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História A Hora da Morte - Anjo


Escrita por: Cruccius

Notas do Autor


Eu não me responsabilizo em como você vai ficar depois de ler este capitulo.

Capítulo 5 - Anjo


Fanfic / Fanfiction A Hora da Morte - Anjo

Tiffany acordou e Taeyeon não estava mais na cama, ela levantou com pressa e saiu do quarto sem se importar com a nudez. Ela viu Taeyeon esquentando água no fogão a lenha e franziu o cenho porque a menina parecia estar mais fraca do que antes.

- Taeyeon. Você está bem?- Tiffany perguntou preocupada se movendo para mais perto da figura em frente ao fogão.

Taeyeon virou o pescoço e encarou a médica.- Sim. Você dormiu bem?

Tiffany assentiu.- Sim. O que você está fazendo?

- Esquentando a água para o seu banho. 

Tiffany sorriu tocada pelo gesto e abraçou Taeyeon por trás. Ela sentiu a pele fria como mármore no inverno e se desgrudou. - Está com frio?

Taeyeon retirou a água quente do fogo e despejou no balde.- Não.- Viu o cenho franzido de Tiffany e exalou.- Tome o seu banho para o trabalho. 

Tiffany assentiu.

Tiffany tomou o banho fora da casa e depois voltou para dentro pra se arrumar no quarto. Ela viu Taeyeon deitada na cama e ficou preocupada.

- Taeyeon.-Chamou.- Você quer ir ao hospital?

Taeyeon balançou a cabeça.- Estou bem, Tiffany.- Ela sorriu sem mostrar os dentes para ser mais convincente.

- Você parece fraca. Está como a primeira vez que eu te vi.

Taeyeon suspirou.- Estou apenas cansada. Eu não estou sentindo nada, não se preocupe comigo.

Tiffany vestiu a roupa branca.- Você tem certeza disso?

Taeyeon assentiu.-Sim. Não se preocupe e bom trabalho.

-Tae…-Tiffany sentou na cama e se aproximou de Taeyeon.- você está muito gelada e isso está me assustando.-Taeyeon se afastou e a médica franziu o cenho.- Sério. Eu estou realmente preocupada.

Taeyeon levantou da cama.-Não há nada que você tem que se preocupar. Eu vou descansar. 

-Tudo bem.-Tiffany se rendeu e levantou da cama pra arrumar a bolsa.-Eu não volto para casa hoje. Quero ir na casa de Hans, você pode ficar sozinha?

-Não se preocupe comigo.

-Pare de me dizer para não me preocupar com você.-Ela arrumou a bolsa e colocou no ombro.- Eu me preocupe com quem eu amo, e eu me preocupe com você.

- Me desculpa.-Taeyeon pediu meio arrependida com os ombros meio encolhidos.-Eu vou ficar bem. Se eu me sentir mal, vou ao hospital. Eu prometo.

-Tudo bem.-Tiffany se moveu para perto de Taeyeon na intenção de deixar um selinho mas a pequena garota se moveu para longe.-Hm..Então até amanhã.-Disse e saiu do quarto.

Tiffany não estava totalmente tranquila quando ela deixou a casa. Poderia sentir que algo estava errado com Taeyeon e repensou a ideia de ir a casa de Hans ver o menino. 

Ela andou pela estrada de terra até o hospital e falou com a recepcionista antes de subir para os armários e pegar o jaleco branco. 

-Quantas baixas?-Ela perguntou a um médico que estava pegando a bolsa para ir embora.

-Seis.-Ele respondeu.-Duas crianças.

Tiffany assentiu e vestiu o jaleco que seria queimado no final do dia. 

-Bom trabalho, Dra.Hwang.- O médico apertou o ombro dela e saiu da sala. 

Tiffany suspirou e seguiu para a sala de enfermos. E mesmo que ela ja estivesse acostumado com a cena das pessoas definhando, tossindo e vivendo como verdadeiros mortos-vivos na maca. Sempre a incomodava. A epidemia era cruel.

Ela andou por entre as macas e ouviu tosses secas e carregadas durante todo o caminho. Ela se moveu para a maca de uma jovem que aparentava ter 20 anos e manteve a falta de expressão embora seu coração estivesse apertado com a cena. Uma jovem, que mesmo magra parecia ser bonita quando saudável, as costelas poderiam ser contadas com facilidade com tamanha magreza da menina. 

-Como vai? Você é nova.- Tiffany puxa o estetoscópio do pescoço e ouve os batimentos baixos da menina.

-Dor, doutora. Meu corpo dói, meus olhos estão queimando e eu sinto que posso vomitar.

-Você quer vomitar?

-Eu não sei. 

A enfermeira correu para um lado e pegou uma vasilha de aço e entregou a médica.

-Se você sentir que quer vomitar. Use isso.-Tiffany entregou a vasilha e colocou no meio das pernas da menina.-Susan aqui, vai ajudar você caso você se suje.

A enfermeira assentiu.-Não se preocupe, senhorita..-Ela moveu o olhar para a placa na maca.- Merry Potter.

-Merry?!-Tiffany arregalou os olhos e puxou a prancheta da mão da enfermeira.-Merry Potter?! 

Merry tossiu e Tiffany moveu a máscara do rosto para mais perto.-Olá, Fany.-Ela tentou um sorriso mas tossiu no processo.

-Como você veio parar aqui, Merry? Pensei que você estivesse na cidade.

-Acho que aqui é onde levam as pessoas para morrer.-Merry olhou para a sala e abraçou as pernas.

-Merry…-Tiffany sentiu vontade de chorar mas se impediu disso.- Eu vou cuidar de você.-Ela ameaçou sentar na maca mas a enfermeira a segurou e balançou a cabeça. Tiffany ajeitou a postura.-Eu vou fazer o possível para te ajudar.

Merry nada disse. 

-Susan.- Tiffany chamou pela enfermeira e elas saíram do quarto.- Onde estão os bolsões de sangue?

-Bolsões de sangue? Doutora, você está querendo usar os sangues para ela?

-Susan. Apenas faça o que eu estou dizendo.

-Eu não posso, doutora.- A mulher se encolheu e viu Tiffany respirando pesado.- O diretor não nos autorizou dar os bolsões para esta ala, doutora. 

-Susan.-Ela agarrou o ombro da enfermeira e balançou.- Pegue os bolsões!

-O que está acontecendo aqui?- Hans apareceu e Tiffany soltou a enfermeira.-Tiffany?-Ele se aproximou e ficou perto da médica a qual ele amava.

-Doutor Hans.-A enfermeira disse enquanto ajeitava a roupa de enfermeira.- Doutora Tiffany quer os bolsões de sangue.

-E por que você não pegou?- O senhor perguntou.

-Porque ela…

-Eu quero tentar salvar uma mulher.-Tiffany cortou.

O senhor subiu uma sobrancelha.- E o que ela tem? Ela caiu, tem algum ferimento interno…?

-Ela tem a epidemia.- Tiffany respondeu e apertou os punhos fechados.- Mas ela é jovem e…

-Tiffany.-Hans tocou o ombro da médica e a guiou para sua sala.-Você sabe que não há o que fazer.

-Ela não pode morrer, Hans! Ela ainda tem que ser uma jornalista política de renome, ela...ela..-Tiffany chorou. Ela chorou e o senhor a abraçou.- Ela só tem 24 anos, Hans! Ela tem a minha idade…

-Tiffany…-O homem afagou a cabeça de Tiffany.- Eu sinto muito. Eu sinto muito mesmo…

-Estudei com ela.-Tiffany subiu a cabeça e limpou as lágrimas do rosto.- Mesma faculdade. Éramos…-Fungou.- Amigas. 

Hans abriu uma gaveta e puxou um lenço entregando a Tiffany. Ele sentou na beirada da mesa e suspirou.- Andei procurando vagas nos hospitais da cidade pra você. Sei que pedi para ajudar aqui, mas acho que você ja fez o possível. 

-Hans...não quero deixar você e Daiana.- Ela fungou o tecido e amassou o jogando no lixo ao canto da sala.-Além do mais, tenho Taeyeon aqui e…

-Leve ela com você, Tiffany. Ficar presa todo o tempo naquela casa com medo do que as pessoas podem fazer, não é vida pra ela.- Ele puxou mais um lenço de papel e entregou a Tiffany.- A epidemia tomou algumas partes da cidade mas eles estão trabalhando em uma vacina. Mas não vai chegar aqui.

Tiffany subiu as sobrancelhas.- Eles não vão mandar doses para cá?

Hans suspirou.-Eles não se importam com essas pessoas. 

-Por que Merry foi mandada para cá?

Hans subiu os ombros.-Ela veio de onde.

-Da ultima vez, eu soube que ela estava em Washington. Mas eu não sei…

-Procure o prontuário dela na recepção. Alguns pacientes do Centro Sul vieram para cá, a cruz vermelha está lotada.

Tiffany exalou.-Como foi na cidade? Procurou pelos orfanatos?

-Foi produtivo.-Ele andou até a mesa e puxou as gavetas tirando pastas.- Eu procurei pelo menino, é muito difícil porque ele não tem um nome. Mas dei suas características e nada. Ele não é uma criança que foi adotada e abandonada, ou fugida de um dos internatos.

Tiffany assentiu.- Como ele está com Daiana? 

-Daiana está feliz com ele.-O homem sorriu.-Ela não se importa que ele não fale muito, e vejo que ela está fazendo uma terapia com ele. Embora não de uma forma tradicional.

-Daiana é uma boa pessoa e uma boa psicóloga.-Tiffany pontuou.- Eu vou voltar para a enfermaria.

-Não esqueça o que eu disse,Tiffany. A cidade é o seu lugar.

Tiffany assentiu e saiu da sala do homem.

Hans estava certo. As pessoas que chegavam naquele hospital chegavam ali para morrer, não havia salvação e as pessoas eram queimadas como se fossem palha na parte de trás do hospital porque não tinha espaço para enterrar naquele lugar.

Tiffany pensou em Merry e de como ela era cheia de sonho, de como a jovem era linda e sorridente antes. Ela chegou na porta da enfermaria e olhou para todos aqueles doentes, e sabia que eles também eram sonhadores como Merry. Ela não deveria chorar apenas pela morte de Merry que logo chegaria, ela deveria chorar pela morte de todos que ali estavam. Todos eram pessoas, afinal de contas.

-Doutora…-Um senhor a chamou com a voz fraca e ela correu para perto dele.- O meu peito dói..

Tiffany apertou o peito do homem e ele estava estufado.-Eu vou preparar uma medicação. Anna!-Ela chamou pela enfermeira que passava no corredor e a menina logo entrou.- Traga-me o Jizeol. Por favor. 

-O senhor pode respirar fundo.-Ela colocou o estetoscópio e o homem respirou fundo mas tossiu no processo e Tiffany moveu para o armário puxando lenços de papel.-Tussa.

-Aqui. Doutora.- A enfermeira voltou com o bolsão de remédio e Tiffany substituiu no acesso da mão do homem.

-Isso vai aliviar a dor.-Tiffany explicou e o homem entregou a ela o lenço sujo.

Tiffany olhou para o lenço e exalou vendo sangue. Limpou a garganta.-Eu volto para vê-lo mais tarde.

Tiffany descartou as luvas e o lenço sujo de sangue do homem. Pegou novas luvas e voltou para a enfermaria.

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-Eu sinto muito senhora Bradler.-Tiffany fala ao telefone enquanto escuta a mulher do outro lado da linha.

Tiffany desliga o telefone e aperta as têmporas. Ela sente o choro vir na garganta mas se força a não chorar.

-Cansada?-Brandon entra e mexe nas gavetas de pastas no canto.

-Estava avisando as 9 baixas do dia.

-Nove?-Ele sobe as sobrancelhas meio surpresos e suspira.- Essa doença…

-Está matando um a um.-Tiffany completa.- Os idosos e as crianças são os que mais morrem.

-A imunidade deles é mais baixa.-Brandon pontua e senta na beirada da mesa.- Tive 3 baixas de crianças ontem. Todas vindas do Centro Sul.-Tiffany assente.-E sobre o menino? soube que Hans ficou com ele.

-Ah, sim. Hans ficou com o garoto, Daiana está tentando fazê-lo falar.-Ela observa o doutor Hans assistir.-Sabe, uma vez entrei no quarto pela madrugada e o vi murmurando coisas durante o sono.- Brandon observa Tiffany mudando a postura mostrando interesse no assunto e enfia as mãos nos bolsos do jaleco.- Algo sobre anjos, olhos, sua mãe…

-Sua mãe?! Então ele tem alguém.

Brandon sobe os ombros.- Ou tinha. Esse garoto viu muita coisa, eu posso perceber isso pelo olhar amedrontado que ele tem. 

Tiffany concorda.-Sim. Eu penso o mesmo.

-Doutora Hwang!-Uma mulher irrompe a sala de arquivo e telefone assustando os dois médicos.-Sua paciente está tendo convulsões.

Tiffany levanta da cadeira num rompante. Ela corre para fora da sala sem se despedir de Brandon e corre com a enfermeira para a sala da enfermaria.

-Merry!-Ela chama pela mulher se debatendo na cama, convulsionando com duas enfermeiras segurando ela pra permanecer deitada de lado.-Merry!-Tiffany agarra o prontuário percorrendo as anotações dos medicamentos que Merry recebeu.-Qual é o tempo?

-3 minutos.

-Três minutos?!-Tiffany puxou a manga do jaleco e olhou o relógio.-Merry?-Ela tentou chamar mas a mulher estava apenas se contorcendo de boca aberta.-Droga..Merry?

Tiffany olhou para as pernas mexendo para todos os lados encolhendo e soltando o dedo dos pé.

-Merry.-Tiffany puxou a lanterninha e abriu os olhos fe Merry e a íris ainda estava ali embora sem foco.- A íris não rolou para trás.-Ela anunciou as enfermeiras. Tiffany subiu a cabeça da menina e Merry deixou mais secreção branca sair da boca.-Respire, Merry. Respire.

Os espasmos foram parando e Merry parou de convulsionar mas permaneceu tremendo.

Tiffany olhou para as enfermeiras soltando as costas de Merry.-Limpem ela.-Ordenou.-Ela não está quente. O que será que causou isso?-Ela perguntou para si mesmo.

Tiffany agarrou novamente a ficha da paciente e exalou. Não havia nada na ficha, a menina apenas recebeu o medicamento para dor e enjoo.

Você tem epilepsia, Merry?

Tiffany pensou enquanto olhava a menina ser limpada e voltando a si. 

-Merry?-Ela chamou pela amiga quando a mesma estava gemendo e murmurando coisas.- Merry?

-Fany…-Merry chamou baixo, voz entrecortada e a enfermeira deu espaço para média passar.

-Merry?-Tiffany abaixou na frente da amiga e sentiu os olhos brilhando com vontade de chorar.- Você consegue me ouvir, Merry?

Merry focou os olhos na médica e assentiu.-Tenho sede.

A médica olhou para as enfermeiras e elas ja sabiam que deveriam pega água. E uma delas correu para fora.

-A sua água está vindo, Merry.-Tiffany avisou.-Você sabe o que aconteceu? 

-Eu vomitei.

-Você teve convulsões. Você sabe me dizer se isso é frequente. Isso já aconteceu antes?

Merry fechou os olhos.-Tive 3 vezes no Centro Sul. E uma no escritório.

Tiffany exalou.-Não se preocupe. Eu vou cuidar de você.

-Fany...deixe-me morrer.-Merry pediu baixo.-Não prolongue meu sofrimento. Eu quero morrer logo.

-Merry…

-Eu não vou sair daqui. Eu não quero ficar aqui.

Tiffany engoliu em seco e as enfermeiras estavam de cabeça baixa.-Eu vou te…

-Eu te amei, Fany.-Ela tocou a mão enluvada da médica.-Não tive coragem de dizer. Mas eu amei. 

Tiffany limpou as lágrimas e as enfermeiras saíram porque sentiam que não deveriam ouvir essa conversa.

-Por favor, não tente me salvar da próxima vez que eu estiver morrendo.

Tiffany fungou.-Merry, eu não posso…

-Por favor, Fany. Olhe para mim, eu não quero ficar assim por mais tempo. -Ela olhou para os tubos no corpo.- Tire essas coisas de mim e me deixe ir.

-Você não pode sair, Merry. 

-Eu não quero sair. Eu não quero mais tomar remédios, eu quero morrer logo. Eu vi, o homem ontem tossiu até morrer.-Ela tossiu baixo.-Quero isso. Quero morrer logo, não tente me ajudar quando eu estiver morrendo.

-Merry…

-Eu sei que você me amou, Fany. Podia sentir. Eu quero que você se lembre de mim, como aquela menina na faculdade. Não isso aqui.

-Eu sinto muito, Merry.-Tiffany chorou e não limpou as lágrimas.-Sinto muito.

Merry tossiu mais algumas vezes e sorriu fraco.- Só me arrependo de não ter sido feliz com você.

A enfermeira voltou com o copo de água e deu a Merry na cama. A menina teve uma sessão de tosse e Tiffany viu o copo manchado de vermelho. A médica apertou os punhos e saiu da sala da enfermaria se permitindo chorar tudo para fora.

Tiffany seguiu para a fora do hospital, ela descartou as luvas, máscaras e jogou na lixeira antes de sair do hospital. Ela encostou na parede de cimento do hospital e enterrou as mãos no rosto.

Flashback on

-Merry?-Tiffany chamou pela amiga enquanto andava pelo teatro da faculdade.-Merry? Sério. Eu não estou brincando. Cadê você?

Tiffany ouviu uma risada sufocada ao longe e alguns passos e sorriu. 

-Eu ouvi isso!-Ela andou na direção do barulho.-Por que se esconde, Merry?-Ela viu a barra do vestido verde e riu.-Oh! Onde será que Merry se enfiou?-Tiffany andou por entre as cadeiras e parou atrás da menina agachada.- Peguei.

Merry virou rindo e levantou do chão.-Eu queria te assustar.

Tiffany riu e observou a mulher batendo no vestido para ajustá-lo.-Você falhou. Você é ruim nisso.

Merry deu de ombros.- Você sabe o que veio fazer aqui? 

-Ver você falhar em tentar me assustar?

Merry girou os olhos e Tiffany riu.- Não é isso. Estamos aqui porque eu consegui um estágio no jornal do entretenimento.

Tiffany sorriu e abraçou a amiga.-Isso é incrível, Merry! Agora você vai assistir peças de graça.

Merry riu.-Sim. E você é a minha acompanhante oficial.-Ela agarrou o braço de Tiffany entrelaçando os braços.

Tiffany sorriu.-Eu vou aonde você for.

Merry sorriu e apoiou a cabeça no ombro da amiga.


Flashback Off

-Droga, Merry!-Tiffany bateu a mão na parede rogando aos céus.-A gente podia ter..podia ter tudo…

A médica limpou as lágrimas e respirou fundo. Queria voltar a anos atrás e se confessar a Merry. Queria ter tido a oportunidade de ter sido amada por essa jovem que ela tanto amou.

Merry foi e sempre será o seu primeiro grande amor. Ela não tinha dúvida disso. 

Saber que agora era tarde demais, que Merry morreria, era quase como a sua própria morte. 

A médica ouviu cavalgadas pesadas e logo 4 cavalos passaram as pressas pela estrada de terra em frente ao hospital. Tiffany se desgrudou do muro e andou para o portão, vendo algumas pessoas olhando a cavalaria e franziu o cenho.

-O que foi isso?-Ela pergunta a uma senhora com cesta de pães na mão.

-Não sei.-A mulher responde e move a cabeça para os lados.-O xerife saiu do bar as pressas e pegou o cavalo com os homens.

Tiffany franze o cenho.

-Dona Linda.-Um jovem de mais ou menos 18 anos  apareceu e a senhora olhou para ele.-A senhora está bem?

A senhora assentiu.- Sim.

-Por que a médica, então?-O menino perguntou apontando para Tiffany.

Tiffany sorriu.-Estava apenas perguntando sobre os cavalos.

-Ah, sim.-Ele mexeu nas calças meio envergonhado.-Houve um ataque próximo as montanhas.

-Um ataque?-A senhora perguntou.

-Eu não sei muito.-O menino respondeu.- O meu pai estava em casa quando o prefeito ligou. Ele pegou o cavalo, encontrou o xerife e eles saíram para lá.

-Desculpe-me.-Tiffany se intrometeu na conversa.-Você disse que houve um ataque nas montanhas, certo? 

-Perto delas.-O menino corrigiu.

-Certo. Perto delas.-Tiffany repetiu.- Você sabe me dizer o que atacou?

-Meu pai não disse.-Ele respondeu e enfiou as mãos nos bolsos.-Ele apenas disse que foi um ataque e que três pessoas morreram.

Tiffany assentiu.-Obrigada. Eu vou procurar o xerife depois.

O menino deu de ombros. 

-Tenho que voltar.-Tiffany avisou e voltou para o hospital.

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-Hans.-Tiffany chama pelo senhor amigo enquanto o homem entrega moedas para o carroceiro.-Você soube do ataque nas montanhas?

Hans vira para a jovem médica e os dois sobem na carroça.- Eu ouvi. Mas não sei o que aconteceu.

-Desculpe-me.-O homem pilotando a carroça interrompe e os dois médicos olham para ele.-Vocês estão falando sobre o ataque nas montanhas?

-Sim.-Tiffany ajeitou a postura.-Você sabe de algo?

-Eu nunca vi nada como aquilo.- Ele puxou as rédeas para o cavalo andar mais rápido.-Eu vomitei.

-Você viu?! Como era?

O homem balançou a cabeça tentando espantar a cena.-Eles tinham os corpos dilacerados mas as suas cabeças estavam intactas. Parecia que o peito foi cavado.

-Como você viu?-Hans perguntou.

-Dois dos homens estrangeiros pediram que eu os levasse. 

-Homens estrangeiros?-Hans perguntou meio confuso. 

-Sim.-Ele balançou as rédeas mais uma vez fazendo o cavalo virar.- Eles estão com o xerife. Usam óculos engraçados e tem uma maleta estranha.

-Óculos engraçados?-Tiffany pergunta olhando para Hans igualmente confuso.- Eles falaram alguma coisa?

-Não para mim.-O homem responde.- Eles foram para as montanhas, eu não deveria ver a cena mas a curiosidade foi mais forte. 

Tiffany assentiu.-Entendo.

-Aqui.-O homem parou o cavalo em frente a grande casa de Hans.

Ambos os médicos saem da carroça, despedem-se do homem no cavalo e entram no casarão.

-Querida!-Diana aparece na sala e abre os braços para enterrar Tiffany num abraço apertado.-Que bom te ver.

Tiffany sorri e sai do abraço da senhora.-Também senti saudades, Diana.

-Vocês comeram algo?

Hans balança a cabeça.-Pensamos  jantar aqui.

-Oh, perfeito.-Ela se move para a cozinha.-Vou preparar alguma coisa.

-Obrigado, querida.-Hans agradece.-Vou tomar banho.-Ele avisa e sai para o corredor.

Tiffany senta na mesa e observa a mulher no fogão. A casa de Hans é a única com energia, porque ele paga uma fortuna para ter a energia da vila vizinha que aceitou a modernidade.

-Como vai a menina que está com você?-Diana pergunta enquanto mexe nas panelas.

-Taeyeon…-Tiffany exala. Ela não pensou em Taeyeon desde que viu Merry.- Ela está bem.

Diana sorriu.-Isso é ótimo.

-E o menino?-Tiffany pergunta.

-Ele ainda não fala nada. Agora mesmo está no quarto brincando com bonecos de pano.-Ela se move para um armário e tira coisas indústrias de lá. Que provavelmente Hans trouxe da última viagem a cidade.

-Hans me disse que você queria outra criança.

Diana concorda.-Sim, mas não mais. Estou focada em ajudar esse garoto.

Tiffany sorriu.-Você acha que um dia ele vai falar?

Diana assentiu.- Sei que ele fala, ouvi ele murmurando coisas durante o sono. 

-O que ele resmungou? 

-Eu não entendi. É muito difícil entender, mas ele acordou assustado e eu fiquei com ele até se acalmar.

-Doutor Brandon disse que ele passou por muita coisa.

Diana concorda.- Ele tem um trauma. Eu não sei o que, mas ele tem. Quando dorme balbucia coisas e as vezes treme.

-Doutor Brandon disse que ouviu em um   dosos seus sonhos. Ele falar algo sobre anjos...e sobre a mãe.

Diana apagou o fogo.- É muito comum que as mães falem sobre anjos para as crianças se sentirem protegidas. 

Tiffany assentiu.

- Eu posso sentir o cheiro daqui.-Hans apareceu na cozinha com uma roupa limpa.- Cadê o menino?

- Quarto.-Diana respondeu.

Hans assentiu e sentou-se a mesa.-Vou esperar pelo jantar.

Tiffany levantou da mesa.-Vou ver o garoto. Volto daqui a pouco.

A médica seguiu para o corredor da casa e entrou no seu antigo quarto. Ela viu o menino sentado no chão enquanto brincava com os bonecos e encostou no batente da porta para observá-lo; mas não durou muito porque logo o menino olhou para ela.

- Olá.-Tiffany se aproximou e sorriu enquanto sentava ao lado do menino.-Está brincando de que?

O menino aponta para os bonecos e Tiffany pega um.

- E eu posso brincar?

Ele assente e volta a balançar os bonecos como se estivessem andando.

- Você está gostando daqui?- Ela pergunta e o menino balança a cabeça positivamente.- Hans e Diana estão cuidando bem de você?

O menino sorri e balança a cabeça positivamente.

-Eles também cuidaram de mim quando eu tinha a sua idade.- Ela aperta o nariz dele mostrando carinho.- É uma pena que Hans esteja velho pra te subir no alto e te balançar como ele fazia comigo.

Tiffany lança olhares pelo quarto e encontra alguns papéis com canetas no quanto. Ela se estica e pega os papéis, são rabiscos que não fazem sentido mas tem um que a chama atenção.

-Isso é um anjo?-Ela pergunta apontando para o menino ver.-Essa mulher de asas, seria sua mãe? 

O menino olha para o papel e encolhe os braços. 

-É a sua mãe?-Tiffany repete.

O menino balança a cabeça negando.

-É um anjo?-Ela pergunta novamente.

Ele balança a cabeça positivamente.

-E isso? Porque tanto vermelho?-Ela pega outra folha e mostra. Ela percebe que o menino se encolhe mais e exala.- É sangue?

O menino assente cheio de hesitação.

Tiffany morde os lábios.-É algo que você viu?

-Crianças.-Hans aparece na porta chamando a atenção da médica e o menino.-O jantar está pronto. É a famosa sopa de verduras de Diana.

-Vamos lá.-Tiffany levanta do chão e ajuda o menino a levantar. Ela agarra a mãozinha pequena e leva para a cozinha.

Todos sentam na mesa. O menino come sozinho mas como ele tem dificuldades, as vezes Diana o ajuda e Tiffany rouba olhares para isso.

-Querida.-Diana chama e todos olham para ela.-Como está a menina que mora com você?

Tiffany engole mais a sopa.- Taeyeon está bem. Melhor do que antes.

-Hans falou com você sobe as vagas no hospital da cidade?-Ela pergunta e rouba um olhar para o marido que está comendo a sopa.

Tiffany concorda.-Sim. Estou pensando sobre tudo isso.

-Pense bem. 

Eles acabam de comer a sopa mas permanecem a mesa conversando, o telefone toca e Hans segue para atender. Ele fica alguns minutos falando no telefone e depois volta para a cozinha com a expressão pesarosa.

Tiffany olha para ele pode ver tristeza nos olhos do homem.-Hans. Aconteceu algo?-Ela se preocupa.

Hans respira fundo antes de dizer.-Era Lisa.

-Lisa? Aconteceu algo no hospital?-Ela se preocupa.

-Ela ouviu das enfermeiras que você estava muito próxima de uma paciente…-Ele não precisou falar tudo para Tiffany entender. E em segundos a jovem médica levantou da mesa.-Sinto muito…-Ele diz enquanto Tiffany faz o caminho para a varanda da casa.

Diana faz menção de segui-la mas Hans balança a cabeça e ela entende que é pra deixar Tiffany sozinha. Ele volta a mesa e explica porque Tiffany estava assim.

Já é tarde quando Tiffany resolve entrar de volta no casarão. Ela já parou de chorar por horas mas permaneceu ali pensando em tudo que ela poderia ter vivido com Merry, e em tudo que Merry queria viver e não pode. 

Tiffany passa pelo corredor mas ouve murmúrios do seu antigo quarto e empurra a porta com cautela para ver. 

-Não…-O menino está dormindo mas o sua expressão não é de paz.-Mamãe, não…-Ele se mexe na cama e Tiffany para para observá-lo.- Seus olhos...eu...anjo..obrigado.

Tiffany tenta achar algum sentido em tudo aquilo. Ela espera por mais palavras mas nada aparece, então ela saindo quarto e segue para o quarto de hóspedes dormir.

Pela parte da manhã. Eles tomam café e Hans diz que vai levar o menino ao hospital porque Brandon quer vê-lo e depois chama o vizinho carroceiro para levá-los de volta ao hospital. A viagem dura mais ou menos 30 minutos e logo eles estão no hospital, Hans solta dos cavalos com o menino e Tiffany pede para seguir para a sua casa.

Tiffany entrega algumas moedas para o homem mesmo que ele tente recusar porque Hans já pagou por tudo. Depois ela entra em casa.

-Taeyeon?-Ela chama pela garota e Taeyeon emerge da porta do quintal.-O que estava fazendo?

-Banheiro.- Taeyeon respondeu.

Taeyeon está exatamente do mesmo jeito de quando ela deixou a menina no dia anterior. Taeyeon parecia fraca e doente, e isso alertou Tiffany para levá-la ao hospital.

-Vamos ao hospital.-Tiffany sentencia.

Taeyeon para no meio da sala.-Eu estou bem.

-Você não está!-Tiffany sobe o tem e agarra a menina pelo pulso.-Você está fria demais e parece doente. 

-Eu estou…

-Eu não quero que você morra!-Tiffany grita e isso assusta Taeyeon que arregala as orbes sem brilho.-De-desculpa..-Tiffany se recompõe.-Por favor, apenas vamos ver o que está acontecendo. Não posso te perder, eu…-Ela está quase chorando e Taeyeon percebe isso.

-Tudo bem.- Taeyeon aceita.-Vamos lá.

-Vamos.-Tiffany se recompõe e sai com a menina para fora da casa. 

Elas caminham para o hospital e Tiffany segue com Taeyeon para ver o doutor que está no hospital no momento.

-Doutora Hwang?-O homem pergunta meio confuso.-Aconteceu algo?

-Você pode olhá-la, doutor Yamada?

O homem concorda enquanto sobe os óculos.-Sente na maca.-Ele pede.

Taeyeon se move para a maca no canto da sala e se senta com as pernas para fora.

-Uou..você está gelada.-O homem comenta enquanto toca no ombro de Taeyeon.-Você sente alguma dor?

-Nenhuma.-Taeyeon responde.

Tiffany cruza os braços e assiste o homem examinar Taeyeon. Ele manda ela tossir, abrir os olhos, abrir a boca, respirar e inspirar e outras coisas que ela pode fazer mas que não quer, porque ela tem medo de que seus laços afetivos com Taeyeon afetem no diagnósticos.

-Apesar da pele fria e o semblante meio doente. Ela me parece bem.-O homem sentencia.

Tiffany exala enquanto Taeyeon desce da maca.- Tem certeza, doutor?

-Se você quiser, pode dar soro a ela. Acho que ela só está cansada e um pouco desnutrida.

-Desnutrida? Nós temos comido normalmente esse tempo.

Ele encolhe os ombros.- Deve ser apenas a estafa. Mas esse semblante realmente assusta.

Tiffany concorda.-Tudo bem. Muito obrigada, doutor Yamada.- Ela se despede e sai da sala.

-Viu? Eu disse que estava bem.-Taeyeon diz enquanto é guiada pelo corredor.

-Vamos ver Hans. Eu não acho que Yamada está certo, você não está desnutrida e eu quero entender porque parece que não tem sangue correndo pelo seu corpo.

-Claro que tem. Você quer que eu me corte pra provar?

Tiffany gira os olhos.-Sua temperatura é mais do que um ser humano pode ficar. Cadê o seu calor da semana passada..-Ela colocou a boca no ouvido de Taeyeon.-Quando transamos?

Taeyeon para de andar e Tiffany franze o cenho.

-O que..

-Quero voltar.-Taeyeon diz.

-Vamos ver Hans.-Ela agarra o braço de Taeyeon.

-Não quero ir.-Ela puxa o braço.

-Taeyeon, se você for embora eu não durmo mais com você.

Taeyeon para novamente e fecha as mãos como bolas.

-Vamos ver Hans.-Tiffany agarra o ombro de Taeyeon e a arrasta para a sala de Hans. 

Elas adentram a porta e Taeyeon congela no lugar.

-Fany..o que faz aqui?-Hans pergunta atrás da mesa.

-Taeyeon não me parece bem.-Ela puxa Taeyeon para perto do homem.

Hans sobe as sobrancelhas rasas.- Ela me parece assustada. Algum problema, Taeyeon?

Taeyeon está focada com o olho sobre a cadeira vazia no canto da sala e nenhum dos médicos entende isso. 

-Taeyeon.-Tiffany toca o ombro dela e Taeyeon pisca voltando a realidade.

Hans examina Taeyeon fazendo as mesmas coisas que o outro médico fez antes.

-Eu não vejo problemas.

-Você viu sua temperatura, como é possível?

-Eu presumo que ela tenha vivido por um tempo em lugares de baixa temperatura, então seu corpo tem a facilidade de manter temperaturas baixas.

-Não está frio e ela não era assim na semana passada.

Hans senta na cadeira e batuca as mãos na mesa.-Eu não tenho uma explicação exata, li isso uma vez. Pessoas que nascem em lugares de baixa temperatura, tem a pele mais fria porém sentem-se aquecidas. Não sei explicar, foi um artigo antigo e não era bem um estudo claro.

Tiffany exala.-Cadê o menino?

-Pediatria. Brandon está com ele.

Taeyeon se remexe impaciente e incomodada e os dois médicos olham para ela.

-Vamos embora, Tiffany. Eu quero ir embora.-Ela pede enquanto coloca as mãos no rosto como quem tampa o nariz.

-Tudo bem.-Tiffany aceita. Ela dá um breve abraço em Hans e sai da sala do homem com Taeyeon a dois passos da sua frente.

-Taeyeon. Vá com calma.-Tiffany repreende.

Taeyeon abranda os passos mas suas pernas estão balançando porque ela quer sair dali logo. Na virada do corredor Taeyeon congela no caminho e Tiffany não entende nada.

-Hwang!-Brandon chama pela amiga médica enquanto segura a mão do menino.-Eu ja…

O menino se solta da mão do médico e corre. Inicialmente todos pensam que ela vai para Tiffany mas ele agarra as pernas de Taeyeon enquanto chora.

Tiffany e Brandon olham a cena chocados e Taeyeon tem os olhos arregalados enquanto o menino chora e abraça suas pernas. 

-Anjo..-O menino murmura.


Notas Finais


AS OUTRAS SOSHIS ESTÃO CHEGANDO EU FICO AAA


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