Mirela se debruçava em sua cama buscando a melhor posição para dormir, ela tentava em vão. Haviam coisas demais passando pela sua cabeça, e a garota não conseguia se aquietar para uma noite de sono. Ela só pensava quais seriam as consequências da decisão que tomara mais cedo.
Ela estava sobre o mesmo teto de seu noivo pela primeira vez, já que Alexandre estava passando a noite em seu palácio junto com alguns de seus acompanhantes. Mirela cuidou de trancar bem a sua porta e ordenou que dois guardas ficassem na porta de seu quarto e no quarto de seus irmãos. Ela temia mais uma visita indesejada do imperador. "Não era nem mesmo para ele estar aqui" ela pensava.
A princesa sabia que quando amanhece todos já estariam sabendo de seu compromisso com Alexandre. O primeiro-ministro avisara a todos sobre o que ele chamara de "golpe" feito por Alexandre, se referindo ao noivado de Mirela com o imperador.
Já eram quase 2 da manhã e a garota ainda não havia conseguido dormir, a princesa de Montenegro colocou um roupão de seda branco e calçou um par de pantufas com o objetivo de sair de seu quarto e andar um pouco para pensar, ficar em seu quarto já a deixara com uma estranha agonia.
Ela abriu a porta de seu quarto e encontrou os dois guardas de uniforme vermelho que vigiavam ali. Eles pareceram surpresos em vê-la acordada naquele horário. - Algum problema minha senhora? - perguntou um dos guardas.
Mirela apenas negou com a cabeça e continuou andando por um corredor que daria às escadas. Ela desceu as escadas com leves passos, a princesa escutou um barulho vindo da sala de estar do palácio. Ela rapidamente foi averiguar de formar auspiciosa.
Chegando na sala, a lareira estava acesa com a figura de um homem posto à frente dela, era Alexandre. O jovem segurava em sua mão um copo de whisky e trajava roupas leves, uma camisa branca e uma calça cinza escura com um tecido leve, diferente do sobretudo negro que usara de dia. Seus cabelos castanhos estavam bagunçados como se tivesse acabado de acordar.
- Não é um pouco tarde para uma princesa estar acordada? - Mirela tentou voltar pelo corredor, mas Alexandre já havia notado a sua presença.
Mirela se virou com relutância para encará-lo - Não é um pouco tarde para beber? - Mirela se aproximou da lareira onde estava o imperador.
Alexandre olhou para ela admirado. A princesa estava com os cabelos soltos, longos cabelos negros que caíam sobre a frente de seus ombros e continuavam até um pouco abaixo de seus seios. Os olhos de Mirela eram azuis-turquesa e sua pele era extremamente branca. O imperador ficou encantado em ver a garota daquele jeito, sem toda aquelas vestimentas e pesadas maquiagens. Ele fitou lentamente a garota de cima para baixo e pensou se já vira algo tão delicado e perfeito assim antes.
- Acho que você não sabe, mas nunca é tarde demais para beber. - disse Alexandre tomando um gole de seu whisky logo em seguida.
Mirela torceu os lábios em um sorriso. - Então você é tudo aquilo que dizem sobre você. - falou Mirela.
Alexandre colocou o copo encima da mesa de centro e se sentou em uma poltrona de frente para a lareira, ele acenou com a mão para que a princesa se sentasse também em uma poltrona do lado da sua. - E o que dizem sobre mim? - Ele perguntou.
Mirela se sentou na poltrona e apoiou às mãos sobre suas coxas. - Que você bebe muito e que sofre de um grave problema de insônia. - disse a princesa.
O imperador deu uma pequena risada. - O que mais sabe sobre mim, alteza?
- Muitas coisas, Alexandre. - disse Mirela. - Sei que você foi enviado por seu pai para lutar na Síria quando tinha apenas 16 anos, e que tudo mudou depois disso, sei que a guerra te deixou profundas marcas, por fora e por dentro.
Alexandre pareceu desconfortável com aquele assunto. - Parece que eu estou em desvantagem, já que eu não sei nada sobre vossa alteza. - ele disse.
- Sei que você sabe o suficiente. - disse a garota. - E para você, isso já é o bastante, por isso está aqui! - A garota disse firme. Mirela se levantou e deu alguns passos até o corredor. Alexandre também levantou de sua poltrona e seguiu a garota por alguns metros.
- Eu conheci seu irmão. - Mirela parou instantemente quando ouviu as palavras de Alexandre. - Na Síria. Capitão Leonardo de Montenegro. Ele era um bom soldado.
- Ele era um bom irmão também. - Falou Mirela, seus olhos começaram a lagrimejar.
- Tenho certeza que sim, por isso eu sinto muito. Eu não estava lá quando ele morreu, mas sei que ele amava muito a família. Eu não poderia fazer muita coisa, naquela época eu era apenas um soldado da Macedônia. - disse Alexandre enquanto se aproximava de Mirela. - Mas eu senti muito quando soube de sua morte.
- Por que você está me dizendo isso? - Mirela enxugou as lágrimas que caíam.
Alexandre se colocou de frente para ela. - Por que eu quero que saiba que eu falo a verdade, que eu protegerei você e sua família até o dia de minha morte. - Alexandre sussurrava agora, ele colocou suas mãos sobre a cintura de Mirela e aproximou seu corpo do dela, a garota ficou paralisada. Alexandre beijou o rosto da garota depois lentamente foi aproximando seus lábios até a boca de Mirela, a princesa se livrou das mãos de Alexandre e desferiu um tapa em seu rosto, o imperador recuou alguns passos para trás e sorriu colocando a mão direita sobre o lado do rosto que havia recebido o tapa.
- Tenha uma boa noite, senhor! - disse Mirela deixando Alexandre sozinho na sala.
A princesa apressou o passo e alcançou o segundo andar do palácio em questão de instantes, ela adentrou novamente em seu quarto passando pelos dois guardas e trancando a porta. Mirela tentou conter seus pensamentos que se focavam exclusivamente em Alexandre e ao seu toque. A garota não entendia o sentimento que a preenchia naquele momento, ela não conseguia entender aquela estranha felicidade, que a deixava com ódio de si.
Ela não queria estar feliz, Alexandre era o homem que a chantageou para conseguir o que queria. Ele era tudo que ela mais desprezava no mundo, egoísmo e ganância, guerra e morte. E também era o homem com quem passaria o resto de sua vida. Mirela se deitou e adormeceu com aquele sentimento ainda apertando dentro de seu coração.
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