- Você conhece a Babs?

Ele coçou a parte de trás do pescoço e desviou o olhar para o chão. Sim, ele a conhecia. – pensei.

- Não exatamente. – ele respondeu.

- Hm. – foi tudo o que eu disse.

Ele aproximou-se mais, tomou meu rosto entre as mãos e respirou fundo.

- Estive muito, muito preocupado com você, Amélia.

Nossos rostos estavam tão próximos que eu podia sentir sua respiração contra as minhas bochechas.

- Estou... ótima. – sussurrei.

Ele roçou seus lábios nos meus e pude sentir o leve sabor de hortelã que ele carregava nos mesmos. Instantaneamente, fechei meus olhos e abri meus lábios.

- Fico feliz que esteja bem. – disse, beijando minha testa. – Preciso ir agora.

Ele nem deixou-me responder ou reagir, saiu apressadamente à passos largos para fora do quarto.

Pulei para fora da cama e acabei tropeçando por conta de minhas próprias pernas. O soro estourou no chão e molhou meus joelhos e minhas mãos. Por pura obra do destino, comecei a chorar.

- Jesse! – gritei.

Puxei a fita que segurava o soro em minha mão e arranquei a agulha. Uma linha de sangue começou a percorrer a mesma e a ignorei, apressando-me para abrir a porta. Comecei a correr pelo corredor e toda vez que o sangue teimava em sair, eu esfregava minha mão em minha roupa. Trombei com o ombro de alguém e caí no chão. Agora está comprovado, eu sou um desastre.

- Ai! – grunhi.

Duas mãos apanharam meus ombros, puxando-me para cima. Logo reconheci as mãos, era Daniel.

Ele fitava-me com uma expressão de preocupação, e encolhi os ombros.

- Ames, você está sangrando! – ele disse, tocando o sangue já seco que cobria minha mão direita.

- Estou bem.

- Não está, não. – disse ele, puxando-me para a direção oposta à que Jesse tinha seguido.

- Não! – gritei, tentando desvencilhar-me das enormes mãos de Daniel.

- Amélia Jones!

Soltei-me de sua mão e corri corredor a fora, mas não por muito tempo. Dei dois passos largos e senti as mãos de Daniel em volta de minha cintura.

- Me solta! – gritei.

Ele puxou-me e jogou-me sobre seu ombro, como se eu fosse um saco de batatas.

- DANIEL! – gritei, ainda mais alto.

Comecei a debater-me e bater em suas costas, mas nada o abalava. Ele levou-me de volta para o meu quarto e deitou-me na cama. Trancou a porta e virou-se para mim, com as mãos na cintura.

- Deu pra fugir agora, é? – perguntou.

- Preciso sair daqui. – disse, olhando para o chão.

- Ei. – ele puxou meu queixo para eu encará-lo, seus olhos estavam pedintes. – Não quis agir daquele jeito, mas você precisa ficar aqui até melhorar.

Balancei a cabeça positivamente.

- Eu sei.

- Agora, descanse. – disse ele, empurrando meus ombros delicadamente fazendo-me deitar na cama.

Deitei-me na cama e Daniel cobriu-me com o fino lençol azul claro que estava amassado na ponta da cama. Beijou minha testa e deitou-se na poltrona ao lado da cama. Observei atentamente seus olhos fecharem e o modo como ele dormia calmamente. Lentamente, fechei meus olhos e acabei pegando no sono.


Notas Finais


Bom, docinhos, estou entrando em semana de provas e por isso estou adiantando o capítulo 6. O capítulo 7 ainda não está terminado por isso pode ser que eu demore à postar porque ainda preciso terminar, e não poderei fazer isso essa semana.
Espero que entendam e tenham um ótimo fim de semana!
Beijos,
~agirlwithscars.


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