1. Spirit Fanfics >
  2. A Gata >
  3. Relógio de Bolso

História A Gata - Relógio de Bolso


Escrita por: KayaSheffield

Notas do Autor


Começando a revisão hoje: 2/5
Sejam muito bem vindos ao primeiro capítulo do livro 'A Gata'! ❤

Capítulo 1 - Relógio de Bolso


Fanfic / Fanfiction A Gata - Relógio de Bolso

"Nojo eu sentiria se engolisse o mundo."

 

Quinta-feira, dia 6 de Outubro

 

Querido Diário, você tem ideia do que suportei? As minhas costas doem e minhas mãos sangram. Passei a tarde inteira de ontem procurando onde dormir, acabei em um beco casual, vou demorar um pouco para arrumar outro lugar para morar.

Voce já se cansou de me ouvir falar sobre isso,  não é mesmo? Sugiro então que falemos da morte.

Esta, ao menos, já não assusta-me tanto quanto antes.

 

O mundo é realmente injusto, pessoas vagam por essa rua a cada segundo, mas nenhuma tem verdadeira misericórdia para com a outra. - Ouço os sons de 'tic-tac' dos relógios aleatórios dos pulsos de cada indivíduo. Eles me fazem lembrar que o tempo está passando depressa, e como odeio quando isso acontece. - Daqui a pouco mais uma estação se foi e já é Janeiro, tudo vai mudar, menos a minha vida, o meu fracasso.

Acabei dormindo entre os sacos de lixo, em um canto qualquer. Eles estavam tão quente durante toda a madrugada que me senti aconchegante. No entanto, meu cheiro estava horrivel, meu cabelo quebradiço e bagunçado. Fui acordada pelo lamber dos gatos, aquilo não me incomodou, talvez eles fossem os únicos a se importarem de fato comigo.

Ao sair do beco deparei-me com a forte claridade do céu, aquilo ofuscou meus olhos de uma forma tão intensa que me vi obrigada a cobrir meu rosto. - Pessoas passavam de um lado para o outro de forma tão ignorante. Posso dizer que nojo sentiria eu se engolisse o mundo.

Caminhei a alguns passos afastando-me da cidade e dos prédios, eu parecia uma morta-viva, literalmente. Andei até às margens de um rio, - o mais afastado do centro da cidade- eu, definitivamente, precisava de um banho. Tirei a blusa e soltei os sapatos de meus pés, olhei ao redor para certificar-me de que não havia ninguém me observando, então tirei a calça ficando apenas de langerie. Tampei a respiração e mergulhei no rio, abri os braços enquanto o impulso afastava-me das margens, batendo os pés com frequencia. Depois, retornei à superfície, em busca de ar. Estava me sentindo revigorada após tal ação.

Assim que me banhei, caminhei até o lado oposto da superficie, saindo dali. Ainda encontrava-me seminua. Caminhei até outro beco onde deparei-me com uma mulher loira, seus olhos assustados fitaram-me, aproximei-me de seu corpo e vi que seu rosto estava pasmo, em seguida a encarei com um sorriso e levantei meu punho, dando um soco em seu nariz, o que evidentemente a fez desmaiar. Torci meu cabelo para tirar o excesso de umidade e em seguida despi a loira, ela devia ter o mesmo tipo de corpo que o meu, certamente suas roupas serviriam em mim.

Prossegui por alguns quilômetros. E em uma esquina qualquer encontrei uma placa que notificava um aviso chamativo. Era, sobretudo, bastante atraente, concentrei-me em ler as palavras corretamente, aquilo era sobre "uma festa benificiente para crianças", ela estava prevista para essa noite.

 

Logo o sol escondeu-se atrás das montanhas e o crepúsculo, lentamente, se estendeu ao longo do horizonte. -coloquei as mãos na cintura determinada e sorri com desdém.- Se eu apareceria naquela festa? É claro que apareceria. Não para ajudar aquelas pestinhas, mas se tem uma coisa que aprendi nesses anos é: onde há dinheiro, há gente rica, onde há gente rica, há dinheiro. Não é que eu goste de roubar, só... Preciso de dinheiro para suprir minhas nescessidades, não é facil catar restos de um lixo e ter de separar a parte melhor para comer. Nunca foi a vida que sonhei para mim, mas isto, -olhei ao redor. -foi a única coisa que a vida pode me oferecer.

Peguei esse vestido de um varal alheio e essa máscara encontrei jogada ao chão. É um lindo vestido curto, preto e rendado, com uma máscara bordada, repleta de furinhos elegantes. Posso dizer que estou bem apresentável, como nunca havia me visto antes.

O lugar ficava um pouco distante, mas não foi difícil de achar o local do baile. Esperei um pouco, depois entrei acompanhada por um grupo de pessoas para que o segurança nao me visse. - suspirei aliviada -Ao erguer os olhos em direção ao teto, fiquei admirada com tamanha elegância. Cada detalhe era perfeito e minucioso, mas o melhor era que a maioria dos objetos eram banhados em ouro puro.

-Selina! 

Uma voz abafada e lenta sussurrou meu nome, virei-me em sua direção, fazendo uma careta pouco agradável.

-Bruce?

Ah, meu Deus! Ele parecia ter envelhecido uns três anos, parecia que já tinha vinte!

-O que faz aqui? -questionou.

Por um momento baixei a cabeça, mas retornei a olhar para a frente.

- Só porque eu não nasci em um berço de ouro assim como você. -apontei para ele. -Não significa que não possa frenquentar lugares como esse. -rodei a cabeça sutilmente.

-Roubar de crianças nescessitada é feio. -assegurou.

-Passar fome também é. -repliquei. -Sabe... Eu to fazendo o meu trabalho, então não me atrapalha. - dei de ombros, passando adiante dele.

Alguns passos depois e apoiei-me sobre a mesa. - respirei profundamente -Bruce Wayne é um bilhionário dono de uma grande fortuna deixada por seus pais a ele antes mesmo de faleceram. Eu já tentei roubá-lo a dois anos atrás, o que foi inútil porque, tirando o fato dele ser um mauricinho, ele é também bastante esperto. Despois o encontrei algumas vezes por casualidade, até que os encontros foram menos frequentes.

Ele me irritava de uma forma inexplicável, mas gostava de discutir com ele, apesar de parecer durona durante a discussão, eu ria após tudo aquilo. Estava quase atravessando o corredor quando senti alguém esbarrar em mim.

-Aí! -gritei ao me desiquilibrar.

-Nossa, me desculpe! -uma mão morna encostou suavemente em meu braço.

Olhei para a sua mão, então ergui meu olhar. Tratava-se de um homem alto, aos poucos, aquele rosto foi tornando-se familiar. Minha nossa! Aquele era...

-Henry D'onovan?! 

Sim, ele mesmo. Um advogado que conhecera quando fiquei em cárcere. É, eu já tinha uma passagem na prisão com apenas dezesseis anos, uma prisão que durou menos que duas semanas graças a Henry, ele fora meu advogado. Compadecera-se de mim e aceitou ajudar-me, mas após o julgamento nunca mais o vi.

-Selina... O que faz por aqui? -ele pareceu-me surpreso.

-Bom, tenho tentado seguir minha vida de outra maneira, após... Você sabe, o julgamento. -peguei uma taça já que o garçom veio nos oferecer bebida.

-Isso é bom!

E era mentira... Eu não havia parado de roubar, nem podia.

De repente uma música lenta começou a tocar, olhei ao redor, todos os casais dirigiram-se ao centro do salão. Confesso que senti-me perdida, deixamos a taça em uma mesa.

-Então, você quer dançar? -ele me esticou a mão.

Fiquei surpresa com tal atitude. Balancei a cabeça aceitando em silêncio, caminhamos até a pista de dança. Nos ajeitamos e começamos a dar os primeiros passos, foram lentos e incertos, eu não sabia o que estava fazendo, não estava acostumada com tudo aquilo e ele também parecia nao entender muito bem de dança. Mas em seguida começamos a dar passos mais rápidos comparados aos de antes, agora estávamos no ritimo lento perfeito.

-Você está linda. -ele sussurrou.

-Obrigada! 

Eu fiquei sem jeito, não estava acostumada a receber elogios. Sempre era a imunda, a catadora,  ou a gata (e não num bom sentido), chingamentos era o que não me faltavam.

Deslizei minha mão de seu ombro até seu peito e pude sentir algo em seu bolso. -franzi a testa. -Estava curiosa em saber, tinha um formato redondo. Afundei minha cabeça em seu pescoço e ele apoiou a sua sobre a minha, com as duas mãos segurou em minha cintura. Com minha cabeça na reta, certamente ele não enxergaria eu pegar aquela coisa que eu nao sabia o que era. Mas não posso negar que adorei sentir seu cheiro morno acompanhado por um perfume de aroma muito afável. 

Ao escorregar meus dedos pelo seu bolso, percebi que aquela coisa possuia uma corrente, quando a levantei de forma minuciosa percebi que tratava-se de um relógio de bolso, joguei aquilo entre meus peitos, estaria seguro dentro de meus sutiãs, afinal, quanto eles pagariam por um relógio de bolso banhado em ouro puro? Certamente que muito. - sorri e me afastei dele, percebi que a música já estava encerrando-se então concentrei-me em seu olhar, evidente que eu não o vereia novamente, devia aproveitar esse momento. 

-Preciso ir! -afirmei após a música ter cessado.

Ele abriu a boca, mas não foi capaz de dizer coisa alguma, parece que as palavras não saíam. Virei-me e segui até a entrada, aquela noite já fora o bastante para mim. Atravessei a portaria e saí do salão, desci alguns degraus da escada da entrada, retirei o relógio que estava entre meus seios e o ergui diante de meus olhos. Fiquei tentando imaginar quanto eles me dariam por ele, o que eu poderia comprar com esse dinheiro. Então o guardei novamente no mesmo lugar. Agora precisava achar um lugar para passar a noite. -desviei o olhar. -Não vai ser fácil, mas alguma coisa vai mudar amanhã, eu sinto que vai.

-Selina! -virei-me.

Era ele, Henry, seu cabelo castanho gentilmente jogado para o lado e os olhos verdes feito duas esmeraldas brilhantes. Ele desceu as escadas e veio até mim.

-Eu preciso... Eu não sei se...

-O que? -ele estava confuso, não conseguia entender nada.

-Quer passar a noite comigo?

Arregalei os olhos e dei um passo para trás, ah meu Deus! E agora? - Fiquei alguns minutos pensando, até que ergui a cabeça e abri um sorriso de canto.

Eu já sabia onde ficar, ao menos por esta noite.

-Quero! Eu aceito...



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...