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História A Kiss Before She Goes - Capítulo Doze - Sands On The Wind


Escrita por: MaryAnnSGWay

Notas do Autor


MADAS E MADOS!!!!
Tia Mary passando rápido para cumprir o compromisso mais lindo que tenho, LÓGICO, que é postar mais um capítulo fresco e novinho procêis! YEAHHHHH!
Maravilhas de minha vida, muito obrigada por comentar e sempre é um grande incentivo, uma interação única! <3
Agradeço a mais nova favorita Nikki_Mary, muito amoooooooooor! <3
Boa leitura, gente amada! Tomem um chá! Rs
MIL BEIJOOOOOOOOOOOOS!

Capítulo 12 - Capítulo Doze - Sands On The Wind


Fanfic / Fanfiction A Kiss Before She Goes - Capítulo Doze - Sands On The Wind

A Kiss Before She Goes

Capítulo 12 – Sands On The Wind

 

Bert ainda não acreditava que estava dentro de um veículo com Evelyn ao volante. Cadê o taxista de fato? E como ela estava ali? De onde surgiu? O que ela queria? Ele ameaçou abrir as portas, mas a moça o advertiu:

- Nem tenta, estão travadas e ainda que não estivesse, eu não quero ver ninguém se jogando de um veículo em movimento. Se você tiver de morrer, sou eu quem vai matar. – ela disse simples sob a incredulidade e surpresa dele.

- Você é maluca! – ele ergue as mãos ao alto.

- HA! Diz o psicopata. – Evelyn ri.

- Evelyn, para este carro agora! – Bert está ligeiramente desesperado.

- Não. E nem tente me impedir, eu jogo este carro no primeiro poste ou muro, ou quem sabe, atiro da ponte. – e ela finalizou. – Não saque o celular para tentar ligar, aliás é bem provável que nem funcione aqui, porém, se pegar, eu cumpro o que falei e destruo este carro com nós dois dentro. Não me provoca.

- Deus, que é isso? Como... – ele encostou no banco, vencido. – Okay. – ele respirou fundo. – Você é muito maluca, sempre foi. – ele fechou os olhos por alguns segundos e abriu-os a seguir. - Onde estamos indo ao menos? – ele olhou para trás e viu um carro próximo, seguindo-os. – Este carro está nos seguindo?

- Sim. Precaução. – ela seguia na direção e olhava-o pelo retrovisor. – Eu quero conversar, Bert, e você sabe muito bem o assunto.

- Eu faço o que eu quiser, Evelyn. – ele disse seco.

- Exato, você faz o que quiser, meu caro. Então, agora é hora de enfrentar as consequências de seus atos. – Evelyn acelerou e foi até um lugar ermo, debaixo de um viaduto e desligou o veículo. Saiu do carro e Bert pela porta de trás. O carro que os seguiu também parou e os dois homens ocupantes saíram do veículo e encostavam na lataria, um pouco afastados.

- Então, o que posso fazer por você? - Bert continuava o cinismo.

- Você vai sumir de uma vez por todas das vistas de Gerard, Frank, do My Chemical Romance como um todo. Desaparecer. – ela disse cruzando os braços sob o peito. Bert balançou a cabeça em desaprovação e sorrindo.

- Fora de cogitação. Gerard é a mesma coisa que eu sou, Evelyn. É um rockstar carregado de demônios, sexo, drogas e rock n’ roll. Doente, louco e psicótico. É o que a imprensa espera que ele seja, que nós sejamos. Hoje, mais cedo, foi estupendo. – ele dizia em tom vitorioso.

- Até o soco que levou? Que maravilha! Foi a parte que eu não mudaria, todo o resto foi horroroso, mas Frank te acertando... Eu amo aquele garoto! – Evelyn sorria e socava o ar. Bert enrijeceu-se um pouco e sentiu a carne do rosto ainda latejando, a marca do hematoma logo ficaria pior. Evelyn desfez o sorriso e continuou. - Vou repetir. Você vai sumir das vistas deles. – ela afirmava calma.

- E eu repito. Fora de cogitação. Aquele moleque desgraçado e ciumento pode vir pra cima de mim o quanto quiser.

Bert viu Evelyn rir levemente e olhar para trás. Os dois homens se aproximaram um pouco, mas nada que pudesse ouvir a conversa deles, porém fez Bert questionar:

- As pessoas sabem onde estou, provavelmente sabem de você também. Vai me matar, Evelyn? É isso que planejou?

- Matar? – ela riu alto. – Bert, a ideia não é má, mas eu não faço este tipo de coisa.  – ela transfigurou para uma face séria. – Você vai desaparecer.

- Não.

- Vai sim.

- Já disse que não.

- Bert... você já amou alguém, de verdade? E não insulte a minha inteligência dizendo que amou ou ama Gerard. Já traiu alguém? Mentiu? Tratou alguém mal?  Já roubou algo? Nunca machucou ninguém?

Bert franziu a testa, não entendia aqueles questionamentos, mas parecia cansado e disse:

- Boa noite, Evelyn. – e sacou o celular.

- Nunca deixou de fazer o que era necessário e a vida de alguém, este sangue, está em suas mãos?

Aquilo congelou Bert e ele apertou o aparelho em sua mão.

- Evelyn... Vai usar a mesma história que Gerard usou hoje à tarde? – ele parecia debochar.

- Bert, Gerard usou-a de maneira geral, emocional, um fato que poderia acontecer com ele... É, poderia. Dois drogados fudidos morrendo de overdose. Quem liga, né? Eles eram rockstars e eram assim mesmo. – ela chacoalhava os ombros e ele prestava atenção. – Gerard imagina o que todo mundo pensa. Eu não. – e ela enrijeceu-se em uma postura mais firme. – Eu sei a verdade, cada pedaço, detalhe, tudo e tenho provas. – Evelyn estreitava os olhos na direção do homem em completa tensão. - Você acha mesmo que eu viria até aqui... – e levantava os braços ao alto. - ... passar por esta humilhação sem ter cartas na manga? Parece até que não me conhece.

- Você não sabe de nada. Porque não tem nada a saber.  – ele cuspia as palavras.

- Ah, não? Por que está nervoso? – ela ergueu a sombracelha e ele engoliu seco. – Não está assim por causa de um fato horroroso e mórbido de sua vida? Você sabe que não foi exatamente do jeito que pintaram a cena.

- Por que sempre lembrar disso? – ele parecia estar a ponto de perder a paciência. – O que aconteceu, aconteceu. Fim. Você é doida!

- Ah, eu acho bom acreditar na minha doideira. – ela abriu a mochila e entregou-lhe um envelope, ele pegou com raiva e olhou rapidamente, surpreendendo-se. – E pode destruir se quiser, esta é uma cópia. Os originais estão bem guardados. Eu sou uma excelente advogada, não seria este meu erro.

Ele passou a mão no rosto de forma impaciente.

- Já teve pessoas para chamar de família, de verdade? – ela questionou e ele a olhou. – Eles são a minha família, eu faço tudo por eles. Não é só o profissional envolvido, é o afeto, cuidado e amor genuíno de pessoas que se gostam e se protegem. Mexeu com um, mexeu com todos. – ela suspirou. – Eu odeio você, Bert McCracken.  – Evelyn falou com absoluta certeza e Bert levantou os olhos na direção dela. - Sempre odiei. Eu tenho faro para pessoas de índole ruim e o meu alerta ficou alucinado quando te conheci através do Gerard.

Bert a olhava e segurava o conteúdo do envelope firmemente, ainda sem acreditar no que via.

- Eu sabia que ia dar merda, e deu. – Evelyn sentia a barriga arder de dor, aquilo tudo estava matando-a nos últimos dias.  Bufou. - Eu conheço o Gerard há muito tempo, tempo extremamente superior ao que você acha que conhece. Sei de todos os demônios que habitam naquele corpo, as feras que repousam na escuridão da alma daquele garoto. Sei até os nomes. – ela suspirou. – Você não irá despertá-los.

Bert sentia os olhos arderem, bem como sua alma, mas não era de tristeza, era de raiva por ter vivido uma breve vitória. O que seria o início de uma escalada para perturbar e destruir o “castelo dourado” de Gerard e Frank virou-se totalmente contra ele em pouquíssimas horas. A consequência de sua aproximação era tenaz e irreversível.  

- Quanto mais eu fujo deste fantasma, mais ele me persegue. – ele bufou.

- Talvez tenha chego a hora de enfrentá-lo. – Evelyn continuava séria. – Você sabe bem as consequências disto se eu fizer o que realmente posso e devo fazer. Pessoas como você sempre fazem grandes merdas e deixam rastros, ainda que outras pessoas tenham ajudado a maquiar os fatos. – ela respirou fundo. - Você perturbou a plenitude da paz dos meus rapazes, agora eu vou infernizar a sua vida. Eu farei você desaparecer.

A face de Bert era de completo terror, e ele impulsionou-se para frente, na direção de Evelyn que não moveu um centímetro, mas os dois homens atrás dela sim, fazendo Bert recuar.

- Eu... cometi um erro sim, mas esta punição é demais!  – ele abria os braços, quase gritando.

- Cometeu um erro, Sr. McCracken? É o novo nome que damos para o que fez? – ela fingia estar surpresa. – Vou comprar um novo código penal pois o meu está desatualizado então.

- Não foi...

- Sua culpa? Hum, experimenta convencer doze pessoas em um tribunal com esta frase ingênua. – Evelyn estreitou os olhos. – Você é um miserável desgraçado, só que veio mexer com a pessoa errada. Poderia ter ficado impune, mas o seu erro é que não poderia contemplar a felicidade de ninguém, você sempre quer destruir algo, Bert. Pois bem, você conseguiu destruir você mesmo!

- Evelyn! Eu desapareço! Juro! Nunca mais me aproximo de ninguém, nem aceito compromissos com minha banda em mesmo local... Mas não mostre isso para ninguém! – ele estava desesperado. – Vamos negociar. Quanto você quer?

- Já sou rica o suficiente em vários sentidos. Isto é inegociável, Bert. Além de eu estar tirando você das vistas da minha família, eu faço um favor para a sociedade. Não está em negociação, nunca esteve. Eu estou aqui somente para te dar esta grande notícia de que você tentou acabar com nossa família, mas é você que acabou aniquilado. Para sempre.

- Eu desapareço. – ele entregou-se.

- Desaparecer? Você vai mesmo, trancafiado em uma jaula que é o seu lugar.

- Eu posso alegar insanidade.

- HÁ! Tem certeza que deseja alegar isso? Uma cela acolchoada, viver dopado, isso é ainda melhor na minha visão. – Evelyn começou a dar passos para trás. – Faça o que quiser, mas tenha a certeza, sua vida acabou no momento que decidiu pisar naquelas arenas, de perturbar a paz de quem amo. Tenha uma ótima vida, Bert, aliás, o restante que lhe permite ter. Eu destruí você sem tirar uma gota de seu sangue ou o ar de seus pulmões. Eu aniquilei você com seu próprio veneno e com a lei. Adeus! - ela apontou o dedo para ele, Bert estava bufando de raiva. - Entra no seu táxi, eu vou no outro carro. – Evelyn virou as costas e deixou-o parado na frente do carro, cheio de fúria, ainda olhando o conteúdo do envelope.

- ISTO NÃO VAI DAR EM NADA, SUA MALUCA!

Evelyn abstraiu totalmente dos gritos dele e aproximou-se dos dois homens que esperavam logo atrás. A moça aproximou-se de um deles, deu um valor expressivo para o senhor e o agradeceu:

- Muito obrigado e desculpe-me por tê-lo feito passar por isto.

- Não foi nenhum incômodo, só estranho. Mas isto compensa muito para um pai de família que trabalha duro. – ele levantava os dólares ganhos e Evelyn sorriu. - Sempre à disposição, moça.

Evelyn apertou-lhe a mão e entrou no outro veículo, impondo a mão em sua barriga, sentindo as terríveis dores de outrora voltarem. Ela ainda observou Bert entrar no táxi da frente e desejou realmente não ver aquele rosto nunca mais em sua vida. O outro homem, entrou no carro e perguntou:

- Tudo bem, moça?

- Sim. Podemos voltar para a arena Darien Lake agora. Muito obrigada.

Ele assentiu e Evelyn tentou sorrir, mas sentia ainda mais as dores agudas. Respirando fundo, ela sentiu o veículo colocar-se em movimento, inclusive o da frente, partindo cada um para seu destino.

 

Arena Darien Lake Performing Arts Center.

Evelyn saltou do táxi, porém o taxista ainda a aguardaria, e chegou até o ônibus dos rapazes que já estavam do lado de fora esperando por ela. Brian era o mais preocupado e esfregava a mão no rosto em total ansiedade. Ao vê-la, arregalou os impressionantes olhos azuis e foi na direção da moça.

- Até que enfim, estava preocupado!

- Não sei o porquê. – ela disse simplista como se a situação não tivesse sido a das mais bizarras enquanto ele mal respirava.

- Evelyn, pelo amor de Deus...

- Brian, nós vamos embarcar agora, chegaremos em Jersey, cada um vai para a sua casa e amanhã conversamos, tá bem?

- Você não vai me dizer nada? – ele estava inconformado.

- Não. Tenho certeza que você consegue segurar a sua ansiedade até amanhã. Duas  da tarde no meu apartamento, okay? Legal! – ela deu duas batidinhas no peito dele e se afastou. Brian permaneceu no mesmo lugar, incrédulo.

Evelyn juntou os rapazes, chamando-os juntamente com Brian, e dividiu-os nos táxis, saindo na direção do aeroporto logo em seguida.

 

 

Newark, Nova Jersey.

O vôo foi tranquilo e todos estavam aliviados por ainda aquela madrugada chegarem em casa, dormirem em suas camas, juntos de sua família. Evelyn despediu-se de todos, agradeceu Donna por cuidar daqueles “desajustados” e a senhora riu alto, agradecendo em retorno e dizendo ter tido dias maravilhosos. Já ao abraçar Gerard e Frank, Evelyn disse que lhes ligaria no dia seguinte para saber como estavam, enquanto isso, ela e Brian teriam bastante trabalho pela frente.

- Descansem e curtam esta bebezinha. – ela sorriu. – Ah, e assistam filmes, séries bem melosos e idiotas, okay?

Eles sorriram e lhe deram um beijo de despedida.

 

 

Domingo. 14 horas. SoHo, NY.

Brian tocou a campainha do apartamento de Evelyn e rapidamente a moça lhe autorizou a entrada. O empresário subiu tão rápido quanto pôde e ela o esperava parada na porta, de chinelos e pijamas.

- Acordou agora? – ele entortou o rosto e ela bufou.

- Estou em casa e fico pelada se eu quiser. Entra logo. – ela disse desanimada e ele ergueu as sombracelhas, entrando a seguir.

Evelyn fechou a porta e foi até o meio da sala, gesticulou para Brian sentar no sofá e perguntou-lhe:

- Quer café, água, chá ou arsênico?

- Eu acho que vou de arsênico, afinal, fora a confusão que houve no sábado, você se encontrou com Bert e eu não estou certo do que pode ter acontecido. – ele estava sério.

- O que acha que eu fiz, Brian? Que matei o infeliz? – ela o olhava firme.

- Eu não sei o que pensar, Evelyn. Você é imprevisível, parece a Arlequina!

Evelyn soltou um riso alto e balançou a cabeça rapidamente. Brian nada entendia.

- Gostei da analogia. Falta só o meu Coringa para nos tornarmos Rei e Rainha desta Gotham City particular. Você fala de mim, mas também é um maluco, exagerado. – ela sorriu e ele a observava. – Vou pegar café, depois engatamos um arsênico.

Brian aguardava a moça voltar e respirava fundo. Fato era que, mesmo sendo uma analogia ou brincadeira, Brian estava preocupado com tudo. O escândalo na área da imprensa, o que isso ainda espirraria em Gerard e Frank, até em Bert, e principalmente na banda como um todo neste final de turnê. Restavam mais nove shows e a Projekt Revolution terminaria. Com isto, Brian traçava mentalmente, não só o descanso dos rapazes, mas o seu próprio pelo menos por um tempo. Eles ainda possuíam compromissos a realizar, ainda que esparsos e pontuais até a licença definitiva de Gerard.

- Aqui. Veja se está bom. – Evelyn colocava a caneca na frente do empresário que, assustou-se levemente, pegando-a.

- Obrigado. – ele experimentou. – Está ótimo. – e a observou novamente. Evelyn estava com um aspecto sofrido, desgastada; ela sofreu imensamente com esta situação, juntamente com seus próprios problemas e agora, ainda tinha isto a lidar.

- Bom, vou espantar esta sua cara enrugada de preocupação e dizer o que aconteceu em meu encontro com Bert.

- Por favor, chega de rodeios.

- Eu não matei o miserável, okay? – ela disse séria e depois riu. – Apesar de ter vontade. – e Brian lhe olhou com reprovação. – Todo mundo tem instintos assassinos, Brian. Não negue os seus.

- Tá, Evelyn. Prossiga. – ele esticava o braço em sinal de prosseguimento.

- Eu deixei aquele buraco de árvore sem saída.

- Buraco de árvore?

- É. Bert é um da pior espécie, buraco de árvore significa pessoa horrível. – Evelyn disse com convicção. – Eu usei o que possuo de mais poderoso e é a minha especialidade para acabar com ele. A lei.

- A lei? – Brian estava confuso. – Como assim? Processá-lo? Ordem de restrição?

- Não. Com Bert, você precisa ir muito mais fundo. Eu vasculhei o passado dele juntamente com uns amigos meus. – ela explicava e Brian se tornava mais curioso. – Tenho amigos que trabalham na polícia, outros são procuradores, outros legistas... Fui atrás de minhas fontes para levantar algo grave.

- Que tipo de gravidade?

- Morte.

- Morte? De quem? Bert matou alguém? – Brian enrijeceu-se.

- Sim. A namorada dele e o filho que ela esperava, consequentemente.

- Não, não, não, está errada, Evelyn. Ela se matou com uma overdose. Isso foi constatado no laudo, todo mundo sabia que ela era usuária. Não, você errou.

- Não errei, Brian. Eu não poderia errar neste caso.

- Eu não entendo, Evelyn...

- Brian, quem administrou a droga naquela garota, naquele dia fatídico, não foi ela, foi o Bert. Ele injetou.

- Como é?! – ele indignou-se. – Como assim?

- Ele ministrou a dose nela. Ele sabia bem o que estava fazendo,  Brian. Porém, quem ia ligar para a morte de uma dependente química, onde todos sabiam que ela não cuidava de si e tampouco da vida que carregava? Era um álibi perfeito.

- Evelyn, não pode ser.

- Pode e tem provas. Novas provas, Brian.

- O quê?

- Na época, nem se deram ao trabalho de investigar o caso, como eu disse, usuária, overdose, enfim... Mas, há sempre um rabinho que fica e alguém com uma pulga atrás da orelha.

- Quem é esta pessoa?

- A mãe da moça.

- Ih, caralho...

- Ela contratou um detetive para investigar isso direito, mas ele não era esperto e nem tinha o interesse suficiente, fez um trabalho bem porco e largou de vez.

- E?

- E aí que, após a sua ligação com a notícia de Bert na Projekt, minha cabeça rodou de angústia. Eu sabia que não adiantaria tentar uma ordem de restrição ou qualquer coisa, afinal, ele ainda poderia causar danos à saúde de Gerard e colocá-lo em trabalho de parto, pôr em risco a vida dele e da bebê. Imagina se isto acontecesse? Fiquei maluca.

- Depois que a gente se falou, eu fiquei preocupado, mas passou o primeiro dia e nada ocorreu, ele não tentou uma aproximação que fosse. Sosseguei. – Brian suspirou. – Comemorei muito cedo.

- MUITO cedo! – Evelyn enfatizou e continuou. – Só sei que resolvi ligar para a minha professora de Direito Penal na faculdade, que é delegada, para tentar me ajudar, o que eu poderia fazer neste caso para tirar este encosto das nossas vidas. Foi aí que conversamos e conversamos e nada vinha nos elucidar. Até que, comentei que Bert era muito maluco, psicopata, drogado, tóxico, que até a namorada dele tinha morrido de overdose e o bebê que ela carregava. Foi aí que ela lançou a pergunta no ar, super sem acusação, mas me lançou a dúvida: E se ele tivesse culpa nesta morte? Afinal, os dois estavam juntos sempre, por óbvio, e tivesse ocorrido uma omissão de socorro, ele mesmo ter auxiliado-a com a droga. Ele teria culpa.

- Gente, eu não estou acreditando.

- Acredite! Pois foi com essa pergunta suposta que iniciou a nossa caçada por este acontecimento. Lugar, data, hora, chamada 911, entrada no hospital, óbito, necrópsia, laudos, tudo. Ela pediu este levantamento de informações para pessoas de seu contato e foi aí que os fatos começaram a divergir, como se estivessem maquiados, sabe?

- Espera aí. Isso não é errado? Esse levantamento de informações na clandestinidade?

- Não pense em termos de certo e errado agora, tá? O fato é que ela reuniu estas informações, me mostrou estes registros e passamos a madrugada debruçada sobre estas informações. Soubemos de nomes de pessoas presentes na noite e madrugada que tudo aconteceu, e que tudo foi agilizado pela assessoria do The Used e , principalmente, staff intimamente ligado ao Bert.

- Meu Deus. Não é possível, Evelyn!

- Pode parecer impossível, Brian, mas é verdade. De fato, não achei que estes registros, acontecimentos nos levariam a algum lugar, só continuei chocada pela garota ter morrido com o filho na barriga e blás. Mas, depois, lembrei do comportamento do Bert com o Gerard, naquela época, aquela fixação, aquele grude nojento, medonho, e eu comecei a ligar os pontos com estes acontecimentos, especialmente com as pessoas ligadas a ele tratando de agilizar funeral e fazer todo mundo esquecer este fato horrível.

- Quais pontos?

- Bert já conhecia Gerard na época que namorava esta garota.

- E daí?

- Daí, seu burro, que ele matou a namorada para grudar no Gerard.

- Ah, Evelyn! Poxa, eu aqui achando de verdade que você tinha feito algo bastante relevante ontem, mas tudo foi só uma brincadeirinha? Uma história escabrosa desta?

- Brian...

- Evelyn! O Bert poderia ter largado a garota e filho, e pronto. Ele não precisava matar ninguém. Você é realmente maluca e paranóica! Eu nem sei porque eu te ouço! – ele levantou-se. Evelyn o olhava surpresa. – Bert ficará longe de Gerard, Frank, do My Chem? ÓTIMO! Seja lá o que você fez, conseguiu tirar o cara de cena. Não quero ouvir mais nada.

- Brian! – ela o interceptou. – Acredita em mim. É sério! – e ela virou-se imediatamente. – Aqui, olha e me dá razão.

Evelyn deu-lhe uma pasta preta e Brian respirando fundo a abriu e começou a examiná-la. Ele voltou a sentar e Evelyn ao seu lado. O rapaz começou a enrijecer-se a cada papel que via e lia.

- Isto... isto é de verdade?

- Sim, totalmente verdade.

- É inacreditável! – ele estava nervoso.

- Os laudos comprovam a overdose por cocaína, isto é incontestável, imagens comprovam que havia mais pessoas naquele lugar  e eles viram Bert administrando a droga na namorada e quando ela começou a passar mal, todo mundo foi embora, inclusive ele. O staff estava com ele. Eles saíram para maquiar um suicídio ou acidente pela quantidade administrada de droga.

- Ele a deixou morrer de propósito e as pessoas ajudaram a esconder o fato.

- Exatamente! Deixou os dois. Ela e o bebê. – Evelyn olhava-o seriamente. – Ele não se importou com nada, Brian! Ele é um psicopata. Ele ia matar Gerard do mesmo jeito que fez com ela. Ele está só se divertindo, ele é maluco. Eu não vou entrar em méritos de decisões ou escolhas aqui, porque no fundo eu tenho de admitir a parcela de culpa do Gerard em dar o mínimo de confiança para aquele desgraçado do cacete, mas ainda assim, Gerard correu um risco enorme. Bert se aproxima destas pessoas para lhes sugar o pouco de vida e esperança que elas possuem, porque ele não tem nada em si mesmo, e quando elas chegam ao fundo do poço como aquela moça chegou, como ele é, a face se transtorna, e então ele vê a própria imagem ali e odeia a si por isso. Então destrói.

- Evelyn, isto é terrivelmente grave. Não podemos deixar isso passar! Você e seus amigos traçaram o perfil de uma pessoa perigosa!

- Verdadeiramente, Brian, minha vontade é jogar toda esta merda no ventilador, ainda que ele não fosse preso, julgado e blás, mas ia destruí-lo por completo. – ela suspirou. - Principalmente depois do que ele fez indo na Projekt. Ele poderia continuar longe, sabe? Psicopata burro eu nunca tinha visto, mas enfim... Ele não se conteve em ver a felicidade do Gerard e deixar passar, precisava sugar isto, destruir o que os nossos garotos criaram. Quase que ele põe a perder mais duas vidas!

- Evelyn, espera, espera que eu tô pensando em uma coisa.

- Que coisa? – ela o olhou, franzindo a testa.

- Uma coisa.

- Que coisa, Brian? – Evelyn arregalou os olhos na direção dele.

- Você sabe que a imprensa vai fazer um banzé por causa da confusão de ontem.

- Nem me lembra disso que já me dá dor de cabeça. Já deve estar rodando um monte de coisas por aí... Gerard e Frank não podem se deparar com isso.

- Se eu já convivi com você o suficiente, a gente não poderá conter comentários em qualquer rede que seja. TV, Rádio, mídias impressas e digitais. Não dá para processar.

- É, a América cultiva cada letra do direito e garantia conhecido como “liberdade de expressão”. Sei que os rapazes falarão para processar mas será uma perda de tempo. E dinheiro.

- Bert trouxe o caos para nós, agora a gente devolve.

- Está falando sério?!

- Muito sério! Ainda mais porque é algo muito grave, Eve! Tem uma mãe inconformada aí fora e o assassino da filha dela está impune, solto! Não interessa se a garota era dependente, ela foi morta, não foi acidente, não foi suicídio! – o empresário parecia vestir a capa da justiça.

- Você está se ouvindo, Brian? Porque eu estou realmente chocada com seu jeito de falar.

- Claro que estou! Como você disse ontem... acabou. Acabou, Eve.

- Acabou. – e ela sorriu. – Não estou acreditando que concordamos em uma coisa. Era exatamente isso que eu queria de você!

- É uma coisa gravíssima, tinha de concordar.

- Okay, okay, okay! Eu precisava de um apoio, graças a todos os deuses, você entendeu. Eu deixei bem claro ao Bert ontem que ele veio tentar destruir nosso santuário, mas no fim, ele é quem acabará aniquilado.

- Ele cavou a própria cova, minha cara. Eu te ajudo no que for necessário.

- SIM! – Evelyn conseguia sorrir abertamente e aliviada depois de dias em total escuridão. - Vou falar com minha professora novamente, meus amigos, eles cuidarão disso. Entrarão em contato com a mãe da moça e será instaurado um inquérito, por óbvio. Eu creio na absoluta competência deles para levar o Bert ao tribunal, ou pelo menos, trazer o inferno da humilhação pública e destruição da carreira dele. Ele nunca mais conseguirá se reerguer.

- Perfeito. – Brian sorriu. – Vingança!

- Vingança! É o que somos feitos!

Os dois se abraçaram no meio da sala e se afastaram rapidamente logo depois , rindo a seguir por ser um momento raríssimo entre eles. Brian e Evelyn comemoravam a vitória, não somente por trazer paz aos seus protegidos, mas por fazer algo importante, além do que poderiam imaginar. Um dever social.

Talvez, em um universo paralelo e heterossexual, Evelyn e Brian eram Arlequina e Coringa na sua própria Gotham City química.

 

 

Casa Way –Iero. 20 de agosto. Dia da consulta obstétrica.

Gerard e Frank passaram o dia anterior, o domingo, em completa entrega ao silêncio ou o mínimo de ruído possível, deixando apenas a TV, baixa, em canais de filmes ou séries. Na sala, aconchegados no sofá, o casal assistiu a programação, se alimentou e depois, no quarto, ficaram abraçados em silêncio até pegarem no sono. Evelyn ligou rapidamente para eles e apenas queria saber se estavam bem, não estendeu a conversa, eles responderam que tudo estava certo, e ela os avisou que não os acompanharia na consulta com Joan no dia seguinte, mas lhes passou o horário e sem mais delongas, finalizaram a ligação.

Gerard acordou primeiro e adiantou-se em arrumar-se para a consulta, Frank levantou pouco tempo depois. Eles tomaram café e por volta das oito e meia da manhã, o casal entrou em um dos seus veículos estacionados e aguardaram a abertura da porta da garagem.

- Acho que estou um pouco ansioso com esta consulta. – Gerard olhava para Frank.

- Por quê? – o rapaz estava sério.

- É a primeira depois de eu cair, depois de tantos dias na estrada, depois... – e ele suspirou, Frank pegou em sua mão e Gerard o olhou triste.

- Hey, vamos esquecer tudo, certo? Já passou. – Frank apertou a mão dele e Gerard respirou fundo. – Já foi, nossa vida continua e tudo será como antes.

- Acredita mesmo nisso? – Gerard disse com pesar.

- Claro que sim. Você e a nossa garota estão bem. Fica calmo. – Frank se aproximou dele e o beijou com carinho. – Eu te amo, Gee.

- Eu te amo, Frankie. – e encostou a cabeça no ombro do namorado enquanto Frank inspirava o cheiro dos cabelos dele. A seguir, olhando pelo retrovisor, o rapaz saiu com o carro.

 

Após uns quinze minutos de silêncio, parados em um semáforo, Gerard desencostou do ombro de Frank e ligou o rádio.  “I Don’t Love You” estava na metade e eles sorriram um para o outro, apenas ouvindo a própria canção. E ao terminar, os locutores tomaram a palavra.

– Estamos de volta no Rota Fest, e vocês acabaram de ouvir “I Don’t Love You”, do My Chemical Romance. – uma voz masculina grave ressoava.

– Ai, Travis, eu amo essa música! Na verdade, eu amo o My Chem. – o tom da voz feminina era bem mais suave e doce.

– Eu também,Taylor. Os meninos do My Chemica Romance são, sem dúvida nenhuma, alguns dos caras mais bacanas do rock atual. É dificil encontrar uma banda com caras tão educados, tão tranquilos, tão gente boa.

– Verdade, Travis! Por isso que a gente ainda tá meio perdido com tudo o que aconteceu na sala de imprensa na Projekt no sábado. Fica difícil imaginar o que pode ter acontecido pra tirar o Frank e o Gerard tão do sério daquele jeito.

Neste instante, o casal assumiu uma postura mais rígida.

– Quem estava por lá, Taylor, e viu a confusão, diz que houve uma discussão entre o Gerard e o Bert, vocalista do The Used. Como a maioria sabe, os dois têm um passado meio conturbado. E, pelo visto, as coisas estão longe de resolver. Só esperamos que estejam todos bem, afinal, nós gostamos muito das duas bandas.

– Sim, vamos mandar muita energia positiva para eles. Especialmente para Gerard e Frank que estão esperando um bebezinho pros próximos meses. E qual a nossa próxima música, Travis?

– Vamos de The Used, então, Taylor? Quem sabe a gente consegue promover a paz entre esse povo. Roda The Used aí pra gente!

Gerard e Frank se entreolharam e o guitarrista imediatamente desligou o aparelho ao ouvir as notas iniciais de “Pretty Handsome Awkward”.

- Que merda! – Frank batia no volante e Gerard assustou-se. – Desculpa te assustar, amor. – ele bufou.

- Não, tudo bem... é uma merda mesmo.

- Eu ainda dei mais motivo para falatório, socando a cara daquele filho da puta!

- Eu teria feito a mesma coisa, Frank. Não tinha outra saída, ele foi muito miserável!

- Ele é um maldito desgraçado, Gerard! – Frank batia no volante de novo.

- Calma, não vai se estressar por todo este lixo, como você disse, já passou, já foi.

- Pelo visto... sei não. – Frank fechou os olhos com força e Gerard passou a mão sobre o ombro dele, tentando transmitir alguma calma e conforto.

- Se acalma, eu e nossa filha precisamos de você bem calminho. – Gerard encostava no ombro dele novamente.

- Tudo bem, vou respirar fundo. – Frank esticou a mão e tocou a barriga de Gerard, o fazendo sorrir. – Vocês são a maior riqueza que eu possuo. Eu amo vocês.

- E nós amamos você.

Gerard beijou o rosto dele e Frank respirou fundo mais uma vez. O restante do trajeto foi completamente silencioso.

 

Como já era de costume, Gerard e Frank chegaram um pouco adiantados no consultório e aguardavam na sala de espera, porém não se passou muito tempo até que a porta fosse aberta e revelasse a graciosa doutora com um sorriso acolhedor.

- Gerard, Frank, bom dia, que bom vê-los! – ela olhou em volta. – Estou tão acostumada com Evelyn que já a espero também. – eles sorriram.

- Ah não, hoje ela não participará. Está afogada em trabalho. – Frank disse simples.

- Certo. Entrem, por favor. – e ela lhes abriu passagem, fechando a porta atrás de si logo em seguida.

 

Uma hora depois.

Finalizada toda a parte rotineira de avaliação de exames laboratoriais, ou no caso presente, todos os exames que Gerard fez no hospital de Woodlands no dia da queda, seguido pelos exames físicos e a ultrassom realizada por Joan, que para o casal lhes era sempre a parte mais emocionante, a médica os tranquilizou completamente com as informações sobre a saúde perfeita da bebê e de Gerard  que estava com 27 semanas de gestação; o casal retornou às suas cadeiras e Joan à dela. A médica perguntou:

- Gerard, você realmente está certo da decisão de ter um parto natural?

- Sim, absolutamente certo. – ele disse convicto e olhou para Frank que endossou:

- De fato, e eu dou apoio incondicional, Joan, desde que não haja riscos para Gerard e nossa filha.

- Claro, sem sombra de dúvidas. – a médica sorriu. – Gerard, apesar deste recente susto da queda, nada apresentou em alterações, a bebê está seguindo em ritmo de crescimento saudável e dentro dos parâmetros, não há nada que indique riscos para um parto natural. Pelo contrário, este será o melhor meio desta criança vir ao mundo.

- Que bom, Joan! Porque eu quero ter a maior naturalidade possível nesta experiência. Não me conforta a ideia de me internar e ser submetido à uma cesárea, tanto pela cirurgia, quanto pelos remédios, anestésicos e tudo o mais. Ver minha filha sendo arrancada, não era o que eu tinha planejado, nunca. – Gerard estava sério e Frank o acompanhava na postura.

- Absolutamente, Gerard. Uma cesárea é somente em casos de riscos para a mãe ou bebê, porém iniciou-se um negócio com as cirurgias. A natureza sempre teve seus meios e tudo o que entra, sai. – ela riu levemente e o casal retribuiu, desfazendo um pouco o clima pesado.

Joan percebeu que eles estavam mais sérios e contidos naquele dia, talvez fosse a experiência do pós queda, da exaustão da turnê ou, simplesmente, a ausência de Evelyn. O fato é que um de seus casais preferidos não estava no melhor dos humores. Assim, ela seguiu com o questionamento sobre o parto para tentar diminuir a tensão e fazê-los pensar somente em sua filhinha.

- Pois bem, parto natural. E pelo visto, quer em sua casa, estou certa? – Joan lhes sorria.

- Sim. Seria maravilhoso. – Gerard abriu um sorriso carinhoso e acariciou a barriga, Frank o olhou ternamente. Agora, Joan vislumbrava um pouco daqueles pais presentes nas consultas anteriores.

- Olha, há algo que eu quero que vocês dois leiam muito, apesar de já explicar a partir de agora, okay?

- Okay. – eles responderam juntos.

- Parto humanizado e Hypnobirthing.

- Hum, por favor, nos dê uma aula. – Frank disse divertido e tanto Gerard quanto Joan sorriram.

- Então, parto humanizado nada mais é que, os protagonistas do evento são o ou a gestante e seu bebê, sendo que tão importante quanto os procedimentos médicos, é a atenção e cuidado com o delicado momento em que gestante e bebê estão vivendo.  A diferença gritante é o procedimento tratado no parto humanizado e um parto no hospital onde pode haver indução ao parto, anestesia, corte de períneo...

- Exatamente por isso não quero hospital. – Gerard era categórico.

- Sim. A menos que seja necessário, o hospital e cesárea estão fora de cogitação. – Frank reforçava a decisão do namorado.

- Entendi perfeitamente. – Joan lhes sorriu. – Bom, para que tudo flua com muita atenção, naturalidade e sobretudo, confortável o máximo possível, Gerard é quem ditará as regras e falará quem deseja ter com ele neste momento.

- Geralmente quem fica com o gestante, Joan? Claro, além do pai ou mãe, que seja. Dependendo do casal. – Frank questionava.

- Via de regra temos gestante, lógico, o companheiro ou companheira, a obstetra e a doula. Alguns casais, por vezes, solicitam enfermeira, pais e sogros...

- Ah, não. Nada de reunião para todo mundo ver o quanto meus genitais estão expostos. Não, não. – Gerard gesticulava rapidamente e Frank riu.

- Eu também acho desnecessário, Gerard. – Joan riu ligeiramente. – Eu acredito que quanto mais intimista, melhor para gestante e bebê. Traz mais paz. Muita gente no recinto acaba gerando muito falatório, opinião. Complica.

- Exatamente, quero ter minha filha em paz. – Gerard disse firme.

- E eu trabalharei o máximo para isso.

- No dia do parto, quero Frank ao me lado, obviamente, você e Evelyn. Mas a Eve fica do lado de fora controlando os ânimos e ligações. Meus pais, irmão, cunhada e sogros, o avô de Frank podem vir, mas ficam esperando do lado de fora do quarto também. Dentro somos só nós.

- Joan, você disse algo sobre doula? O que é uma doula? – Frank franzia a testa.

- Doula é uma assistente de parto, com ou sem formação médica, que acompanha gestante durante o período da gestação até os primeiros meses após o parto, com foco no bem estar do parturiente. Cabe a ela proporcionar informação, acolhimento, apoio físico e emocional às e aos gestantes durante a gravidez, o parto e o pós-parto.

- São as chamadas parteiras, então? – Gerard estava um pouco confuso.

- Não há de ser feita esta classificação pois, as doulas não submetem gestantes a procedimentos médicos, mas sim apoio físico e emocional para promover um bom desenvolvimento do trabalho de parto.

- Hum, então, é como uma técnica de trabalho de parto? – Frank sorria.

- Podemos dizer que sim, Frank.  Como vocês realmente decidiram pelo parto natural, a partir de agora, aliás da próxima consulta, a minha doula de confiança, parceira, que também é doutora mas gosta mesmo é de ser doula, Vivien Carpenter, fará parte de suas vidas até esta linda bebê vir ao mundo e alguns meses depois.

- Wow! Fiquei bem animado! – Gerard espelhava entusiasmo e Frank parecia muito mais calmo.

- Ela lhes fornecerá informações baseadas em evidências para evitar cesáreas indesejadas ou desnecessárias, proporcionar uma experiência positiva de parto e reforçar o vínculo paterno-filial. São figuras importantes na retomada do parto fisiológico natural, humanizado. – Joan continuava a lhes sorrir. - A doula possui importante papel para ajudar o parturiente em técnicas não invasivas para diminuir a dor, como banho de água quente, massagem, bolsa de água quente, posições corporais, conversa. Frank poderá te ajudar muito nesta parte, com os banhos, massagens, lhe falando palavras de conforto, carinho e encorajamento. Você se sentirá muito amparado, leve.

- Quero me concentrar ao máximo para fazer o meu melhor para trazer a nossa filha ao mundo. – Gerard estava emocionado e Frank o beijou no rosto.

- Não possuo dúvidas sobre isso. – o namorado disse um pouco mais baixo.

- Então, na nossa próxima consulta, Dra. Vivien estará conosco.

- Mal posso esperar. – Gerard ficou bastante animado. – AH, mais uma coisa, Joan. – ele chamava a atenção da médica. – Quanto à amamentação, eu gostaria muito de amamentar minha filha. – Gerard olhou levemente para Frank e ele lhe sorriu.

- Sem problema algum, Gerard. Seu corpo está se preparando para isso, eu acho ótimo que você tome esta decisão porque além de fortalecer seus vínculos com sua filha, você a alimentará com o líquido mais precioso para os primeiros meses de vida dela, pelo menos. Eu te parabenizo, de verdade. A maioria dos gestantes masculinos não optam por isso e os bebês são colocados em mamadeiras desde o primeiro dia de vida. Parabéns pela sua decisão!

- Obrigada, Joan! Como eu disse, quero fazer tudo o mais natural possível para nossa filhinha.

- Eu vou  chorar quando ver ele amamentando pela primeira vez, sou grosseirão mas isto vai me desmanchar inteiro! – Frank riu e todos acompanharam.

- É um dos momentos mais lindos! Tem de se emocionar mesmo! E, Gerard, pode ficar despreocupado que, quando sua filha desmamar, não vai ficar nada pendente neste seu corpo, viu? – e todos riram. – Vai voltar tudo para o lugar, assim como após o parto, seu corpo vai desinchar, tudo voltando ao status quo. Até porque, eu e Vivien estaremos cuidando de você no pós parto também.

- Sensacional, Joan.

- Joan, e sobre aquela outra coisa que você falou?Hypno, o quê? – Frank perguntou.

- Hypnobirthing?

- Sim, é isso aí.

- Bom, HypnoBirthing é tanto uma filosofia sobre nascimento quanto uma técnica ou método para o parto. O princípio básico do programa é que o nascimento é uma função normal, natural e saudável. Como tal, o parto pode ser realizado suavemente e calmamente por um número muito grande de gestantes que não estão em situação de alto-risco.

- Basicamente, parto humanizado. – Gerard afirmou.

- Sim, de certa forma. Como já enfatizei algumas vezes, seu corpo sabe o que está fazendo e sendo preparado para sustentar esta criança dentro do seu ventre, bem como, quando chegar a hora, deixá-la sair. O Hypnobirthing trata disso.

- Muito bom. – Gerard sentia-se bem seguro.

- O segredo está em fazer o gestante se alinhar com esta sua capacidade de dar à luz de forma suave, saudável, alegre, sem desesperos. Não é que você não sentirá dor ou desconforto, mas poderá lidar com isso da melhor forma possível para ter um parto tranquilo e confortável.

- Gente, sensacional. Será que minha meditação pode ajudar? – o gestante animava-se novamente.

- Com certeza! Esta técnica faz com que gestante aprenda a trabalhar em harmonia com o seu corpo e o do bebê. Fazendo com que a experiência flua sem interrupção, naturalmente e assim, elimina aquele cansaço e desgaste, encurtando o trabalho de parto. Deste modo, a experiência é ainda mais enriquecedora. – Joan realmente estava lhes dando uma aula sobre parto e suas técnicas.

- Mais que perfeito! É isso que eu quero! – Gerard estava convicto e totalmente apoiado por Frank.

- Então está acertado! Na próxima consulta, já com a apresentação da Dra. Vivien, iniciamos a jornada para a sua preparação para o parto.

- Estou muito feliz! – Gerard sorriu e respirou fundo logo em seguida, olhando para Frank. – Tivemos dias bem complicados e ouvir todas estas boas notícias é maravilhoso.

- Estou até me sentindo mais confiante e leve, agora sei que nossa filha está ainda mais perto. Eu também estou muito feliz com isso. – Frank sorriu, aliviado.

- É, eu notei que vocês estavam bem tristinhos, mas seja o que for, papais, há uma garota maravilhosa sendo tecida neste ventre saudável e que logo estará entre vocês, para lhes dar ainda mais alegria. Concentrem-se nisso.

- Obrigado, Joan! – ambos agradeceram e iniciou-se a despedida. – Bom, creio que por hoje, já alugamos você demais. – Gerard sorriu-lhe.

- Amo cada momento deste, meus queridos. Fiquem bem e nos vemos no mês que vem! Mas, se precisarem de mim antes, por favor, é só me acionar.  – eles levantaram e deram cada um, um beijo na médica, saindo do consultório a seguir.

De certa forma, a consulta aliviou-os dos embates dos últimos dias, mas não dissipou completamente os sentimentos ainda contidos, principalmente em Frank.

 

 

Ao chegarem em casa, os rapazes combinaram de pedir comida italiana para o almoço. Frank foi para o telefone efetuar o pedido enquanto Gerard seguiu para o banheiro. Ao retornar, o namorado já havia feito a encomenda e ambos deram as mãos, sentando juntos no aconchegante e confortável sofá da sala.

Gerard deitou a cabeça no ombro de Frank e o guitarrista encostou a cabeça à dele, beijando-o nos cabelos. Gerard fechou os olhos sob o carinho de Frank e se apertaram mais, abraçados. Frank olhou em volta para ver onde estava o controle remoto da TV e o pegou rapidamente, ligando o aparelho. Geralmente estava em algum canal de filmes ou séries, ou canal de música. Repararam que passava pela quarta vez o mesmo filme já visto há semanas atrás e Frank mudou de canal, colocando na MTV.

Eles pareciam estar no meio de um dos programas de “Diários”, mas algo chamou atenção dos rapazes, afinal, as imagens que apareceram a seguir eram deles. Gerard e Frank se tensionaram e desfizeram sua posição anterior, separando seus braços um do outro e apoiando as mãos nas pernas ou cabeça.

- Eu vou desligar, Gee... – Frank levantou.

- Não, Frankie, não. A gente precisa saber o que estão falando.

- Como na rádio?!

- Na rádio eles foram legais, okay? Mas e outros meios? Eu quero ver.

Frank estava bravo, visivelmente bravo, e Gerard com olhos fixos na TV. Logo, passaram imagens de quando eles conheceram o The Used, trechos contidos no Diary do Life On The Murder Scene e Frank ficou ainda mais nervoso, ele já sabia o que viria em seguida, logo após o repórter perguntar para Bert quem era o favorito dele no My Chemical Romance. “O vocalista, líder...Gerard!”, e a cena a seguir era o beijo que Bert deu em Gerard. Um selinho, mas ainda assim, aquilo fez o guitarrista bufar de ódio. Gerard levantou e desligou a TV.

- Desculpa! A gente devia ter desligado antes. Me perdoa! – e foi na direção de Frank que estava estático.

- Você não tem que me pedir perdão, isso foi outra época. – ele disse mas não olhava Gerard nos olhos.

- Frank... – Gerard colocou as mãos no rosto dele e levantou, contemplando os olhos marejados do namorado. – Amor, por favor, não fica assim. – Gerard o abraçou e Frank retribuiu em silêncio. – Vamos tentar esquecer isso. Vamos? Acabou, eu sei que acabou.

- Eu preciso respirar um pouco, Gee. – Frank afastou-se dele e Gerard ficou confuso. – Eu vou dar uma caminhada até nossa comida chegar, eu preciso tomar ar.

- Amor, não... não sai assim. – Gerard franziu a testa e Frank já estava perto da porta.

- Eu volto logo, antes da entrega, ainda vamos almoçar juntos, mas me deixa ter este tempo, okay?

 Gerard assentiu e deixou-o sair, mas seu coração doía.

 

 

Frank saiu de casa e estava enfurecido, quando aquilo ia parar? Ou será que pararia? Precisava espairecer e seguiu até o fim da rua. O jovem parou na esquina a qual possuía uma banca de jornais e revistas e virou-se rapidamente para trás e contemplou fotos dele, de Gerard e Bert no sábado, parece até que tinham fotos antigas também. O guitarrista virou-se por completo e focou nas capas das revistas sob um intenso sentimento de fúria. Seus olhos corriam àvidamente pelas manchetes das capas.

 

OK MAGAZINE - A FÚRIA DE IERO

Guitarrista do My Chemical Romance descobre caso entre o namorado e o vocalista do The Used e tem acesso de fúria nos bastidores da turnê.

 

STAR MAGAZINE – PATERNIDADE CONTESTADA

Apresença de Bert McCracken nos bastidores de turnê levanta a dúvida: Frank Iero é mesmo o pai do bebê de Gerard Way?

 

US WEEKLY – É O FIM!!!!

Gerard Way e Frank Iero terminam o relacionamento e a banda está ameaçada. Bert McCracken seria o pivô.

 

InTouch – WAY CONFESSA “EU NUNCA DEIXEI DE AMÁ-LO”

Gerard Way e Bert McCracken são vistos aos beijos nos bastidores de turnê, deixando o ex-namorado, Frank Iero, devastado.

 

US Magazine – IERO AMEAÇA: “MINHA FILHA NÃO!”

Guitarrista do My Chemical Romance avisa que levará ex à justiça pela guarda da filha que Gerard espera. Way busca consolo nos braços de McCracken.

 

Enquire – SEXO, DROGAS E ROCK N’ ROLL

Gerard Way reata com Bert McCracken e os dois mergulham de volta nas drogas, deixando o guitarrista, Frank Iero, temendo pela vida de sua filha que ainda não nasceu. “Gerard está fora de controle”, Iero teria confessado aos seus colegas de banda.

 

Frank olhava em choque e completa repulsa por aquelas manchetes nojentas, aquelas revistas sensacionalistas não possuíam limite para vulgaridade, calúnia e mentiras. Seu estômago revirou-se no mesmo segundo e sua cabeça começava a latejar. Aquilo parecia uma série de socos na sua face e barriga. Ele não suportou. Teve de sair correndo até um cesto de lixo e vomitar.

 

O capítulo 12 terminou ;)

 


Notas Finais


TADINHO DO FRANK!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Envenenado pelo Bert língua preta, cobra peçonhenta! Só a presença daquele ser acaba com qualquer um, imagina com esta situação?
Segurem-se, muitas emoções por vir!
Quero fazer um agradecimento especial para minha miga-madrinha-almagêmea - jornalista, LAURA, que me ajudou nestas manchetes das revistas mais sujas e baixas em circulação nos EUA, famosas por serem as mais vulgares, caluniosas e mentirosas. TE AMO, MIGAAAAAAA!!! <3 <3 <3
BEIJOS E BOM FIM DE SEMANA, MEUS AMORES!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


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