Se eu conheço meu coraçao, ele nao se importaria de te amar. Não fosse todos esses problemas, não fosse todas essas escolhas erradas.
Nao demorou muito e logo a garçonete trouxe os nossos pedidos. Eu nunca havia entrado nesse restaurante antes, ele era enorme e bem luxuoso. - Bruce e eu pedimos dois cappuccinos, conforme o prometido. Eu nao estava com vontade de comer, até estava enjoada. Vai ver era por conta da viajem.
Eu o encarei por alguns segundos enquando agitava a bebida. Percebi que ele estava silêncioso, como se algo estivesse acontecendo dentro dele.
-Então, o que aconteceu com a Michelle?
A verdade é que sentia falta daquela vadia, eu adorava discutir com ela, até me fazia parecer mais inteligente quando abria sua boca grande.
-Ah, isso. -ele pareceu confuso nos primeiros instantes, como se o problema nao fosse esse, como se estivesse pensando em outra coisa. -Ela só sentiu que era hora de ir, eu respeitei isso.
-Sei. Mas você ainda não a superou, né? -perguntei.
-Posso dizer que ainda penso nela. -assentiu.
Em seguida tomou um gole de seu café.
-E como tem lidado com a perda do Henry?
-Tem sido difícil, mas digamos que agora doi menos. -assenti.
-Por que estamos falando sobre coisas passadas? -questionou como se de certa forma estivesse cansado.
-Porque talvez não temos coragem de dizer coisas que deveriamos contar. -contei enquanto afastava o olhar.
-O que? -ele pareceu confuso.
-Esquece! -disse retornando meu olhar a ele. -Aproposito, e essa coisa sobre o novo prefeito de Gotham?
-Ah, pois é. Parece que Cobblepot vai ser o vencedor. -concluiu.
-Não notou nada de estranho nele? -questionei.
-Como?
-Conhece um tal de Edward Nygma?
-Conheço... -pareceu incerto como se estivesse perdido em minhas perguntas. -Por que está interessada nisso?
-Não, eu só... Bom, isso nao é da sua conta, ta legal? Só me diga como encontra-lo.
-Siga o prefeito e ele estará lá. -disse tomando mais um gole do seu café.
-Não tem um outro jeito e encontrá-lo que nao seja em público?
Eu sei que poderia parecer desesperador, mas se ele tivesse algo haver com todo esse roubo, eu nao perderia a oportunidade de destrui-lo.
-Esse já é um bom começo. -afirmou. -Eu nao entendo, Selina.
-Deixe isso para lá. -balancei a cabeça.
-Eu tenho a impressão que é você quem esconde algo.
-E você não? -perguntei.
-Ah, olha. Só não vá embora novamente. -suspirou.
-Por que? Sentiu minha falta? -sorri ironica.
-Você é o tipo de pessoa que as pessoas conseguem lembrar, mesmo por lembranças boas ou ruins. -sorriu.
-E você, lembrou de mim como? -perguntei tomando o primeiro gole do meu cappuccino.
-Nenhum dos dois. Comigo você não foi boa, nem ruim. Voce me divertia, confesso. -ele sorriu de canto.
Eu também acabei sorrindo.
-Sabe, eu acho que nós poderiamos nos conhecer melhor.
-Como assim? Eu ja te conheço. -disse ajeitando-me a cadeira.
-Ah, é? O que você conhece sobre mim? -arqueou uma das sobrancelhas.
-Você odeia que passeem pela sua casa pela noite, é um mauricinho rico, mas que nunca está satisfeito com nada-assenti rindo.
-Eu nao sou assim. -afirmou -Pelo menos a primeira coisa é verdade. -ele riu.
-E o que você sabe sobre mim? -questionei.
-Eu nao sei. -ele balançou a cabeça. -Voce é o tipo de pessoa que por mais que conheçamos, nunca sabemos verdadeiramente quem é.
Aquilo soou estranho, mais misterioso também, algo que gostei.
-Nós podíamos sair mais vezes.
-O que? Não. Não daria certo. -disse inclinando a cabeça.
-Por que nao?
-Certeza que algum segurança ficaria em cima de nós com medo que eu roubasse algo. -contei de forma descontraída.
-Não. Eu nao deixaria. -ele balançou a cabeça. -Confio em você.
-Não deveria.
-Não somos tão diferentes assim, Selina. -ele encostou sua mao sobre a minha.
-Ah, é? Então em que mundo somos iguais?
-Dinheiro nao é importante!
-Tente ficar sem ele. Importa! -disse recolhendo o olhar e tirando minha mão debaixo da sua.
-Você não me merece. -conclui ao pensar em tudo o que fizera.
-Não cabe a você decidir isso. -assentiu. -Sabe, eu gosto de você.
Eu ri por uns curtos segundos.
-Isso é sério?
-É claro que é. -falou convicto.
-Então trate de se desapaixonar. -falei afastando o olhar novamente.
-Não é tao complicado assim, Selina. -afirmou. -É você quem complica as coisas.
-Tá, então me imagine como a Senhora Wayne. O que as pessoas diriam?
-Uma mulher linda, encantadora. Certamente que sentiriam inveja de mim.
-Errado. -retorqui. -Eles me associaram a uma ladra, ou uma pros... Ah, seus pais nunca permitiriam.
-Infelizmente eles não estão mais aqui. Eles não tem como impor coisa alguma.
-Mesmo assim, eu nao vou sujar o seu sobrenome. -abaixei o olhar.
-Selina, eu nao me importo. Não me importo com o que eles vão dizer. -balançou a cabeça.
-Mas deveria! -disse levantando-me da mesa e saindo do restaurante.
Eu andei tao depresa que nem pude olhar para trás. Parecia que nada ao meu redor me importava, mas os meus sentimentos aqui dentro me matavam. A maneira como minhas ações afastaram as pessoas que eu mais amava de mim. Lembro-me como era antes, eu costumava a nao me importar e nao tinha pelo o que lutar, era melhor. Bem melhor quando eu nao sentia nada, quando não experimentava o gosto das lágrimas. Agora tudo parecia complicado. Não adianta mais, talvez seja hora de cortar todos esses laços. É hora de seguir o meu proprio caminho, sozinha.
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