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História A Garota Que Ninguém Reparou - My only problem is you.


Escrita por: agirlwithscars

Notas do Autor


Olá, docinhos!
Foi uma semana difícil, mas não pude deixar vocês na mão, portanto vim postar.
Espero que gostem, pra mim é o melhor capítulo até agora!
E pra quem gosta de ler ouvindo música, tem um recadinho nas notas finais.
~agirlwithscars.

Capítulo 9 - My only problem is you.


Fanfic / Fanfiction A Garota Que Ninguém Reparou - My only problem is you.

Hoje é a primeira vez que Daniel dorme aqui em casa. Mamãe colocou alguns lençóis no chão do meu quarto para deixá-lo mais macio e aconchegante, emprestei um dos meus travesseiros da Hello Kitty para Daniel e ele aceitou de bom grado – depois de fazer uma careta. Eu estava deitada em minha cama, enquanto ele dormia pesadamente no chão. Era estranho ter alguém que eu conhecia apenas por um dia dormindo em meu quarto e entrando em minha vida. Por quanto tempo Daniel ficaria conosco? Será que ele viraria meu irmão? Virei-me para desligar o abajur da cômoda, quando ouvi Daniel resmungar.

- Pare! Pare, por favor! Me deixe em paz!

Ele começou a debater-se em meio aos lençóis, fazendo tudo sair fora do lugar. Desci de minha cama e sentei-me em meus calcanhares.

- Daniel! Daniel, acorde!

Ele abriu os olhos e eles estavam arregalados, sua respiração estava acelerada e ele estava começando a suar.

- Daniel? Está tudo bem? – perguntei.

Ele assentiu e agarrou seu cobertorzinho branco.

- Tive um pesadelo. – sussurrou. – Com a minha mãe.

- Sente falta dela?

Ele fez um gesto em negação.

- Não. Nenhum pouco.

- Você quer ficar aqui? – perguntei, aproximando-me mais.

- Se você e a senhora Leanne deixarem...

- Claro que eu deixo! – disse, batendo palmas freneticamente. Ele riu. – Eu sempre quis ter um irmãozinho.

- Irmãozinho? – ele perguntou, irônico. – Sou 4 anos mais velho que você, Amélia.

- 4 anos?! – gritei. – Mas você é tão pequenininho!

Ele cruzou os braços e fechou a cara.

- Estou em fase de crescimento.

- Entendo. – assenti, mordendo o lábio para não rir. – A propósito, me chame de Ames.

- Ames? É seu apelido?

- Agora é. – murmurei.

- Então, me chame de... – ele coçou o queixo. – Danny.

- Ok, Danny.

- Ok, Ames.

**

Daniel estava morando comigo e mamãe por 5 anos agora. Hoje é seu décimo sexto aniversário e como era de costume, eu e mamãe preparamos um café da manhã com frutas, panquecas doces e suco de laranja. Segurei a bandeja de prata tão forte que meus dedos ficaram brancos. Empurrei a porta com o ombro e entrei. Daniel estava deitado em sua cama com uma garota loira ao seu lado, deitada em seu peito. Quem era ela? O que ela estava fazendo no quarto de Daniel? A bandeja caiu de minha mão, estilhaçando-se no chão. Daniel e a garota pularam da cama e encararam-me.

- Tá louca, garota?! – a menina gritou.

- M-me desculpe. – gaguejei.

Juntei os caquinhos do copo de vidro na palma de minha mão que acabaram deslizando sobre meu pulso, fazendo pequenos cortes. Droga, ficaria com cicatriz. Encarei o chão enquanto saía do quarto.

- Me perdoem.

Fechei a porta do quarto e corri até o banheiro. Joguei os cacos de vidro no lixo e coloquei o braço embaixo da torneira. Lágrimas brotaram do canto dos meus olhos e comecei a soluçar. Porque aquela garota terrivelmente linda estava no quarto de Daniel? Daniel começou a socar a porta do banheiro, fazendo-me levar um susto.

- Ames? Ames! – ele gritou. – Você está bem?

Desliguei a torneira, enrolei meu pulso em uma toalha branca que começou a ficar avermelhada por conta do sangue e abri a porta.

Daniel estava apenas vestindo uma calça de moletom preta que caía um pouco abaixo de seu quadril, deixando seu peitoral escultural à mostra, estava descalço e seu cabelo estava uma bagunça só.

- Estou bem. – sussurrei.

- Você podia ter se machucado. – ele disse, puxando meu pulso para examiná-lo.

- Não foi nada. – tirei a toalha do pulso e o corte já havia parado de coagular. – Viu?

Ele beijou a marca vermelha que estava marcada em meu pulso, para sempre.

- Me desculpe pela Bárbara, meu anjo.

- Bárbara? Quem é Bárbara?

Ele soltou meu braço e deu de ombros.

- Minha namorada.

**

Acordei com o despertador gritando na cômoda ao meu lado. Tentei me mexer, mas não consegui. Daniel estava enrolado em mim como uma trepadeira. Seus braços agarravam minha cintura, seu rosto descansava em minha barriga e suas pernas estavam entrelaçadas nas minhas. Puxei um braço rapidamente, fazendo-o rolar para o outro lado da cama. Levantei e desliguei o despertador que anunciava que era 6:30 da manhã de uma segunda-feira.

- Droga. – murmurei.

Corri em disparada ao banheiro, tomei um breve banho e finalizei minha higiene matinal. Coloquei uma calça jeans escura com um rasgo no joelho, - que por sorte eu havia deixado na casa de Daniel - e coloquei uma camisa jeans de Daniel, meu tênis All Star vermelho e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e mal feito. Peguei minha mochila e fui até o quarto de hóspedes - onde eu e mamãe dormíamos quando ficávamos na casa de Daniel - para avisá-la que iria pegar o metrô para o colégio ou caso o contrário, me atrasaria.

Ao chegar na porta percebi que o quarto estava vazio, a cama feita e nenhum sinal de mamãe.

- Mãe? – chamei. – Onde você está?

- Ames... – Daniel apareceu atrás de mim e apertou meu ombro.

- Onde está nossa mãe? – virei-me para encará-lo e ele abaixou a cabeça, fugindo do meu olhar. – Daniel Hayes! – gritei. – Onde ela está?!

- Eu não sei. – ele sussurrou.

- Como assim você não sabe, Daniel?

- Eu não sei!

Cruzei os braços e bati o pé no chão.

- Não me venha com gracinhas, Daniel.

Ele levantou o rosto e encarou-me, seu olhar fez-me corar.

- Porque você tem que ser tão teimosa, Amélia? – ele respirou fundo e passou a mão pelo cabelo. – Ela sumiu. Acho que... – ele engoliu em seco. – Acho que Christopher a levou.

Coloquei a mão na boca, impedindo que o soluço de uma lágrima escapasse, mas não foi o bastante. Caí nos braços de Daniel e comecei a gritar, chorar e soluçar. Finalmente Christopher havia ganhado o jogo, deixou-me instável com um aneurisma cerebral e cheia de hematomas, destruiu a felicidade que havia em nosso lar e ainda levou minha mãe. Ela poderia estar passando por maus bocados com ele agora mesmo, ou ainda pior, ela já poderia estar em um plano espiritual. Daniel envolveu minha cintura com os braços e depositou vários beijos em meu rosto.

- Vou cuidar de você. – ele sussurrou. – Como sempre fiz.

**

Eu estava terminando de arrumar-me para dormir. Coloquei meu pijama de estrelas azuis que Daniel havia me dado de aniversário e abracei seu cobertorzinho branco. Enrolei-me no edredom e ouvi gritos de mamãe vindo do quarto dela.

- Por favor, Christopher! – ela gritou. – Amélia está no quarto ao lado!

Mamãe começou a soluçar e ouvi o estalo de um cinto. O que estava acontecendo?

Levantei-me de minha cama e fui na ponta dos pés até a porta de mamãe. Abri uma fresta da porta e pude ver mamãe caída no chão com um corte na testa. Como ela se machucou? Do outro lado do quarto estava papai com um cinto na mão. Ele pegou mamãe pelos cabelos e estalou o cinto em seu rosto, fazendo-a gritar de dor. Estremeci e coloquei a mão na boca para eles não ouvirem meu soluço. Corri em direção ao quarto de Daniel e joguei-me contra a porta. Ele não estava em casa. Tranquei a porta e sentei no chão. Agarrei meus joelhos e comecei a chorar. Porque papai estava fazendo aquilo com a mamãe? Porque mamãe deixou papai fazer aquilo com ela? Uma dor de cabeça forte tomou conta de mim e esfreguei a mão na testa, e acabei arrancando um fio de cabelo. Encarei o fio por alguns minutos e parei de chorar. Coloquei a mão por dentro do cabelo e puxei um chumaço de fios.

**

Daniel estava fazendo um chá de camomila para mim, enquanto eu estava sentada na bancada da cozinha, olhando para o chão e tentando assimilar tudo que havia acontecido nas últimas 72 horas. Ele colocou a xícara com o chá em minha frente e debruçou-se sobre o balcão.

- Você está bem? – perguntou.

- Não. – disse, e tomei um gole do chá. – Vou me atrasar para o colégio.

- Acho melhor você não ir hoje.

- Preciso ir. – disse, terminando com o chá. – Não vou deixar Christopher destruir meu futuro também.

Ele pegou a caneca e a enxaguou na pia. Virou-se para mim e respirou fundo.

- Tudo bem. – murmurou. – Mas vou com você.

- Não, de jeito nenhum. Você precisa ir trabalhar. – disse, pegando minha mochila e jogando-a em meu ombro. – E precisa descobrir onde Christopher está.

- Já vi que não tem como fazer você mudar de ideia. – ele disse, passando a mão pelo cabelo.

- Ainda bem que você sabe disso, maninho. – disse, soprando-lhe um beijo antes de sair de casa.

**

O estacionamento do colégio estava repleto de casais se esfregando na frente dos carros. Abaixei minha cabeça e comecei a olhar para os meus pés. Empurrei ambas as portas de vidro fosco da entrada e direcionei-me ao meu armário para pegar os livros das aulas que teria hoje: biologia com o professor Jamie, física quântica com o professor Medina, trigonometria com a professora Claire e economia com o professor Joseph. Coloquei meus livros em minha mochila e congelei assim que avistei um vulto de cabelos ruivos vindo em minha direção. Droga.

- Bom dia, Ames! – disse Jenny, minha parceira na aula de biologia.

- Bom dia, Jenny. – disse, jogando minha mochila em meu ombro.

- Você não parece animada hoje.

- Só... – engoli em seco. – acordei com o pé esquerdo.

- Oh, sim. – disse ela, abrindo um enorme sorriso. – Venha, temos a primeira aula juntas!

- Eu sei. – sussurrei.

Jenny puxou-me pelo pulso e arrastou-me corredor afora, fazendo todos os olhares voltarem-se a nós. Corei e voltei a olhar para o chão. O que eu menos necessitava agora era uma crise de fobia social.

**

Chegamos na aula de biologia do professor Jamie dez minutos adiantadas, mas por puro azar a sala já estava cheia e os lugares vazios que sobraram eram no fundo da sala. 

- Infelizmente não poderei ser sua dupla hoje. - disse Jenny, fazendo biquinho e apontando para as mesas do fundo onde não sobrara mais cadeira para duas pessoas sentarem.

- Infelizmente. - murmurei, soltando-me de Jenny e andando em direção à mesa ao lado da mesa do canto direito da sala.

Sentei-me na cadeira e comecei a vasculhar minha mochila à procura do meu livro de biologia.

- Merda. - resmunguei.

- Esqueceu o livro, Ames? - alguém disse.

Virei meu rosto em direção à voz, - que vinha da cadeira ao meu lado - e lá estava Jesse, usando uma calça jeans apertada e de um azul bem claro e a camiseta do colégio. Seu cabelo estava perfeitamente bagunçado no ângulo certo, ele até aparentava ser mais velho.

- Jesse?

Ele abriu um sorriso torto que fez minhas pernas tremerem e tive que segurar na mesa para não deslizar igual a uma manteiga na cadeira e cair no chão.

- É, acho que esse é o meu nome. 

Ele levantou de sua cadeira e a puxou para bem perto da minha, sentou-se e colocou o livro de biologia sobre a mesa.

- Eu divido meu livro com você. - ele disse.

- Obrigada.

Ele deu de ombros e aproximou-se com a boca perto de meu ouvido.

- Porque você fugiu de mim ontem, Ames? - sussurrou só para que eu pudesse ouvir.

- Não fugi de você. - sussurrei. - Eu só... quis voltar para casa.

- Daniel foi buscar você. - ele disse, fazendo uma careta e afastando-se de mim.

- Isso foi uma pergunta?

- Claro que não. - ele disse, passando a mão pelo cabelo. - Ele foi buscar você. Eu sei.

- Mas ele não foi.

- Não? - ele virou-se para mim e encarou-me.

- Não!

- Você foi embora... - ele engoliu em seco. - por vontade própria?

- Sim.

- Como? Porquê?!

- Pulei a janela. - disse, desviando-me do seu olhar acusador. - Por que eu queria voltar para casa.

- E ficar lá sozinha? Desprotegida?

- Desde quando preciso ser protegida por você? - esbravejei.

- Desculpe-me, milady. Esqueci-me que você já tem um guarda costas. - disse ele irônico, jogando as mãos para o ar.

- Daniel não é meu guarda costas. Ele é meu irmão!

- Irmão uma porra, Amélia! O cara te trata como se você fosse dele!

- E como você chegou a essa conclusão? - disse, levantando minha cabeça e estreitando os olhos em sua direção.

- Quando eu fui ver você no hospital. - sussurrou. - Ele não me deixou vê-la. Mas... Bárbara conseguiu dar um jeito. - ele deu de ombros.

- Mais uma vez, Super Bárbara ao resgate! - murmurei.

- Não mude de assunto. 

- Jones! Foutaine! - gritou o professor Jamie do outro lado da sala, com as mãos em punho na mesa. - Para fora! Agora! - disse, apontado para a porta.

- Viu o que você fez, babaca? - disse para Jesse, jogando minhas coisas em minha mochila e saindo em disparada para a porta.

Jesse alcançou-me, pegou-me pelo cotovelo e empurrou-me severamente até a pequena sala de dispensa, trancando a porta atrás de si.

- Jesse, você tem um problema sério! – gritei.

- Jura? – ele disse, apoiando as mãos na porta e encostando a testa na mesma.

- Juro! – murmurei, colocando a mão na cintura.

- Algum palpite do que possa ser o meu problema?

Respirei fundo e bufei.

- Drogas, talvez?

Ele riu.

- Se você refere-se a si mesma como uma droga... – ele deu de ombros e virou-se para encarar-me.

- O que você quer dizer com isso?

- O meu único problema aqui... – ele disse, aproximando-se e colocando meu rosto entre suas mãos. – É você.


Notas Finais


Espero que tenham gostado tanto quanto eu do capítulo de hoje.
Não sei se alguém já pensou em alguma música que descreva mais ou menos por tudo que a Amélia passou/passa, mas eu já pensei. É uma música que, particularmente, fala muito sobre mim também. Pra quem gosta de ler ouvindo música, eu aconselho que leia o capítulo ao som de Shawn Mendes - A Little Too Much.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=Dvv6OkU874k
Beijos, amores, tenham um ótimo fim de semana!
~agirlwithscars.


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