POINT OF VIEW: BÁRBARA FIELDS.
- Se você me deixar montar na sua moto eu te levo até ela. – eu me aproximei mais dele e passei minha mão em seu abdômen definido. – A propósito, meu nome é Bárbara.
- E se eu não te deixar montar? – disse ele, com um sorriso perverso no rosto.
- Oh, querido... – disse manhosamente. – Você irá me deixar montar.
- Talvez sim. – disse ele, passando seu dedo indicador no meu lábio inferior, fazendo minhas pernas tremerem de excitação. – Talvez não. – ele deu um passo para trás e subiu na moto. – Mas, estou generoso hoje.
Fui em sua direção, minhas botas de salto alto ecoando na calçada. Subi na moto e colei nossos corpos o máximo que consegui e coloquei meus braços em sua cintura e pude sentir seus músculos tencionando. Assim que ele acelerou, saímos rua afora e quando paramos por conta do sinal vermelho, desci minha mão para sua virilha e ele gemeu baixinho.
- Não faça isso. – ele me repreendeu com uma voz sexy e rouca.
Passei minha língua no lóbulo de sua orelha e depois a mordi.
- Eu faço o que eu quiser. – sussurrei em seu ouvido e ele estremeceu.
**
Jesse estacionou sua moto no estacionamento privado para pacientes do hospital. Ele desligou o motor, descemos da moto e andamos em direção ao elevador privado no estacionamento que dava acesso à recepção do hospital. Apertei o botão e ficamos esperando o elevador por alguns segundos enquanto eu mordiscava meu lábio inferior. Uma campainha tocou assim que o elevador chegou ao estacionamento. Quando o elevador subiu ao primeiro andar, apertei o botão de segurança, o elevador tremeu e uma buzina soou duas vezes.
- O que você fez?! – Jesse perguntou, puxando meu pulso para longe dos botões do elevador.
- A pergunta certa é: o que você vai fazer? – perguntei, virando-me para ele e abrindo o meu sorriso mais malicioso.
Ele arregalou os olhos e olhou-me confuso. Coloquei ambas as minhas mãos em seu peito, empurrando-o contra o elevador. Peguei seu rosto com as mãos e o beijei ferozmente. Depois de um momento ainda atordoado, ele retribuiu o beijo. Nossas línguas pareciam estar brigando furiosamente. Sua língua percorrendo minha boca, meus lábios, um imenso calor irradiando em meu corpo, uma enorme tensão entre minha virilha.
Afastei-me dele, interrompendo o beijo e recuperando o fôlego.
- Me. Foda. Aqui. Agora. – disse, pausadamente, olhando fundo em suas pupilas dilatadas de desejo.
Ele puxou minhas coxas para cima, forçando-me a colocar minhas pernas em volta de sua cintura, permitindo-me sentir sua ereção sobre minha calça de couro preta. Virou-me contra o elevador, e segurou meus pulsos ao lado da cabeça, fazendo-me ficar imóvel. Seus dedos começaram a percorrer minha coxa e chegaram ao botão da calça. Ele puxou minhas calças até a altura do meu joelho e começou a esfregar seus dedos contra meu sexo.
- Como você quiser, senhorita. – ele sussurrou em meu ouvido, segundos antes de penetrar-me.
**
POINT OF VIEW: AMÉLIA JONES.
Acordei por conta da imensa claridade que atravessava a janela de vidro – agora, com a cortina presa na armação da janela. Levanto o meu corpo o mais calmamente e delicadamente possível, pois ainda está dolorido devido aos eventos dos dias passados. Olho para o lado e observo atentamente Daniel em seu sono profundo. Ele está todo encolhido sobre a poltrona, formando uma bola com seu corpo, seu cabelo está totalmente desgrenhado e um fio de cabelo rebelde pende em cima de seus olhos, a palma de minha mão coça para arrumá-lo. Desço lentamente da cama e carinhosamente passo minha mão direita em seus cabelos, ajeitando-o. Ele remexe-se manhosamente e resmunga algo indecifrável. Lentamente ele levanta suas pálpebras e passa a observar-me atentamente, e logo abre um sorriso torto.
- Bom dia, querida. – sua voz sai rouca pelo fato de ter acabado de acordar.
- Bom dia, querido. – sorrio de volta.
Ele abre os braços e acena com as mãos em sua direção, chamando-me para sentar em seu colo.
Aninho-me em seus braços enquanto ele passa um dos braços em volta de minha cintura e o outro sobre meus cabelos e minhas costas, acarinhando-me. Dobro os joelhos e apoio meus pés no braço da poltrona, enquanto apoio minha cabeça em seu peito. Por algum motivo ao qual não faço ideia, sua respiração está acelerada.
- Você está bem? – ele pergunta.
Aceno com a cabeça e apoio uma de minhas mãos em seu peito.
- Estou.
Ele apoia sua testa na minha.
- Dr. Reynalds disse que gostaria de falar conosco hoje.
Arqueio as sobrancelhas, surpresa. O que há de tão importante que ele precise me dizer? – penso.
- Você sabe o por quê? – pergunto, ansiosa.
Ele dá de ombros.
- Talvez para alertá-la sobre os remédios que vêm tomando, ou... – ele engole em seco. – perguntar onde e como você se machucou daquele jeito.
Encolho os ombros.
É claro que Dr. Reynalds não poderia saber o que casou-me o acidente, ou melhor, quem. Não seria a primeira e muito menos a segunda vez que eu diria alguém o que passei e pelo jeito, virei a passar com os vícios de Christopher, a única coisa que aconteceu com a intrusão de pessoas foi o modo como ele tornou-se mais explosivo, descontando sua força dez vezes maior em meu corpo e minha mente.
- Ei. – Daniel desperta-me de meus devaneios e levanta meu queixo com sua mão, para que eu passe a encarar seus imensos e inebriantes olhos verdes. – Não vou contar a ele.
- Sei que não vai. – respiro fundo e fecho os olhos.
- Tudo vai ficar bem, Ames. Sei que vai. – ele diz, e passa o polegar sobre minha bochecha, secando uma lágrima que teimou em cair sem meu consentimento.
**
Estávamos na recepção do hospital, na sala de espera atrás do balcão de mármore. Três moças morenas e altas atendiam os pacientes nos guichês, que eram organizados por numeração e senha. Bem acima da cabeça da segunda atendente estava pendurada uma cruz de madeira, o que fez meu estômago revirar. Nunca havia reparado em um hospital que pregava a palavra de Deus.
Coloquei minhas mãos no colo e comecei a limpar abaixo de minhas unhas repetidamente, fazendo barulhos agonizantes. – é uma certa mania minha.
- Ames, pare. – disse Daniel com uma voz autoritária, colocando sua mão sobre a minha.
- Não consigo. – choraminguei. Por favor, lágrimas, não caiam.
Ele tomou minhas mãos nas suas em forma de concha e beijou cada um de meus dedos, delicadamente.
- Sim, você consegue. – ele respirou fundo, sua quente expiração tocando a ponta de meus dedos. – Sei que consegue.
- Senhorita Amélia Jones! – uma enfermeira no canto da sala de espera, que não devia ter mais que 1,50m de altura, com o couro cabeludo já grisalho, gritou.
Levantei-me imediatamente, passando a mão sobre meu macacão jeans, tentando parecer o mais apresentável possível.
- Aqui! – gritei, com a mão levantada, indo em direção a mulher. – Estou aqui.
Ela assentiu assim que cheguei mais perto, com Daniel logo atrás de mim.
- Eu vejo. – ela tirou um papel do bolso, desamassou e o leu. – Me acompanhe, senhorita.
Meus dedos começam a tremer e sinto que Daniel percebe, pois ele toma minha mão na sua e entrelaça nossos dedos, lhe dou um sorriso tímido como agradecimento e ele assente.
Seguimos a enfermeira em um corredor comprido com inúmeras portas brancas em ambos os lados com um pedaço de vidro preso em grampos prateados com letras azuis escuras. Paramos em frente à uma porta, escrito:
Consultório 23.
Dr. Liam Reynalds.
Neurologista/Neurocirurgião.
A enfermeira nos encarou por alguns segundos e depois abriu a porta, sinalizando com a mão para que entrássemos. Adentrei o quarto com um certo frio na barriga. – desde que acordara, havia escutado rumores sobre esse tal de Dr. Reynalds, um homem milagroso que salvou uma adolescente da morte, mas, eu não o conhecia de verdade.
A sala não era muito grande, as paredes cor de gelo destacavam a mesa branca e brilhante no centro. Um homem – atraente – estava sentado atrás da mesa, em uma cadeira de aço cromado giratória. Ele era mais alto do que eu, com cabelos negros cor de carvão ainda úmidos – talvez, do banho – que caíam sobre seus olhos que eram de um castanho claro incrivelmente delicado.
- Senhorita Jones! – cumprimentou-me.
- Dr. Reynalds? – minha voz saiu mais como uma pergunta do que uma afirmação.
- Exatamente. Sente-se. – ele disse, apontando para duas cadeiras à sua frente de acrílico transparente forrada com almofadas brancas.
Sentei-me e sinalizei para Daniel sentar-se a meu lado.
- Seu namorado? – perguntou Dr. Reynalds.
- Não! – minha voz saiu alta demais. – É meu irmão.
- Irmão postiço. – Daniel corrigiu-me em voz baixa.
- Certo. – ele inspirou fundo e entrelaçou as mãos em cima da mesa. – Senhorita Jones, você está ciente do porquê sua presença nesta sala é necessária?
- Não, senhor. – minha voz saiu como um sussurro.
- Senhorita Jones, quando a senhorita chegou ao hospital... – ele desviou o olhar e respirou fundo mais uma vez. – seriamente machucada, pedi que os internos, residentes, atendentes e até as enfermeiras fizessem todo tipo de exames existentes na senhorita. Porque, ao que tudo indicava, não havia explicações para o seu desmaio depois de uma leve pancada na cabeça.
Leve? Ele não sabe de nada. – pensei.
- E? – Daniel disse.
- E... – Dr. Reynalds continuou. – depois de sair o resultado da sua RM, detectamos um aneurisma cerebral.
- Um o quê? – Daniel e eu soamos em uníssono.
- Um aneurisma. É apenas um vaso sanguíneo cerebral que enfraquece e se enche de sangue, mas, no seu caso é quase impossível dele romper.
Meus pulmões soltam o ar que prendiam desde que adentramos a sala.
- E eu vou ficar assim para sempre? – pergunto.
Dr. Reynalds retorce as mãos em cima da mesa e baixa o olhar em direção ao chão.
- Tecnicamente, sim. – ele levanta a cabeça e seus olhos estão encarando os meus. – Mas, com a medicação certa e tomada de acordo com a minha prescrição, você nem irá se lembrar que possui um aneurisma.
- Certo. Onde consigo esses remédios?
- Aqui mesmo. Irei lhe passar algumas amostras grátis.
- Mas? – Daniel está a falar novamente.
- Mas?! – direciono-me à Daniel, incrédula. – Não tem mas! As coisas já estão bastante difíceis do jeito que está.
Dr. Reynalds pigarreia e acena com a cabeça. Merda!
- Dr. Reynalds? – choramingo. – Por favor, diga-me que não há mais.
- Sinto muito, senhorita Jones, mas... você deverá parar de tomar os remédios que seu psiquiatra receitou.
O quê?! Eu não poderia! Passei anos enjaulada com minha mãe dentro de casa, mutilando-me, tentando suicidar-me mas sem coragem de deixá-la sozinha e depois de dois anos de frustração, finalmente juntei coragem suficiente para ir a um psiquiatra, e desde então os remédios são as únicas drogas que me mantêm estável.
- Não posso fazer isso! – esbravejo. – Eles que me mantém em controle!
Lágrimas caem dos meus olhos e sinto uma forte pontada no lado direito do meu crânio. Levo minha mão a cabeça e fecho os olhos.
- Ames? – Daniel acaricia a minha bochecha com o polegar.
- É o aneurisma. – murmura Dr. Reynalds. – a cada um dia que você passa sem medicar-se, ele tem uma certa possibilidade de crescer e piorar.
Lentamente a dor se esvai e consigo abrir meus olhos.
- Preciso tomar esses remédios para sempre?
- Talvez. – Dr. Reynalds dá de ombros. – Teremos que acompanhar seu caso de perto.
Balanço a cabeça, assentindo. O que mais eu poderia dizer?
- Amélia. – o tom de voz de Dr. Reynalds torna-se sério, ele não me chamara de Amélia até agora. – é importante que você mantenha uma saúde perfeita. Alimente-se bem, coma frutas, beba muita água e principalmente... você não deve ingerir bebidas alcóolicas.
- Certo. Eu nunca bebi, mesmo. – dou de ombros.
- Bom. Vocês já podem ir agora. – ele levanta da cadeira e abre a porta para nos retirarmos.
- Obrigada, Dr. Reynalds. – digo.
**
Estou terminando de arrumar a mala com roupas que Bárbara trouxera para mim, quando alguém bate levemente na porta.
- Entre. – digo.
Bárbara aparece radiante diante da porta. Usando uma de suas muitas calças rasgadas e um cropped preto com estampa de flores coloridas, um salto alto e os cabelos loiros estão presos em um rabo de cavalo.
- Oi. – ela murmura.
- Oi, Babs.
Ela anda lentamente em minha direção e abraça-me carinhosamente.
- Está melhor? – pergunta.
- Sim.
Ela nota minha mala em cima da cama e arqueia uma sobrancelha.
- Pra onde vai?
- Para casa.
Ela vira-se para mim e arregala os olhos.
- Ames, ele pode estar lá.
- Eu sei, Babs. Eu sei. – sorrio tristemente. – Mas o que eu posso fazer? Não tenho para onde mais ir.
Ela balança meus ombros e começa a pular freneticamente.
- Venha para o meu apartamento! – grita.
- O quê?!
- Claro que não é grande... – diz ela, vagando em seus pensamentos enquanto anda em círculos. – Mas tem um banheiro, cozinha, um quarto e um quarto de hóspedes. – vira-se para mim e abre um largo sorriso. – Perfeito para nós duas!
Balancei a cabeça em negação, Daniel jamais me deixaria ficar sozinha com Babs por mais de 24 horas.
- Não posso, Babs.
Ela colocou a mão no peito e sua boca formou um grande “O”, como se eu tivesse acabado de contar uma fofoca absurdamente insana.
- É por causa do Daniel? Posso dar um jeito nele. – ela disse, mordiscando a ponta do dedo indicador.
- Não é Daniel... – comecei, mas ela interrompeu-me levantando uma mão.
- Ele não é seu pai, não é seu irmão, muito menos seu dono. Você vai deixá-lo te controlar?
- Não! – gritei. – Claro que não! É que... ele se preocupa comigo.
- E eu não?! – ela perguntou-me, incrédula.
- Tudo bem. – digo, indo em sua direção e segurando seus pulsos. – Eu fico com você.
Ela soltou-se de minhas mãos e começou a pular freneticamente batendo palmas.
- Viva! – gritou.
**
O quarto de hóspedes na casa de Bárbara não era grande coisa, na verdade, não era mesmo. No quarto havia uma pequena cama de solteiro de madeira descascada e um colchão desgastado. O quarto fedia a mofo e algumas manchas de limo formavam um abstrato grotesco na parede branca. Uma pequena cômoda envernizada sem uma das portas ficava em frente à cama.
- Puxa! Cinco estrelas. – murmurei para mim mesma.
- Ames! – chamou Bárbara.
- Oi!
Ela subiu as escadas correndo apressadamente, segurando uma sacola preta embaixo dos braços.
- Trouxe um presente. – ela disse, entrando no quarto e retirando o embrulho do braço.
- O que é? – pergunto, enquanto ela leva o embrulho as minhas mãos.
Abro cuidadosamente com receio de rasgar o pacote e o que ele contém. Dentro da sacola está um lindíssimo – e totalmente de puta – vestido tubinho vermelho sangue. Não é bem a minha cor, nem o meu estilo, nem feito para meu tipo físico, enfim... não é pra mim, mas é um lindo vestido.
- Isso é pra mim? – pergunto, com um tom sarcástico na voz.
- Claro, bobinha!
- Em que planeta eu irei usar isso?
- No planeta Terra daqui uma hora. – ela diz, impaciente.
Dou uma gargalhada. Eu? Em um vestido desses? De jeito nenhum!
- O que é engraçado, Ames? – ela pergunta, colocando as mãos na cintura.
- Você! – digo, ainda rindo.
- Eu? – ela está séria. Porque ela está séria?
- Você acha mesmo que eu vou usar isso?
- Você vai, querendo ou não. E vai usá-lo hoje à noite. Nós vamos sair. – ela diz e sai do quarto, batendo a porta atrás dela.
Uau! Alguém acordou com o pé errado hoje.
**
Tomo um banho quente e demorado, aproveitando para lavar meu cabelo. Saio do chuveiro e enrolo-me em uma toalha macia e branca. Seco meu cabelo com os dedos, fazendo leves cachos despojados. Faço uma maquiagem básica: lápis preto, rímel, blush rosa para dar uma cor às bochechas e um batom vermelho matte. Coloco o vestido que Bárbara forçou-me a usar e calço um salto alto prateado com glitter que ela emprestou-me. Olho atentamente para o espelho atrás da porta, certificando-me de que sou eu mesma. Eu nunca imaginei-me vestida e maquiada dessa forma, se minha mãe estivesse aqui ela com certeza me chamaria de puta.
- Está pronta? – Bárbara emerge na porta com um visual perfeito: um vestido de cetim cor de ameixa e saltos altos de verniz na cor bege.
- Estou.
- Ótimo! – ela diz, irradiando alegria.
**
A música eletrônica do lugar faz meu coração saltitar na batida. Luzes em neon dançam em torno das pessoas dançando loucamente no centro da pista de dança. O DJ desliza suas mãos sobre a mesa de som com tanta leveza que quase nem se vê seus dedos se movimentando. Ao meu lado esquerdo, um balcão preto com algumas luzes piscando em verde, rosa e azul se estende, cercado por homens e mulheres. Um homem em especial, está se afogando em uísque, eu acho, é uma garrafa transparente que contém um líquido cor de caramelo. Sou péssima quando o assunto é bebida, deve ser por isso que eu não bebo e nem posso beber.
- Ames! – Bárbara grita para eu escutá-la. – Eu vou dar um alô para uma amiga e já volto!
- Ok! – grito de volta.
Meus olhos circundam o lugar e param instintivamente onde o homem que estava afogado em sua bebida irreconhecível, que retribui meu olhar. O canto de sua boca se contrai, formando um sorriso triste. Eu coro e levo meu olhar para o chão. Vou andando lentamente na direção de Bárbara havia tomado, espremendo-me entre a multidão, sentindo algumas mãos apalparem minhas coxas, o que me deu náuseas. Assim que vi os lindos cabelos loiros esvoaçantes de Bárbara, gritei seu nome. Ela não respondeu, então andei até ela. Meus pés cravaram no chão e eu congelei. Bárbara estava beijando Jesse. Não qualquer beijo, um beijo louco, selvagem, algo que eu nunca havia feito ou presenciado. MAS QUE PORRA ESTAVA ACONTECENDO?
Girei meus calcanhares para o lado oposto e marchei até o balcão do barman. Se Bárbara podia se divertir, eu também podia.
Um homem negro, calvo e com grandes músculos usando roupas pretas surgiu atrás do balcão.
- O que vai querer, linda?
Meu rosto contorceu-se de raiva. Olhei ao redor e mais uma vez meus olhos perceberam o triste homem na ponta do balcão afogando suas mágoas.
- O que ele estiver tomando. – disse, e apontei para o homem.
O barman assentiu e sorriu.
- O que foi? – murmurei.
- É... hm... forte.
- E qual o problema de ser forte?
- Não acho que seja uma boa para a senhorita.
- Por que você não toma conta da porra da sua vida e me deixa beber em paz?! – esbravejo.
Ele assente mais uma vez e corre para fora de meu campo de visão. Poucos minutos depois, ele coloca um copo pequeno à minha frente e o enche com o líquido da mesma garrafa que o homem bebia.
- Deixe a garrafa. – digo.
Ele coloca a garrafa na mesa delicadamente e deixa-me sozinha. Viro o pequeno copo com o líquido de cor engraçada e sinto minha garganta queimar. Pego a garrafa e encho o copo novamente. Viro o conteúdo direto em minha garganta e o gosto parece melhor. No quinto copo, posso afirmar que o líquido tem gosto de morango e está mudando de cor. A viciante melodia da música I’m A Slave 4 You de Britney Spears ecoa pelo lugar e começo a balançar a cabeça de um lado para o outro no ritmo da música. Pego a garrafa e tomo direto do gargalo um grande gole. A música chega no refrão e eu arranco meus saltos e os jogo para longe. Subo no balcão e tomo mais um gole da bebida. Começo a balançar minha cabeça e meus quadris, passo a mão pelo meu corpo, e um homem sentado no balcão começa a assoviar. Sorrio e continuo a dançar desse jeito, cada vez mais descendo minhas mãos, fazendo-me agachar no balcão.
- Amélia Jones! – alguém chama.
Abro meus olhos e faço um beicinho. Quem me tirou do meu momento de diva?
Olho para baixo e Jesse está debruçado sobre o balcão com os braços cruzados, essa imagem faz-me rir.
- Jesse!
- Desça. – seu olhar é fulminante.
- Obrigue-me. – murmuro.
Ele puxa-me pelas canelas fazendo-me escorregar sobre seus ombros.
- EI! – grito. – Me solte! – fecho minhas mãos em punho e começo a acertá-lo nas costas.
Ele coloca-me no chão, fazendo-me deslizar em seu corpo.
- Feliz?! – ele esbraveja, colocando suas mãos no quadril. Uau! Jesse fica sexy quando está bravo. – Vem, vou te levar pra casa. – ele diz, pegando meus pulsos com força e puxando-me.
- Me larga! Agora!
Ele vira-se pra mim, seus olhos arregalados.
- O que foi?
- O que foi?! – pergunto, incrédula. – O que foi é que enquanto você esfregava sua língua na garganta da minha melhor amiga, eu estava tendo um momento de diva!
Ele ri.
- O quê?
- Isso mesmo!
- Eu não estava com a Bárbara. – ele diz, sério.
- Você estava. Eu vi.
Puxo meus pulsos para baixo, libertando-me. Pego meus saltos que estão alinhados no chão no pé do balcão e direciono-me à saída.
- Amélia! – Jesse grita, puxando-me pela cintura.
- VAI SE FODER! – grito, e saio em passos largos.
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