História A Herdeira do País das Maravilhas - Para salvar á todos

Sempre que possível, visitava Alice e Madeline na masmorra, levava alguns doces escondida da cozinha ou apenas pedia que esperassem um pouco mais. A Rainha Branca, assim como todos na Marmoreal, não tinha ideia do que estava acontecendo, mas a gata sempre ouvia sobre eles em seus plantões a porta nos aposentos da Rainha vermelha. Conheceu os planos das cartas desse jeito e teria como ajudar o exército branco, seu trabalho como espiã era inquestionável. 
 

Enquanto isso, no subsolo, Alice e Mad continuavam presas a pão e água. A medida que os dias passavam, não entendiam porquê ainda estavam ali sem uma sentença de execução ou um pedido de resgate para a Rainha Marion. Elas saberiam se acontecesse, não é? Os guardar acabariam falando em algum momento.

A visita dos corvos vinha se tornando regular. Pousavam na janela com suas carinhas de pássaros estúpidos e observavam as duas.

-Diga a ele que eu estou bem e que tenho saudades -sorria Alice dizendo a mesma coisa quase todos os dias. Sabia que não era necessário, mas gostava de assegurar que essa seria a impressão passada.

-Você tem certeza que não está ficando louca? -Perguntou Madson no final da primeira semana

-Tenho respondeu, é meu Jaguadarte vindo me visitar 

-Ah é? E por que ele não ajuda a gente a sair daqui? 

-Porque graças ao seu povo ele está preso em uma caverna recebendo mercenários que para mata-lo dia sim dia não -Estava ficando com raiva. -Ele pode estar fazendo isso nesse momento, na verdade. 

Mad ficou quieta. Alice estava coberta de razão ou de loucura.

***

Os nobres tomavam café da manhã, mas nossa Cheshire já estava de pé há horas. Assim que o Valete virou o corredor, indo em direção à sala, ela entrou no quarto, de onde ele saíra. Começou seu trabalho da forma mais ágil possível e em alguns minutos os lençóis tinham sido trocados, todas as roupas guardadas e a janela limpa, faltava apenas encerar o chão. Nesse dia em específico, ela sentia falta de um pouco de azul em seu mundo,  saudades de seu amado, e isso acabou distraindo-a. Foi até a janela aberta, que era quase uma sacada e ficou observando a paisagem lá fora. "Eu preciso sair logo daqui" Ela pensava sozinha.  
Antes que pudesse se lembrar do que tinha que fazer para sair, angústia tomou seu corpo. Passos pesados se aproximavam no corredor. Não havia tempo para terminar todo serviço. Ao ouvir a porta abrindo, apenas se virou, mantendo uma das mãos no beiral da janela. O Valete andava confiante e com um sorriso nojento no rosto enquanto a observava. 
-Normalmente, esse encontro não é possível, mas... Ficou realmente feliz que esteja aqui agora. 
Ela se obrigava a sorrir, em silêncio.
-Isso significa que você mudou de ideia sobre o que quer? -Ele perguntou 
-Não exatamente, mas... -Ela pausou, mordendo o lábio inferior -Podemos negociar. 
Ela percebia o olhar dele passeando seu corpo, se sentia desconfortável, só uma pessoa podia faze-lo. Conforme ele se aproximava, ela fugia para o lado. 
-E o que você gostaria? -Seu tom era enigmático
-Eu faria um serviço muito melhor se não estivesse presa -Ela estendeu os pulsos tentando não parecer tensa. Ao dar um passo para trás sentiu a parede.
-E quem me garante que você não vai fugir?
Em segundos ele avançou, prendendo-a. 
-Seja boazinha comigo e eu te solto depois. -Completou e atacou-lhe o pescoço.