História A garota sem alma - Álcool e sangue

A garota sem alma

Marcelle liga o motor do carro e sai a toda velocidade, ignorando o turbilhão de insetos que chegam a até mudar o curso de seu voo para acertar o para-brisa dela, ela simplesmente está focada demais em seu total trauma, aquela Sophia poderia estar aqui, pensa ela, eu poderia mostrar para ela o monstro que eu sou! Então ela diminui a velocidade, por que foi pega pensando em Sophia novamente? Isso não estava certo, ela era realmente bonita, e parecia ser legal, mas por que ela estava pensando em uma garota que só viu uma vez, novamente Marcelle foi pega pensando nela, chega, pensa ela, eu preciso mesmo disso.

  Assim que chega no primeiro bar que encontra, ela faz algo que não faz com frequência, ela se olha no espelho, pela primeira vez em muito tempo, ela se olha nos olhos, ela olha atentamente, seus olhos continuam com as típicas olheiras de noites em claro por causa dos sons que a rondavam, mas seus olhos cinzas continuavam lá acompanhados de cílios estupidamente grandes, e um nariz fino e pequeno, para compensar seus lábios volumosos, e apagados, ela nunca passara maquiagem, mas quando comprou a caminhonete, se lembra de ter achado alguns dentro do porta luvas, que ela nunca mais havia aberto, não há nada que ela queira guardar, então ela encontra um, estupidamente vermelho, ela faz uma careta para ele, mas era o que tinha no momento, logo após ela olha seu cabelo, seus longos cabelos negros como carvão, e com ondas estupidamente ondulados, ela o prende em um rabo de cavalo, e entra naquele lugar asqueroso.

 Assim que ela entra, era como se não tivesse saído de casa, pois, haviam animais mortos lá também, empalhados nas paredes, o cheiro de morte era substituído pelo cheiro de cigarros baratos e cerveja barata, e a sensação de solidão ainda estava lá, com cada velho bêbado, ou prostitutas que se esfregavam nos mesmos, home sweet home, pensa ela com sarcasmo, então caminha até o bar onde um homem que aparentava ter por volta de 45 anos, estava, ele era bem típico de barman, tinha uma cicatriz bem abaixo do olho e carregava um pano de prato que algum dia aparentava ser branco nos ombros, -Acho que a senhorita se enganou de local- diz ele a olhando de cima a baixo- Aqui não é uma biblioteca docinho,- diz ele lambendo os lábios como se Marcelle fosse um pedaço de bolo de chocolate. –Também não é uma prisão, mas você esta aqui querido- boa pensa, ainda saboreando o veneno que acabará de lançar-Então me de uma dessas garrafas de vodca e vamos ficar calados- Diz ela apreciando cada detalhe das rugas nervosas que aparecem no rosto do barman.

 Alguns segundos depois ele volta com a garrafa, e praticamente a joga no balcão com desgosto, é impressionante a maneira como ele não parece acostumado com essa situação, então ela paga pela garrafa e dá um gole direto do bico, barman a observa de longe, assim que ela ia dar seu segundo gole, todos os copos do salão caem das mesas e prateleiras, junto com alguns dos poucos e sujos espelhos encontrados, é uma completa sinfonia de caos, ela olha para o barman que já estava abaixado coberto por cacos de vidro, Marcelle não se moveu, apenas deu um grito, de fúria, e caiu de joelhos, ela estava tão cansada de tudo isso, enquanto as pessoas no bar se levantavam espantadas com a situação, Marcelle se levanta, ainda com os cortes sangrando coloca uma quantia grande de dinheiro no balcão, e sai do bar, ainda bebendo sua vodca de má qualidade.