"Eu sou a cena do crime, sou testemunha e suspeito. Eu sou a luz, sou o escuro, sou criador e criatura."
Arrisquei-me dar um passo a frente, aquela casa possuia vários tons de sépia. -que aparência tediante. -Vaguei meus olhos pelos objetos, todos tao valiosos que nao consegui disfarçar minha atraçao por aquilo. Havia um porta joias sobre uma mesinha, estiquei minha mao no intuito de pegá-lo.
-Não. -encolhi meu braço de imediato. -Nem pense nisso. -alertou Bruce.
As vezes ele era tao chato e tão detalhista que acabava por perder a graça, mas ainda assim não deixava de ser, simplismente... Bruce Wayne.
-Então, por onde vamos começar? -coloquei as maos na cintura.
-Pelo quarto... foi lá onde aconteceu. -ele pareceu preocupado.
Não disse nada, apenas segui Bruce, tivemos de subir as escadas. Ao adentrar o quarto fiquei surpresa com o amplo espaço, aquele quarto dava para fazer dois cômodos, ou uma casa completa.
-Foi aqui! -ele apontou para o chão.
Saí detrás da cama e fui até o local que ele me mostrou, tinha algumas manchas de sangue ao chao.
-Não devíamos deixar a polícia cuidar disso? -questionei.
-As vezes a polícia nao faz o trabalho necessario. -suspirou.
-Desculpa! Você pode dizer de novo para eu gravar e mostrar ao Jim? -perguntei rindo.
-Eu nao me referi nescessariamente ao Jim, e você nem tem um celular...
-Não precisava ofender. -levantei uma das sobrancelhas e fiz biquinho como se realmente aquilo me afetasse.
-Quero que examine a porta e as janelas. -ele apontou.
Oh, Ceus! Quem diria... Eu, ajudando aquela tal de Michelle? Qualquer coisa por dinheiro, nao é mesmo?
Fui até as janelas, as observando delicadamente, tentei examiná-las numa visão rápida. Nada parecia diferente, nenhuma pista, nem qualquer rastro, as janelas nao estavam escancaradas e aparentemente a porta estava perfeita, sem nenhum arranhão. Não havia rastro, nem nada que pudesse acusar alguém.
-Não há nada que indique erro. -assegurei. -Como puderam acusá-la?
-A arma... Ela foi encontrada no degrau abaixo e possuía as digitais de Michelle... -ele coçou a nuca.
-Então alguém conseguiu as digitais dela e as precionou na arma fazendo parecer que fora ela quem atirou! -afirmei.
-Mas quem? -Bruce parecia cansado por nao achar respostas.
-Ah... Quem era a vítima? -perguntei curiosa.
-Um amigo da família de Michelle. -ele balançou a cabeça.
-Essa garota tem família? Quer dizer, por que eles nao pagam a fiança pra ela? -aquilo me parecia tão simples, afinal qualquer coisa era possível com dinheiro.
-Ela não se da muito bem com o tio dela...
-E os pais? -questionei.
-Ela é órfã! -ele revirou os olhos.
-Uhhhh... Peça para ela se juntar ao clube! -ergui os braços.
Eu tambem era órfã, quer dizer. Meu pai, que na verdade não podia ser considerado um "pai"... Bom, o negócio é que esse filha da puta, ele ficava passando a mao em mim. Eu o odiava, ele nao queria ser apenas meu pai, as vezes pensava que nem tinhamos o mesmo sangue. Foi quando eu fuji de casa antes que algo pior pudesse acontecer, depois parei em um orfanato, mas fuji de lá aos quatorze anos e comecei a morar na rua. É... Uma historia tao empolgante quanto o da cinderela, só que sem essa coisa de baile ou principe... -pensei ironica.
-Bom. -voltei a ficar séria. -Você podia pagar a fiança pra ela, possui uma enorme fortuna. -abri as maos.
-Não é tão simples... -ele desviou o olhar.
Parecia inseguro, como se não quisesse fazer aquilo, ou estivesse incerto sobre sua inocência, mesmo que não confessasse.
-E por que ela não se da bem com o tio? -aquilo era estranho, no máximo maluco.
-Ele a criou, mas... É complicado explicar. -finalmente veio até mim.
-Estranho...
Senti que realmente algo não fazia sentido ali, seu tio... Ele... Não tinha palavras para descrever. Ele criou a garota e como assim não se importa mais com ela?
-Ele era parceiro de negócios de meu pai. -contou enquanto o encarava seriamente.
Não sei porque, senti um pequeno aperto no coraçao ao ouvi-lo, como se algo em meu intimo alertasse perigo.
********************
-Quero meu dinheiro! -disse já quando estavamos ao lado de fora.
-Você não fez nada. -assegurou com desprezo.
-Como nao? -o parei. -Você prometeu!
-Certo. -ele se desvincilhou de mim. -As vezes eu minto! -seguiu adiante dando as costas para mim.
-Ah, que ótimo! Agora eu nao vou ter nem onde passar a noite. -reclamei.
-O que aconteceu com o advogado que lhe ofereceu a casa? Ele de repente nao quis mais você? -sorriu ironico.
-Olha, cala a boca! -o virei para mim, desta vez estava brava. -Eu sabia dos riscos. -assegurei. -E... me conhece, detesto depender de homens.
-Onde você vai passar a noite é problema seu! -ele tentou me evitar, mas nao facilitei.
-Esse é o problema dos riquinhos e talvez da maioria das pessoas dessa cidade, elas não se importam umas com as outras! -cuspi essas palavras.
-Se nos importassemos com todos, nós certamente perderiamos coisas e, quem pode garantir que valerá a pena? -ele balançou a cabeça.
-E por mim? -dei um passo a frente. -Valeria a pena? -quando me dei conta já estava proxima demais a ele, acabei por erguer minha mao sobre sua gravata, pude sentir o calor morno de seu peito e ao erguer o olhar senti tambem o alito gostoso e abafado de seus labios, por que estava tao perto? Por que estava estranha? Por que gostei daquilo?
-O que você quer? -ele colocou as maos no bolso.
-O meu dinheiro. -assegurei. -É só isso, depois te deixo em paz! -revirei os olhos.
-Achei que quisesse uma casa. -ele arqueou uma das sobrancelhas.
-E acha que eu vou conseguir uma casa como? -o encarei entortando meu sorriso.
-Tá! -ele abriu os braços. -Você quer passar a noite em algum lugar? Entao ta! -ele bateu as palmas. -Vamos para minha casa!
Eu ri, aquilo só podia ser uma piada.
-Ah... -virou-se para mim, como se não houvesse prestado atenção em minha risada. -Aquela casa fica vazia mesmo. Mas tem de me prometer que vai manter o sigilo. -Ele ergueu o dedo.
-O que? -fui até ele. -Esta falando serio?
-Claro! -assegurou. -Só por esta noite. Afinal também tenho namorada! -ele levantou a mao para mostrar o anel.
Nossa... Pelo visto é sério! Ele tinha um anel insignificante dado pela "loira vadia"... Bom, ela tinha mal gosto é verdade, afinal ela em si já era horrível. Mas tambem era verdade que ele era muito valioso. Porém, em minha sincera opinião, se eu tivesse uma fortuna igual a deles, eu gastaria com algo muito melhor que isso para dar a pessoa que eu amo. Bom, tudo isso nao vem ao caso. Ele fez aquilo para contar vantagem, sabia bem.
-Olha, nao sei se seria prudente! -retruquei.
-Por que? -ele fez uma curta pausa. -Nao me diga. -interrompeu. -É por que você nao gosta de depender de homens? -tentou imitar minha voz, o que odiei. -Por que seu namorado é muito ciumento, mas valente o suficiente para expulsa-la e não piedoso para deixar você ficar na casa dele?
-Ele não me expulsou! -bufei.
Ele pareceu nao me ouvir.
-Ou é por que você é orgulhosa demais para isso? -continuou, mas desta vez seu rosto estava a um centímetro do meu.
Estava totalmente enfurecida, meu olhar escureceu, entao quando eu o vi ali, a minha frente, só pude pensar em uma coisa...
Levantei meu joelho e dei um golpe com o mesmo em seu genital, ele inclinou-se para frente com uma expressão que inspirava pena, mas precisei fazer aquilo. Ele havia pedido, ele me provocara... Só podia pensar uma coisa: "lamento", mesmo que nao lamentasse nada.
Sorri sarcástica e passei perto de seu ombro, parei meus lábios perto ao seu ouvido e sussurrei:
-Vamos lá! Não pode ser tao ruim. Eu aceito...
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