História A Herdeira do País das Maravilhas - Ascendência

-Injustiça -O cenho da Rainha franziu-se imediatamente
-E o que sabe sobre isso, criança? -Estava louca por um motivo para prendê-la também
É claro que ela sentia medo. Sob à máscara, pisava em ovos, consciente de que qualquer palavra podia ser sua última em liberdade. Com esforço, antinha a respiração sob controle
-Sei que vossa majestade pretende prender um inocente sem prova alguma.
-Ascendência é minha prova! -O tom incontestável
-Está tentando culpa-lo pelos erros de seu pai? -um sorriso de lado apareceu no rosto delicado, era o ponto que ela queria.
-O filhote é como o pai -corrigiu -Então estou protegendo o reino de futuros problemas -o sorriso em falsa benevolência.

Foi quando o homem levantou a cabeça, a íris tão escura que pareciam se unir às pupilas. Ele respirou fundo, acompanhando a discussão que podia salvá-lo.

-Então presumo que vossa Majestade e sua irmã devessem ter os mesmo princípios e condutas -A provocação foi o suficiente para cala-la -Afinal são filhas do mesmo casal, criadas na mesma casa da mesma maneira.
-Isabelle optou por não seguir seu destino e enfrenta as consequências por isso
-Então dê a ele a oportunidade de fazer o mesmo 
Na cadeira ao lado, Absolem sorriu. A garota percebeu.
-Isso é muiteza o suficiente?
O ser andrógeno aquiesceu, aparentemente orgulhoso.
-Mas você disse que ela não era a Alice! -Irritou-se a monarca.
-Eu disse que faltava-lhe ser mais, e agora ela está sendo.

***

-O que estava pensando ao vir aqui? Eu disse que seria arriscado!
-Mas eu nem sou realmente um Jaguadarte, Alice! -Reclamou ele, ao sair do palácio
-Eu sei, mas é o que acham que você é, inclusive é como esse mundo te entende.

Um fato interessante sobre o País das Maravilhas é que os visitantes são interpretados pela magia desse mundo de maneira a encaixar-se na história. Algumas tinham características físicas alteradas, outras, traços da personalidade mudados, mas no momento de sua chegada, sempre são colocados como parte do subterrâneo. No caso de Átila Nekusar asas de couro escuro foram anexadas às suas costas, como uma característica marcante dos Jaguadarte, família que representaria enquanto ali estivesse.
Apesar de já extinta na última guerra, desde a divisão dos reinos, a sombria família se opunha ao Reino Branco, sem concordar com os princípios de Paz da Rainha Marion. Por tanto, a liberdade do recém chegado vinha com restrições. Ele teria de se manter longe do centro, escondido na região montanhosa do Sul, onde ficaria até que a coroa requisitasse sua ajuda.

-Você foi muito corajosa, Pequena -Admitiu ele, era quase como se agradecesse.
-Lutar contra esses costumes é algo que tenho visto como cada vez mais necessário. Com uma mentalidade mais aberta na cidade, por exemplo, não seria preciso que se escondesse.
-É melhor do que estar longe. Os corvos manterão -me informado. -Sorriu ele
Os dois pararam assim que foi seguro. A trilha pela floresta era mais perigosa a noite e o caminho alternativo até as montanhas podia demorar dias.
-Que tal tentar usar essas asas? -Disse ela -Podíamos chegar mais rápido.
-Como se eu pudesse aprender a voar da noite pro dia
-Vamos esperar amanhecer de qualquer jeito, não te custa tentar -Respondeu ela, risonha.