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História A herdeira do inferno - A morte do inimigo


Escrita por: RenaTriz

Notas do Autor


Queridos Leitores, obrigada por terem acompanhado a história até o final. Serei sempre e sempre grata a todos que comentaram ou apenas se envolveram até aqui. Eu sinto muito por ter terminado, mas espero que tenham gostado.
Beijos e abraços apertados em todos vocês. Até a próxima fic original!!!

Capítulo 48 - A morte do inimigo


Fanfic / Fanfiction A herdeira do inferno - A morte do inimigo

- Não! – O grito de Jonas parecia distante e opaco.

Eu sabia que esse era o fim, estava ciente de que não teria mais volta dessa vez. Só lamento não ter vencido a guerra. Talvez alguém possa detê-lo ainda. Alguém acima de nós. Quem sabe Deus ou Miguel? Não importa, agora não tenho mais como ajudar.

Meu corpo não doía mais e eu podia ouvir o som do meu coração batendo lentamente dentro de mim, parecia uma música triste. Eu sentia frio, minha mente vagava. Eu queria ajudar, queria salva-los. Jonas, Kath, Lorenzo, minha mãe e todos os que se despuseram a lutar ao nosso lado, mereciam o meu máximo e o meu melhor, mas parecia que eu tinha decepcionado a todos. Eu não sobreviverei e tudo que eu fiz foi em vão. Deveria ter dado mais de mim. Agora, do que adianta lamentar?

Acorde, Celeste... Tente pelo menos abrir os olhos. Se esforce.

Eu usei toda a minha força e todo o meu querer para a abrir os meus olhos, mesmo sabendo que eu não duraria muito tempo. Quando finalmente consegui abri-los, mal reconhecia o que via.

As imagens estavam cinzentas, escurecendo e apagando conforme eu tentava decifrar o que estava acontecendo. Acima de mim, Tristan sorria triunfante como se seu sonho acabasse de se transformar em realidade. Alguém precisa impedi-lo. Eu não conseguia respirar, só tentava manter o ar que já estava dentro de mim por mais algum tempo antes de morrer. Eu não podia fazer mais nada e isso me destruía. Minha alma não irá descansar em paz enquanto eu souber que ele poderá vencer. Me sinto impotente, frágil e inútil, como se eu estivesse novamente presa naquele cativeiro esperando por um ato de piedade.

- O mundo será destruído e eu serei... – Mas antes que Tristan completasse a frase, uma bola de fogo atingiu seu rosto e depois outra atingiu sua barriga.

O fogo queimou a blusa de Tristan, entretanto, sua pele estava intacta. Katherine está viva, só poderia ser ela. Eu tentei levantar a cabaça para vê-la, tentei gritar ou apenas sussurrar seu nome, entretanto, nada funcionava. Eu estava fraca demais.

Perdi minha visão novamente. Não há escapatória para mim. Torcia apenas para que Katherine matasse-o de uma vez. Só queria que Tristan perdesse a batalha. E esse seria o meu último pedido. Não morrerei triste, agora eu sei que ainda nos resta esperança e alguém para lutar. Posso ir em paz.

 

 

 

 

 

 

 

Acorde.” Uma voz fria e baixa, dizia para mim, mas eu não conseguia obedece-la.

Acorde.” A voz era feminina e agora parecia mais alta.

Estava escuro e eu tentava entender como ainda podia ouvir alguém.

Acorde, Celeste.” Dessa vez eu senti um toque no meu rosto, eram mãos quentes e macias nas minhas bochechas.

Então eu abri os olhos.

Estou viva? A primeira coisa que eu vi, foi uma mulher com o rosto delicado, fino e com enormes olhos cinzas. Ela tinha cabelos negros que caiam sobre o rosto e sorria alegremente me mostrando seus dentes perfeitamente alinhados. Ela estava agachada ao meu lado e ainda segurava o meu rosto.

- Quem é... – Tentei perguntar, mas minha voz estava fraca.

Suas asas pretas se abriram ao meu redor e ela olhou para o lado preocupada.

- Você tem que levantar e lutar. – Algo atingiu as asas do anjo e ela fechou os olhos com dor. – Agora você está bem, - Ela falou de maneira tremula. - mas precisa...- Ela bufou e sua face delicada se transformou em um rosto raivoso. – Só um minuto, princesa. – Ela levantou, arrancou uma escapa de uma das asas e enfiou no homem que havia apunhalado seu corpo. – Lutar! Você precisa lutar! – Ela completou. - Tenho que ir. – Ela disse voltando a relaxar o rosto e saiu voando ás pressas me deixando ali. O que está acontecendo? Que claridade horrível.

Ela me curou? Levantei a cabeça, me acostumei com a luz do dia e tentei decifrar onde eu estava. Notei Katherine segurando a espada imortal enquanto corria até Tristan. Ele estava parado com mais quatro demônios ao seu lado. Olhei para o lado e Jonas juntamente com Lorenzo brigavam com, mais ou menos, sete pessoas. Preciso ajudar. Preciso fazer alguma coisa. Se estou viva, farei jus a isso.

Me sentei passando as mãos na cabeça e retomando meu raciocínio. Estou aqui, de novo. Olhei para a minha coxa curada, meu peito e por último as palmas das minhas mãos. O destino me ajudou a continuar nessa guerra e lutar ao lado da minha família. Então farei isso.

Levantei correndo até um dos sete servos de Tristan que lutavam contra Jonas e Lorenzo. Dei um salto em suas costas e envolvi meu braço ao redor do pescoço dele apertando com força. Depois de uns segundos ele caiu morto, sufocado. Peguei as adagas que ele tinha nas mãos e usei uma delas para perfurar o pescoço de uma mulher que tentava acertar o coração de Jonas com uma espada. Sai do lado dela correndo agitada até um dos demônios que cercavam Tristan. Eu não vou parar até o ultimo maldito ser infernal aliado de Tristan, cair morto. Não morrerei dessa vez e se eu morrer, volto e volto pior e mais obsessivamente para matar.

Não dei tempo para o demônio notar a minha presença, esfaqueei-o na lateral de sua costela e depois cortei sua garganta. Larguei as adagas no chão e peguei a espada que ele segurava. Katherine sorriu com os olhos assim que os pôs em mim, retribui com um aceno de mão e um sorriso sincero. Ela tentava acertar Tristan, mas ele era rápido apesar de estar ferido e essa era a sua grande vantagem. Um dos demônios foi para cima de Kath e a luta ficou dois contra um. Segurei no cabo da minha espada e lancei-a girando-a pelo ar até ela acertar a virilha do demônio. Ele gritou e se ajoelhou pedindo misericórdia enquanto eu caminhava até ele. Não senti pena quando peguei a espada de volta e arranquei sua cabeça. Agora só restavam dois demônios aqui. Kath matou um dos demônios rapidamente em um corte onde metade do corpo do demônio foi arrancado. Acho que só falta um e ele me olhava apavorado.

Sorri sem mostrar os dentes para ele e ele saiu correndo entrando no meio de outros confrontos para se esconder. Trouxa.

Lorenzo e Jonas tinham matado os outros servos de Tristan que lutavam contra eles. Fomos juntos até onde Katherine, incessantemente, tentava acertar o irmão. Jonas foi o primeiro a chegar e com isso, chutou o braço ferido de Tristan e depois a mão que ele segurava sua arma, assim, deixando-a cair. Lorenzo se aproximou em seguida acertando um soco no estomago do Rei e depois no maxilar. Eu corri e dei um chute certeiro em seu queixo, fazendo-o cair de lado no chão.

Estava tudo sobre controle e isso me deixava satisfeita. Depois de meses fazendo de tudo para sobreviver e salvar as pessoas importantes para mim, aqui estava o verdadeiro motivo de toda essa batalha. Ninguém iria me derrubar, ninguém iria me mutilar e me ferir. Eu cheguei ao final. Dei o meu pior e o meu melhor, o meu sangue e a minha alma, somente para olhar o Rei do inferno cair. Foi fácil? Não, mas valeu a pena.

- Você pode se render ou morrer? Qual sua escolha, irmão? – Katherine apontava a ponta da espada para o pescoço de Tristan, mas seu olhar estava misericordioso.

Ele tentou levantar do chão, mas Jonas e Lorenzo seguraram nos ombros dele e o colocaram de joelhos na nossa frente.

- Posso me render, mas jamais abandonarei o meu reinado. – Ele disse de cabeça erguida esboçando calma.

- Mas eu não aceito rendição! – Falei enquanto aproximava o meu rosto do dele. – Ele tem que morrer. – Eu disse firme olhando nos olhos verdes de Tristan. – Não tem salvação para você.

- Eu sabia que você era parecida comigo, Celeste. – Tristan me olhava nos olhos de volta. - Impiedosa. – Ele riu macabramente. – Me mate e confirme o quão obscura se tornou. Você nasceu para ter as trevas dentro de si, é a herdeira. Mostre isso e... – Jonas socou-o no rosto com força fazendo sangue escorrer pela boca de Tristan.

- Cala a boca. Já sabemos que você quer mexer com o psicológico dela. – Jonas disse com a voz ríspida. – Esse “bla bla bla menina má”, não afeta a Celeste. Ela sabe do que é capaz e das coisas que passou só para te matar hoje. – Jonas tinha razão.

Eu já sofri inúmeros tipos de agressão, graças a homem que está de joelhos aqui na minha frente. Ele me humilhou, me deixou à beira da morte várias e várias vezes e colaborou com a psicose que eu tive por dias com as alucinações. Mas isso me tornou mais forte. Não ligo mais para a dor e nem para o monstro que me tornei. Matei muitos e mataria de novo só para reviver essa cena. Vê-lo morre.

- Você tem certeza? Quer mesmo mata-lo? – Katherine me perguntou e eu fiquei encarando-a perplexa.

Depois de tudo que ele fez, ela ainda teria dado uma chance de rendição? Ele a torturou, matou seus servos mais chegados, matou minha avó, meu namorado, me fez sofrer de diversas formas assim como ela. E mesmo assim, agora, tendo a chance de se vingar, ela estava hesitante? Eu não tinha o mesmo pensamento que a irmã de Tristan. Eu queria mata-lo, tudo que eu fiz foi fugir e sofrer nas mãos dele. E agora, não sinto nada além de alivio, finalmente posso tirar a vida daquele que estragou a minha.

 - Eu não ligo para as trevas dentro de mim, Katherine. – Eu olhei para a minha tia. – Pouco me importa a sua piedade. – Fui grossa. – Não irei sair daqui enquanto ele respirar.

- Também quero que ele morra, mas ainda sinto amor por ele. – Katherine olhou para Tristan que parecia entediado. – Ele é o meu irmão. Infelizmente.

- Não sinta, pois eu não amo mais você. – Tristan disse erguendo uma das sobrancelhas. – Você preferiu Catriel a mim e desde então, sinto apenas ódio. Você viu meu filho morrer e não fez nada, Katherine. – Seus olhos fitavam-na com puro rancor e raiva.

- Suas intenções sempre foram imundas. – Katherine disse para ele. – E olha onde você parou, olha onde Victor parou. Acha mesmo que valeu a pena?

- Valeu. – Tristan riu. – Valeu muito a pena. Fiz coisas magnificas com você e com aquela ali. – Ele piscou um dos olhos para mim e o meu sangue ferveu. – E como rei, sempre fui o melhor.

- Chega! – Gritei. – Sinto muito Katherine, mas ele vai morrer agora.

Peguei a espada das mãos de Kath e eu não pensei mais em nada.

- Estou cansada demais de tudo isso.

Afundei a lâmina bem no peito dele. Não hesitei, não parei no meio do caminho e nem senti remorso. Seu sangue escorria pela barriga exposta e eu me senti completa nesse instante. Naquele momento, eu não sentia mais raiva, nem muito menos vontade de destroça-lo como ele fez comigo, eu só quis acabar com a sua vida. Simples assim. Katherine olhou-o cair sem desviar sua atenção. Tristan abriu um meio sorriso.

- Ainda não acabou... – Ele disse antes de perder sua força. Não diga nada, apenas vá e nos deixe em paz.

Eu o matei e depois que isso foi feito, me senti livre finalmente. Eu não tinha mais porquê sujar minhas mãos de sangue e nem sentir medo. E era fantástico pensar nas minhas novas perspectivas.

Quando Tristan caiu com a espada imortal presa no peito, todos pararam de lutar. Foi como se o motivo da guerra não tivesse mais sentido. As armas foram largadas no chão, as pessoas foram se aproximando para olhar o Rei do inferno morto. Eu conseguia fazer a cena de uma pessoa morta, me trazer uma felicidade anormal. Isso poderia ser doentio se não fosse tão necessário. Acho que a maioria das pessoas que estavam presentes, sabiam o quão importante era ver Tristan morto.

Katherine retirou a espada do peito de Tristan e encarou os olhos ainda abertos do irmão por um tempo. Talvez, para Kath, seja difícil ver alguém da própria família assim, mas ela entendia que ele merecia. E isso era o suficiente.

Lorenzo e Jonas olharam para o céu e eu fiz o mesmo, querendo saber o motivo.

Cristine batia suas asas vindo até nós com seu lindo vestido branco de sempre. Assim que ela colocou os pés na terra, sorriu para mim como se fosse uma mãe orgulhosa. Mãe. Onde será que a minha estava? Será que ela está bem? Preciso sair daqui e ir checar.

- Obrigada por impedir o apocalipse. – Cristine fechou as asas e as manteve próximas ao seu corpo. – Deus está satisfeito. – Ela olhou para o céu e depois para mim.

- Não fiz isso tudo sozinha. – Eu toquei a mão de Katherine e depois olhei em volta, para todos os servos que lutaram ao meu lado. – Só fiz o que todos aqui esperavam que eu fizesse.

- Mesmo assim, agradeço. – Ela curvou um pouco a cabeça. – Eu vim buscar...

- Toma. – Katherine entregou a espada imortal sem deixar Cristine terminar a frase. – Pode levar.

- Ela não pertence a vocês. – Ela segurou a espada com a lamina brilhante de sangue nas mãos. – Até logo, amigos. – Cristine acenou com a mão e sorriu antes de voltar voando para o céu com suas enormes asas brancas.

Foi uma visita rápida e intencional. Cristine só queria buscar a espada que foi dada para Lúcifer. Um anjo tinha que manter um equilíbrio entre as ordens que tinha que obedecer e seus sentimentos. Eu podia ver em Cristine uma vontade contida de se envolver em assuntos humanos, mas mesmo assim, ela era fiel ao seu pai e isso me fazia compreender a sua verdadeira intenção moral. Ela só queria ajudar.

Agora eu não sabia o que iria acontecer. Eu só me sentia leve para fazer o que eu quisesse sem medo do pior.

- Kath, me desculpe por ter sido insensível. – Eu disse segurando em suas mãos geladas.

- Eu entendo, gostaria de ter tido a sua força. Mas eu não conseguia enxergar o homem cruel que ele se tornou, só o meu irmão mais velho e a única família que me restou. Desculpe por decepciona-la. – Ela apertou a minha mão com certa força.

- Tenho que procurar a minha mãe. – Eu anunciei para ela e vi Jonas concordando com a cabeça enquanto nos ouvia.

- Mas antes, me diga se irá assumir o reinado do inferno. – Katherine procurava a resposta em meus olhos.

- Não. – Respondi imediatamente. – Não quero me envolver. O trono é seu e eu sei que você irá governa-los da maneira correta.

- Eu não sei... – Ela respirou fundo. – Tenho que lidar com toda essa gente. – Ela apontou com a mão para os demônios, humanos, anjos e ceifeiros que antes batalhavam contra os servos de Tristan, mas, agora eram apenas desorientados.

- Você consegue. – Eu disse sorrindo e depois me afastei dela apressando os meus passos.

Passei pelas pessoas que tentavam se aproximar de onde o corpo de Tristan estava caído e onde Katherine tinha iniciado o seu discurso. Pulei uma quantidade assustadora de corpos enquanto ia em direção a enorme pousada. Jonas me acompanhava e eu achava meigo o jeito que ele verdadeiramente se importava com a minha mãe.

- Você sabe onde ela se escondeu? – Perguntei para ele enquanto entravamos na pousada.

- Sim, venha comigo. – Ele subiu as escadas onde alguns corpos estavam estirados e seguimos o corredor a esquerda.

Entramos em um quarto que estava com a porta derrubada e meu coração já começou a bater aceleradamente. Jonas parecia tão nervoso quanto eu. Se alguma coisa tiver acontecido com a minha mãe, eu não sei o que restará de mim.

- Ramira! – Jonas gritou e quando alcançamos a metade do quarto vimos um corpo com um furo na cabeça.

- Ela fez isso? – Perguntei enquanto empurrava o corpo do homem com o pé.

- Eu não sei. – Ele olhou de um lado para o outro. – Ramira! – Ele gritou de novo.

Minha mãe saiu de dentro do armário segurando uma arma contra o peito, ela tremia muito, como se estivesse com frio. Suas roupas estavam levemente sujas com pingos de sangue.

- Ai meu Deus. – Eu corri até ela e a abracei com força. Não quero sair desse abraço nunca mais. – Eu fiquei tão preocupada, mãe.

- Eu... – Ela tentou falar, mas parecia nervosa. – Eu tive que mata-lo.

- Está tudo bem. – Jonas se aproximou de nós duas e eu a soltei para que ele pudesse acalma-la.

- Eu o matei. – Ela disse novamente em choque.

- Não se preocupe com isso, você fez o que teve que fazer para se proteger. – Jonas a puxou pela cintura e envolveu seus braços fortes ao redor dela. – Você foi corajosa.

- Acabou, mãe. Nós vencemos. – Eu disse para ela enquanto tocava em seus cabelos negros. – Não teremos mais com o que nos preocupar.

- Vocês o pegaram? – Ela perguntou olhando no rosto de Jonas e depois no meu.

- Eu matei o Tristan. – Falei como se aquilo fosse o final de uma história longa e triste. E realmente era.

- Você conseguiu? Está ferida? – Ela se afastou de Jonas e veio para perto de mim.

Eu não queria preocupa-la dizendo que eu quase morri, então apenas neguei com a cabeça.

- Estou bem.

- Ah... Graças... – Minha mãe beijou a minha testa, me abraçou e depois puxou Jonas para se juntar ao nosso abraço.

Eu me sentia um pouco desconfortável em ter Jonas no meio do nosso abraço, mas eu sabia que a essa altura, ele era importante demais para a minha mãe e eu me via tendo um futuro padrasto.

Era engraçado saber que tudo tinha acabado. Chega de perseguições, de morte, de dor e de perigo constante. Agora eu poderia ter a minha vida de volta, talvez não seja exatamente como antes, mas seria tranquila e isso bastava. Não importa se tive que fazer coisas horríveis para conquistar isso, eu estou vibrante com a vitória. Posso estudar, trabalhar, ter um namorado... Será que os cavaleiros ainda ficarão por perto? Não quero que minha mãe sinta a ausência de Jonas e eu não quero ficar longe de Lorenzo.

O meu futuro pode ser incerto, mas, posso fazer da minha vida o que eu quiser. Tudo passou e agora só me restarão lembranças dolorosas e experiências que torço para não ter mais. Tristan morreu e ele era o grande fator da minha desgraça, enfim, tudo correrá em uma perfeita normalidade a partir de agora. Tal normalidade que eu sonhei por dias e finalmente irei conquistar.

Que tudo dê certo daqui em diante.

Lorenzo entrou no quarto no momento em que eu estava me afastando do abraço coletivo.

- Oi. – Ele olhou para o corpo e depois para mim. – O que houve?

- Minha mãe matou esse...- Tentei decifrar se ele era um demônio ou um humano, mas desisti. – cara. – Completei.

- Para me proteger. – Minha mãe completou como se estivesse envergonhada.

- Parece que você é mais forte do que aparenta. – Lorenzo sorriu. – Kath quer falar com todos nós. Ela fez um comunicado importante lá fora e quer informar para vocês.

- Tudo bem. – Eu concordei e segurei na mão de Lorenzo para que ele me guiasse até o encontro de Katherine.

Entramos no refeitório onde mantinha o mesmo número de pessoas presentes, como antes. Tanto aliados de Katherine quanto os de Tristan, estavam ali. Mas, a diferença era que todos estavam sujos e haviam muitos feridos. Katherine estava em pé em cima da mesa e falava algo para que todos escutassem.

-... E como a rainha do inferno, eu quero que vocês sejam fieis a mim. – Ela ordenou com um olhar perturbador.

- Kath? – Perguntei assim que cheguei até o seu palco improvisado.

- Obrigada a todos e façam suas escolhas com sabedoria. – Ela terminou o discurso e desceu da mesa.

- O que foi? – Perguntei curiosa.

- Bom, eu vou resumir. – Ela se sentou em uma das cadeiras. – Eu assumi o reinado do inferno, mas dei liberdade para os meus servos escolherem se ficarão ao meu lado governando no submundo ou viverão aqui na Terra. Dei acesso livre para eles. – Ela parecia muito cansada. – Disse também que se algo acontecer comigo, você seria a minha sucessora, o que é obvio já que você é a herdeira legitima do inferno. – Eu senti um arrepio na espinha. Não quero ter que governar o inferno, espero que nada aconteça com ela. Arregalei os olhos e tentei me manter equilibrada. Depois de tudo, eu só quero uma vida comum e pacata. – E por último, não se preocupe que nada acontecerá comigo. – Oh, ainda bem. – Todos os anjos que sobreviveram, se tornaram meus cavaleiros e por isso, irão me proteger. Ninguém ousará me atacar enquanto os anjos estiverem me escoltando. – Que ótima notícia.

- Então tudo está bem? – Eu perguntei me referindo ao seu sentimental.

- Perfeitamente bem. – Ela disse em suspiro, mas eu sabia que era mentira. – Resta saber se os servos de Tristan serão realmente fieis a mim, tenho minhas dúvidas. Não confio mais em ninguém. E as últimas palavras de Tristan... – Ela pausou e negou com a cabeça. – Tenho muito medo do que ele quis dizer com aquilo. – “Ainda não acabou” foram suas últimas palavras.

- Não se preocupe, ele morreu e dessa vez não teremos mais com o que nos preocupar. – Eu disse tentando acalma-la. Por mais que eu também tivesse medo, pois Tristan jamais poderia ser subestimado, eu sabia que ele estava morto e isso era verídico.

- Pois bem. – Ela apertou o próprio braço e olhou para Jonas. – Lorenzo já me disse a escolha dele, mas e você? Quer viver no inferno com passe livre para a Terra ou quer viver aqui com os humanos? Eu acho que já sei a resposta.

- Eu... – Jonas olhou para a minha mãe que estava agarrada em seu braço musculoso. – quero ficar aqui, com a Ramira.

- Você tem certeza? Eu gostaria muito, mas sei que você tem responsa... – Minha mãe começou a falar, mas Jonas a puxou pela nuca e grudou seus lábios iniciando um beijo molhado.

Eu achei um pouco estranho. Muito estranho. Mas, eu sabia que Jonas faria a minha mãe feliz.

- Eu imaginei. Vocês só mantêm essa postura de durão e cavaleiros insensíveis, mas por dentro são românticos incorrigíveis. – Ela se levantou da cadeira. Os dois? Será que Lorenzo também escolheu ficar? – Eu estou orgulhosa. – Ela disse abrindo um sorriso e pela primeira vez, vi seus olhos verdes brilharem mostrando uma cor intensa e viva.

- Você nos uniu, nos ensinou e nos deu esperanças para uma vida melhor. – Lorenzo disse um pouco emocionado.

- Obrigado, Kathy. – Jonas sorriu para a minha tia.

- Eu não vou chorar, se é isso que vocês esperam que eu faça. – Katherine riu e passou o indicador por debaixo dos olhos. – Preciso ir agora, tenho muito o que fazer. – Ela puxou Lorenzo pelos braços e o abraçou, depois beijou a bochecha da minha mãe e repetiu o abraço em Jonas. – E você. – Kath me agarrou e me apertou contra si. – Obrigada por ter aceitado lutar ao meu lado, você é certamente, uma verdadeira guerreira. Sinto muito carinho por você. Sempre serei sua família.

- Eu sempre serei a sua. – Eu sussurrei em seu ouvido durante o abraço. – Eu agradeço por me ajudar a sobreviver, sem você, eu não sei se teria conseguido. Você me salvou.

- É isso que a família faz. Sempre salvamos quem a gente ama. – Então ela me amava? Que único. Jamais pensei em ouvir isso saindo da boca de Katherine. – Tenho que ir. – Ela se afastou e soltou um longo suspiro. – Boa sorte.

Katherine saiu de perto de nós e eu percebi que agora teríamos que recomeçar uma vida.

- É engraçado. – Lorenzo disse atrás de mim.

- O que é engraçado? – Me virei para ele para entender.

- Eu sempre quis ser livre e fazer o que eu quisesse, mas agora, eu não sei por onde começar ou o que fazer. – Ele deu de ombros. – Será que posso ficar com você um tempo, até eu me adaptar a humanidade?

- Você escolheu ficar? Por que? Quer dizer, pode ficar. Não... – Eu fiquei um pouco nervosa com as palavras dele e acabei me enrolando. – Eu aceito ficar com você, pera... Eu quero que você fiquei comigo e...

- Eu acho que isso é um “sim”. – Ele sorriu e se aproximou de mim.

- Pode ficar comigo o tempo que você quiser. – Finalmente falei.

- Então... Pra sempre? – Ele colocou as mãos na minha cintura e eu me senti flutuar.

Envolvi meus braços ao redor do pescoço dele, fiquei na ponta dos pés e grudei nossas testas.

- Pra sempre. – Eu respondi sorrindo.

- Eu amo você. – Lorenzo fazia todo o meu corpo eletrificar, eu me sentia tão em paz perto dele que a tranquilidade confortava o meu coração. Eu aceitaria passar uma vida toda ao lado dele.

- Eu também amo você, Lorenzo. – Eu respondi e ele me apertou contra si. Era a primeira vez que eu dizia isso sem ter um turbilhão de preocupação na minha cabeça.

Acho que finais felizes existem até para uma garota simples de Massachusetts, que acabou herdando um reino infernal.

- Olha que família feliz da porra. – Jonas gritou. – Vamos morar todos juntos.

- Eu acho que não. – Lorenzo disse se afastando e voltando sua atenção para Jonas. – Prefiro morrer do que morar contigo de novo.

- Eu serei seu sogro, cara. – Jonas riu e deu um tapinha nas costas do cavaleiro. – Quero respeito.

- Vai se foder, Jonas. – Lorenzo revirou os olhos.

- Meninos, sem brigas, vamos logo para casa. – Minha mãe disse tranquilamente. – Resolveremos isso depois.

- Mas que casa? – Eu perguntei e de repente uma crise existencial nos pegou desprevenidos.

- Acho que Katherine pode ajudar com isso. – Minha mãe respondeu sorrindo. – Ela sempre resolve.

Era inacreditável, finalmente acabou a guerra. E agora dou início a parte milagrosamente boa da minha vida. 


Notas Finais


OBS: Haverá um epílogo.
O que Celestinha nosso amorzinho, está fazendo da vida depois de 8 anos que tudo isso aconteceu?
Preparem-se para descobrir! EM BREVE.


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