História A história de nós dois - De uma vez por todas

- Onde você se meteu ontem depois das aulas? Eu liguei para você a tarde toda! – Lia reclamou, voluntariosa, encarando Gabriel com os braços cruzados diante do peito, assim que ele entrou pelo portão do colégio.

- Ei! Vamos com calma, Lia! – ele exclamou, incomodado pela cobrança, aquela história com Lia já se tornara exaustiva. – Eu fui para casa, estudar, peguei no sono não ouvi o telefone. Se quiser pergunte a Nina – eles haviam se tornado grandes mentirosos para esconder a sua relação.

- Vou perguntar mesmo! – Lia declarou, em tom acusador.

- Então, pergunte – ele a desafiou, sustentando o olhar, ao perceber a fúria nos olhos dele, Lia se desarmou, mudando de tom.

- Por favor, Gabriel, me perdoe! – suplicou, com a voz suave. – Eu tenho tanto medo de perder você – disse, se atirando para frente e o envolvendo em um abraço apertado.

- Lia, você não pode continuar desse jeito. Não pode quer controlar a minha vida o tempo todo, nem eu posso viver a sua volta – ele ponderou, aceitando o abraço.

- Mas, eu não sei o que faria se perdesse você – ela disse, escondendo o rosto na curva do pescoço dele.

- Você não pode viver dependendo de ninguém desse jeito, Lia – falou, desvencilhando dos braços dela, para olhá-la de frente. – Você tem que viver a sua própria vida. Você não precisa de ninguém.

- Eu não posso, não ainda, não consigo. Eu me sinto tão sozinha. Se não fosse por você e Nina, acho que ninguém mais sentiria minha falta, se eu desaparecesse no mundo.

- Bobagem! Você tem seu pai e sua família.

- Quem? Meu pai? Acho que até ele ficaria mais feliz se eu desaparecesse, seria menos um problema na vida dele, como era minha mãe.  Quanto ao resto minha família, cada um cuida sua própria vida, não estão interessados em uma garota problemática como eu.

- Pare com isso, Lia! Você não é problemática e as pessoas gostam e se preocupam com você. Além disso, você é linda e inteligente. Talvez, você precise procurar de algum tipo de ajuda para superar – Gabriel sugeriu, mais uma vez.

- Como ajudaram a minha mãe? – Ela deu um sorriso sarcástico. - Não, eles não podem me ajudar, eu acho que sou igualzinha a ela, só causo problemas.

- Pare de ter pena de você mesmo, Lia. Isso não leva a nada – Gabriel não sabia mais o que falar, Lia era como um beco sem saída, mergulhada na sua auto- piedade, e estava preso nele contra a sua vontade.

Já em casa, à tarde, Nina recebe uma mensagem:

Gabriel: “Não sei por quanto tempo posso aguentar essa situação com Lia. ”

Nina: “Só mais um pouco. Vamos dar um jeito. ”

Gabriel: “Eu só faço isso por você. “

Logo depois chega mais uma mensagem.

Lia: “Estou completamente apaixonada por Gabriel. Ele é demais. “

Nina não tinha a mínima ideia como resolver aquela situação, estavam presos naquela ciranda louca, sem saída, esperando que Lia se recuperar da perda de sua mãe, mas parecia algo cada vez mais distante, envolvendo-se mais e mais com Gabriel, quase como uma parasita, e ele se encontrava no limite, tentando manter aquela débil harmonia, sabendo que a qualquer momento, alguém poderia sofrer muito, ele já estava arrependido de manter aquela situação por tanto tempo, pronto para dar um basta e acabado em tudo aquilo, logo.

- Eu não entendo porque você não arruma um namorado, Nina. Você é bonita, interessante, inteligente – Lia declarou, durante o intervalo das aulas e as duas estavam sentadas, lado a lado, no pátio, olhando o movimento ao seu redor, com desinteresse. Gabriel havia sumido, com uma desculpa qualquer.

- Namorado?!  - Ela ficou surpresa com aquela ideia.

– É um namorado! Acho que seria bem legal, porque poderíamos sair nós quatro juntos, eu e Gabriel, você e seu namorado.

- Eu não estou a fim de ninguém – Nina disse, dissimulada, dando de ombros.

- Por que? Tem um monte de garotos nessa escola e muitos deles a fim de você – Lia insistia na sua ideia.

- Já disse que eu não estou a fim de ninguém – Nina retrucou, com certa irritação.

- Ou você gosta de alguém e não me contou, tipo uma paixão secreta? – Lia lhe lançou um olhar malicioso

- Eu não gosto de ninguém! – Nina rebateu, impaciente.

- Jura? – Lia não parecia muito convencida.

- Juro – Nina mentiu, com ar inocente.

- Ainda acho que você não está dizendo a verdade – Lia retrucou, descrente, espreitando Nina, com os olhos em fenda. – Se gostasse de alguém, você me contaria, não é? Afinal, eu sou sua melhor amiga.

- Quando estiver gostando de alguém eu conto a você, Lia – Nina afirmou, revirando os olhos.

- Acho que vou transar com Gabriel – Depois de um breve silêncio, Lia revelou, de forma casual, o coração de Nina acelerou, batendo contra o peito como se quisesse fugir, engoli em seco.

- Essa história outra vez! – Juntou todas as suas forças, fingindo falso indiferença, já estava cansada dessa história, sufocando o ciúme que a corroía, mal conseguia mais ver Lia e Gabriel juntos, tudo por conta da amizade entre elas, mas, agora, aquela história já tinha ido longe demais, não suportaria a ideia de Gabriel fazer sexo com Lia.

- Por que não? Eu planejei isso para o meu aniversário, mas não deu certo, depois teve aquela história com a minha mãe...  Acho que agora é o momento certo, eu estou super a fim.

- Eu não sei se seria uma boa ideia, Lia. Ele está pressionando você? – Nina perguntou com o coração aos pulos.

- Pois eu acho que seria! Gabriel está cada vez mais distante, mesmo do meu lado parece que não está ali, mal me toca, às vezes, só uns beijos, que quase preciso implorar, mais nada. Eu acho que ele quer terminar comigo. Então, essa seria uma boa razão para nos aproximarmos mais.

- Não sei se o sexo seria a solução para isso, você não vai segurá-lo com isso – Nina ponderou, na esperança de dissuadi-la.

- Mas, eu preciso tentar, não posso ficar sem ele, eu o amo muito.

- Lia, você já pensou, que só está dizendo isso por causa da morte da sua mãe e que ficou dependente de Gabriel.

- O que? Você virou psicóloga ou coisa parecida? – Lia retruca com sarcasmo.

- Talvez, seja melhor você procurar alguma ajuda para superar isso – Nina não conseguia esconder uma pontinha de impaciência. Muitas vezes, ela havia cogitado se Lia usava a morte da sua mãe para se fazer de vítima e conseguir o que queria.

- Foi isso que Gabriel me disse outro dia – Lia deu de ombros, indiferente.

- Quem sabe, ele esteja com a razão.

Durante o resto do dia, Nina ficou com um mau humor insuportável, fechou a cara, foi direto para casa e se trancou no quarto, esperou ansiosa e, quando, Gabriel chegou, invadiu o quarto dele, sem nenhum cuidado.

- O que foi? – Ele a fitou, surpreso, ela encostada na porta fechada, fitando-o com o olhar em fogo.

- Lia falou que quer transar com você – revelou, sem rodeios, quase acusadora.

- E você está com ciúmes? – ele disse com uma expressão travessa.

- Eu não quero! – ela decretou.

- Eu também não, quero ficar só com você, então, vamos acabar com essa história agora.

- Talvez, seja melhor. E não aguento mais isso de ver você com ela e fingi que não estou morrendo de ciúmes – Nina relaxou, mas, ainda em dúvida, se Lia estaria preparada para isso.

- Venha aqui, sua boba ciumenta! – Gabriel a pegou pela mão e a puxou para si, ficaram parados frente a frente, com as testas encostas, olhos nos olhos, mãos dadas, corpos bem juntos. – Vamos acabar com essa história e ficar juntos de uma vez por todas – decidiu e trocaram sorrisos de cumplicidade, quando a porta do quarto se abriu de repente.