Mas meu amor, isso é uma cilada. Não caia no jogo dessas pessoas, elas só querem te machucar.
Acordei com um som agudo e curto que se repetia consecutivamente. Não queria abrir os olhos e nem levantar da cama, mas me vi obrigada a fazê-lo. Henry havia saído cedo, mais uma bendita reunião, ah, meu Deus! Elas pareciam nunca ter fim. Estiquei o braço e peguei o teferone que estava sobre o bidê, apertei no botão de atender antes que continuasse com aquele barulho chato.
-Henry! -uma voz tremula do outro lado exclamou.
Eu fiquei chocada com tamanho desespero que nao consegui responder.
-Selina! Selina é você?
Era Bruce mais uma vez, tinha certeza. Mas por que ele estava tao nervoso?
-O que foi Bruce? Por que está tão nervoso? Tem urgencia em ver o Henry?!
-Tenho! -sua voz estava tensa. -Selina, aconteceu algo terrível! -disse desesperado, tentou disfarçar, mas eu ouvi um curto soluçar ao fim da frase.
Certamente estava chorando. Mas por que estava chorando? Aquilo me deixava um pouco frágil e inquieta, devo admmitir.
-Mas o que foi que aconteceu? -não pude evitar o tom desesperado em que minha voz saiu, Bruce estava me deixando angustiada.
-Eles levaram a Michelle! -falou entre gritos.
-O que? -estava assustada, como assim? Quem ia querer levar aquela loira vadia? Certo, brincadeiras a parte, mas afinal o que queriam com ela? -Como assim levaram ela? Ela nao estava com você? -suspirei.
-Não, ela nao passou a noite anterior aqui. Disse que precisava se encontrar com o tio! Ela não voltou! -sua voz estava carregada por lamento, como se também se sentisse culpado.
-Já chamou a polícia?
-Eles só assionam a busca após vinte e quatro horas! -verdadeiramente ele estava preocupado.
-Tem certeza que ela foi sequestrada? -coloquei as maos sobre a boca desacreditando na situaçao.
-O tio dela acabou de me ligar!
-Espera! Eu vou avisar o Henry!
Ao me ouvir disser isso ele desligou, supoe-se que estava muito nervoso.
Vesti uma roupa comum, peguei a bolsa e o celular. -ah, Henry havia me dado um de presente. - Fechei a porta do apartamento ao sair e corri o mais rapido que pude. Enquanto andava pela rua aceleradamente, tentava discar o número do mesmo. Eu nem sei porque estava ajudando aquela loira, mas, eu precisava ajudar Bruce, não podia deixa-lo naquele estado. Henry nao estava atendendo, certamente estava no meio da reunião com um cliente, sei o quanto ele detestava isso. Bom, desisti, ah, fiquei parada por uns dois segundos em frente a um carro tentando descansar. Vaguei meus olhos pela rua, quando do outro lado vi um homem entrar em um galpão, achei aquela cena banal, mas... Quando reparei nos seus olhos, naquele rosto, era um Sr. de mais ou menos quarenta anos de idade e tinha um bigode... Ah, meu Deus! Era o tio da Michelle, tinha certeza. Me escondi atrás do carro para que ele não pudesse me ver, estava conversando com alguns caras, eles vestiam roupas escuras, estranho... Muito estranho.
De repente meu celular tocou, abaixei-me sentando ao asfalto, que péssima hora para Henry retornar a ligação. Atendi o mais rápido que pude, para evitar o barulho do toque.
-Selina, aconteceu alguma coisa? -perguntou um tanto preocuado.
-Desculpe por ter te ligado. -sussurrei. -Mas nao aconteceu nada, ao menos não comigo.
-Como assim? E por que está falando baixo? -perguntou.
-Sequestraram a namorada do Bruce!
-O que? -ele pareceu assustado.
-Ele tentou se comunicar com você mais cedo. -contei. -Você ainda está reunião?
Suspirou.
-Não, eu acabei de sair dela. -assentiu. -Já assionaram a polícia?
-Bom, estão sabendo, mas nao podem mandar um mandado de busca, pois isso só ocorre após um dia ter se passado e bla, bla, bla... -levantei meu olhar para ver se eles haviam percebido que eu estava ali e deparei-me com o vazio, eles não estavam mais lá.
-Está certo, vou tentar ajudá-lo. -assegurou. -Qualquer coisa você liga para mim, mas tente se manter afastado disso, ta legal?
-Tá!
Mas é claro que nao estava, eu nao queria ficar fora disso, não quando isso envolvia Bruce, mesmo que não quisesse admitir, ele era alguém importante para mim.
Henry me mandou um beijo e depois desliguei o celular. O que aquilo tudo significava? Tudo estava muito suspeito.
Vendo que não havia mais ninguem por ali, levantei-me e continuei a caminhar, daria a volta na rua para entender melhor a situação. Não sei, é que eu, sempre houve algo que me intrigou nesse tal de Sr. BlackBerry.
Alguns minutos depois quando estava quase virando a esquina, recebi uma ligação. Atendi de imediato.
-Alô!
Esperei pela resposta.
-Selina!
-Bruce?
-Eu consegui! -ele parecia um pouco mais aliviado.
-Conseguiu o que? -perguntei enquanto caminhava.
-A localização da Michelle!
Ao ouvi-lo dizer isso confesso que senti-me um pouco mais aliviada também, casos criminosos as vezes chegam a serem assustadores.
Mesmo assim me sentia como em um quebra-cabeça, sem a peça final, a qual nao se encaixava.
-Como assim?
-Na verdade, o tio dela conseguiu!
Olhei para o lado, como assim o tio dela conseguiu a localizaçao? Eu acabei de ve-lo! E nao, não estava louca. Tinha certeza que era ele.
-Tem certeza, Bruce? -balbuciei. -Acabei de vê-lo!
-O que? -pareceu descrente. -Não! Você deve ter se enganado!
-Bom, eu liguei para o Henry.
-Eu sei. Ele me ligou e disse que estava disposto a me ajudar. -afirmou.
-Nao sabia que eram tao amigos...
-Selina, isso nao vem ao caso.
-E... Onde ela está?
-O tio dela disse que viu algo suspeito no edificio Copan.
-Ah... -aquela situaçao era um pouco estranha e sem cabimento algum. -Ta. Mas o que você vai fazer? Vai ligar para a polícia né? -perguntei temendo que ele fizesse o pior.
-Não. -assegurou. -Eu vou atrás dela.
Tudo que escutei após disso foi o bater do telefone e um som agudo perturbador. Meu coração disparou, que tipo de besteira Bruce faria agora? Por que eu estava me perguntando? É claro que ele iria atras dela! Ah, meu Deus! -coloquei a mao sobre o rosto. Estava verdadeiramente preocupada. -Henry me disse para eu me manter afastada da situação, mas nao conseguia. -Guardei o celular e continuei a caminhar.
Alguns passos depois e deparei-me com um prédio alto, este estava ao lado do galpão em que o Sr. BlackBerry entrou. Quando reergui meu olhar para ler seu nome. -franzi a testa. -A claridade surpreendeu meus olhos e ficou um pouco difícil de entender. Mas eis que lá estava escrito o nome do edifício, "Copan" esse era o nome. Me senti confusa por um minuto, mas lembrei do que Bruce havia acabado de me dizer, aquele era o prédio em que o tio da Michelle indicou. Se ela estava lá dentro, então ele sabia e entrou e saiu a todo momento?
Espera aí! O que?
Aquilo tudo estava confuso, eu... Não, não dava para raciocinar. A única coisa cabível, que no momento pude pensar. É que verdadeiramente, aquilo só podia ser uma cilada.
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