História A Herdeira do País das Maravilhas - Fantasmas de mentira

O homem já estava lá quando ela chegou. Era entardecer de uma terça-feira e nesse momento aconteceu o primeiro contato entre eles.
-Boa Noite -cumprimentou a assistente social que chegara com ela -O que faz aqui Senhor Taylor? -Seu tom era de leve irritação.
-Olá Amanda -Respondeu simpático-Não pode esperar até amanhã para vê-la.
Ele se levantou, esguia um terno de riscas, e se abaixou da altura da garota.
-Estava ansioso para conhece-la -um sorriso se formou por entre a barba fechada quando ela apertou sua mão.
-O senhor que quer ser meu pai? -Hesitou ela
-Sim, eu quero.
Uma conexão foi estabelecida a partir daí.

-Eu quero leva-la! -Dizia o homem à dona do orfanato, o tom otimista-A Senhora sabe que não posso ter filhos e ela é tão pequena e delicada. Aqui estão todos os documentos, apenas deixe-me leva-la. 
Meses depois, com todas as etapas de conhecimento e adaptação ocorrendo bem, a pequena Soph se despediu do orfanato. A assistente social acompanhou-os até sua nova casa, no litoral do estado. O quarto preparado para recebê-la estava em tons pastéis de roxo e azul. A criança que mal tinha aprendido, consciente da sorte que tivera, ficou maravilhada.

Apesar de pouca idade, Carl Taylor carregava sobre os ombros terríveis histórias. Casou-se cedo e conciliou com sucesso seus deveres conjugais com o crescimento constante de sua rede de hotéis. Bella, sua esposa, estava no segundo casamento e, após a prisão do ex-marido, tomou a guarda dos filhos gêmeos que agora viviam com Carl. Os anos passaram leves até a descoberta que mais chateou a ela, seu marido era estéril. Pouco depois, o casal voltava de uma viagem reconciliatória, a chuva tornava difícil visualizar a estrada e em uma curva fechada aconteceu o acidente que matou Bella. 
Carl tornou-se vazio a partir desse momento. Escolheu manter a guarda dos filhos da amada na esperança de manter sua presença ali. 

***

Os anos passaram e a casa encantadora se tornou sombria. Depois daquele dia a menina, que recebeu o sobrenome Taylor, pôde enxergar cada vez mais fundo os dois irmãos mais velhos. Já haviam sido apresentados no processo de adaptação, Mathew e David se mostraram doces e divertidos. De início, incluiam a pequena em suas aventuras pela infinidade de quartos e corredores dos hotéis, contavam histórias de terror e faziam a diferença de 4 anos de idade parecer irrelevante.
Em um desses dias que o pai levava as crianças para o trabalho, Soph, mais prestativa, decidiu ajuda-lo no escritório. A menina com cinco anos fazia o que podia pelo pai, como o trânsito de folhas da impressora até sua mesa de trabalho. Em uma de suas passagens pelo corredor, ela ouviu um baque de algo sendo empurrado.
-pai... -disse hesitante, agarrada à perna dele -Acho que tem um fantasma aqui! 

E Carl deu atenção à sua menina. Juntos, foram até o ponto de vinha o barulho contínuo. Descobriram, nada a mais, nada  a menos, que os os gêmeos tentando abrir o caixa central da empresa. 
A bronca e o castigo foram eficazes, mas não da maneira que o pai esperava.
Nesse dia, Sophie assinara sua sentença.