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História A herdeira do diabo - Capítulo 3


Escrita por: ParacetaLOKA

Capítulo 3 - Capítulo 3


Fanfic / Fanfiction A herdeira do diabo - Capítulo 3

 

Música: audien– something better

 

 

Chapter 3 – Fuck you

 

 

 

—Só pode ser palhaçada! – exclamei o olhando nervosa– Eu não quero saber, me tire daqui agora! – exigi,prepotente

—Não,e mesmo se eu quisesse não posso

—Por que?

—Meu criador disse que eu e você deveríamos ficar juntos até o último dia da profecia!

—Que se dane seu criador, eu quero sair daqui! 

 

Ele me ignorou e voltou a se sentar em minha frente. É um pouco como uma tortura o modo como ele me ignora. Começo a achar que é exatamente isso que ele está fazendo: me torturando com o seu silêncio.Revirei os olhos, não sentindo mais o peso do meu colar em meu colo

—Onde está meu colar?

 

Ele pensou meio segundo antes de responder

—Eu o quebrei e o joguei fora

—VOCÊ OQUE? VOCÊ É LOUCO?

—É claro que você, no segundo em que eu virasse as costas,iria voltar para o seu mundo,não sou tão idiota assim!

—E o que seu criador disse para você?– perguntei com repulsa ao pronunciar o nome Dele

—Que nós deveríamos ficar juntos até o último dia da profecia, deveríamos ir para Washington e depois, para Califórnia!

—Ótimo,vou ser turista agora! Pelo menos vamos de primeira classe?

—Vou pensar no seu caso! – falou com desdém

—Fui sequestrada por você, o mínimo que pode fazer é realizar um pouco dos meus desejos, não acha?

—Você vai ter que aceitar minhas ordens,ou podemos ficar aqui até o último dia da profecia! – bufei, mordendo fortemente o lábio

—E quanto tempo vamos ter que ficar juntos?

—Não sei

—Ahh que ótimo, me tranquiliza saber que,vou ter que conviver com você por tempo indeterminado!– falei cínica vendo ele me olhar com tédio

 

Houve um silêncio gritante entre nós, ele ainda me olhava sem desviar o olhar,me analisando. Já eu, tentava ao menos dormir um pouco naquela cela imunda e fria.

 

—Pode ao menos, me falar seu nome?– perguntei baixo

—Justin

—Você é mais velho que eu né? Soube que Ele já tinha seu herdeiro a muito tempo!

—Sim

—Então,quantos anos tem?

—23

—Por que você é desse jeito?– perguntei confusa, o observando.

 

Sua postura era impecável. Ele sentava na cadeira corretamente, sem nenhum erro. Seu olhar escondia toda suas emoções, assim como ele transmitia um ar de imponente perante as pessoas. 

 

—Que jeito?

—Você é bem diferente do que eu imaginei ser um anjo!– falei tombando a cabeça um pouco para o lado

—Como imagina um anjo?– perguntou parecendo se divertir com minha pergunta

—Bom,amável,amigo, feliz, sorridente, sei lá, essas merdas fofas– falei o olhando vendo ele sorrir pequeno

—Então você não conhece metade dos anjos que vivem por aí!

—Já conheci o suficiente para não querer ser um. Assim como já conheci o suficiente também para saber que você não se parece nada com eles!

—Você é tudo o que eu imaginei ser um demônio,já conheci vários como você, e você é idêntica a eles!

—Que bom que acha isso!– sorri falsa

—Soube que você era milionária, como conseguiu?

—Eu forcei um multimilionário a passar seus bens em meu nome. Fiz todos acreditarem que ele estava apaixonado por mim,e logo depois ele morreu,deixando seu império em meu nome. Foi bem legal esse dia,foi a primeira vez que eu usei o mentalismo. 

—Você o matou?

—Não,acho que eu não teria tanta coragem assim naquele tempo. Eu sabia que ele tinha uma doença degenerativa e já estava em seu estágio final, ele não tinha com quem deixar seu dinheiro e foi aí que eu entrei na história.

—Ele tinha uma família

—Eu não me importo! – dei de ombros, desdenhosamente – Agora,por favor, poderia me trazer alguma coisa quente para eu beber e depois dormir um pouco?

 

Ele me olhou indiferente,continuado sentado na cadeira sem mover um músculo. Bufei me enrolando em mais um cobertor,deitando no colchonete fino e frio que estava no chão, pegando no sono em alguns instantes, sentido sua presença, ainda me encarando.

 

***

 

 

Acordei ouvindo barulhos de chaves. Forcei a visão, olhando para atrás de onde eu dormia, vendo Justin me levantar a força.

 

—Ei calma aí garanhão! – falei ajeitando meu vestido. Subi o pano da minha bota,arrumando meu cabelo em um coque feio. Passei as mãos nos olhos,retirando as remelas.– o que foi? Não posso dormir? – grunhi com raiva, o olhando da mesma forma

—Os capangas do seu pai nos acharam,não sei como,mas acharam.– ele falou colocado alguma coisa em meus pés

—O que é isso?– perguntei confusa

—Isso,te impede de tentar voar ou de fugir. Ele vai ficar invisível quando formos para o aeroporto, assim como isso!– falou levantando uma algema na altura do rosto,balançando a mesma,a encaixando nos meus pulsos

—Sabe que se eu quiser fugir, eu vou conseguir,não sabe? – perguntei sorrindo maldosa

—Não vai,as tornozeleiras que eu coloquei em seus pés, tem o peso de milhares de elefantes juntos.

—Como eu vou conseguir andar?– falei desesperada tentando levantar meus pés, mas os mesmos nem saíam do lugar, era frustante

—Eu vou fazer você conseguir andar,mas apenas com um pensamento meu,o peso vai voltar!– ele liberou o peso dos meus pés, fazendo eu chutar o ar

—Odeio você!– murmurei quando ele pegou em meu braço com força, me arrastando para fora da cela

 

Ele me arrastou para fora do local, fazendo eu perceber que estávamos em uma delegacia abandonada, olhei em volta, vendo literalmente uma cidade fantasma. Não havia ninguém, nem uma alma. Era uma antiga cidade abandonada, com um hotel de dois andares e algumas casas em volta,que seria bares 

 

—Onde estamos? – perguntei vendo areia em pleno ar

—Em alguma das milhares cidades destruídas pelo seu pai! – ele pronunciou o nome do meu pai com repugnancia

 

Ele me jogou dentro de um carro preto que estava estacionado de frente a delegacia. Ele entrou no lado do motorista e saiu dalí, levantando poeira.

 

—Pra onde vamos?– perguntei abrindo e fechando o porta luvas,varias vezes,ele bufou batendo forte o porta luvas, quase decepando meus dedos,o olhei furiosa mas ele ignorou meu olhar, focando na estrada esburacada a frente

—Aeroporto! 

—Vamos de primeira classe, certo?

 

Ele não me respondeu, e eu quis matá-lo por isso. Encostei minha cabeça na janela, suspirando olhando as árvores passarem por meu olhos como borrões. Desejei ter o dom de Gina naquele momento,queira saber o que ele pensava, o que se passava em sua cabeça. Ele era lindo,mas mortal. 

 

De repente senti o lugar em que as tornozeleiras estavam em meus pés, queimarem. Gritei sentindo o arder das minhas panturrilhas. Minhas mãos estavam presas pela algema,então seria impossível minhas mãos chegarem até meus pés.

 

Justin me olhou confuso, parando o carro,abrindo a porta e vindo para o meu lado. Ele colocou meus pés para fora do carro enquanto eu ainda gritava. Ele retirou as tornozeleiras e minhas botas,fazendo uma careta ao ver minha pele em carne viva por conta da queimadura.

 

—Acho que era apenas para anjos!– ele falou colocando a tornozeleira no banco traseiro

—Ahh você acha?– perguntei cínica apontando para minhas pernas, ofegante

—Vai curar até chegarmos no aeroporto! – ele falou fechando minha porta. Enquanto ele dava a volta no carro,levantei o dedo do meio para ele,sorrindo debochada. Que vontade de mata-lo. 

 

Porra, que desperdício!

 

***

 

—Vai logo!– ele exclamou,exigindo que eu calçasse a bota mais rápido.

—Espera porra, meu tornozelo ainda tá doendo! – falei brava,colocando a segunda bota– pronto caralho,não demorou tanto!

 

Ele me puxou para fora do carro,me puxando pela algema. Em vez de irmos para a entrada do aeroporto, ele me guiou até a pista de pouso. Um avião já nos esperava.

 

—Não vamos fazer o check-in?– perguntei, apertando o passo para ficar ao seu lado

—Não!– falou seco,andando mais rápido. Parei onde eu estava, puxando minhas mãos de volta ao meu corpo,fazendo ele levar um tranco no braço. Ele se virou me olhando fulminante

—Olha aqui meu bem,eu vou ficar dias com você, talvez meses ou anos,então temos que entrar em acordo. Não quero viver com uma algema nos meus braços e com suas palavras monossilábicas pra mim. Temos que ter confiança um no outro. – ele riu debochado, quase uma gargalhada

—Você está mesmo falando de confiança? Você é um demônio, não posso ter confiança em você. Você é igualzinha seu pai!

—Olha aqui seu puto,até agora em nenhum momento eu falei do seu pai,e essa se eu não me engano já é a terceira vez que você fala do meu. Sei que meu pai tem seus defeitos e erros,muitos, mas nem por isso ele me ensinou a não ter confiança nos outros. Eu também tenho uma mãe, babaca! – cuspi as palavras nele,vendo ele me olhar furioso, mas vi uma sombra de arrependimento e tristeza em sua face.

—Eu não quero saber,e foda-se se você também tem uma mãe, mas mesmo assim pra mim você é filha de uma chocadeira,então entra naquela porra de avião e não quero ouvir a porra da sua voz até chegarmos em Washington, me entendeu capeta? – suas palavras fizeram meus olhos marejarem. Minha mão foi parar fortemente em seu rosto,fazendo ele virar o mesmo e o lado em que bati ficar vermelho feito fogo. Passei marchando por ele,subindo as escadas do avião encontrando uma mulher loira me esperando sorrindo maléfica. Ela era um anjo também.

 

—Por aqui! – ela me guiou até o lado esquerdo, para frente do avião onde ficava a primeira classe. Ela me fez sentar na primeira cadeira onde ficava uma televisão grande. Ele se sentou ao meu lado,olhando a TV onde passava algum noticiário. Meus olhos marejaram automaticamente, me lembrando de suas palavras,virei meu rosto para a janela do avião vendo a pista se pouso ainda em baixo de nós.

 

 

De repente, uma conversa que tive com minha mãe aos sete anos de idade, surgiu em minha mente.

 

"—Por que o Papai não gosta deles mamãe?

—Seu pai já foi um deles minha filha,mas aconteceram muitas coisas,então o chefe deles mandou o Papai aqui pra baixo!– ela falou penteando meu cabelo. A olhei através do espelho da minha penteadeira

—Mas a senhora veio com o Papai pra ele não ficar sozinho aqui não é?– perguntei feliz vendo seus olhos se encherem de água

—Também,quando você crescer eu te explico o resto da história!

—Conta agora mamãe,amo histórias! – pedi manhosa vendo ela sorrir

—Não posso,seu pai me mataria!

 

Ela me colocou na cama,me cobriu com o edredom lilás e branco com flores e me deu um beijo na testa.

 

—Só preciso que saiba que, nem todo anjo é bom e nem todo demônio é mal,você é boa Talia, isso te faz especial! "

 

Lembro que naquela noite eu dormi tentando adivinhar o que ela tinha falado,mas agora eu entendo. Nem todo anjo é bom e nem todo demônio é mal. Agora eu sei mamãe!

 

***

 

Quando chegamos em Washington, Justin tirou minhas algemas, fazendo meus braços caírem ao lado do meu corpo, derrotado. Eu não sentia meu poder fluir em minhas veias,não sentia o fogo preencher meu interior,parecia que eu estava nua,de alguma forma, fazia eu me sentir desprotegida. Meu poder é quem eu sou,como vou viver sem ele?

 

Ele me jogou dentro de um carro preto,parecia o mesmo em que ele me fez entrar na delegacia abandonada. 

 

—Coloque o cinto!– ele pediu com a voz potente. Encostei minha cabeça na janela, o ignorando. Suas palavras ainda faziam eu refletir,ele sentia repulsa do que eu era,nojo e desgosto. 

 

Ele vendo que eu não faria nada,se dobrou por cima da marcha,e ele mesmo passou o cinto por meu corpo. Quando eu já estava protegida, ele acelerou dalí. Meus olhos estavam na estrada a frente, mas meu pensamento estava distante.

 

Outros longos minutos se passaram e eu perco a noção do tempo. Estou muito cansada. Minhas pálpebras estão ficando mais pesadas. Eu desencosto a cabeça do vidro e aperto o botão para abaixar o mesmo. O ar úmido de Washington invade o carro,jogando meu cabelo castanho no rosto. Faço força para arregalar os olhos e fico em uma posição desconfortável para me ajudar a me manter acordada,mas logo percebo que nada disso está realmente funcionado. Ele observa cada movimento meu com o canto dos olhos, e eu noto de vez em quando.

 

Quando dou por mim,sinto o carro parar. Abro a porta e me vejo em frente a um luxoso hotel. Ele pega uma bolsa que eu nem ao menos reparei que estava no banco de trás e se dirige ao hotel. 

 

O saguão é um grande espaço decorado com candelabros e lindos quadros. Um vitral fosco se estende por muitos metros pelo mezanino no alto da escadaria de mármore. O enorme teto é sustentado por altas colunas também em mármore. Eu o acompanho escada acima depois dele fazer o check-in. E meu interesse pelo hotel aumenta mais ainda ao ver todos os corredores que ele possuí.

 

—Pode tomar banho se quiser!– ele falou jogando a bolsa entre as duas camas. Me sentei em uma,retirando minhas botas, as deixando perfeitamente encostadas na parede ao lado da cama. Me encostei na cabeceira da cama,trazendo meus joelhos para meu peito. Ele fechou as cortinas verdes e grossas. Antes dele as fechar, pude ver que escurecia lá fora.

 

Ele se sentou em uma poltrona também, verde, a frente da janela. Ele tirou seu moletom cinza, ficando apenas com uma blusa de mangas compridas, branca.

 

—Me desculpe sobre o que eu falei sobre sua mãe! – as palavras saíram de sua boca, com desdém, e não por que ele quisesse realmente falar aquilo

—Não importa!– respondi com os olhos marejados

—Nunca disse que me importava! – ele falou com desdém,dando de ombros

 

Quando as lágrimas começam a encher meus olho,marcho rapidamente para o banheiro, mas antes, paro e me viro para encará-lo mais uma vez, com as unhas cravadas nas palmas das mãos, ao lado do corpo. 

 

—Vai se foder,idiota! – é tudo que consigo dizer antes de explodir em lágrimas 



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