-Soltem-me, seus idiotas! -Gritava um homem
A voz esbravejava do mesmo lugar que soavam os cascos de cavalo e o marchar de alguns soldados. Isso fez com que o coração de nossa heroína apertasse.
Ela se enfiou por entre as pessoas que começavam a se aglomerar na calçada, buscando visão da caravana que passava.
Inicialmente via apenas os elmos decorados dos soldados brancos que montavam cavalos. Agora podia ouvir que passos desritmados bagunçavam a marcha. Enfim foi cuspida pela multidão na beira dos paralelepípedos da rua.
Talvez preferisse nunca ter chegado até lá.
-Vocês sabem com que estão lidando?
O homem continuava a gritar, mas agora ela o via como uma mancha preta em meio aos homens da Rainha.
-Meu Jaguadarte... -Alguns aldeões viraram-se para ela
A garota caiu de joelhos, chocada. Não imaginava vê-lo no subterrâneo, muito menos no estado em que se encontrava; Imobilizado por quatro homens, os pulsos atados ao cavalo que trotava à frente, sangue sujava seus trajes de couro além de escorrer dos lábios. Asas escamadas de dragão agitavam-se saindo de suas costas.
A ideia de perde-lo fez com retornasse ao mundo, ouvindo murmúrios incompletos das pessoas desentendidas ao seu redor. Depressa, levantou-se indo até o meio da avenida, bloqueando o caminho do primeiro cavaleiro.
Vendo-se obrigado a parar, gesticulou de maneira que os outros fizessem o mesmo.
-O que pensa que está fazendo, garota?
-Qual o interesse da Rainha em tê-lo e por que estão sendo tão agressivos?
Falava com tal presença que poderiam acreditar que ela ostentava o título pelo qual chamavam-na.
Ela viu o olhar do prisioneiro voltar-se para ela, parecia tão chocado quanto ela segundos atrás.
-Os motivos de Rainha Marion não interessam a uma camponesa como você, agora saia da frente ou serei obrigada a esmaga-la.
Ela sentia chamas aflorando por sua pele. “Os motivos da Rainha” pensou ela “a mesma Rainha que não me vê como sua campeã”. Suspirando, ela respondeu:
-Então leve-me com ele.
A troca de olhares entre os soldados foi quase cômica. Silêncio tomava o lugar até a ordem do oficial que vinha a frete.
-Então prendam-na, o que estão esperando seus paspalhos?
Eles não se olharam durante o caminho, mas a tensão era tão sólida que faltava pouco para tornar-se visível. A jovem sustentou o encarar, decidida, passo após passo até estar frente com a monarca em sua sala do trono. O ser azul tomava a cadeira ao seu lado como conselheiro.
-E por que trouxeram essa garota? -Levantou-se de seu trono, fazendo cintilar os diamantes do vestido
-Ela se colocou na frente, queria impedir nossa operação
-Queria impedir que cometessem um erro enorme! -Foi incisiva
-Pois bem -a rainha voltou a sentar-se, o tom irônico e malicioso -Que erro?
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