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História A história de nós dois - Apenas uma família feliz


Escrita por: CaliVillas

Capítulo 3 - Apenas uma família feliz


Cinco anos depois ...

- Que bom, que sua mãe deixou a gente fazer o trabalho aqui, Nina – Lia, a melhor amiga dela, disse, satisfeita, porque a mãe da amiga sempre foi a mais complacente com a bagunça, que o grupo de garotas de treze anos faziam, com a desculpa de realizar trabalhos escolares.

- Ela não liga, se não fizermos muita bagunça, arrumarmos tudo depois e temos que ter cuidado para não deixar nada largado para João pegar – Nina repetia as recomendações, imitando a mãe, enquanto as garotas se acomodavam em volta da mesa da sala de jantar.

- Cadê o João? – Isabela perguntou, pois ela adorava brincar com o irmãozinho de três anos de Nina.

- Está na creche agora.

- Ah! Que pena! Ele é tão fofinho! – Isabel lamentou.

Aquele grupo de garotas estudavam juntas desde sempre, naquela mesma escola, tinham crescidos juntos, se conheciam há bastante tempo, frequentando a casa uma da outra.

- Então, vocês pesquisaram a sua parte? – Maria, a mais objetiva do grupo, perguntou, querendo terminar logo com aquilo.

- Eu não tive tempo – Lia revelou, sem nenhum sinal de culpa.

- Como? – Isabela reclamou. – Nós combinamos!

- Eu tinha muitas coisas para fazer – Lia deu de ombros, indiferente.

- Mas o trabalho é para a próxima semana! – Maria falou, aborrecida.

- Eu vi a parte da Lia, também – Nina revelou, Lia sorriu, vitoriosa, e as outras duas outras garotas lhe deram um olhar de desaprovação, apesar de estarem acostumadas de sempre isso acontecer.

Nina estava sempre protegendo Lia, havia criado um instinto quase maternal em relação à amiga, pois ela conhecia, mais do que ninguém, suas dificuldades familiares. A difícil convivência com mãe de Lia, que sofria de um desequilíbrio psiquiátrico, severa depressão crônica, não se importando com nada no mundo ao seu redor, a maior parte do tempo estava mergulhada na dor continua da sua alma, controlada somente com pesados medicamentos. Enquanto, o pai era um completo ausente, cansado dos problemas da esposa, afastou-se, fugindo para o lado de fora, por isso, nunca estava em casa. Lia já lhe revelara que ele tinha muitos casos extraconjugais, mesmo fingindo que não se importava, Nina sabia que a amiga sofria muito com isso.

- Se você fez isso... - Maria deu de ombros, determinada a não discutir.

Começaram a montar o trabalho sobre as principais religiões do mundo, decidindo que parte cada uma iria apresentar em sala de aula. No calor do debate, não ouviram a porta ser aberta. Assustaram-se, quando Gabriel passou apressado por elas, de cabeça baixa, grunhindo um cumprimento, indo direto para o seu quarto.

- Seu irmão? – Maria perguntou, estranhando aquela atitude.

- Sim, Gabriel é um pouco tímido – Nina justificou.

- Mas, ele é um gatinho. Tem namorada? – Lia disse em um tom malicioso.

 - Não, ele não tem namorada, pelo menos, eu acho que não. Você acha mesmo ele um gatinho? – Nina indagou, com desdém.

– Acho mesmo. Ele estuda em outra turma, não é? – Lia demonstrava muito interesse.

- Sim – Nina respondeu econômica, não querendo prolongar o assunto.

A despeito de já estar habituada àquela atitude mais atirada da amiga, em relação aos garotos, pois ela sempre tinha um namorado novo, e ao ouvir aquela afirmação de Lia a respeito de Gabriel, Nina percebeu algo estranho e incomodo, um sentimento ruim, que não entendeu muito bem o que significava.

Quando as meninas foram embora, Nina seguiu para o quarto de Gabriel, bateu na porta e entrou, sem esperara a resposta. Como muitas vezes, o lugar estava na penumbra, iluminado apenas pela tela da televisão, os sons de zunidos e explosões demonstravam que, ali, se desenrolava uma batalha feroz, aos sons de disparos e zunidos, sob o olhar compenetrado e ansioso de Gabriel e, que com o comando das suas mãos velozes, direcionava seu avatar, entre os tiros e ataques dos seus inimigos virtuais. Ele fez um leve movimento de cabeça, ao vê-la entrar e sentar na cama, ao lado dele, permanecendo em silêncio por alguns segundos, Nina o observando jogar, enfurecidamente. Ela estava acostumada a passar muito do seu tempo livre, naquele quarto, assistindo temporadas das suas séries favoritas, observando-o jogar ou apenas conversando quando, a maioria das vezes, só ela falava e ele ficava calado, com dissimulado interesse.

- Estávamos fazendo o trabalho da escola. Você já fez o seu?

- Já – Gabriel nunca dava detalhes.

- Você está ganhando? - ela perguntou, finalmente, fingindo interesse no jogo, prestando atenção na mecha de cabelo que caia na testa dele, com vontade de colocá-la no lugar, mas, há algum tempo, começaram a respeitar barreiras invisíveis auto impostas, e não se tocavam mais.

- Não - ele respondeu, parando o jogo, a imagem congelou na tela. – Eu morri – Desde que ela entrou ali, não conseguia mais se concentrar, nem prestar atenção no jogo.

Lado a lado, sentados na cama, os dois ficaram recostados na parede, em silêncio, por alguns instantes, as palavras “Game Over” congeladas na tela da TV, até ele as fez desaparecerem, com um aperto de botão e o quarto mergulhou na escuridão. Eles não precisavam falar nada, só a presença do outro ali, já os deixavam felizes.

- Lia achou você um gatinho – Nina provocou, Gabriel fez uma careta de desaprovação. – Você não acha ela bonita? Todos os garotos da escola acham.

- Ela não faz o meu tipo – ele se levantou e acendeu a luz, voltando para o mesmo lugar.

- E qual é o seu tipo? – ela quis saber curiosa.

- Sei lá – Gabriel deu de ombros.

- Se você não sabe, como é que ela não é o seu tipo? – Nina questionou, implicante.

- Ela é bonitinha, mas esquisita.

- Não é não. Ela é minha melhor amiga! – retrucou, aborrecida.

- Mas é esquisita – ele finalizou, Nina deu de ombros, fingindo indiferença.

- Você já pensou em namorar alguém?

- Não. E você?

- Também, não. Se você fosse namorar, quem namoraria?

- Na escola? – Gabriel quis saber, Nina assentiu com a cabeça. – Não sei, mas eu acho que gosto de uma pessoa...

- Quem? – Nina segurou o ar, esperando uma resposta, em uma mescla de curiosidade e ansiedade para saber de quem, afinal, Gabriel gostava.

Ele a olhou em dúvida, se deveria revelar seu segredo, no entanto, quando abriu a boca para começar a falar, a porta do quarto foi escancarada, abruptamente, e João entrou correndo, jogando-se entre os irmãos que adorava, que começaram a fazer cócegas e a beijar o menorzinho, que gargalhava feliz com a atenção. Marta apareceu logo atrás dele e parou, recostando no batente da porta, muito feliz, ao observar aquela cena tão doméstica e bonita, tinha certeza, que eles eram uma família completa.



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