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História A História de uma Filha de Atena - Amigas e plano (Emma)


Escrita por: hwps1998 e Tia_Batata27

Notas do Autor


Esse capítulo saiu um pouco mais longo. Por enquanto estou apenas preparando o cenário.
Aguardo os comentários!

Capítulo 3 - Amigas e plano (Emma)


Fanfic / Fanfiction A História de uma Filha de Atena - Amigas e plano (Emma)

‘Eu não quero ser o único

Que as batalhas sempre escolhem

Porque por dentro eu compreendo

Que eu sou o único confuso’.

Breaking The Habit – Linkin Park

 

Eu estava andando pelas ruas próximas ao meu esconderijo. Se a sorte estivesse do meu lado encontraria comida boa. Fazia um frio enorme. A nevasca da manhã havia sido tão forte que uma grossa camada de neve cobria as ruas.

Vestia uma calça jeans bem surrada, uma blusa azul de manga curta um pouco rasgada, um casaco bem velho de lã, um cachecol vermelho velho e All Star preto. Teria de estar pronta para qualquer ataque de monstros. Soprei alguns fios dos meus cabelos curtos negros com mexas vermelhas estava um pouco grande, já que fazia meses que não o cortava. Escondi sobre as roupas minha adaga, Sombra.

Por que eles me atacam? Eles dizem que eu sou uma... Aquele pessoal meio mortal e meio deus... Lembrei! Semideusa, isso! Dizem que semideuses são ótimos para comida. Eu, hein! Já matei vários deles. O engraçado é que quando morrem viram pó amarelo que é levado pelo vento, segundo boatos são mandados diretamente para o Tártaro.

Minha cabeça está cheia de perguntas. Por que os monstros nos atacam? Se meu pai é um deus, por que não me ajuda? Existem outros como eu? Por que só eu vejo os monstros e os outros não?

Morar sozinha não é tão ruim. Pode se fazer o que quiser na hora que quiser. O ruim é ser muito solitária, sem ninguém.

Entrei em uma rua cheia de apartamentos pequenos com os tijolos expostos, escadas de incêndio enferrujadas e casas em ruínas. Minha roupa rasgada não ajudava a passar o frio que aumentava.

Andei até o fim da rua e virei a esquina.

Caminhei até um sobrado simples, com fachada branca e janelas de vidro. Senti o cheiro de uma ceia de Natal, que parecia ser deliciosa. Pelo cheiro parecia peru, pães e salgados.

Por ter 1,59 m de altura, não consegui ver a janela. Subi em um banquinho velho de madeira e estiquei o pescoço.

Vi uma mulher ruiva, um homem um pouco moreno e duas crianças sentadas em uma mesa. A mulher sorria, servindo as crianças. O homem comia observando as brincadeiras.

A cena me fez lembrar da minha mãe e do meu irmão.

Limpei uma lágrima que escorria pela minha bochecha. Ela escolheu meu padrasto ao invés de mim e do meu irmão. Que seja feliz com aquele cretino.

Algo empurrou o banquinho em que estava espionando a janela.

Levantei com as pernas doendo pelo tombo. Tirei a neve que caiu na minha roupa e ao me virar quase gritei de susto.

Um cachorro enorme do tamanho de um carro, de pelos pretos e dentes afiados me olhavam com cara de faminto. Suas patas da frente estavam dobradas, se preparando para pular em minha direção.

Me concentrei e senti meus olhos ficarem roxos. Estalei os dedos, me concentrando para tentar enganar o cachorro. Esgueirei-me em silencio pelas paredes da casa.

Sem querer notei tarde demais que havia um saco no meio do caminho.

Como fui lerda.

Tropecei no saco e cai de cara no chão. O barulho despertou a atenção do cão gigante.

Corri por ruas movimentadas. Entrei em um beco que ficava próximo do meu esconderijo. Consegui despistar o monstro.

A poucos metros de mim vi uma menina com roupas parecidas com as minhas (mas bem piores), morena (apesar da pele estar um pouco pálida) de cabelos longos lisos se levantar com dificuldade.

- Quem é você? – perguntei curiosa.

Ela apenas tentou ver de onde vinha minha voz. Cambaleou um pouco e caiu com tudo no chão desmaiada.

Toquei sua testa, que estava muito gelada. Suas roupas estavam bem piores que as minhas, o que explicaria sua pele muito gelada. Carreguei a menina para meu abrigo, que não ficava muito longe dali.

***

Fazia dois dias que a menina estava comigo. Ainda não havia acordado do desmaio. Como ela consegue dormir tanto?

Meu abrigo era o porão de uma casa abandonada, com tijolos expostos e vidros embaçados. Era alto e espaçoso. Em no canto direito coloquei alguns livros velhos, uma mochila com roupas, lanternas e pilhas e algumas armas que havia encontrado por ai. Na parede próxima às janelas ficavam cobertores, colchões velhos e travesseiros gastos.

Ela era bem diferente. Parecia ter o porte de uma guerreira. Seu cabelo era tão liso que os apliques que coloquei para limpar sua testa escorregaram. Usava umas jóias com uma pedra bem dourada. Tinha o colar com um frasco de cristal amarrado com um liquido verde dentro, com um cheiro amargo.

Estava na hora do almoço.

Havia conseguido alguns pães com mortadela e duas garrafas de suco de abacaxi. Me sentei no chão um pouco distante dos cobertores onde a garota estava deitada, até ouvir ela murmurar coisas que não consegui entender.

- Luke... Cronos... Pã...

Depois de se acalmar um pouco ela se sentou atordoada. Disse alguma coisa que não entendi. De onde será que ela é, e que idioma é esse? Espera... Já ouvi meu padrasto falar assim. Ele se não me engano falava português às vezes... É isso! Ela acabou de falar em português! Pena que não entendi nada.

- Onde... Eu estou?

Me sentei ao seu lado nos cobertores. Notei que seus olhos eram tão dourados quantos as pedras das suas jóias.

- Em um porão do Brooklin – respondi me aproximando um pouco.

- Quanto tempo eu dormi? – ela perguntou um pouco atordoada.

- Dois dias – falei me sentando ao seu lado – por que desmaiou?

- Ah... Hipotermia e uns dias andando por ai.

Ficamos um tempo em silêncio. Ela parecia triste e magoada.

- Está com fome? – perguntei oferecendo um sanduíche de mortadela – parece muito cansada.

- Obrigado – a garota respondeu pegando o sanduíche e dando uma mordida – quem é você?

- Emma Miller Stranger. E você? – perguntei tomando um gole de suco – o que faz da vida?

- Luísa Dorato – ela respondeu tímida, em seguida observou a minha adaga presa na cintura – adaga legal a sua. Também é semideusa?

- Você gostou? Chama-se Sombra. Espera... – falei entusiasmada, era difícil achar alguém que gostasse da minha adaga, mas me toquei do que a garota falou e fiquei espantada. Luísa era como eu? – você é uma semideusa?

- Sim. Vive aqui há quanto tempo?

- Seis meses. E você? Há quanto tempo vive nas ruas?

- Um ano, mais ou menos.

- Você não parece ser daqui.

- Não mesmo. Vim do Brasil.

- Como veio parar nos Estados Unidos?

- Cai no Labirinto de Dédalo.

- O que é isso?

- É um labirinto mágico construído por Dédalo para aprisionar o Minotauro. Fica no subterrâneo e se conecta com o mundo inteiro.

Luisa comeu mais um pedaço do sanduíche. Mexia nervosamente os dedos das mãos, até encontrar um caderno velho e uma caneta. Riscou algo nele e tomou um gole de suco. Olhou para o papel atentamente, como se estivesse indecisa.

Pedi pra ela me explicar o que eu não sabia (o que era boa parte do mundo mitológico). Tinha algumas partes que pareciam tão engraçadas que segurei a vontade de rir. No final riamos o tempo todo.

- O que acha de nos tornarmos parceiras? – perguntei.

- Não sei – Luisa respondeu – não pretendo ficar nesse frio horrível. Pretendo voltar pro Brasil.

- Minha família não liga pra mim mesmo – falei indiferente – a gente pode recomeçar.

- Parceiras? – ela disse estendendo a mão.

- Parceiras – apertei sua mão – qual nosso primeiro passo?

- Labirinto de Dédalo. Mesmo sendo difícil andar por ele, é o meio mais seguro. Topa?

- Claro!

Pela primeira vez em meses senti que realmente tinha uma amiga. Que não era a única a lutar sozinha.

Arrumamos minhas coisas. Luisa havia dito que teve suas coisas roubadas por um garoto. Mas tinha algumas pedras preciosas escondidas na roupa, por garantia.

Andamos por um bom tempo, procurando por um delta azul nas paredes dos prédios. Vasculhamos o Brooklin quase todo.

- Então – falei quebrando o silêncio – e sua família?

- Eu só tinha meu pai – Luisa respondeu apertando seu colar – mas ele morreu quando eu tinha 8 anos. E você?

- Minha mãe casou com um cara chato e teve um filho com ele. Meu padrasto não me suportava.

- Ali! – ela apontou para os fundos de um restaurante velho. Pude ver o delta azul entalhado no tijolo.

Andamos até a marca. Olhamos ao redor e não vimos ninguém se aproximar. Toquei a marca, que abriu uma porta que dava para um corredor escuro.

- Agora temos de achar um jeito de não nos perdermos – minha amiga disse olhando para as paredes.

- Olha! – apontei para o chão – uma linha fina roxa no chão! Talvez seja o caminho!

- Como é que é?!

- Não consegue ver?

- Não.

Luisa olhou para meus olhos, espantada. Depois riu.

- Benção de Hécate – disse depois de parar de rir – ótimo. Vamos seguir a tal linha.

- Como sabe? – perguntei confusa.

- Tenho meus métodos. Agora vamos. Quanto antes chegarmos melhor.

Seguimos o fim do corredor, rumo a um novo recomeço.

 


Notas Finais




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