História A Herdeira do País das Maravilhas - À Nossa Campeã

Anoiteceu e nossa acreditada Alice instalou-se no quarto quarto de Mad. Olhando pela janela, ela percebia a aglomeração de civis formando-se na rua em frente à cafeteria. Tinham música ao vivo e o cheiro delicioso subia até o segundo andar.
-Estão esperando por você -A amiga sardenta brigada com os cachos na penteadeira
-E continuaram esperando
-Alice.. não seja assim
-Eu não sou a Alice, Mad, pare com isso.
-Tudo bem, então não seja -Não era momento para discussões bobas -Mas você precisa se divertir, garota! 

A cartola enfeitada com laços cor de rosa deixavam-na com aquele aspecto único e, como ela mesma diria, chapelástico! Vestisse com verde-água e roxo, representando as cores de sua família, mas as luvas eram quadriculadas de preto e branco. A outra olhou-a e não pode contar o sorriso.
-o que foi? Acha que eu exagerei? -Perguntou Mad, olhando-se
-Não, só.. acho que desacostumei com... tudo isso! 
As duas caíram na gargalhada, afinal, toda a casa  que envolvia-as seguia o estilo excêntrico do país das maravilhas.
-Eu tenho alguns vestidos mais lisos, pode escolher e me encontrar lá em baixo, só não demore! 

Pouco convencida, ela seguiu o conselho da amiga e começou a vasculhar o armário. Em alguns minutos, escolheu um vestido rodado de tecido pesado branco com rendas azul pastel e ombros caídos. Manteve os saltos estilo boneca e fez um coque meio bagunçado no cabelo. Sem se olhar muito no espelho, desceu, sentindo borboletas tomarem seu estômago.
Os primeiros olhares pareciam desinteressados, mas logo se tornaram insistentes e curiosos. Procurava a amiga em meio à multidão com as bochechas queimando.
-Madson! -os minutos pareceram demorar muito mais
A amiga conversava com um adolescente que tinha a pele manchada de azul. Os cabelos e olhos pareciam estar indo pelo mesmo destino, como uma flor colocada em água com corante que gradualmente toma o pigmento para si. 
-Você demorou, Alice -Mad sorriu de canto
-Então é verdade? -Questionou o garoto
-Essa festa é exatamente para isso, não? Comemorar a chegada de nossa campeã
-É -concordou a então Alice, ainda sem jeito
-Vamos pegar uma bebida -chamou Madson.

-Pequena, quanto tempo! -O Senhor Cartola cumprimentou-a com um abraço.
Tinham se visto mais cedo naquele mesmo dia, durante a reunião do Conselho. Agora ele usava uma cartola de festa sobre os cachos mais brancos do que ruivos, como a garota se lembrava.
-Padrinho -Respondeu ela, sorridente
-Madson tem te tratado bem? -Brincou
-É claro que sim -respondeu -E seus doces parecem cada vez mais deliciosos
-Muito obrigado -Despindo o sorriso, o senhor aproximou-se e disse baixo -Imagino que já tenha percebido que toda a minha família te apoia e está disposta a ajudar como fizemos à seu pai até seus últimos momentos.
-Meu.. pai? -Os olhos se arregalaram sem que percebesse -O que aconteceu a ele?
-Podemos nos reunir em meu escritório amanhã e contarei-lhe tudo o que sei, pequena

Assim as horas seguiram. Questionaram, agradeceram e homenagearam uma Alice, sendo ela a certa ou não. Ninguém parecia se importar com a garota sob o título que nem era dela oficialmente. Pela primeira vez, ela vivia a beleza contraditória de ser apoiada por pessoas que não realmente se interessam com quem você desde que represente segurança para todos eles.
Já era noite completa quando o trote sem pressa dos cavalos tomaram a rua principal. A Senhora Cartola preocupou-se e, junto com os filhos mais velhos, foi até a calçada procurar saber o que acontecia.