História A Herdeira do País das Maravilhas - De volta ao lar

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A caminhada para o centro da vila não era nada longa e em alguns minutos, ela estava de volta ao lugar onde passara grande parte de sua infância, a confeitaria dos Cartola. Um sorriso surgia lentamente to em seu rosto conforme entrava no lugar. O cheiro dos doces misturado à todos os sabores mais exóticos de chá era incrivelmente familiar. 
Um homem alto, que não parecia muito mais velho do que ela, cumprimentou-a com um gesto. 
-Que surpresa, Alice
-Ah, vocês já sabem? -Respondeu ela, sem graça.
-Não esperava vê-la nessa vida -comentou outro que passava com a bandeja de xícaras
-Com certeza sabem -concluiu risonha

Indo até o balcão onde ficava a estufa de doces, onde estava a amiga Madson.
-Pelo visto, as coisas não foram bem
-Eu não posso só ter vindo visita-la? 
-O conselho concluísse que você é realmente a Alice, me chamaria para ser sua Dama de companhia -Mad deu de ombros, sabendo que tinha razão 
-Tudo bem -Admitiu a outra -Nesse caso, sabe do que eu preciso agora.
-Uma casa? 
-E um emprego?
-E um abraço?
Três crianças, claramente da Família Cartola, se aproximaram dela
-Por aí -Concordou a garota, num sorriso forçado -Parece sempre que eu entro aqui tem mais um de vocês -Brincou, para a amiga
-E a pior parte é que somos todos iguais.
-Não, faltou um pouco de altura em você -Brincou um dos irmãos mais velhos que vinha da cozinha.

E Mad estava certa. Ela era a filha do meio, quarta filha do casal e contava com seis irmãos. Todos tinham as mesmas caraterísticas Cartola: cabelos enrolados e volumosos em tons de castanho a ruivo, pernas longas, tronco fino e olhos claros; apenas os números pares tinham o corpo pintado com sardas, logo, o segundo filho, Esthevan, o sexto, Lisandre, além da própria Madson. 
As marcas mantidas há gerações da família enorme que já servia à realeza há séculos, antes mesmo que o reinos se dividisse em dois. Ferreiros e artesãos, faziam as jóias da família real e dos nobres que a circundam, inclusive que a Coroa delicada que atualmente habita a cabeça da Rainha Marion. Mas a falta de altura não era a única característica que a diferia dos outros, ela tinha um dom muito especial para a nossa história que logo apresentarei a vocês.

-Bom dia, senhora Cartola
Cumprimentou a garota ao chegar ao balcão do caixa, onde a mulher usando uma linda cartola verde menta fazia contas e anotava os resultados em uma folha amarelada.
-Bom dia - Respondeu, levantando a cabeça com a expressão sorridente que congelou ao reconhece-la -Então era verdade..? Você realmente está viva?
-Estou -Respondeu ela sorridente, estendendo a mão para ele -Quer tocar?
Agora podia ver alguns fios grisalhos por baixo das abas curvas.
A mulher levantou-se trazendo-a para o meio do salão.
-Sentimos tanto a sua falta, Querida. Seu retorno é, com certeza, motivo para comemorarmos e meu marido há de concordar com isso -Agora todos os clientes ouviam e festejavam, batendo palmas e gritando.
-Na verdade, Senhora, não era o que...
-A festa será hoje a noite, compareçam com toda a família...
-Mas... 
-...e espalhem a notícia para os amigos. Nossa campeã veio nos salvar!
O povo inflamado não deixa brechas para a intromissão da Garota
-Salvem a nova Alice! -Gritou algum aldeão

-MÃE, JÁ CHEGA! - a voz de Madson sobressaiu ao discurso inflamado -Pode deixa-la falar?
Os olhares mais uma voltaram-se para a menina, e, mais uma vez, ela se sentiu pequena.
-Eu não sou a Alice que vocês esperam.
-É claro que é, quem mais seria? 
-Mas o Conselho disse...
-O Conselho pode errar tanto quanto qualquer um de nós -Argumentou a mãe -O que importa é que desde que o Oráculo foi escrito, apoiamos-te como Alice!
Mais uma vez, as pessoas gritaram.
Uma multidão havia se formado, cidadãos atraídos pelo discurso inflamado.
-Então, para nós, você é a Alice certa.