[...] Se eu não tivesse discutido na calçada com aquele cara louco, e ó que eu não sou de rolo. [...] Eu não teria te encontrado, eu nao teria me apaixonado, mas aconteceu. Foi mais forte que eu e você.
-Oi! -digo enquanto balanço a cabeça para mim mesma.
Mas eu não recebi uma resposta, ele desfez o sorriso é me encara com seu jeito sério, não necessariamente que aquilo fosse ruim.
Deito minha cabeça no vazio e ergo a mão tentando alcançar seu ombro e ao mesmo tempo dou um passo a frente. Mas acabo desiquilibrando-me e percebo que seu corpo faz-me translúcido e estranhei quando minha mão atravessou seu ombro. Encaro aquilo por alguns segundos e dou de cara com um prédio a minha frente. Então Bruce não está mais lá, fora apenas uma lembrança, ou eu em meu devaneio o imaginei parado a minha frente.
Apesar de ter mudado e parecer mais durona, eu ainda sentia insegura no fundo como se não soubesse onde fosse pisar ao dar o próximo passo. Mas Bruce, ele meio que segurava minhas mãos e me fazia ter certeza que aquele era o bloco certo ou não a ser pisado. Eu costumava sentir-me assim com Henry. Ele não viria, não faço parte da vida dele é nunca fiz, me pergunto quantas coisas mudaram por aqui. Bruce nem deve sentir minha falta, mas de certa forma eu sinto a dele, o julguei tão erradamente e adoraria perturbá-lo novamente. Olho ao redor estranhando algumas poucas pessoas que passavam por ali. Então dou-me conta que estava só, meio que ao centro da rua, segurando minha mochila e olhando para o nada.
Sigo em frente, tento não pensar muito no Wayne, apenas que ele está bem e isso já me é suficiente. Eu sabia exatamente o que deveria fazer. Prossegui andando pelas ruas, as pessoas pareciam tão felizes ao redor, a felicidade deles eram tão grande que não olhavam para qualquer outro grupo de pessoas que passassem por ali. Estranhamente me senti só, o que de fato era verdade.
Após ter caminhado por alguns minutos peguei uma estrada verdejante. Na verdade, cortei caminho pela grama. Senti um frio imenso se apoderar de meu abdomem e depois de todo meu estomago, estava trêmula. Abracei meu corpo para ver se mudava a sensação, mas percebi que nada me adiantou. Então procurei, em meio aquelas lápides brancas. Acompanhada por um suspiro, avisto a rosa vermelha seca e sem vida, estava com uma cor apagada, terrivelmente morta. O que me leva crer que ninguém mais veio visitá-lo e nem sequer lhe trouxe alguma lembrança. -balanço a cabeça querendo não acreditar naquilo. - Onde estavam seus pais? Será que eles se importavam mesmo com o filho ou apenas queriam seu dinheiro?
Aproximo-me da lápide de Henry e sinto um leve arrepio, faz alguns meses que não o venho visitar. Se ele soubesse onde fui parar, não me orgulho do que fiz. Mas como poderia sair de lá? Eles haviam prendido-me naquele maldito lugar, nem sair podíamos. Devia ter tentado a fulga antes, é claro, mas acho que estava fraca demais para isso eu pensei que não houvesse chances para mim, mas agora descobri que haviam sim, muitas mais das quais eu imaginava.
Sento-me ao solo, olho ao redor encarando o cemiterio, não havia ninguém mais além de mim por ali. Deito a mochila ao chão e passo a mão sobre seu nome dourado que estava empregado no mármore branco. - suspiro. - Encaro aquilo com certa dificuldade, abraço meu corpo e tento evitar as lágrimas. Eu ainda lembrava de como ele me fez acreditar no amor pela primeira vez, ele provou que era diferente de todos aqueles garotos babacas, embora achasse que ele fosse um também e talvez era, mas ele abandonou tudo para ficar comigo. Eu sentia saudades daquilo, dos abraços calorosos, das noites de amor, dos beijos doces. Foram coisas que não pude sentir depois que me afastei da cidade, não era assim que as coisas aconteciam naquele lugar. Mas eu queria alguém, algu que me lembrasse o que era sentir algo, embora lutasse com todas as forças para não sentir nada. Eu não estou a procura de nada sério, mas eu quero um amor, nem que seja por uma noite apenas, mas que me aqueça e me faça sentir especial.
"Obigada, Hery!" penso. Obrigado por ter me feito uma pessoa melhor, por ter me provado que posso ser boa. Mas ainda assim, não vou ser o que você espera. Vou ser boa da minha maneira, com as pessoas que eu achar que devo. Você me ensinou o certo, o seu dever foi cumprido, cabe a mim decidir o que tirar dessa liçao de amor. - toco na rosa e dou um sorriso de canto. -
"Sabe, ela pode estar velha, mas o amor que um dia senti por você nunca vai morrer. Mesmo que outros amores venham em minha vida, sempre guardei aqueles momentos com um carinho especial." -pensei. -Enxugo uma lagrima que deixei escapar sem querer.
Então ouço alguns barulhos na rua ao lado, levanto-me e pego minha mochila estranhando aquela situação. São vozes em um tom alto. Afasto-me do cemitério e observo que um jovem discutia com outro e que, havia apenas uma diferença entre os dois. Um usava uma roupa social (certamente um mauricinho rico) o outro já andava com uma roupa mais simples (um trombadinha ou algo parecido), pois ele parecia gostar de brigas e discussões. Ele acusava o outro por algo que não entendia muito bem. Eu conhecia aquele cara, ele também roubava casas, mas a diferença é que ele roubava dinheiro o que eu raramente fazia, pois para mim objetos vali mais. Ajeitei a mochila nas costas e segui.
Ele levantou a mão ameaçando o mais elegante, então o outro balançou a cabeça como se quisesse resolver aquilo com uma boa conversa, mas vendo que o outro não pararia, desviou do soco e lhe deu uma bofetada que fez o outro cair ao chão. Aquilo realmente me surpreendeu. Eu estava mais perto agora, olhando pelo ombro do jovem executivo que estava de costas enxerguei "Piranha". -sim, se eu não me engano eles o chamavam assim. - levantar-se e imediatamente revidar. Intrometi-me ao meio afastando-o do outro, dando um leve empurrão em sua barriga.
-Ficou louco, piranha? -disse.
-Ora, vejo que a gata retornou. -disse com certo desdém. -Sai da minha frente, deixa eu acabar com ele logo de uma vez.
-Pelo o que eu vi era ele quem estava acabando com você. -sorri. -Vai embora se não chamo a polícia agora mesmo! -disse.
Ele pareceu desgastado com aquela discussao, certamente ele considerou aquela situação tola o suficiente e recuou.
-Vai ter troço mauricnho! -apontou o dedo sobre mim para o cara que estava por de trás.
Ele correu em direção contrária.
Senti uma mão agarrar meu braço e virar-me para trás. Franzi a testa enquanto encarava aquele rosto. Dei um passo atrás e então senti meu coração pulsar mais forte, como se ele não pudesse ser controlado por ninguém, nem mesmo por mim. Encarei por alguns minutos esperando o impacto fazer efeito e então retomei minha razão.
-Selina! -disse.
Era Bruce Wayne, mas como saber se não era mais uma de minhas ilusoes, ou se não estava ouvindo coisas? Levantei a mão, parecido a cena anterior e então toquei em seu peito. Senti algo a parar, ela não flutuou no vazio como outrora. Ela esticou-se perante o colete que ele usava, senti o calor de sua pele por debaixo da camisa e a pulsação de seu coração. - sorri - Era ele de verdade, não estava tão diferente do que eu havia imaginado. Ele sorriu, não muito diferente do que pensei. O soltei e dei um passo para trás. Quando senti o ar fresco novamente que percebi o quão perto estávamos e como nossas respirações se encontraram.
-Oi! -disse
-Oi! -ele pareceu surpreso. -Nossa, como você está diferente! -disse tentando disfarçar sua expressão. -Está mais bonita e parece mais madura.
-De fato estou. -sorri. -Muita coisa mudou, Bruce!
-É verdade. -assentiu. -Você foi embora. Por que? Sobre o Henry, eu não o matei...
Antes que ele pudesse continuar coloquei meu dedo sobre seus lábios
-Shhhh! -sussurrei. -Eu acredito em você. Só não, não estava em um bom momento. -assenti. -Você entende?
-É claro! -balançou a cabeça.
-Eu queria tanto conversar com você. Para onde vai agora? -perguntou.
-Ah, -tentei pensar em algum lugar, mas não consegui. -Por aí, em um lugar que ainda não sei. -cocei a nuca.
-Por que não tomamos café? Você aceita?
Eu até gostaria de dizer que não, precisava resolver tantos outros assuntos, mas não perderia a oportunidade de provocá-lo novamente. Fazia tanto tempo desde a última vez que o tirei do sério. Dizem que o café é uma boa hora, para que, bom, isso fica a nosso critério.
-Sim, eu aceito! -sorri.
De qualquer forma estava certa que depois disso raramente o veria de novo. Além disso, estava morrendo de fome e aposto que poderia descobrir algo sobre o lance dos caminhões.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.