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História A Herdeira - Segredo Sangrio REFAZENDO - Conheço a cidade bruxa da Toscana


Escrita por: Amazyx

Notas do Autor


Trilha sonora Play1 e Play2 nas notas finais :)

Capítulo 7 - Conheço a cidade bruxa da Toscana


Fanfic / Fanfiction A Herdeira - Segredo Sangrio REFAZENDO - Conheço a cidade bruxa da Toscana

Não tenho certeza de quando meu pesadelo veio. Ou de quando dormi. Só sei que fiquei apavorada.

Durante muito tempo eu tive pesadelos e os esquecia ao acordar. Não sabia porque, era como se eu devesse saber algo,mas alguém estava escondendo de mim. Porém, daquele sonho eu me lembrei perfeitamente.

Estava em uma sala de piso de madeira claro. As paredes eram espelhos. A minha frente, estava uma grande mesa de centro feita de madeira e, atrás dela, uma grande porta de metal guardada por dois homens de armadura.

Espere, pensei. Conheço esta sala.

Olhei em volta, me lembrando que esta era a sala que está (estava?) debaixo da fonte de Cibeles em Madri. Senti um arrepio na espinha. Eu tinha tentado esquecer aquilo.

— Atire. — Ouvi uma voz dizer e, quando me virei, estava com a arma apontada para a cabeça de um homem sentado a mesa. O mesmo a quem eu dei um tiro na cabeça. — Vamos, não temos o dia todo.

Fechei os olhos, tentando acordar. Normalmente funcionava. Foi nesse momento que me lembrei de todos os pesadelos que tinha esquecido. Eram todos iguais. Eram todos como aquele.

— Atire — ouvi a voz de Vitor ao meu ouvido e me virei, sem encontrá-lo em lugar algum. Quando me voltei, era Oliver quem estava bem na minha frente, com a arma em sua testa. — Vai matá-lo a qualquer momento de qualquer maneira.

Comecei a respirar pesadamente. Tentava tirar a arma da testa de Oliver, mas ela não obedecia.

— Victória, atire — disse ele, calmamente. — É preciso.

Fiz que não com a cabeça, sem conseguir dizer uma palavra sequer.

— Vamos, Vic — disse Vitor, ainda ao meu ouvido. — Ele já é um homem morto mesmo.

— Vamos, Victória — Oliver pediu de novo, mas neguei. — Ande logo com isso.

— Não… — chorei.

Por favor.

— Não!

Ele pegou a arma em suas mãos e disparou o gatilho.

Naquele momento, o sonho mudou. Eu atravessei uma espessa névoa e parei em uma sala escura, algo que poderia ser feito de obsidiana e se estendia por um longo corredor, com porta de um metal bastante escuro, mas não chegava a parecer o fedoibecê.

 

》Play1《

 

Alguém assobiava ao fundo a música “twisted nerve” e eu conseguia ouvir algo parecido com uma faca sendo afiada. Que combinação, não?

Do corredor, vi uma figura aparecer e se mostrar na precária luz que tinha ali. Cada vez que eu o via novamente parecia cada vez mais quebrado. No entanto, também parecia mais forte, como se estivesse malhando horas por dia.

Cruzou os braços e se apoiou na entrada do corredor.

— Nicolas — chamou Vitor. — Está pronto?

Consegui me virar e ver o garoto chamado Nicolas, com uma lança em mãos. Era a arma mais estranha que eu já vira. O cabo era inteiramente branco e a ponta era grande e transparente. Parecia ser feita de gelo.

O menino não era muito diferente. O cabelo era inteiramente branco e os olhos eram azuis bem claro. A pele branca como a neve e tudo a sua volta parecia ter uma temperatura abaixo de dez graus negativos. Se eu não estivesse em sonho, poderia facilmente ter congelado, no entanto, ele usava uma regata branca e jeans claro, mas estava descalço.

— Quase, Comandante — respondeu, olhando para a lança em suas mãos. — Só preciso terminar alguns detalhes na lança. O escudo já está pronto.

— Ande logo com isso, quero colocar tudo em prática antes do final do ano. No início do próximo no máximo.

— Cheque os seus outros soldados, comandante. Sou o que mais progrediu.

— Teríamos progredido mais se estivéssemos com sua irmã. Mas fazer o quê… Pelo menos ela funciona?

Consegui ver que Nicolas apertou com força a lança em suas mãos. Dava para ver que tocar no assunto da irmã não era algo que ele queria fazer. Ele ergueu a lança e a cravou na mesa de metal sem esforço. No mesmo instante, o ponto que lança cortou a mesa começou a ficar branco e se expandiu com uma velocidade incrível, transformando-a em puro gelo. Nicolas deu um tapa nela, que se desfez em pequeninos pedaços no chão.

— Ótimo — disse Vitor, sem parecer impressionado. — Isso deve dar conta do garoto.

— E… ela?

— Dela deixe que cuido eu. A conheço há tempo o bastante. Tenha certeza que tudo estará pronto quando chegarem. A primeira parte está correndo como planejado. Daqui a alguns dias a segunda irá acontecer e, logo depois a terceira. Em torno do natal deve acontecer a quarta. Não deixe que ninguém estrague tudo.

— Sim, senhor.

— Agora, com licença. Tenho um plano para fazer andar.

Abri os olhos com força e um pequeno pulo em minha poltrona. O avião estava pousando.

Olhei para a poltrona ao meu lado e vi meu pai entretido com um livro. Do meu outro lado, grandes colinas verdes passavam vagarosamente e sabia que tínhamos chegado à Itália.

Tentei não me concentrar no sonho que eu tivera, mas era difícil quando era o único que eu me lembrava desde muito tempo.

Nunca pensei muito sobre o homem que matei na Espanha, porque tinha mais coisas na cabeça para resolver, mas isso não me deixava menos culpada ou assustada. Eu precisava ter feito aquilo? Provavelmente não e isso me destruía por dentro.

Respirei fundo, tentando me concentrar no que meu pai dizia. Aparentemente, Punta Ala era considerada algo como um subúrbio pela Itália, mas apenas porque os trouxas não conseguiam ver nada que tinha por ali. A pequena cidade era praticamente habitada somente por bruxos. Os poucos trouxas ali presentes mal saíam de casa ou estavam velhos demais para perceber ou ouvir alguma coisa.

— Agora — meu pai disse, pela milésima vez. — Vamos ver se agora você se lembra.

Suspirei, cansada. Ele estava tentando me fazer falar pelo menos um pouco de Italiano, mesmo sabendo a língua, eu não tinha muita experiência falando ela.

— Subúrbio de Castiglione della Pescaia, província de Grosseto, região da Toscana.

— Isso! Quer comprar algo para comer? Vai ser uma longa viagem de carro. A não ser que queira dormir mais um pouco…

— Não! — protestei. — Eu vou conseguir uns lanches. E um copo enorme de café…

Comprei o que eu podia no aeroporto. Você não acreditaria em quantas opções de massa existem numa simples lojinha de aeroporto, mas consegui comprar o que nos manteria vivos até chegar à Punta Ala.

Encarava a janela do Maserati Alfieri tentando distrair minha cabeça — o que é fácil quando se tem déficit de atenção —, mas não conseguia deixar de pensar no que tinha visto enquanto dormia. Eu não entendo como, mas eu sabia que Nicolas era irmão de Alicia. Provavelmente sua aura fria o entregou.

Gostaria de falar com ela (por mais estranha que essa frase me parecia). Precisava saber se sabia que tinha um irmão, já que ela nunca comentou nada. Se bem que não éramos as melhores amigas do mundo forever and ever, ela não tinha razão alguma para me falar algo.

— Ei, Vicky — meu pai segurou a minha mão e o olhei, sem expressão. — O que aconteceu?

Respirei fundo e resolvi contá-lo sobre o que sonhei. Não tinha razão para esconder de meu pai o segundo sonho, mas não falei do primeiro com Oliver — ele faria perguntas demais. Assim que terminei, não consegui decifrar sua expressão. Parecia tão confuso quanto eu a respeito do que poderia significar.

Ele apertou a minha mão com mais firmeza e disse:

— Não se preocupe, Vicky. Não deixarei nada acontecer com você. É por isso que contratei... um guarda costas para você, enquanto estivermos na cidade.

Franzi o cenho. Ele não tinha comentado nada disso comigo antes.

— Um guarda costas? — perguntei curiosa e um pouco estressada. — E resolveu me falar isso só agora?

— Ele tem quase a mesma idade que você, não levantaria suspeitas.

Isso me intrigou. Por que eu precisaria “não levantar suspeitas”?

— Pai, eu posso me cuidar sozinha. Fiz isso a minha vida toda.

— Eu sei Vicky, mas você é minha filha — ele me abraçou de lado. — Nunca estará em plena segurança. Só quero ter certeza que ficará bem. Encontraremos com ele no jantar.

Assenti, ainda incomodada. Quer dizer, como um garoto da minha idade poderia me ajudar mais do que eu mesma? Não pensei ser nada justo isso. E também significava outras coisas: meu pai não sempre se achava proteção o bastante, será que ele estava prevendo algo? Se ele contratou um guarda costas, era porque eu estaria sem ele por bastante tempo. Se fosse assim, qual seria o intuito da viagem se ele nem estaria comigo?

 

》Play2《

 

Chegamos à estrada que dava para ver o mar. Era uma visão maravilhosa para falar a verdade, ainda mais a cidade sendo quase inteiramente bruxa. No início, pensei não ver nada demais, mas me dei conta que era um feitiço.

Havia várias lojas entre as árvores vendendo vassouras, varinhas e coisas do gênero. Vi uma que tinha grandes letras escritas Dolce Illusioni em cima, o que significaria algo como “Doces Ilusões” e vendia todos os meus doces bruxos favoritos.

Noutra loja consegui ver vários livros voando de lá para cá, às vezes esbarrando uns nos outros ou na cara da moça que tentava controlá-los. Ela acenou com a mão em minha direção e acenei de volta um pouco relutante, sem entender.

Em outra, vi as palavras Amore Animali, que vendia corujas, gatos, sapos e outros animais de estimação. Meu coração apertou, já que Bastet e Peep estava indo em um carro separado para a casa na cidade. Alguns deles se viraram quando o carro passou por eles, miando e piando alto.

A que mais me chamou atenção foi a Tina’s Magui, uma loja de varinhas. Do lado de fora, tinha várias delas lutando entre si ou jogando pequenas faíscas no ar, como pequenos fogos de artifício. Ri comigo mesma quando todas soltaram ao mesmo tempo que se formou a palavra Ciao!. Um “olá!” informal em italiano.

Viramos a direita em um caminho estreito, fazendo os lugares desaparecerem e fomos envoltos por árvores densas. Me senti um pouco triste. Fora Hogsmeade, era a primeira cidade bruxa que eu via.

— Gostou do lugar? — perguntou meu pai e assenti. Ele então olhou a hora em seu relógio e franziu o cenho. — Precisamos nos apressar, já são quase seis. Tome um banho rápido e coloque qualquer roupa.

Fiz que sim e o carro parou. O motorista abriu a porta pra mim e fiquei de boca aberta ao ver a casa.

Tinha dois andares no melhor estilo antigo que já se viu. As janela eram brancas de vidro espelhado e ela inteira parecia ter o tom marrom/bege/branco, mas por dentro era bem mais moderno do que parecia ser.

A sala era a mesma coisa. O longo sofá tinha o tom marrom claro, com almofadas no tom mais escuro. A poltrona de couro era bege e o tapete branco. As paredes se dividiam em tons de marrom e bege.

Uma comprida mesa de oito lugares marrom de cadeiras pretas separava a sala da cozinha, com seus armários brancos e balcão de madeira.

Meu pai me apressou e subi as escadas, com os homens que carregavam as minhas poucas coisas já descendo do meu quarto.

O meu quarto tinha as paredes feitas inteiramente de madeira, com o tom dos móveis variando entre branco e bege. A cama ficava ao lado da grande janela sem cortinas(o que pensei ser um problema quando eu quisesse dormir até tarde), duas poltronas ao seu lado e uma escrivaninha na outra parede, ao lado da porta que pensei ser o banheiro.

Do outro lado também havia uma porta. Ao abrí-la, vi que era um quarto de hóspedes, com uma bolsa de academia em cima da cama. Provavelmente do meu pai. Dei de ombros e me voltei para a porta do banheiro.

Assim que abri, percebi ser um closet de tamanho considerável, com as paredes também marrons e um puff bege. Só que não foi isso que me fez petrificar, sentado no puff fazendo carinho em Bastet, estava Heric.

— Vih! — disse assim que me viu e correu para me dar um abraço de urso. Ele era mais forte do que parecia. — Que saudade, minha pequena!

— Heric! — respondi, como dava. — Olha, eu não tava te esperando por aqui!

Ele me colocou no chão e  pegou as minhas mãos, me analisando.

— Eu sei que isso vai parecer impossível, mas você cresceu!

— Vou tentar levar isso como elogio.

— Como está bonita! — ele me girou, como se estivéssemos em algum patético filme adolescente. — Seus belos olhos se destacam sem os óculos! Cada vez que eu te vejo, parece que estou vendo a própria deusa do amor!

— Eu não diria isso em voz alta.

— Vá se arrumar! Tome um banho! Eu estou aqui para te arrumar! Vai ser rápido e vai ser lindo! Ande! Ande! Vá!

Ele me empurrou e fechou a porta do banheiro. Eu tinha me esquecido como era… turbulento ter Heric por perto.

Assim que desliguei o chuveiro e deixei meu cabelo cair seco em meus ombros. O tinha lavado naquela manhã, não perderia tempo fazendo isso de novo.

— Tomei a liberdade de montar seu guarda roupa inteiro enquanto você estiver aqui! — Heric comentou, enquanto eu me secava. — E já escolhi a roupa certa para usar em seu encontro!

Abri a porta, segurando a toalha e o encarei nervosa.

— Que encontro? — perguntei enquanto ele me passava um vestido justo cinza claro, de mangas curtas. — Eu não vou vestir isso!

— Com o bonitinho! E você vai sim, está atrasada! — ele me empurrou de volta ao banheiro.

Bufei, sabendo que não teria escapatória. Pensei que ficaria largo, já que tinha emagrecido, mas se encaixou perfeitamente em meu corpo. E, admito, o vestido não era feio.

— Não é um encontro, Gauthier! — eu disse, abrindo a porta e Heric colocou a mão no coração, fingindo que estava chorando de emoção. — Vou conhecer meu guarda costas! Só isso!

Ele passou uma jaqueta jeans em volta da minha cintura e a amarrou ali.

— Isso é porque você não o viu ainda, querida. Parece um sonho! Um sonho italiano! Mamma mia!

Ele me entregou dois tênis brancos com um salto enorme, uns… doze centímetros?

— Parece até que não me conhece, Heric! Eu não vou usar isso!

— Vai sim! — ele me puxou e m sentou na cadeira em frente a escrivaninha, que notei ter a maleta de maquiagem de Heric. — Acredite, você vai me agradecer depois!

Coloquei os sapatos enquanto ele procurava alguma coisa na maleta. Assim que me sentei, notei ser um colírio da marca que eu usava. Ele ergueu meu queixo e pingo as três gotas em cada olho. Normalmente eu tinha agonia disso, mas depois da cirurgia o que eu sentia era alívio.

— Eu não vou poder usar maquiagem por causa da cirurgia! — fingi estar decepciona e fiz um muxoxo. — Que pena!

— Pode usar este rímel incolor especial — ele mostrou um tubinho transparente — e este batom matte marrom — ele ergueu o outro tubinho. — Vai ficar maravilhoso com seu tom de pele! — ele começou a passar o rímel em mim. — Precisa estar maravilhosa!

Não. É. Um encontro!

— Pode acabar sendo! Qual é, Victória! Não está com ninguém desde o menino Arkwright! Não sei se o Daniel conta. Uma garota tão linda como você merece estar na melhor das companhias!

Ele terminou e eu me levantei.

— Dá pra você… — antes que eu terminasse, meu telefone começou a tocar. — Alô?

Ei? —meu estômago se contorceu ao ouvir a voz de Oliver. — Liguei no momento errado?

— Não, pode falar — me afastei de Heric e fui para o outro canto do quarto. — Como estão as coisas?

Mais difíceis do que pensei. As casas estão em pé de guerra, mas estamos conseguindo dar um jeito.

— Isso é bom — tentei falar o mínimo possível, para Heric não notar nada.

Seu pai está por perto?

— Não, ele não está.

Entendi. Vocês chegaram bem?

— Sim, vamos àquele jantar com meu guarda costas agora.

Então vou desligar agora, ambos estamos muito ocupados. Estava pensando em te ligar quando acabasse o meu expediente, mas provavelmente seria madrugada aí.

— Eu te ligo, que tal? — ri, cruzando os braços.

Ótima ideia — ele riu junto. — Bem, até mais.

— Até — me virei e encontrei Heric de braços cruzados para mim. As sobrancelhas erguidas, olhos semicerrados e um pequeno sorriso nos lábios. — Que foi?

Ele riu, sem sequer mover os lábios.

— Então… Já tem alguém, é?

Olhei dele para o meu telefone e para meus pés, que notei estarem tortos.

— Heric, se você…

— Relaxe, Vih. Eu não vou contar ao seu pai, você venceu — ele ergueu as mãos para cima, ainda com o sorriso debochado no rosto. — Não é um encontro.

Assim que ele terminou de rir, meu pai bateu na porta, pedindo para descer e Heric disse que, quando eu voltasse, queria ouvir tudo sobre a minha ligação.

O mesmo carro nos levou até um restaurante chamado Buba e não, eu não sei o que significa ou deixa de significar.

O carro só conseguiu nos levar até o final de uma estrada com o que parecia um pedágio no fim, mas do outro lado havia vários barcos. Tantos que eu quase não conseguia ver o mar.

Nós saímos  e fomos por um caminho de pequenos prédios amarelados, com lojas em seus primeiros andares. Tudo por ali tinha cheiro de água salgada e o vento batia em meu cabelo. Era uma sensação boa, me passava tranquilidade. Talvez porque minha mãe foi criada da espuma do mar, pode-se dizer que faz parte das minhas origens.

Chegamos ao restaurante, em que havia um homem sentado à porta,o que estranhei. Ele não deveria estar dentro do restaurante?

Quando cheguei perto do lugar, vi pelas janelas de vidro que não havia sequer uma mesa disponível.

— Desculpem, estamos lotados — o homem disse, sem erguer os olhos do jornal. Era magro e os cabelos inteiramente cinzas, com o uniforme do lugar em tons de preto, vermelho escuro e dourado.

— Temos reserva — meu pai disse simplesmente, colocando as mãos atrás das costas. Pensei ser impossível, já que não havia uma mesa disponível.

O homem levantou os olhos do jornal para meu pai e eu, nos olhando de cima a baixo.

— Que tipo de reserva? — ele perguntou, erguendo as sobrancelhas.

Meu pai tirou um galeão do bolso e o entregou. O homem girou a grande moeda de ouro nas mãos.

— Esse tipo — respondeu.

O homem sorriu e guardou a moeda no bolso. Me surpreendi quando ele tirou a varinha do bolso e tocou na fechadura da porta, que brilhou levemente. Assim que ele girou a maçaneta, parecia que meus olhos estavam me enganando.

O lugar era muitas vezes maior que o outro e pessoas diferentes estavam ali dentro, com algumas mesas vazias. Como o uniforme do homem na porta, toda a decoração era em tons de preto, vermelho e dourado. Meu pai me guiou em direção do final do estabelecimento.

Ao fundo, um garoto estava bebendo vinho, distraído por alguma coisa no celular. Ele deveria ser o tal do meu guarda costas, mas não vi nada de muito especial nele. Tá, ele era forte pra caralho? Era. Ele poderia chutar a bunda de pessoas que quebrariam meus ossos? Poderia. Porém, tinha uma aparência normal.

Os olhos eram castanho esverdeados, o cabelo liso castanho escuro. A pele tinha um leve bronzeado, mas ei! Eu também tinha! Tá, minha pele é bem mais escura, mas também tinha!

Assim que nos viu, se levantou e eu quis engolir cada uma das palavras que eu tinha acabado de pensar. O cara era enorme! Tipo, quase um metro e noventa! Era tipo um gigante, nunca que aquele cara tinha dezessete, sequer dezesseis anos! Agradeci silenciosamente a Heric pelos saltos, assim eu não ficava tão baixa perto dele. O que não significava que eu era uma Ana Hickman da vida, não é mesmo?

— Vicenzo — meu pai apertou sua mão. — Bom te ver novamente. Esta é minha filha, Victória.

Ele finalmente se virou para mim e sua expressão suavizou. Parecia atortoado e não tirou os olhos dos meus ao apertar minha mão.

— Uau! — disse, com sua voz forte. Pareceu notar o que tinha acabado de fazer e olhou diretamente para meu pai. — Ela é idêntica ao senhor, senhor Cantorinne!

É, ótima saída, idiota.

— É um prazer conhecê-lo, Vicenzo — tentei salvá-lo da fúria de meu pai, o que funcionou.

Ele disse que podíamos nos sentar e assim fizemos, ele fez o pedido e se voltou para nós.

O jantar se foi em uma mistura de silêncio constrangedor e conversa fervorosa. A conversa fervorosa foi entre Vicenzo e meu pai. O silêncio constrangedor partiu de mim. Eu não sabia o que dizer, mas os dois estavam se dando bem, aparentemente.

No caminho de volta, aparentemente, Vicenzo ia conosco.

Cheguei perto de meu pai, longe dos ouvidos do garoto.

— Pai, por que ele vem conosco?

Ele sorriu.

— Ora, ela ficar conosco, Vicky.

Franzi o cenho.

— Ficar conosco tipo… por uma noite?

— Não, Victória. Conosco enquanto estivermos na cidade.

O parei, segurando seu pulso. Ele não tinha falado nada disso comigo.

— Como é que é?

— Ele é seu guarda costas, querida. Tem que estar perto de você o tempo todo. Está no quarto ao lado do seu.

Me lembrei da bolsa de ginástica na cama do quarto ao lado do meu.

— Nós vamos ter quartos interligados?! Tem outra coisa que deixou de me contar? Ele por acaso é meu irmão perdido?

Ele me encarou de forma estranha e então deu um fim à discussão, entrando no carro.

— Então — ouvi a voz de Vicenzo, me olhando com um sorriso no rosto. — Pronta para sermos os melhores e mais próximos amigos do mundo inteiro?

Revirei os olhos e entrei no carro, esperando que os deuses estivesse apenas caçoando com a minha cara.

 


Notas Finais




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