"Mas nao é como se você fosse realmente uma vadia. É só que... Você roubou o cara que eu amo e é por isso que você é uma vadia."
-Certamente ele vai para a delegacia agora. -afirmei.
-Então entra no carro, nós vamos pra lá! -ele bateu na porta.
-Espera aí! -balancei a cabeça. -É só você pegar o carro e ir. -apontei. -Eu nao vou com você!
-Eu preciso de sua ajuda.
Aquelas palavras ecoaram na minha mente. Seu pedido de ajuda estremeceu-me, abaixei a cabeça por um instante. Não entendi bem no que seria útil, mas nao relutei contra o pedido.
-Tudo bem. -caminhei até o carro.
Ele abriu a porta e recebeu-me. Sentei-me ao banco detrás, ao seu lado; Alfred, o mordomo de Bruce, ele dirigia a lamborguine passivamente, fingindo nao estar prestando atenção em nós.
Passei as maos sobre os braços, estava sentindo-me estranhamente vazia. Algo havia mudado entre Bruce e eu, parece que eu já nao tinha mais a mesma liberdade para conversar com ele. Eu nao sei, estava estranha e sem jeito para falar algo, ele também me pareceu o mesmo. Até mesmo as discussoes bobas ja pareciam nem fazerem sentido.
-Eu nao sabia que estava namorando... -falei, e não foi de uma forma pensada, apenas disse o que sentia.
-Eu nao sabia que você saía com Henry... -ele olhou para a janela esquerda.
-O que posso fazer por sua namorada? -questionei tentando fugir do assunto.
-Você sabe sobre passagens e portas secretas, nao sabe? -finalmente ele olhou para mim.
-Sei... -disse incerta balançando a cabeça.
-Quero que me ajude com a cena do crime. -ele intortou a boca de forma sutil.
-O que ganho com isso? -o encarei.
-Uma boa quantia em dinheiro. -assegurou. -Mas deve me ajudar a encontrar o assassino. -ele apertou meus braços, aquilo machucou-me de certa forma, mas nao disse nada.
Olhei para baixo e suspirei.
-O que faz você pensar que não foi ela? -voltei o olhar pra ele.
De repente fez-se silencio, percebi seus olhos encherem-se de ódio. Entao sua mao forte veio em direçao ao meu pescoço, ele precionou-me contra o vidro, estava rispido e sua expressao seria. Aquilo estava tirando meu ar, debatia-me tentando me soltar, tinha certeza que ele mataria-me se continuasse daquele jeito. Eu bati com as maos na poltrona, meus olhos abertos ao extremo buscavam saída, mas tudo o que encontravam era o teto escuro do carro, e repente a lamborguine freiou e Alfred intrometeu-se, segurando na mao de Bruce, tentando faze-lo parar.
-Solte-a patrão Bruce! -ele ordenou.
Bruce parecia nao escutar, minha visao foi escurecendo e sentia meu coração bater de vagar, até que ele afastou-se de mim e soltou meu pescoço. Ainda sentada abaixei meu rosto tentando buscar por ar, certamente meu rosto estava vermelho. Por sorte tinha ar-condicionado no carro. Passei a mao sobre os cabelos, minha respiração foi voltando aos poucos e meu coração ajeitou-se no ritimo adequado.
-Você ta louco? -ainda estava ofegante.
-Nunca mais ofenda a Michelle na minha frente! -ele cuspiu essas palavras.
Alfred tornou a olhar para frente.
Michelle? Meu Deus! Que nome horrivel... Não importava o quão bonita ela fosse (se é que era), eu a odiaria sempre. Não sei porque, mas a odiaria e disso tinha certeza!
-Quantos anos essa garota tem? -perguntei com desprezo.
Ele tornou a relaxar na poltrona do carro
-Dezenove! Por que? -sua voz permanecera ríspida.
-Henry vai perguntar isso...
Coloquei a mao sobre o peito e tentei acalmar-me.
-Então deixe que ele pergunte, você nao precisa fazer isso. -respondeu de forma estúpida.
Concluí que não adiantava eu dizer nada naquele momento. Então endireitando-me na poltrona do carro, olhei para a janela ao meu lado. -suspirei. -Bruce estava mudado, mas eu gostava mais do Bruce antigo, antes de ele conhecer essa tal de "Michelle"...
-O cabelo ajuda!
Virei-me para ele, assustada com aquelas palavras, não entendi muito bem o que ele quis dizer.
-O que? -semicerrei os olhos.
-O cabelo ajuda a tampar a marca. -ele apontou para o pescoço.
Foi aí que me dei conta que ele estava se referindo a mim. -corei. -Imediatamente tapei meu pescoço com o cabelo, como não havia percebido essa marca antes? Que vacilo. -balancei a cabeça enquanto mantinha o olhar afastado.
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Não demorou muito para chegarmos até a delegacia. Enquanto passávamos pelos corredores das celas encontramos o Capitão Gordon.
-Bruce, o que ela faz aqui? -questionou ao deparar-se conosco.
-Oi para você tambem Jim! -o cumprimentei sarcastica.
-Ela é a outra parte do plano. -assegurou enquando continuamos a caminhar pelo corredor.
-De que plano está falando? -Gordon perguntou confuso.
Paramos ao olhar para o fundo. Ele lia alguns papéis totalmente concentrado e vestia um de seus termos charmosos, estava perfeito. Mas eu... Bom, eu devia parar com isso. "Ele te avisou Selina", repeti a mim mesma. Não devia continuar nutrindo qualquer sentimento que fosse por ele.
-Henry... -Bruce foi adiante.
Eu fiquei o olhando ao fundo, ele pareceu surpreso ao me ver novamente. Abaixei a cabeça, nao queria que ele pensasse que estava "correndo" atrás dele, eu nao queria parecer estar perseguindo alguém.
-É, o que você faz aqui? -ele pareceu não dar importância as palavras de Bruce. Mas sim, vindo até mim decidiu interrogar-me.
-Bruce tem um caso para você. -assegurei enquanto o encarava.
-Soube que você está sendo o melhor advogado dos últimos tempos. -Henry virou-se para Bruce ao ouvi-lo falar.
-De fato. -assegurou.
-Preciso que pegue um caso. -ele franziu a testa sem entender.
Em seguida o Comissário Gordon, Bruce e Henry entraram dentro de uma sala para discutirem mais sobre a liberdade desta tal de "Michelle". -revirei os olhos ao lembrar. - Fiquei caminhando nos corredores, estaria nessa com Bruce, por ele e pelo dinheiro, sabia que era fiel em suas promessas, ele me daria a quantia que prometeu.
-Você... Você estava com ele, nao é? -uma voz rouca disse.
Virei-me para trás, vinha de dentro de uma das celas. Aproximei-me e aprofundei o olhar, tratava-se de uma loira, estava com roupa importante, certamente alguém da alta sociedade, mas... Atrás das grades? Que crime ela cometera?
-Ele quem? -perguntei confusa.
-O Bruce... -sua voz tremula ressaltou.
-Quem é você? -concentrei-me em seu olhar verde e sua cara palida.
-Michelle...
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