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História A história de nós dois - Dois caminhos


Escrita por: CaliVillas

Capítulo 10 - Dois caminhos


Toda aquela euforia contagiante pela vitória, o giro nos braços de Ethan e o beijo no calor da empolgação, deixaram Nina tonta, mal conseguiu ficar em pé quando escorregou até o chão e foram separados, abruptamente, pelos seus companheiros de time, que agarraram o herói da partida, arrastando-o até o vestiário para continuar a comemoração.

- Espera por mim aqui, eu vou me trocar e volto logo! – Ethan gritou para ela, antes de desaparecer através da porta, empurrado pela turba barulhenta.

Sem saber o que fazer, Nina ficou ali parada, percebendo o burburinho diminuir ao seu redor, até se ver sozinha, recostada na parede de braços cruzados na frente do peito, esperou, pensando no beijo de Ethan, cheio de emoção e entusiasmo por aquele momento feliz. Porém, mesmo sem permissão, a sua mente voou para o passado, recordando-se de um outro beijo, também cercado de fortes e profundas emoções, sentiu um aperto no coração, por mais que tentasse, não podia negar que ainda sentia muita falta de Gabriel. Felizmente, antes que seu coração afundasse na tristeza, uma luz a iluminou vinda da porta que se abriu e Ethan surgiu através dela.

 

Quando a porta do apartamento de Lia abriu, Gabriel se assustou com aquela figura abatida e pálida, os cabelos despenteados, os olhos inchados e embaçados, o nariz vermelho pelo choro e as roupas amarfanhadas. Assim que o viu, Lia atirou os braços em volta dele, acomodando o rosto na curva do seu pescoço, ele a abraçou com carinho, querendo reconfortá-la, enquanto ela chorava igual a uma criança perdida, notando o corpo delicado dela tremer com os fortes soluços e sua camiseta ficar molhada de lágrimas.

Sentindo-se um pouco mais calma e reconfortada, Lia se afastou, fungando e limpando as lágrimas remanescentes com a mão e o convidou para entrar, acomodaram-se no sofá, bem próximo um do outro, ela encolhida em um canto, os braços em volta das pernas dobradas, parecia frágil e desamparada. A sala ao seu redor reinava a total desordem, um retrato da vida naquela casa. Gabriel a fitava com preocupação, não sabia o que fazer ou falar naquele momento, no entanto, não pode deixar de notar, que apesar do rosto inchado e o nariz vermelho pelo choro, Lia ainda continuava bonita, considerou que os deuses da adolescência haviam sido muito complacentes com ela, pois sua pele perfeita não possuía nenhuma marca de espinha, as feições belas e clássicas, não passaram pelas indefinições comuns naquela época da vida, seus movimentos eram seguros e elegante, com completa consciência do seu corpo.

Mesmo que Nina sempre falasse sobre a beleza de Lia, até com uma pontinha de inveja, ele nunca havia prestado atenção, jamais teve olhos para ela.

- Obrigada por ter vindo – Lia agradeceu, comovida, depois, de algum tempo em silêncio.

- Por nada. Tem notícias de sua mãe? 

- Meu pai tinha acabado de ligar, antes de você chegar. Eles fizeram uma lavagem estomacal e ela deve ficar internada em observação por algum tempo. O médico que a acompanha acha que ela deveria ser levada para uma clínica até passar essa crise – ela relatou com a voz débil.

- Tudo vai ficar bem – Gabriel garantiu, em tom suave.

- Não, não vai – ela retrucou, sacudindo a cabeça em negação. – Ela está assim há anos, entrando e saindo de clínicas a toda hora. Só querendo morrer, tenho certeza que um dia vai conseguir. Meu pai está cansado, por isso foge para a rua e para as outras mulheres e eu não sei o que fazer, fico perdida no meio disso tudo. Se ele não tivesse chegado mais cedo hoje, ela teria morrido.

Gabriel ouviu o desabafo, calado, não sabia que dizer.

- O que posso fazer para ajudar você? – ele, finalmente, perguntou.

- Nada, só fique aqui comigo – ela pediu, estendendo a mão na direção dele, que a segurou com ternura.

 

Naquela tépida primavera, Nina e Ethan saíam para se divertir, iam ao cinema, aos parques onde se deitavam na grama recém-nascida para aproveitar o sol morno, conversavam sobre suas vidas em lugares tão diferentes, ouviam música, subiram na imensa torre para ver o mundo aos seus pés através do chão de vidro, frequentavam festa dos amigos deles, beijavam-se, andavam de mãos dadas, para todos, eram namorados.

Um sábado à noite, deixando-a em casa, depois do cinema, enquanto trocavam beijos, ele veio com a novidade:

- Amanhã vou levar você a um lugar especial.

- Aonde? – Nina quis saber, curiosa.

- É uma surpresa, mas use um sapato bem confortável e esteja pronta para andar, passo aqui por volta das dez para pegar você.

No dia seguinte, Ethan chegou de carro para buscá-la pois, naquelas terras, ele já podia dirigir, e ainda fazendo mistério, enquanto cruzavam a cidade. Durante o trajeto, ao ver as placas, Nina começou a desconfiar do seu destino. Porém, só teve certeza, quando entraram no estacionamento.

- Zoológico? Você me trouxe a um zoológico! – Nina exclamou, surpreendida.

- Por que? Você não gosta de zoológico? – Ethan questionou, uma ruga de preocupação apareceu entre seus olhos.

- Gosto, pelo menos, acho que gosto. Eu não sei – Nina ergueu os ombros, pela indefinição.

- Como não sabe?

- Eu não visito um zoo desde que era criança – Ela relembrou, quando saiam do carro e iam em direção à bilheteria. – Nunca íamos ao zoológico porque Gabriel não gostava de ver os bichos presos.

- Quem? Seu irmão?

- Na verdade, não somos irmãos de fato, Gabriel é filho do marido da minha mãe, crescemos juntos, então, é como se fossemos, realmente, irmãos, e ele é o meu melhor amigo. – Era a primeira vez que explicava ao namorado sua relação com Gabriel, porém, sem lhe contar toda a verdade. Sentiu de volta aquela saudade, que tentava desesperadamente sufocar, mesmo que a companhia de Ethan a ajudasse conseguir o seu intuito, jamais passou sequer um dia, sem que mesmo por um segundo, não se lembrasse Gabriel.

- Deve ser bom ser amigo do seu irmão, porque eu só brigo com a minha irmã o tempo todo – Ethan confessou, de um jeito maroto.

- Sim, é mesmo. Vamos ver a panda? – Mudou rapidamente de assunto, porque não queria falar e sofrer por causa de Gabriel.

- Você quer ir no baile da primavera comigo? – Ethan perguntou, displicente, enquanto, observavam o indolente panda comendo uma infindável quantidade de brotos de bambus.

- Baile da escola?

- Sabe como é? Uma festa na escola com bebidas sem álcool, comida ruim, onde as pessoas dançam e conversam – ele respondeu em tom sarcástico.

- Não sabia que vocês tinham isso por aqui – Nina ficou surpresa. - Não temos essas coisas nas nossas escolas.

- Não?! Como vocês podem sobreviver sem inacreditável experiência? – indagou no mesmo tom, Nina riu achando graça. – Então, está na hora de você viver esse momento único da sua vida, Nina.

- Tudo bem, eu irei ao baile com você, Ethan.

Depois de um dia muito agradável, Ethan deixou Nina em frente da casa do seu pai.

- Você tem certeza que não quer fazer nada hoje à noite? – Ethan perguntou, depois de um longo beijo de despedida.

- Tenho, foi um dia foi muito legal, mas eu estou bem cansada. – Às vezes, Nina não queria ficar mais tempo junto a Ethan, mesmo ele sendo bonito, inteligente e a fizesse rir, mas faltava algo, sempre ficava um vazio no seu peito, que nada conseguia preencher. – Até mais – disse, após mais um rápido beijo e sair do carro.

 

- Olá, Nina. Como foi o dia? – Barbie perguntou, assim que ela entrou pela porta, desviando os olhos do computador, já que ela trabalhava em casa.

- Ótimo. Fomos ao zoo.

- Muito bom! E você gostou?

- Bastante. Barbie, Ethan me convidou para acompanhá-lo no baile da escola dele, e não tenho a menor ideia do que usar. Você poderia me ajudar? – perguntou, um tanto sem jeito.

- Mas, é claro que eu ajudo! Quando será? – a madrasta respondeu animada com a ideia.

- Daqui a duas semanas. Depois conversaremos sobre isso, eu estou cansada, vou subir e tomar um banho agora, porque andamos o dia todo.

 Quando entrou no seu quarto percebeu que havia uma mensagem de Lia no seu computador. Há muito tempo, que elas não se falavam, e quando faziam, era só muito rapidamente. Sentindo-se um tanto culpada, ligou imediatamente para a amiga.

- Oi, Lia. Tudo bem? – Nina perguntou, assim que Lia apareceu na tela.

- Tudo – respondeu, no entanto, Nina percebeu logo que era mentira, pois ela estava mais magra e abatida.

- Não venha com essa! Você não está nada bem. O que houve, Lia?

- Minha mãe tentou se matar outra vez – admitiu, com um suspiro. – Está internada.

- Foi mal! Eu não falo com você há um tempão. Me sinto meio culpada por deixar você passar por essa, sozinha – Nina admitiu, sentiu-se a pior das amigas, por ter posto Lia meio de lado, sem saber do momento difícil que ela vivia, enquanto se divertia com Ethan. – Eu queria estar aí com você para dar uma força.

- Eu sei disso e, também, sinto sua falta e queria que estivesse aqui comigo, mas Gabriel está me dando o maior apoio. Ele está sendo demais e não sei como conseguiria sem ele.

- É – Nina tentou parecer casual, apesar do coração apertado ao ouvir aquele nome. – E como ele está? A gente não se fala há muito tempo.

- Ele está bem – Lia respondeu, sem dar detalhes.

- E você, como está?

- Agora, bem – Lia mentiu.



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