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História A Ladra de Rosas - A velha cega


Escrita por: InfiniteVitium

Capítulo 2 - A velha cega


Depois de muito tempo e de toda aquela ansiedade, finalmente Domingo chegou. Dinah nunca tinha ficado tão eufórica numa manhã, seus pais acharam um tanto estranho, mas os vários beijos que receberam, compensou tudo. Depois de comer a metade de uma maça ela foi correndo para fora de sua pequena casa de barro. Chegando na porta calçou sua bota marrom, que combinava com seu lindo vestido de borboletas, e então saiu em disparada em direção da cidade. Nunca correu tanto em sua vida, e correr era a coisa que aquela menininha de 10 anos mais amava, deixava seu corpo mais vivo e o vento batendo em seu rosto, levando seu cabelo numa corrente perfeita, era uma combinação incrivelmente perfeita.

Depois que já tinha comprado o pão de brioche na padaria, e depois de como sempre conversar com o padeiro, a menininha guardou o pão em sua mochila de couro de uma forma que não o amassasse e depois foi em direção da casa das Roseiras, mas teria que tomar cuidado pois eles poderiam ainda estar na frente de casa, na carruagem terminando de arrumar as coisas. E se a menina aparecesse correndo, não seria um dos melhores jeitos de conhecer alguém “Olá, posso entrar no seu jardim e roubar suas rosas?”. Por isso ela foi correndo e quanto mais chegava perto da casa ia desacelerando sua corrida, com isso podia até mesmo aproveitar aquele momento tão esperado, aquela felicidade clandestina iria ser uma das poucas oportunidades que teria de agarrar a mesma. Então, como aproveitar da felicidade não mata ninguém ela continuou com aquele paço lento brincando com a calçada de pedras e cumprimentando todos que via, como se quisesse dizer “Olá, estou com pressa, mas se quiser podemos parar aqui mesmo e tomar uma xicara de chá”.

Quando finalmente ela chegou na casa, sorrateiramente ela foi para atrás da mesma arvore que sempre ficava para investigar aquela família, e percebeu que a casa estava trancada por inteira e não tinha nenhuma carruagem na rua, dava para ser visto que no chão de terra foi “desenhada” uma linha e o portão da entrada estava com correntes. Então depois de checar tudo isso era obvio que não tinha ninguém na casa, então Dinah poderia entrar sem problema algum.

Ela foi indo em direção do pequeno portão de ferro da entrada, passava a mão pelo murro cheio de pequenas plantas que imitavam uma cerca viva e já a poucos metros de sua cabeça ela podia ver as roseiras que cresciam lá dentro livres para todos os cantos. Quando chegou no portão tinha um problema, ela teria que arranjar um jeito de entrar, porém não tinha outra entrada a não ser ele e mesmo parecendo pequeno seria muito difícil para uma criança de 10 anos. Então com todo o cuidado que tinha, foi pendurando seu pé nos ‘desenhos’ de ferro do portão, se pendurando da forma que podia e quando já podia pular o portão, colocou toda a força que tinha em seu braço para puxar seu pequeno e fraco corpo. Quando pulou pelo mesmo seu vestido acabou agarrando fazendo com que ela caísse no chão e perdesse um pedaço do seu vestido predileto. “Calma, quando chegar em casa poderei costurar” pensou consigo mesma tentando tirar aquele problema e continuar o plano principal O furto das Rosas.

Depois de se recuperar do tombo olhou ao redor e viu o inúmero tipo de Rosas, das mais variadas cores, até mesmo uma Rosa Azul. Que ela ficou um tanto intrigada com aquele tipo de rosa, já que nunca tinha ouvido falar. Ela tinha ali naquele jardim de entrada as mais numerosas Roseiras e ela não iria ficar apenas admirando, pegou de sua mochila uma faca que ela havia enrolado numa toalha para não cortar nada em sua bolsa, e com cuidado foi indo em direção da primeira Roseira a que estava a sua esquerda, encostada no muro com lindas Rosas Roxas e majestosas. Depois que tirou a primeira Rosa de lá observou que em toda aquela Roseira as Rosas estavam bem abertas e nenhuma estava murcha, nem ao menos nascendo e isso se repetiu em todas as outras Roseiras. Nas rosas azuis, nas rosas brancas, nas rosas vermelhas, nas rosas laranjas, nas rosas claras... Em todas as Roseiras as Rosas estavam lindas e perfeitas, quase impossível de acreditar e a menina pegou uma de cada rosa para fazer o buquê mais colorido que sua Mãe poderia ganhar.

Quando ela chegou na última Roseira ficou um tanto com medo, ela era muito alto e bem junta a casa, todas as rosas estavam muito no alto. Para chegar lá em cima teria que se arriscar a escalar e até poderia ser vista por alguém na rua, não queria imaginar o que fariam com sua família e com ela. Por um bom tempo apenas ficou ali, segurando suas rosas sem espinhos e gigantescas, encarando aquelas rosas de cor rosa escuro, todas ainda muito fechadas, muito no alto, inacessíveis para aquela pequena garota. A mesma pensou em desistir, para que aquelas rosas que nem abertas eram? Mas então lembrou de sua mãe e do sorriso que ela daria por ver todas aquelas cores e não teria graça se sobrasse uma. Colocou sua bolsa e suas Rosas no chão, bem protegidas do vento ou algo parecido, segurou com a boca o cabo da faca e se preparou para subir aquela Roseira cheia de pequenos espinhos.

Mesmo sendo nova, sabia dos riscos, sabia da altura, sabia dos espinhos, sabia da dificuldade, mas ela não iria desistir nunca de Resgatar aquela Rosa que ainda fechada estava, se possível iria colocar num jarro e cuidaria dela até que crescesse e ficasse tão bela quanto as outras, tão livre quanto as outras. Foi sumindo, se esquivando dos espinhos que conseguia e se machucando com outros, não tinha tempo para ver o machucado tinha que continuar a subir, subir cada vez mais. Quando finalmente em sua gloria chegou até a Rosa Escura, a segurou pelo cabo, com a outra mão pegou a faca e começou a cortar, se equilibrava com seu corpo jogado quase abraçando a Roseira e seus pés agarrados aquela grande Roseira.

Depois que já estava com a Rosa em sua mão, sentiu que conseguiu alcançar algo quase inalcançável e mesmo com sua imaturidade ficou extremamente orgulhosa de sua determinação de pequena criança. Estava ali sentido a troca de admiração dela para a Rosa e da Rosa para ela, até que sentiu pesados olhos que a olhavam, se virou para a casa e viu que tinha uma janela aberta com uma senhora que a encarava com olhos brancos como o Beijo da Morte. Se desiquilibrou e começou a cair, para a sua sorte a sua faca caiu antes dela e caiu longe de si. Como uma proteção de mãe a menina segurou aquela Rosa com suas mãozinhas e nem ligava para a dor que sentia dos vários espinhos em sua pele, a dor pode ser curada, já a perda é Para Sempre e nunca terá.

Quando abriu seus olhos deu de cara com a velha de olhos extremamente pálido bem na sua frente, a encarando de uma forma que ultrapassava sua pele, ela estava olhando sua alma de Rosa. A menina estremeceu e buscou por suas Rosas, num desespero pela perda, rapidamente guardou todas em sua mochila.

A velha levantou a cabeça e ergueu uma sobrancelha ríspida e negra como o carvão, em seu rosto mais branco que o marfim.

--Então você não desiste mesmo não é menina? Pensei que só estava admirando as rosas de meu jardim. – Ela apontou com sua mão as várias roseiras. –Incrível a sua determinação... Dinah?

A menina ficou assustada, como aquela mulher que nunca tinha visto saberia seu nome e o que ela iria fazer? Mas resolveu que era melhor ficar calada, talvez a mulher teria piedade e não a mandasse ser morta pelo Rei.

--... Porém nesse mundo, determinação não é algo que irá lhe fazer crescer como esta roseira. Não, determinação poderá te ajudar, mas não com as suas habilidades de Ladra de Rosas. Não, não, não... Mas fique calma minha criança, eu conheço um lugar perfeito para as suas habilidades e sua determinação sem fim, bom não repare no fato de estar caindo em ruínas. Leve isso como um castigo pelo o seu furto as minhas rosas. – Antes de fazer o seu último ato a mulher tocou gentilmente em uma Rosa Escura e rapidamente ela se abriu, como mágica.

Dinah não acreditava em seus olhos e estava com medo do que a mulher mais velha iria fazer. Agora não iria mais ficar calada.

--Me desculpe pelo furto, mas a Senhora poderia por favor não machucar minha família? Eles não têm nada a ver com isso, eu fiz tudo isso para mim, só para mim. Como pode ver sou egoísta, mas minha família não. Deixe meu irmãozinho nascer são e salvo, por favor. – Sem nenhuma lagrima ela fez seus pedidos corajosos a Velha Bruxa Cega, que ficou intrigada com a menina.

--Mentir... Oh, isso é feio e você nunca conseguirá mentir para mim, posso parecer cega minha cara, mas vejo a verdade mais claramente do que qualquer um. – Fez uma pausa estudando a menina que estava com o coração aceleradíssimo e suando frio. –Pois bem, como quiser. Não iria machucar ninguém de sua família, mas já te digo para o lugar onde irá essa sua ideia de colocar todos em primeiro lugar, e principalmente gente tão... simplória, irá mudar muita coisa por lá. Talvez você me ajude a querer voltar à aquele lugar. – Disse a mulher, que por fim moveu seus dedos em direção da terra onde a menina estava jogada, e com aquele toque mágico, tudo começou a tremer em baixo da menina. Criando um buraco semelhante a toca de um coelho a menina começou a cair, mas seu grito foi calado quando a terra foi tampada novamente.

--Argh, odeio esse barulho insuportável que esses mortais fazem. Não poderiam gritar mais baixo? – A bruxa cega se queixou e logo depois estalou as costas, que não paravam de doer, enquanto entrava em sua casa. 



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