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História A Herdeira - Segredo Sangrio REFAZENDO - Embarco na perda de meu fôlego


Escrita por: Amazyx

Capítulo 8 - Embarco na perda de meu fôlego


Fanfic / Fanfiction A Herdeira - Segredo Sangrio REFAZENDO - Embarco na perda de meu fôlego

Sabe, resumindo o mês que se passou, eu praticamente podia redefinir a expressão “duas caras” para “Vicenzo Tolentino”. Era literalmente a mesma merda.

Eu vou dizer a parte boa e a parte ruim de ser filha de Afrodite. A boa? Bem, conseguir o que eu preciso fica extremamente fácil. A ruim? As cantadas que a gente recebe. Sério, é cada pérola que eu poderia escrever um livro! No entanto, as que recebi de Vicenzo eram mais… diretas.

Na frente de meu pai ele era o perfeito gentleman, um cavalheiro, falava rebuscado, discutia coisas que eu não entendi e etc. Mas… querido, meu querido, quando o supremo (também conhecido como Sandro) não estava na casa — coisa que aconteceu mais do que eu achava necessário —, o garoto não saía da minha cola! Era irritante! Meu pai ainda teve a excelente ideia de botar ele para me treinar, já que eu, aparentemente, estava fraca demais.

— Não sei do que Sandro está falando — Vicenzo comentou, no primeiro treino. Ele me olhou de cima a baixo. — Não vejo problema nenhum com você.

Antes que me chamem de “estúpida”, eu tentei sim falar com meu pai, mas ele foi irredutível. Ele gostava do cara, eu não tinha provas do assédio, o que eu poderia fazer?

— Não vou mais discutir esse assunto com você, Victória! — respondia, firme. — Tenho assuntos para resolver e acredite em mim quando digo que o senhor Tolentino é o único capaz de te manter em segurança.

— Segurança do quê? — eu perguntava.

Ele, então, me olhava com serenidade e me dispensava, dizendo que estava ocupado.

O que salvou o tal mês foram as ligações frequentes com Oliver. Ele começou a me ligar em torno das sete horas da manhã, quando ele acordava. Era o único horário disponível para nós dois e conseguia me relaxar de tudo que estava acontecendo. No entanto, sentia que ele também estava escondendo alguma coisa de mim.

Perguntei sobre Ana, quem era a pessoa que deveria ajudá-la, como estava se saindo, por que não tinha entrado em contato comigo. Ele só respondeu a última: ela não tinha autorização de usar o demiwiz na escola. Aliás, ninguém mais tinha, pelo jeito. Conseguiram acabar com o sinal dos celulares. O motivo? Não sei.

Encarava a janela de meu quarto, enquanto fazia carinho em Bastet e analisava a paisagem. Eu conseguia ver boa parte da praia e do mar, onde os vários barcos estavam atracados. Uma parte parecia ter barcos bem grandes, algo que caberia uma porrada de gente.

— Alô! — ouvi a voz de Heric na porta e disse para ele entrar. — Docinho, o que há de errado? — ele perguntou com uma voz verdadeiramente preocupada. — É aquele garoto? Porque ele também está me dando nos nervos!

Ele se sentou na outra ponta da minha cama, bufando igual a um buldogue.

—  Achei que gostasse do “sonho italiano, mamma mia!

— Está brincando? Eu mal conversei com o cara e ele foi a pessoa mais grossa que já conheci!

Ergui uma sobrancelha.

— Sério? — perguntei com escárnio. — Tem certeza que não fez nenhum comentário impróprio sobre o traseiro do cara?

Heric fingiu estar ofendido, mas eu sabia que aquilo era praticamente um “É claro que sim! Você não?” Antes que ele pudesse inventar alguma mentira, ouvimos a porta que ligava meu quarto com o de Vicenzo ser brutalmente aberta. O próprio apareceu nervoso e cruzou os braços, olhando de mim para Heric. Se fixou em meus olhos.

— Você não tranque esta porta, garota!

Revirei os olhos, voltando a olhar para a janela.

— Sabe, Vicenzo — comecei —, eu poderia estar trocando de roupa!

— Não, eu não teria tanta sorte.

O encarei, nervosa.

— O que você quer, imbecil?

— Seu pai disse que eu devo te levar a um passeio de iate. É uma espécie de restaurante bruxo e está fora de questão você recusar. Se vista bem e esteja pronta rápido, saímos em meia hora. — e saiu. Assim, sem dizer mais nada.

Olhei para Heric, balançando o pé e disse:

— Eu vou cometer um assassinato!

— Por que? — ele se levantou e foi para o closet. — É a oportunidade perfeita!

Saí da cama e o segui. Como ele fazia várias vezes, começou a analisar as roupas que estavam nos cabides e a jogar as que ele gostava no puff.

— Heric, fale a minha língua por favor.

— Ah, Vih! Vai dizer que não sabe a melhor maneira de colocar um carinha no lugar!

— Am… chute no saco?

— Não! Quer dizer… também, mas não é disso que eu estou falando! Ele vive dando em cima de você, vamos usar isso contra ele!

— Você quer que eu dê mole pro cara?

— Não exatamente… Provoque! Nada vai deixá-lo mais enfezado do que você frustando-o! — ele pegou um vestido branco de alcinha tão apertado que pensei que nem Amanda entraria ali. — Perfeito!

— Nada perfeito! Heric, eu não sei como fazer esse tipo de coisa!

— Não precisa saber, meu amor! Está no seu sangue! Esqueceu quem é sua mãe?

— Não acho que isso seja um tipo de coisa hereditária.

— Pois é sim! — ele pegou um salto preto enorme e um blazer da mesma cor, olhando com aprovação para mim, imaginando como ficaria em meu corpo. — Vamos! Vista-se logo, eu tenho pouco tempo para fazer sua maquiagem! Graças aos deuses seus trinta dias depois da cirurgia acabaram!m

— Heric! Eu não sei fazer isso!

— É filha de quem mesmo? Ele não quer que você se vista bem? Não vamos querer decepcioná-lo.


 

Olha, se me contassem que Heric saberia exatamente o que fazer em alguma situação como conselheiro de relações, eu teria rido muito forte. No entanto, depois de ver a reação de Vicenzo — ou a falta dela — ao me ver, eu poderia considerar a ideia.

Quando saímos os sol seguia seu caminho lentamente pelo céu, quase como se Apolo quisesse atrasar alguma coisa. Ou acelerar, quem sabe.

Mesmo eu me sentindo extremamente bem no mar, não tinha um currículo vasto em viagens marinhas. Na boa? Só consigo me lembrar da missão que fiz com Smith para a Ilha dos Mortos, que acabou se revelando ser o tal Baú do Davy Jones, que continha os espíritos de mortos no mar. Alguns dos meus parentes, inclusive.

— Presumo que não vá me responder  a razão de meu pai ter lhe dito que devia me trazer aqui. — eu disse, enquanto ele entregava os ingressos e o homem dizia aonde deveríamos ir. Ainda sem dizer uma palavra.

— Só sigo ordens, meu bem — ele arrumou a gola da camisa por baixo do blazer, sem gravata e estendeu um braço para mim. — Se importa?

Cara abusado! Ele estava pensando que era quem? Quase aceitei, mas me lembrei do que Heric tinha me falado. Vamos usar isso contra ele! É filha de quem mesmo?

— Na verdade — segurei minha bolsa dourada com as duas mãos, olhando com desprezo e um pequeno sorriso para seu braço. — Me importo sim.

Ignorei seu braço e andei até a nossa mesa, sem esperar por ele e resistindo à vontade de olhar para trás e ver sua reação. No entanto, não foi necessário, já que Vicenzo sentou à minha frente com uma cara tão fechada que qualquer um poderia pensar que ele estava de TPM.

Fizemos nosso pedido e eu olhei em volta, não me lembrando da última vez em que estivera em um restaurante bruxo. Não havia pessoas servindo, as bandejas, copos e pratos iam sozinhos às mesas. O sol entrava pelas janelas enquanto avançávamos pelo mar. Quase estranhei não sentir o balanço das ondas, reprimidos com um feitiço provavelmente.

— Até quando vamos ficar por aqui? — perguntei, analisando a vista da janela ao nosso lado enquanto uma garrafa de vinho servia as duas taças.

— Até… quando eu quiser — disse Vicenzo, bebendo um pouco de vinho. — Então seja boazinha e encurte esse tempo. Tire a roupa!

O encarei. Estava pronta para deferir um belo tapa em seu belo rosto, mas então tive uma ideia.

Revirei os olhos e tirei meu blazer. Ele engasgou e deixou a taça cair no chão, me olhando desesperado. Gargalhei com sua reação e peguei a minha taça.

— Você mesmo disse: não teria tanta sorte.

Ele franziu as sobrancelhas, nervoso e pegou a varinha, consertando a taça enquanto um esfregão limpava o vinho derramado.

Vi a minha própria varinha rolar em minha direção e parar no pé da cadeira. A peguei,me perguntando por que eu precisaria da minha varinha, mas tentei ignorar esse fato.

Comemos a refeição em silêncio. Ele tentando não parecer puto da cara e eu tentando não rir de seu esforço. O que foi difícil, convenhamos.

Enquanto Vicenzo pagava, eu fui até a parte aberta do iate, notando que o sol começava a se pôr. O que era estranho, deveria ser noite já. Me apoiei na grande, observando aquela cena tão bonita.

— Primeira vez no Mirage? — uma mulher me perguntou, me surpreendendo.

Tinha a pele bronzeada, olhos castanhos e cabelo preto formado por trancinhas. Vestia uma saia justa branca e uma blusa social de cetim azul marinho, a mesma cor dos sapatos.

— Am… sim.

Ela riu, com graça. Claro, se eu risse ia parecer uma hiena afogando.

— Não quero ser rude, mas é perceptível. Como parece deslumbrada por tudo. Chamo-me Valentina Libani, aliás.

— O.k.

— Está gostando do passeio?

— Sim, apesar de preferir o conforto da minha casa. — olhei para a praia de onde viemos, a vários quilômetros de distância, quase desaparecendo.

— Ah, mas às vezes faz bem mudar os ares…

— Aí está você! — senti meu braço ser puxado e Vicenzo me virou de costas para Valentina.

Me senti estranha. Quase como se estivesse faltando alguma peça de roupa. Talvez porque eu tivesse esquecido o blazer no restaurante e começava a ventar, o sol começando a sumir.

— Está nos interrompendo — bufei.

Ele se virou para a jovem e a analisou de cima a baixo.

— Licença. — e começou a me puxar.

— Talvez conversemos depois! — eu disse. — Tchau, senhorita Libani.

— Tchau, senhorita Cantorinne — ela respondeu.

— O que estava pensando, sumindo assim? — Vicenzo perguntou.

— É meu guarda costas, faça seu trabalho!

— Meu trabalho não é servir de babá para uma garota mimada como você!

— Mimada, eu?

— Sim!

Respirei fundo, notando uma coisa.

— Vicenzo.

— O quê?!

— Eu não disse meu nome àquela mulher.

Ele olhou por cima do meu ombro e me puxou para trás dele, lançando um feitiço de proteção no momento em que Valentina lançou um raio amarelo em nossa direção.

Ambos eu e ele lutamos contra ela, o que eu esperava nos dar alguma vantagem, mesmo sem saber porque ela estava nos atacando.

Ela lançou um feitiço abaixo de seus pés e voltou a se defender dos ataques de Vicenzo. No entanto, ergueu a mão e o iate deu uma inclinada bruca para o lado, distraindo a mim e a Vicenzo.

Locomor mortis! — ela disse em minha direção e as minhas pernas se juntaram, como se fossem dois imãs e não se desgrudaram mais. — Estupefaça!

Meus pés perderam o chão e fui lançada para trás, dando cambalhotas no ar até que o frio do mar me engoliu. A água pareceu querer me mandar para baixo e notei algo estranho. Sentia uma pressão no abdômen, querendo fazer o ar sair de meus pulmões. Isso não acontecia antes.

Levei minhas mãos à Joia do Mar, tentando ver se tinha se partido, mas não a encontrei. Havia apenas o medalhão que minha mãe me dera. Comecei a me desesperar. Como aquilo tinha acontecido? Então me lembrei na sensação de ter algo faltando, na embarcação.

Valentina!

Aquela filha da…

Antes que eu inventasse algum palavrão pior do que puta, senti algo se enrolar em minha cintura e me puxar para baixo. Tentei me libertar do que senti ser alguma espécie de tentáculo, mas não consegui. Cada vez que ia para mais baixo, o ar saía de meus pulmões. Sentia o coração acelerar mais do que seria humanamente possível e meus músculos viraram gelatina.

Senti um braço se enroscar em minha cintura, tentando me puxar para cima, mas não vi quem era. Finalmente, o aperto em meu abdômen se esvaiu, mas já sentia a água em meus pulmões, sem ter a mesma sensação de estar respirando ar e perdi a conciência.


 

A água sai de minha boca rapidamente e comecei a tossir. Não estava mais no mar ou na areia, mas em um chão, de concreto.

— Finalmente! — ouvi a voz de Vicenzo. — Estava começando a desistir, garota!

Ainda sentia como se facas cortassem cada centímetro de.meu corpo. Tremia como se estivesse em um terremoto interno.

— O-o-o-ond-de est-t-t-tam-mos? — gaguejei.

— Na varanda de meu quarto. Chamei minha vassoura, assim que te trouxe a superfície.

Tentei murmurar um obrigada, mas estava tremendo demais. Se meus dente continuassem a bater como batiam, iriam quebrar. Vicenzo colocou a mão em meu rosto.

— Você está ficando azul, vamos! — ele me ergueu e entrou na porta ao lado da varanda.

Era um banheiro, exatamente como o meu, porém sem banheira e menor. Vicenzo se sentou no chão do chuveiro, ainda me segurando e o ligou.

A água atingiu as minhas costas como uma bola de fogo. Tentei sair dali, mas Vicenzo me segurou firme com os dois braços, me impedindo de fazer qualquer esforço para sair da água escaldante. Não que adiantasse muito, eu estava muito fraca.

Passados alguns minutos, o calor ficou mais suportável. Minha respiração se estabilizou e relaxei, apoiando a cabeça no peito de Vicenzo.

— Obrigada — soltei em um sussurro e fechei os olhos,deixando meu corpo se dar por vencido e descansar.


Notas Finais




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