História A Grande Influência - A verdade

A verdade dói. Principalmente, quando ela é má contada. Sakura e Sasuke sabiam disso, portanto estavam planejando há meses arrumar um jeito de amenizar os danos que ela poderia causar na cabecinha de Sarada. Afinal, a menina cresceu acreditando que sua mãe era Karin, a esposa já falecida de seu pai. No entanto, quando chegaram a Konoha, a notícia de que Sarada era filha de Sakura já havia explodido pelos quatros cantos do mundo. Como o telefone de Sarada estava sem bateria e o de Sasuke se manteve em modo avião, pai e filha só foram saber da bomba quando chegaram no casarão dos Uchiha.

Sarada deu um grito, quando começou a receber milhares de notificações com o link da matéria assim que colocou o celular no carregador. Sasuke estava no andar de baixo e quando subiu para ver o que tinha acontecido com a filha, ficou pasmo ao pegar o celular da mão da garota, que agora estava chorando.

— O que aconteceu, Sarada? – Perguntou preocupado e, ao ler a manchete em que dizia “Exclusivo: Sakura Haruno tem filha adolescente”, o Uchiha sabia exatamente o que havia acontecido.

— Pode me explicar isso, papai? – Pediu ainda chorando.

— Sarada, é uma longa história. Você não devia saber dessa forma, mas...

— Então é verdade?

— Sim, é. – Assentiu.

— Por que não me contou antes? – Questionou Sarada.

— Eu e Sakura tínhamos planejado contar quando ela voltasse a Konoha. Queríamos fazer isso direito. – Tentou se justificar.

— Eu to com muita raiva de você! Como pode me enganar a vida inteira? – Acusou.

— Sarada, você não vai entender agora, mas foi para o seu bem minha filha! – Sasuke tentou fazer um carinho na menina, mas ela se esquivou. Estava magoada.

— Você me separou da minha mãe pelo meu bem? – Sarada esbravejou e Sasuke não sabia direito o que fazer.

— Sarada, houve um grande desentendimento entre eu e sua mãe.

— Quero detalhes! – Exigiu.

— Eu vou contar tudo! Mas, por favor, se acalme!

— FALA LOGO! – Gritou.

— Bem, como você sabe eu e Sakura estudamos na mesma escola. Um dia, numa festa, nós acabamos dormindo juntos só que eu namorava a Karin. Então, após a festa, eu não tive nada com Sakura novamente, mas ela engravidou de você. Quando Sakura me procurou para contar a novidade, eu não quis te assumir.

— O QUE?

Sarada ficou chocada com aquela confissão. Então, seu amado pai não a queria? Ele havia rejeitado-a? Então como ela tinha acabado sendo criada por ele e não por sua mãe? Faltavam muitos detalhes. A matéria no site só informava que Sarada tinha sido fruto de uma aventura de Sakura e Sasuke nos tempos de escola. Não contava os detalhes sórdidos.

— Se você não me queria, como foi você que me criou? – Questionou Sarada.

— Eu vou contar! Tenha paciência! Está sendo tão difícil pra mim quanto é para você! Bem, após me negar a assumir a sua paternidade, Sakura sumiu. Os pais dela a esconderam numa fazenda, pois não queriam que ela fosse mãe solteira. Eles sugeriram que Sakura te abortasse – os olhos de Sasuke se encheram de lágrimas só de pensar que alguém podia ter considerado algo tão abominável – mas Sakura disse que não faria! Ela lutou para que você pudesse viver! Com o passar dos meses e sofrendo uma pressão dos pais para que contasse quem era o pai da criança, ela entregou que eu era o pai do bebê. Os pais de Sakura então procuraram o seu avô Fugaku. Então, meu pai me obrigou a te assumir como filha e me impôs uma condição: eu tinha que me casar para te oferecer uma família.

— Por que você não se casou com a minha mãe de verdade?

— Eu namorava Karin há muitos anos e, realmente, a amava. Naquela época, não queria abrir mão disso. Então, disse a seu avô que não iria me casar com a Sakura e que queria me casar com a Karin. Seu avô então cuidou de tudo e falou com Karin sobre se casar comigo e assumir a minha filha. Ela acabou aceitando por me amar. Então, seu avô fez um acordo com os pais da Sakura e, sem que ela soubesse, te pegaram logo após o nascimento para que eu te registrasse junto com Karin. Sakura foi coibida a se afastar de você pela minha família e os próprios pais.

— VOCÊS TODOS SÃO MONSTROS! – Gritou Sarada aos prantos.

— Sarada, eu ainda não acabei! Escute até o final, por favor! Meu pai acreditava que Sakura fosse te entregar para adoção, já que não tinha conseguido abortar. Por isso, ele fez o que fez. Os pais da Sakura fizeram o meu pai acreditar nesta mentira. Por muitos anos, eu achei que Sakura não te quisesse. Achei que ter me casado com a Karin tinha sido o certo.

— NADA JUSTIFICA! E a minha mãe só voltou para me procurar agora por que?

— Sakura voltou para te procurar quando você tinha dois anos. No entanto, naquela época você já chamava Karin de mamãe e tava bem habituada aqui, com uma família completa aos seus pés. Já Sakura tinha perdido os pais e ainda era uma estudante que trabalhava. Ou seja, ela não tinha tempo nem dinheiro, muito menos apoio de alguém para cuidar de você. Quando viu que você estava bem e tinha uma família, ela resolveu não brigar por sua guarda na justiça. Até porque tinha consciência de que iria perder por não ter condições te criar.

— E por que quando a mamãe, quer dizer, quando a Karin morreu você não foi procurá-la?

— Não achava que Sakura fosse digna de criar você, porque na minha cabeça ela um dia tinha tentado te abortar.

— EU TE ODEIO! – Sarada gritou e em seguida empurrou seu pai para fora de quarto.

— Sarada, minha filha, tudo que todos nós fizemos foi para o seu bem! Nós erramos, eu sei! Mas sempre foi tentando acertar! – Sasuke tentou se justificar, mas Sarada só conseguia chorar e pensar em quantos anos havia ficado separada de sua mãe por causa daquela família.

[...]

Em Nova York, a situação desesperadora era a mesma. Assim que Shizune mostrou a matéria para Sakura, a Haruno ficou desnorteada.

— EU PRECISO FALAR COM A SARADA, SHIZUNE! – Berrava Sakura.

— Calma! Toma essa água com açúcar e vamos ver o que podemos fazer! A esta altura dos acontecimentos, sua filha já sabe da verdade.

— Ela deve estar odiando todos nós! – Imaginou Sakura.

— Bem, antes que você vá até Konoha atrás delas, nós precisamos fazer um comunicado oficial.

— EU NÃO TO COM CABEÇA PRA ISSO!

— Sakura, eu sei que você não tá bem! Mas você precisa pensar que é uma figura pública e enquanto você não falar as pessoas vão ficar especulando.

— Escreva você Shizune! Eu não to com cabeça pra isso! Vou pra Konoha AGORA! Vou comprar minha passagem e vou! – Avisou pegando apenas uma muda de roupa e colocando numa bolsa grande.

— Ok.

No caminho para o aeroporto, Sakura tentou ligar para a filha, mas o celular estava desligado. Ligou para o celular de Sasuke e ele também não atendeu. Provavelmente, o Uchiha estava tão sem cabeça quanto ela para qualquer coisa. Era melhor então pegar o primeiro avião para Konoha e resolver essa história pessoalmente. Sua filha precisava ouví-la. O que Sarada estaria pensando dessa história toda?

Enquanto Sakura embarcava para Konoha, Shizune escreveu uma nota e publicou no site La Haruno. Assim, toda a imprensa teria um posicionamento oficial e pararia de aumentar a história.

Prezados,

Sakura Haruno pede a compreensão de vocês sobre a notícia que tomou conta de inúmeros veículos hoje. No momento, ela está muito ocupada tentando resolver a situação constrangedora em que esta notícia a colocou. Por isto, sua equipe pede que aguardem o posicionamento oficial da Haruno sobre tal questão. Peço encarecidamente que respeitem a história de cunho familiar, que foi maldosamente exposta.

Atenciosamente,

Equipe La Haruno

Shizune publicou a nota com a intenção de amenizar os danos, que aquilo causaria. Sem dúvida, era o maior escândalo sobre a vida de Sakura. Nenhuma rixa com qualquer celebridade ou boato sobre traição poderia se comparar ao ver sua vida íntima tão exposta, com um segredo que Sakura guardava há mais de dez anos. Com certeza, a Haruno seria procurada pela imprensa para dar a sua versão da história. Inúmeros programas de TV e revistas iriam brigar por matérias exclusivas. Shizune sabia que ainda teria belas dores de cabeça para administrar o caos que a vida de Sakura se tornara. A única pergunta para a qual Shizune gostaria de ter uma resposta no momento era: Quem seria cruel o suficiente para revelar um segredo tão íntimo como este?

[...]

Quando chegou a Konoha, Sakura voou para o casarão dos Uchiha. Assim que chegou lá, toda a família estava reunida na sala de estar.

— Sakura, graças a Deus você chegou! – Exclamou Sasuke, já correndo para abraçar a mulher.

— Onde está Sarada?

— No quarto trancada. Ela se recusa a falar com qualquer um de nós. – Respondeu Sasuke.

— Mas você contou toda a história pra ela? – Perguntou Sakura.

— Contei e agora ela me odeia. Chamou toda a família de monstro e não para de chorar. – Falou o Uchiha visivelmente triste.

— Eu preciso falar com ela. – Disse Sakura.

— Sakura, talvez ela queira falar com você também. – Disse Mikoto.

— Você deviam ter contado essa história antes de vazar! Agora olhem o estrago! – Repreendeu Fugaku.

— Nós íamos contar, mas agora não dá mais pra ficar pensando nisso! Sarada já sabe de toda a verdade. – Disse Sasuke.

— Quem será que revelou essa história para a imprensa? Nem eu sabia da verdade. – Falou Izumi.

— Algum de vocês deve ter contado pra alguém que não sabe guardar segredo. – Disse Itachi.

— Primeiro, vamos focar na Sarada. Depois, pensamos em quem foi o linguarudo. – Respondeu Sasuke.

— Exato! Eu vou subir para falar com ela. – Anunciou Sakura e subiu.

Sakura estava com o coração aos pulos, afinal era a primeira vez que ela se encontraria com a filha já sabendo de toda a verdade. Será que Sarada também estava brava com ela? Ou será que o ódio da menina era apenas com a família Uchiha? Sakura bateu na porta do quarto antes de entrar, mas assim que abriu a porta se deparou com um quarto vazio. Onde Sarada se tinha se enfiado?

— Sasuke, Sarada não está no quarto! – Avisou Saukura visivelmente nervosa.

— Como assim? – Sasuke correu até o quarto e percebeu que a mochila da menina não estava lá.

— Ela saiu! – Disse Sakura.

— Na verdade, acho que ela fugiu! Merda! – Esbravejou Sasuke.

— Como essa menina fugiu sem ninguém ver? – Perguntou Mikoto.

— Antes da Sakura chegar nós estávamos discutindo no escritório! Ela deve ter descido de fininho e ido embora. – Supôs Itachi.

— Se ela foi a pé, não deve estar longe. – Ponderou Fugaku.

— Vamos procurá-la de carro! Vem Itachi? – Chamou Izumi já saindo com o marido.

— Vamos dar umas voltas pra ver se ela está por perto. – Despediu-se Itachi.

— Era só o que faltava essa menina fugir! Vou ligar para a polícia para deixá-los avisados caso vejam Sarada por aí. – Disse Fugaku saindo da sala acompanhado por Mikoto.

— Eu vou ligar pros pais dos amiguinhos da Sarada! Talvez ela tenha ido para a casa de algum deles. – Refletiu Sasuke.

— Eu vou te ajudar nisso. – Disse Sakura.

— Obrigado, Sakura.

— Sasuke, a Sarada já fugiu de casa antes?

— Ela ameaçava fazer isso quando eu a colocava de castigo, mas nunca teve coragem de fazer. – Respondeu o Uchiha aflito.

— Tomara que nada de ruim aconteça com ela, porque se acontecer eu não vou me perdoar! - Disse Sakura chorando, então Sasuke a abraçou.

— Nada vai acontecer, Sakura! Nós vamos encontrar a nossa filha!

— Viu o que você falou?

— O que?

— Essa foi a primeira vez que você disse que ela é nossa, Sasuke! Antes você só falava “minha filha”.

— Ela é nossa, Sakura! Agora, o mundo todo sabe disso.