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História A Ladra de Rosas - O reino vermelho


Escrita por: InfiniteVitium

Capítulo 3 - O reino vermelho


O buraco parecia não acabar nunca, e aquela descida era como aqueles pesadelos em que estamos caindo e caindo, e quando chegamos no final acordamos. Dinah estava gritando muito no início até que começou a se acostumar com aquela descida sem noção onde moveis, tabuleiros de xadrez, livros, bules de chá e outros, caem junto com você ou sobem enquanto está descendo. Como se a gravidade não existisse naquele pequeno espaço cilíndrico e sem nenhum feixe de luz, a não ser em seu fim, onde pode ser visto algo vermelho e uma luz até mesmo convidativa.

Parecia um pesadelo sem fim no início, mas depois que se acostuma vira um tipo de passeio. A menina aproveitou até para pegar alguns biscoitos que caiam e alguns livros que a chamavam atenção, os guardava na bolsa de um jeito que quando abrisse não fizesse com que tudo voasse. Depois de um tempo a decida começou a ficar até entediante, e a cada minuto ela ficava mais impaciente, olhando toda hora para a direção da luz para ver se já estava chegando perto.

--Ah.... Que queda mais chata, acho que vou dormir. – Como se não tivesse nada para se preocupar a dócil criança procurou por alguma poltrona ou algo do tipo que estivesse caindo, depois de algumas estantes, facas, cavalos e gatos, ela encontrou uma poltrona um tanto surrada e velha, mas era confortável como encostar em nuvens. Fechou seus olhos e cochilou como nunca.

Sonhou com uma floresta negra, uma lua que sorria, uma festa de chá e uma loira perdida. O sonho estava bem interessante quando de repente alguém a acorda. A menina foi se acostumando com a voz de algum menino e algo a cutucando na barriga, ela não queria acordar, mas já que aquela voz fazia tanta questão de estragar seu sonho, não teve outra opção.

Abriu os olhos e percebeu que não estava mais na poltrona vermelha, estava com a cabeça encostada em uma fonte, uma fonte que espirrava um liquido vermelho “Espero que seja suco de groselha”. Depois que voltou seu olhar para frente pode ver primeiro um menino, um menino quase todo de preto, tirando alguns pedaços de remendo vermelho e sua meia –também vermelha. Até seu cabelo era preto, sua pele tão branca quanto a Velha Cega e seus olhos... era de um vermelho sangue assustador.

--...Menina? Você ta me ouvindo? –Ele perguntou cutucando o ombro da menina com um pedaço de árvore. –Se for muda pelo menos balance a cabeça, não tenho o dia todo. – Depois, de falar como se não se importasse, ele bufou.

--Sim, eu estou te ouvindo. Não pode esperar para que eu me recupere da queda? –Dinah perguntou enquanto se levanta e limpava seu vestido passando a mão. Quando voltasse para casa tinha certeza que sua mãe iria fazer inúmeras perguntas.

--Queda? Queda da aonde? Olha, pelo lugar onde eu moro durante 12 anos eu estou bem acostumado com gente doida, mas gente que mistura sonhos com realidade. Você é uma das poucas no Reino Ve... – A morena estava ficando cada vez mais confusa com o que ele dizia e como ele não era educado, não viu o motivo de não poder interrompe-lo

--Espera! Como assim queda da aonde? Eu caí de um buraco, uma bruxa me fez parar aqui. Estava agora a pouco dormindo em uma poltrona e de repente acordo aqui. O que é bem estranho... E eu não confundo sonhos com realidade! – A menina até se colocou nas pontas dos pés para falar com ele num tom de autoridade, quem ele achava que era afinal? Bem, nem ela era alguém mesmo, mas isso não significa nada. Na vila onde ela mora as pessoas sempre são bem-educadas das mais pobres até o nobre mais rico.

Quando ela voltou de seus pensamentos que sempre voam para o lugar mais longe possível, ela reparou como o menino a encarava de um jeito estranho.

--O que foi? Eu falei algo errado? Peço desculpas...—Antes que ela pudesse terminar de falar foi interrompida por uma risada abafada.

--Desculpas? Oh menina... você não vai conseguir sobreviver no Reino Vermelho, muito menos no País das Maravilhas se continuar sendo tão boazinha. Vai acabar sendo decapitada, ainda bem que eu te achei. – O menino a reprendeu de ser educada, o que foi um choque para a pequena, mas não um choque maior do que o de descobrir que estava no País das Maravilhas, o mesmo País da menina loira que caia em toca de coelhos e atravessava espelhos. Dinah não se lembrava muito da história, mas nunca que sua Avó lhe contou que o Reino Vermelho ficou tão destruído.

Um reino que no livro sempre pareceu tão nobre e bem desenvolvido, estava literalmente aos pedaços. O chão estava cinza por conta de incêndios que aconteciam em todos os lugares, qualquer canto que ela olhava podia ver fogo, caos, pessoas correndo, gritando, roubando, matando, se escondendo ... Era algo horrível e ela não conseguia acreditar que estava acontecendo em um lugar como aquele, bem era de se imaginar com uma Rainha tão louca no poder. Mas mesmo assim, ela devia pelo menos tentar ajudar as pessoas que estavam no ápice da loucura. Começou a se perguntar como não havia sido morta ou como não roubaram sua bolsa, percebeu também, que todos usavam o mesmo estilo de rouba que o menino que a acordou. Roupas extremamente pretas com remendos e meias vermelhas, pareciam uniformes, chegava a ser feio de se ver aquelas pessoas daquele jeito. Todas iguais.

O menino segurou o braço da morena que não parava de olhar ao redor fascinada e assustada.

--Escuta. O Reino tá bem destruído, mas pelo o que vejo você pode nos ajudar. –Ele fez uma pausa para estudar o semblante dela que era de total confusão. –Ok, você não deve está entendendo porcaria nenhuma, mas precisa acreditar em mim. Vou te levar para a minha “casa”, lá a gente vai ficar protegido da Guarda da República das Cartas. – Ele disse, sem nem esperar se ela iria dizer sim ou não, apenas a puxou para fora daquela confusão.

 

 

 

 

Depois de andarem pelas ruas cinzentas e esquivarem de algumas pessoas que tentavam parar eles, todas dizendo a mesma coisa. “A republica vai nós destruir! ” “Chá é a salvação! ” “Vocês teriam comida para os meus 40 filhos? ”. Bom, depois de tudo isso, eles chegaram a tal ‘casa’, que na verdade era um celeiro nos fundos de uma casa, mas parece que o celeiro havia sido invadido e os dono da casa quem sabe mortos. Já que a casa estava queimada por todos os cantos e poderia desabar a qualquer momento.

Antes de entrarem no celeiro vermelho vinho, o menino parou.

--Antes, você precisa saber meu nome, por eehduu... –Ele estava com a maior dificuldade para falar a palavra que a menina deduziu ser educação. --...Aquela palavra que o Reino Branco acha bonitinha. Que seja, meu nome é Valete. –Ele nem estendeu a mão, ficou com elas no bolso da calça, mas a morena iria ensina-lo educação de alguma forma então resolveu que iria ensinar aos poucos. Ela estendeu a mão e ele a cumprimentou.

--Meu nome é Dinah, e eu acho que você queria falar educação. Mas isso não importa, o que eu quero é que você me explique como eu vou ajudar essas pessoas? Primeiro você me chamou de doida, segundou eu só tenho 10 anos e terceiro... não consegui salvar nem me salvar de uma velha cega.  – Ela disse tudo aquilo, mas não deixou o menino sem esperanças, pois ele sabia que ou ela não sabia de nada ou ela era humilde demais ou ela era tão preguiçosa que queria inventar motivos para não tentar ajudar.

--Hm.. São vários motivos para te abandonar ou te matar e roubar os biscoitos que você tem na bolsa, maaaas: primeiro eu prefiro tortas, segundo não temos escolha e terceiro eu não poderia matar alguém que veio da Terra dos Sonhos. Agora para de showzinho e entra logo. – Ele disse com um ar de superioridade, que era bem claro que ele teria agora que sabe que é mais velho que a menina.

A menina por não ter outra saída resolveu entrar naquele celeiro, não sabia o que poderia encontrar, mas estaria mais segura do que do lado de fora.

Abriu a porta devagar e rapidamente foi sendo contagiada pela cantoria que tinha lá dentro, mas antes que pudesse dizer algo um pires foi quebrado em cima de sua cabeça. Esse era um dos momentos em que ela agradecia por ser uma criança pequena, pois se fosse grande teria desmaiado mais uma vez.

Um dos homens que estava sentado na mesa se levantou de sua cadeira, ele sentava na ponta que estava no final da mesa. Ele tinha um ar de loucura em seu olhar, mas era uma loucura boa, não a que traz caos completo.

--Olhem! – Ele chamou a atenção de todos. –Vejam se não é mais uma desaniversariante! – Ele pegou um pequeno bolinho e correu na direção da menina, andando por cima da mesa e jogando toda a comida em cima dos outros homens, alguns resmungaram e outros aproveitaram para comer mais. Sentou na ponta da mesa bem a frente de Dinah e estendeu o bolo na sua frente. –Vamos faça um pedido.

Mesmo ela não entendeu o porquê do bolo e o que tinha a ver em salvar as pessoas lá fora, assoprou a vela e pediu para que sua família ficasse bem.

--O que você pediu? –O homem perguntou chegando mais perto dela.

--Não posso falar, se não nunca vai se realizar. – Ela respondeu deixando ele desapontado.

--Isso é uma pena, não é pessoal? –Ele virou a cabeça enquanto perguntava para os outros. Num impulso se levantou e ficou em pé na ponta da mesa. –AINDA BEM, QUE TENHO PODERES TELECINESIOS! Eu posso sentir que você pediu por... –Ele pulou da ponta da mesa, fazendo com que fosse jogada em cima dos que estavam sentados do lado direito, mas depois eles jogaram para o outro lado caindo nos outros homens que ficaram jogando para cima dos outros e começaram a fazer aquela confusão atrás do homem de cartola roxa.   

--...UM RATO CANTANTE! –Nada aconteceu e a menina ficou apenas olhando para o homem. –Eu disse: UM RA-TO CAN-TAN-TE! –Ele gritou, mas dessa vez com raiva para o pequeno bolo.

Do bolo saiu um ratinho que começou a cantar uma musiquinha bem baixinho. –Brilha, brilha bem ao léu. Uma estrela lá no céu. – Depois de cantar ele caiu no sono em cima do bolinho.

O homem ficou um pouco desapontado com o ratinho, mas depois jogou o bolinho para trás, em direção da confusão com a mesa. A menina reparou na confusão, mas quando ia perguntar o que acontecia o homem começou a falar.

--Então, o que traz uma menininha a nossas reuniões SUPER SECRETAS? –Ele perguntou chamando atenção dos outros, que pararam a confusão e voltaram seu olhar para a menina.

Um homem de armadura branca tirou o elmo e resolveu dar a sua ideia. –Ela deve ter se perdido. –

--Se perdido? E sem a menor educação atrapalhou nossa reunião? –Perguntou um cavaleiro de armadura vermelha que estava do outro lado. –Isso é INACEITAVEL!

--Sabe como é, deve ser uma dessas crianças do Reino Vermelho, não tem a menor educação. –Disse um Ovo Gigante com roupa de homem? Seria Humpty-Dumpty? A resposta dele deixou o cavaleiro vermelho muito nervoso, tão nervoso que sua pele branca ficou tão vermelha quanto sua armadura, enquanto o cavaleiro branco e uma lebre riam.

--A pergunta correta seria, que tipo de criança não é mal-educada no País das Maravilhas? Se ela fosse educada isso me surpreenderia. –Disse uma lagarta gigante e azul que tragava algum tipo de cigarro bem estranho.

Então o homem de cartola roxa voltou para ele. –Mas vocês esqueceram de notar o principal. –Se virou para ela junto com o olhar de todos os outros. –Ela possui um vestido colorido, sujo e bem rasgado, mas colorido e uma mochila. Essa criança não é do Reino Vermelho—Todos os outros concordaram e então quando a lagarta saiu de seu lugar e foi na direção da garota.

--De onde você é? –Ele falou devagar enquanto jogava a fumaça em cima dela.

--Eu? Eu vim de cima! – Disse no meio de tosses. –E não sou mal-educada, o Valete que me trouxe até aqui. Disse que iriam me ajudar a entender tudo, mas a única coisa que fizeram foi uma confusão.

--DE... DE CIMA? – Gritou o ratinho do bolo e depois desse comentário, todos começaram a falar desordenadamente tirando a lagarta que parecia ser o mais certo da cabeça entre todos eles.

A lagarta se virou para eles e num grito misturado com fumaça –CALEM-SE TODOS! Não estão vendo quem ela pode ser? Pode ser a nossa única esperança e se continuarem e falar igual doidos ela vai fugir, querem isso? Ou querem salvar este maldito reino? –

Dinah ficou parada como uma estátua na frente da porta do celeiro, que agora finalmente ela pode ver mais o interior. Na verdade, só o que estava iluminado, já que as janelas pareciam ter sido fechadas com algo que não deixava a luz entrar e o que dava para ver era feno, fumaça do charuto da lagarta, uma mesa derrubada, 6 cadeiras ocupadas de 7 e uma enorme bagunça de xicaras, bules, biscoitos e bolos.

Depois que eles voltaram o olhar para ela pareciam estar menos confusos que antes, mas a menina continuava sem entender nada e não iria ficar esperando sua hora de falar no meio daquela confusão.

--Poderiam me explicar como uma garota da minha idade pode salvar um Reino? –Ela perguntou um tanto incrédula e com um semblante sorridente o Cavaleiro Branco respondeu.

--Bom, não fazemos a mínima ideia, minha querida. – Como se aquilo fosse o tipo de resposta que ela esperava ele se sentou em sua cadeira e pegou um biscoito que estava caído no chão, do lado do ratinho.

--Mas o oraculo disse que você iria podar o jardim... E até hoje está falando isso, entende? Por malditos 20 anos esse espelho diz a mesma coisa e mais nada. Como você espera que iremos descobrir como você vai salvar o Reino Vermelho? Nem sabíamos que você era realmente real, criaturinha. – Respondeu o Cavaleiro Vermelho.

--Oh, e onde está esse Espelho? Talvez ele me responda. – A menininha disse de um jeito inocente algo que aqueles homens deveriam ter descoberto sozinhos.

--Porque não pensamos nisso primeiro? –Disse nervoso Humpty-Dumpty. –É por isso que esse lugar só tem Reinos que mulheres governam ou somos burros demais ou somos mortos.

Depois da fala do ovo um ar de tensão ficou no lugar, mas depois foi quebrado pelo homem da cartola. –Ignore o ovo mesquinho. –Ele sussurrou para ela. – Milady, eu Sir Chapeleiro posso leva-la até o Reino Branco, onde irá encontrar o Oraculo. Podemos ir logo agora porque se formos esperar esses imbecis iremos chegar lá só no ano que vem, que seria... –Ele tirou um relógio do bolso e fez alguns cálculos. –Daqui a 3 milionésimos de séculos.

--Muito obrigada, Chapeleiro, meu nome é Dinah. –Ela se apresentou e ficou confusa. –Não seria 3 milionésimos de segundo? –Perguntou

--3 milionésimos de segundos? Não, não é de séculos. –Disse ele balançando a cabeça. –Agora vamos logo tenho que chegar antes das 5 da tarde para dar uma festa de chá. –Ele começou a empurrar a menina para fora e todos os outros foram atrás reclamando dele. 



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