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História A história de nós dois - O começo


Escrita por: CaliVillas

Capítulo 1 - O começo


O que é certo e o que é errado?  Em algumas situações, há um tênue limite entre os dois.

Podemos controlar o nosso coração e nossos sentimentos, usando a razão? Ou escolher a pessoa por quem vamos nos apaixonamos?

Essas eram as dúvidas que afligiam Nina e Gabriel, por muito tempo. Porém, para entender melhor essa história, será preciso contá-la bem do início, com um breve resumo de como tudo começou.

Nina não se lembrava dela e dos seus pais como uma família. Aos 4 anos de idade, os gritos durante as brigas e discussões constantes eram as únicas vagas lembranças dessa época e do casamento deles. Ela também tinha uma tênue recordação da conversa com seu pai, quando ele lhe explicou que iria se separar da mãe dela, mas prometeu que continuaria a amá-la como sempre. E mesmo distante, ele manteve a promessa.

Assim, o pai se foi ela e sua mãe passaram a morar sozinha no apartamento antigo. No começo, sentia muito a falta dele, no dia a dia e nas pequenas coisas corriqueiras, mas aos poucos, a presença dele foi apagada daquele lar. Ela ainda se lembrava dos fins de semana juntos, dos passeios de bicicleta no parque, as idas ao cinema, as viagens para o campo ou para praia, eram boas recordações. Acostumou-se e adaptou rapidamente com a sua nova realidade. E a vida prosseguia sem percalços, já que depois da separação, seus pais mantiveram uma relação de cordial gentileza, que não tiveram antes.

Quando Nina tinha seis anos e estava feliz, depois de um passeio no parque, seu pai veio lhe contar, com bastante prudência, a novidade, que ele faria um curso de pós-graduação no exterior, ficaria um ano fora, no Canadá. Garantindo à filha, que esse tempo passaria bem depressa, e ela não sentiria tanto a sua falta. O pai se foi e o tempo passou rápido, porém, eles gostaram tanto dele, que o convidaram para trabalhar por lá. Sem poder recursar essa oportunidade única, o pai de Nina foi morar em Toronto, e ela ficou muito tempo sem vê-lo de novo, já que não poderia viajar sozinha, nem o pai poderia vir visitá-la tão cedo.

 

Gabriel não se lembrava dele e dos seus pais como uma família. Suas memórias de menino de 4 anos eram confusas. A sua recordação mais marcante era do dia cheio de choros e das lamentações dos adultos à sua volta, a confusão, do entra e sai na sua casa, de sentir falta da mãe, procurar por ela e não a encontrar em lugar nenhum. Outras das suas lembranças estavam perdidas e escondidas dentro da sua cabeça, pois o fazia sofrer demais. Também, recordava da dor imensa que assolou o seu coração quando o pai lhe contou que a mãe não voltaria mais, porque estava no céu, pois Deus a chamou para cuidar dos anjinhos. Ele não entendeu como Deus e os anjinhos lhe haviam roubado a mãe, enquanto ainda precisava dela. Então ele chorou, bateu o pé, esperneou, gritou, se rebelou, mas Deus não voltou atrás e não lhe devolveu a sua mãe. Por isso, muito zangado, brigou com Deus e com os anjinhos por lhe terem tirado a pessoa quem mais amava no mundo. Só quando ficou um pouco mais velho, soube de uma verdade um tanto truncada, nunca falada abertamente, que a mãe morreu em um acidente, mesmo assim aquilo não aliviou a dor que morava no seu coração, muitas vezes, durante anos, ainda chorava à noite, na cama, até adormecer.

Com o passar do tempo, as lembranças de sua mãe esvaneciam lentamente, e por mais que tentasse, mal conseguia recordar dela viva, por isso ficava ainda mais triste e aborrecido. Usava as fotos e os curtos filmes caseiros como recurso para reavivar suas poucas lembranças.

Gabriel e seu pai continuaram a morar sozinhos no antigo apartamento, cheios de memórias da mãe. A maior parte do dia, Gabriel ficava na escola ou sob cuidado de uma empregada. Já à noite, sozinho com o pai, eles tentavam manter um falso bom ambiente, porém, silenciosamente, o lugar era invadido por uma invisível bruma de tristeza, que se espalhava por todos os cantos, que preenchia seus peitos e apertava seus corações. Durante muito tempo, o menino acordou em várias madrugadas, aos berros, suado, amedrontado, chamando pela mãe, Seu pai corria para quarto do filho na tentativa de acalmá-lo, o médico diagnosticou como terror noturno, consequente do estresse e depressão.

Na inocência da infância, sem entender ou saber expressar a sua dor e raiva pela perda da mãe, que se acumulava no seu coração, Gabriel descontava no mundo a sua volta. Em consequência disso, por um curto período, passaram muitas empregadas pela casa deles, a grande maioria desistia ao enfrentar o garoto rebelde, desobediente e mal-educado. O pai, a todo momento, era chamado na escola por causa dos pequenos delitos do filho, como uma briga com um colega, xingar funcionárias, não obedecer a professora, quase repetiu de ano. Completamente perdido, o pai de Gabriel procurou ajuda de psicólogas, se desdobrava em atenção, tentando dar um jeito naquele menino rebelde. Com o tempo, aqueles sentimentos de raiva e revolta foram diminuindo, e o garoto se recolheu, tornou-se tímido e retraído, era difícil tirar alguma palavra dele. Por isso, passou a sofrer discriminação da escola, muitas vezes chegava em casa machucado e ressentido, indo direto para o quarto, se trancando, ficava lá a noite toda, apesar do pai bater na sua porta, tentando conversar, mas não tinha resposta. Assim, quando tinha 7 anos, seu pai tomou a decisão e o mudou de escola, na tentativa de começar tudo do zero, uma nova oportunidade de vida.

Foi nessa época, que uma grande mudança nas vidas deles aconteceu. Tudo começou sem eles perceberem, durante uma daquelas festas de escola, com crianças alvoroçadas correndo e brincando, libertas, por todos os cantos do pátio, e pais e mães conversando entre si sem se incomodarem com o barulho, colocando os assuntos em dia.

Era primeira festa na nova escola, por isso o pai de Gabriel fez questão de ir, já que estava disposto a ter uma vida normal, enturmar o filho e estimulá-lo a fazer amigos. Contudo, ficou muito chateado e desanimado pois o garoto permaneceu sozinho em um canto, jogando um joguinho eletrônico, em vez de brincar com as outras crianças, que corriam e conversavam, animadas, pelo pátio. Estava observando o filho a distância, pensando o que poderia fazer para ajudá-lo, quando mãe de Nina se aproximou, falante e amigável, com um sorriso simpático, estendeu a mão para cumprimentá-lo.

- Oi, eu sou Marta, mãe da Nina. Acho que ela estuda na mesma turma do seu filho?

- Oi. Sou Rui, pai do Gabriel – ele aceitou o cumprimento.

- Sei pode parecer sexista, mas é raro ver um pai nesse tipo de festa.

- Não tenho muito opção, sou o único na vida do meu filho. Minha mulher morreu há alguns anos – Rui revelou, ficava mais fácil com o passar dos anos.

- Oh! Desculpe-me – Marta disse sem jeito.

- Não tem problemas, já fazer algum tempo. E como você poderia saber?

- Eu sei como é difícil criar uma criança, sozinha – declarou - Meu ex-marido mora há alguns anos fora do país.

Os dois trocaram sorrisos de cumplicidade.

Nesse dia em que a mãe de Nina conheceu o pai de Gabriel, eles não sabiam como as vidas de todos iriam mudar dali em diante.



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