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História A Lei de Murphy - SPIN OFF 4: O Trouxa e o Senpai


Escrita por: rainfiorest

Notas do Autor


A pedido de muitas famílias, decidi continuar com os spin-offs, talvez (talvez) até alguns capítulos extra. Este aqui é um pouco dos dois, porque aborda a história do Baekhyun à parte da história principal, mas ao mesmo tempo é uma continuação. Faz sentido? Ao ler compreenderão. haha

O que distingue este cap dos outros spin-offs, sobretudo, é que, enquanto os outros eram episódios de momentos - ou seja, contavam uma cena em específico - este aqui tem várias cenas e narra um período mais longo de tempo. E, antes que me esqueça, devo avisar que este cap se passa alguns meses - dois, mais ou menos - depois do último cap da história principal.

A revisão está bem básica, por isso perdoem-me potenciais erros >.<

É isso. Boa leitura!

Capítulo 17 - SPIN OFF 4: O Trouxa e o Senpai


Fanfic / Fanfiction A Lei de Murphy - SPIN OFF 4: O Trouxa e o Senpai

 O trouxa e o senpai

Baekhyun regressava a casa, com malas e bagagens a serem arrastadas consigo. Não tinha acabado de sair da estação, nem nada do género. Dessa, tinha ido ter directamente para o parque perto do rio Han, para se encontrar com Lay. Baekhyun só costumava ir a casa duas vezes por mês, mas naquele fim de semana fazia dois meses de namoro com Lay e tinha feito uma surpresa ao namorado. Com a ajuda de Sehun, conseguira que Lay fosse ao ponto de encontro e, lá, fizera-lhe uma pequena serenata accapela.

— Maravilhoso! — exclamara Sehun, batendo palmas, quando Baekhyun terminara.

— Hunie, eu não te disse para ires embora depois de trazeres o Lay? — ralhara Baekhyun, corando. Podia jurar que o amigo já se tinha ido embora antes de começar a cantar. — Desaparece da minha vista, sua praga!

Sehun fez beicinho, choramingou a brincar e lá se foi embora. Baekhyun então voltou novamente a sua atenção para o namorado, apercebendo-se do seu silêncio. Lay tinha uma expressão culpada. Baekhyun ficou confuso. Porque é que Lay não estava a sorrir, ou não se tinha atirado para os seus braços, ou não estava a chorar de felicidade? Porque é que tinha os olhos ligeiramente arregalados, as sobrancelhas franzidas, e mordia o lábio inferior como se este merecesse ser castigado?

— Baek… — começou o chinês, e Baekhyun começou lentamente a sentir-se assustado. O que é que tinha feito de errado? Será que era demasiado cedo para aquele tipo de surpresas? Mas só tinha cantado um pouco! Ele passava o tempo todo a cantar para Lay, apenas o fizera em público desta vez. — Baekkie, senta-te comigo. — pediu, muito sério, e Baekhyun sentou-se ao seu lado.

— O que se passa, Yixing-ah? — perguntou, amedrontado.

Lay pegou-lhe na mão, ainda mordendo o lábio, e desviou o olhar para as mãos entrelaçadas no seu colo. Acariciava a mão de Baekhyun com o polegar e deu um longo suspiro.

— Baekkie, acho que devíamos terminar.

 

―ᴥ―

 

Baekhyun bateu a porta do carro com demasiada força, conseguindo apenas murmurar um pedido de desculpa antes de encostar a cabeça no vidro e dedicar-se ao silêncio. Sehun pigarreou, colocando as mudanças do carro, e não perguntou nada. Ligando o rádio para preencher o silêncio, colocou o carro em marcha e apenas cantarolou com a música. Conhecia Baekhyun suficientemente bem para saber que ele não queria conversar; quando estivesse preparado, iria ter com ele. Até lá, o ideal era manter-se no seu canto se tinha amor à vida.

Hyung, importas-te que faça um desvio? Tenho de ir buscar um amigo ao aeroporto. — perguntou.

Baekhyun acenou. Sehun podia até levá-lo à marinha e largá-lo no meio do oceano, que Baek não se importava. Desde que não visse nenhum chinês à frente nas próximas quarenta e oito horas.

Que droga, porque é que tinha tanto azar com os homens? Primeiro Taehyung, agora Yixing. De certeza que numa outra vida ele tinha sido uma pessoa mesmo terrível, para merecer tamanha falta de sorte no amor. Tinha uma pontaria demasiado perfeita para homens que não prestavam. Taehyung era um vira casacas e Lay… bem, Lay descobrira que afinal era hétero e não queria continuar a ter uma relação homossexual.

Hyung, olha a língua! — chamou Sehun, chocado, e só então Baekhyun se apercebeu que estava a praguejar em voz alta. — Aish, que mau exemplo.

Baekhyun ignorou, grunhindo apenas em resposta e voltando a focar-se no… bem, no drama que era a sua própria vida.

— Não quero namorar mais chineses nem coreanos — concluiu, em voz alta, semicerrando os olhos com determinação.

— Então o próximo é japonês? — questionou Sehun, sem uma única ponta de humor na voz.

— Está calado, Hunnie.

Sehun não deu importância ao momento e continuou a conduzir calmamente. Baekhyun lembrou-se que talvez devesse perguntar ao amigo sobre Chanyeol, mas só de pensar em falar sobre a relação alheia minutos depois de a sua própria terminar parecia uma má ideia. Além do mais, não é como se ele e Sehun não se falassem quase todos os dias e Baekhyun não estivesse a par de tudo.

Pouco depois, Sehun anunciava a chegada ao aeroporto e arrastava Baekhyun para fora do carro.

Hyung, precisas de apanhar ar! — reclamava, puxando o outro pelo braço — E é rude ficares no carro quando vais conhecer uma pessoa nova.

— Não quero conhecer ninguém e já apanhei ar que baste para o resto da vida, muito obrigada. — retrucou Baekhyun, irritado, mas não necessariamente chateado.

Mas Sehun não era propriamente conhecido por ser o tipo de pessoa que dá ouvidos aos amigos e os deixava em paz; não, não; Sehun era conhecido por ser precisamente o tipo de pessoa que adora ver os amigos a tomar no cu; sobretudo se for ele o culpado. E, como esperado, ignorou completamente todo e qualquer protesto e ameaça que Baekhyun lhe fez e simplesmente arrastou-o para o interior do aeroporto, tagarelando sobre como estava feliz por voltar a ver aquele amigo depois de muito tempo e que tinha a certeza que Baekhyun também ia gostar daquela pessoa.

— Eu vou arrancar as tuas tripas e enforcar-te com elas, Oh Sehun. — ameaçava o mais velho, resmungando entre dentes, fuzilando as costas do outro com o olhar enquanto este apenas o puxava.

Hyung, ele está ali! — exclamou Sehun, interrompendo mais uma das ameaças de Baekhyun (algo sobre amarrá-lo a um avião?), e puxando Baekhyun com o dobro da força. — Hyung! Hyung! — acenava, aos saltos, junto da barreira. Baekhyun, finalmente livre do aperto do mais novo, cruzou os braços sobre o peito e dedicou-se a fazer birra.

— Que seja rápido, por favor, e que não seja chinês. — murmurou.

Hyung! Hyung! Aqui!

— Já te ouvi, peste.

— Não é pra ti, Baekkie. — Sehun continuou a acenar para a multidão. Fosse quem fosse o tal amigo, devia ser tão idiota quanto Sehun se ainda não tinha visto aquela torre aos saltos. Grunhiu, cada vez mais exasperado, até ao momento em que Sehun desapareceu do seu lado. Segundos depois, viu-o do outro lado da barreira (como diabos é que a criatura conseguira?) e a abraçar uma criatura que, apesar de parecer pequenina, tinha os mesmos genes gigantes de Sehun.  Começaram a aproximar-se e Sehun até parecia ter-se esquecido da existência do mais velho.

— Sehun, sua peste, eu ainda existo! — resmungou, aproximando-se deles e batendo-lhe no ombro.

— Desculpa hyung, mas eu já não via o Lu…

— Respeita o teu hyung. — Baekhyun semicerrou os olhos, naquela expressão ameaçadora que sabia que punha Sehun no lugar. Em contrapartida, o amigo de Sehun deu uma gargalhada.

Uma gargalhada doce e melódica que fez Baekhyun olhar para ele e, por um segundo, esquecer-se que estava chateado com Sehun, que tinha acabado de ser deixado pelo namorado, que era uma pessoa cheia de azares e que devia emigrar para fora da Ásia. Não era só a gargalhada que era bonita, meu deus, era toda a criatura que era maravilhosa. Tinha um olhar doce e meigo e um sorriso encantador, e todo ele era tão bonito que Baekhyun se esqueceu da ameaça que estava prestes a fazer a Sehun.

— Baekkie-hyung, este é o Luhan-hyung. — Sehun disse, momentos depois, despertando Baekhyun do seu transe. Então lembrou-se de porque é que estava ali e lançou um olhar ríspido a Sehun, antes de se voltar novamente para Luhan e forçar um sorriso. — Luhan-hyung, este é o Baekhyun-hyung.

— Prazer. — o rapaz estendeu a mão com um sorriso bonito e um sotaque curioso, e Baekhyun apertou-a, sentindo-se corar e mentalmente praguejando por isso mesmo. Onde está a sua dignidade, ao corar assim tão facilmente por uma pessoa que acabava de conhecer?

— Igualmente. — respondeu, conseguindo não gaguejar. — O teu sotaque é interessante. De onde és?

— Ah — Luhan coçou a nuca, sorrindo com os dentes todos — Eu sou Chinês.

O sorriso de Baekhyun desfez-se no mesmo milésimo de segundo.

 

―ᴥ―

 

— Baekkieeeee — chamava Chanyeol, puxando-lhe o cabelo enquanto o mais velho resmungava — Não ignores o Sehun, seu malvado.

— O Sehun precisa é de ser castigado. — retrucou Baekhyun, suspirando — O teu namorado devia ser espancado.

Hyung! — choramingou Sehun, agarrando-se a Chanyeol. Aquele traste. Quando Chanyeol não estava por perto troçava ainda mais de Baekhyun, mas com o grandalhão ali fazia-se de santo.

— Um dia eu vou-me vingar de vocês — disse, fazendo uma careta ameaçadora — Ai, se vou.

— Baekkie, não é preciso ficares assim. Nós só convidámos o Luhan para vir connosco ao café. — justificou Jin, inocentemente.

— E esse é exactamente o problema — Baekhyun enterrou a cabeça nos braços, cruzados em cima da mesa, e gemeu dolorosamente.

— Ah Baekkie, já conheces o Luhan há meses e continuas a não aceitar que ele é chinês? Não achas que estás a pisar um pouco a linha do xenófobo só porque um chinês te partiu o coração?

— Jin-hyung — Sehun chamou — Acho que ainda não percebeste que…

 — Primeiro! — Baekhyun levantou-se subitamente, erguendo um dedo acusador e com uma expressão muito frustrada — Eu já ultrapassei o meu horror por chineses, sim? Ele só teve o azar de se cruzar comigo no dia em que um me deu com os pés.

— Ok. — Jin ergueu uma sobrancelha, curioso — E segundo?

— Segundo? — Baekhyun pestanejou — Não há segundo, só achei que ficava bem enumerar.

— Ah, Jin-hyung, compreende que o Luhan é o senpai do Baekkie. — riu Chanyeol.

— Ahhh — Jin fez uma expressão de quem compreendia, sorrindo de lado e trocando um olhar com Namjoon — Ok, ok.

Senpai nada! — explodiu Baekhyun — Estejam calados, suas pestes. Não há aqui senpais de ninguém!

— Quem é que é senpai de quem? — Luhan puxou uma cadeira ao lado de Baekhyun. Este congelou no mesmo instante, praguejando mentalmente em todas as línguas e com todas as palavras que conhecia.

— O Baekkie-hyung tem um senpai — Sehun respondeu naturalmente, recebendo um olhar letal de Baekhyun — Mas recusa-se a falar sobre ele.

— Ah, que bom — Luhan lançou um sorriso doce a Baekhyun, que por sua vez se sentia mais quente que o Inferno. Na verdade, ele sentia-se no inferno.

— Vamos tratar os bois pelos nomes e dizer que o Baekkie tem um oppa. — Namjoon riu, não resistindo a alfinetar um pouco. Jin deu-lhe uma palmada na cabeça e um olhar ameaçador.

— Eu não vos eduquei desta maneira, meus jovens — resmungou o mais velho — Comportem-se. Deixem o Baekkie e o senpai dele sossegados.

— Jin-hyung! — Baekhyun choramingou, enfiando novamente a cabeça nos braços e desejando ardentemente não estar ali.

De alguma forma, Jimin regressou de dentro do café nesse instante, seguido por Yoongi, e sentaram-se na mesa junto deles.

— Acabamos de fazer os pedidos, Luhan-hyung. Queres que vá lá pedir algo para ti? — perguntou Jimin, amável.

— Não, obrigado, eu vou lá. — respondeu o chinês, sorrindo.

— Não, não, eu vou — Baekhyun levantou-se instantaneamente, forçando um sorriso. Esta era a sua oportunidade de desaparecer por alguns minutos. Nem lhe passou pela cabeça que estava a oferecer-se para fazer um favor a Luhan. Só queria desaparecer um pouco.

— O-ok. — Luhan encarou-o, confuso, antes de sorrir novamente — Então… um chá gelado! Por favor.

Luhan sorriu ainda mais, grato, mas Baekhyun já tinha desaparecido. Atrás de si, deixou um Sehun e um Chanyeol e rirem às gargalhadas e um Namjoon a conter-se muito para não levar outra palmada de Jin. Jimin e Yoongi, completamente alheios ao que se passava, apenas ficaram a encarar os outros com o mesmo ar confuso que Luhan.

— Yoongi, o Hobi não veio hoje? — perguntou este, procurando criar tema de conversa.

— Não veio este fim de semana. — esclareceu Yoongi — Muitos exames.

— Ahhh. E o Jungkookie?

— Hm, não. — Jimin fez um beicinho — Ele está no campeonato de qualquer coisa de LOL e hoje é a final. Aquele traste, a trocar os amigos por um jogo.

— Ah, tenho um amigo que também é assim. — respondeu Luhan — Nunca joguei, mas costumava vê-lo jogar. Não faz muito sentido para mim. — encolheu os ombros.

— Voltei — Baekhyun voltou e sentou-se novamente no seu lugar. Estava mais calmo e parecia quase uma pessoa composta. — Do que estão a falar?

LOL — retrucou Luhan, sorrindo-lhe suavemente. Baekhyun engoliu em seco e desviou o olhar.

— Ah, eu gosto muito de jogar — respondeu.

Sehun explodiu numa série de gargalhadas sonoras, acompanhado por Chanyeol e Jimin. Jin apenas suspirou e Yoongi estava demasiado ocupado no telemóvel para perceber o que se passava. Namjoon, por sua vez, estava distraído a acariciar a mão de Jin.

— Por favor, hyung. — Sehun riu — Só falta dizer que és bom naquilo.

— E não sou? — Baekhyun lançou um olhar ameaçador a Sehun.

Hyung, nunca ganhaste uma única partida…

— Tenho um problema no meu dedo que me dificulta o jogo. Mas isso não significa que não goste.

— Claro, claro.

— É óptimo para descarregar a raiva, Sehunie. Mas se quiseres substitui-lo… — sorriu numa ameaça explícita. Sehun parou de rir imediatamente.

— Não, muito obrigada, hyung. — murmurou. Baekhyun deu-se por satisfeito.

 

―ᴥ―

 

— Tira casaco, bota casaco. — Baekhyun suspirou — Porque é que eu sou trouxa?

— Porque nasceste para ser trouxa, meu irmão. — respondeu calmamente Sehun — Mas também não fazes nada para deixar de ser trouxa.

— Eu sou um caso perdido.

— Não posso discordar. Mas hyung, apenas chega lá e diz ao Luhan o que sentes. Ele não vai magoar-te, disso eu tenho a certeza.

— Não. O pior que pode fazer é dar-me um pontapé no rabo, não é?

— Dramático. — Sehun revirou os olhos.

— Dramático nada. — Baekhyun suspirou novamente — Que droga. Porque é que eu tinha de apaixonar-me por outro chinês? Sabia que não devia ter deixado.

— Pois, porque é assim que as coisas funcionam — Sehun deu-lhe uma palmada na nuca — Acorda, hyung! Amor é uma coisa bonita demais para estares a resmungar. O Luhan-hyung é uma óptima pessoa e eu, sinceramente, shippo.

— Aish, este garoto.

 

―ᴥ―

 

Baekhyun nunca tinha sido muito fã das noites de cinema. Frequentemente ficava dependente da boleia de Sehun ou de Jimin e sentia-se sempre a mais entre os casais. Normalmente ele não tinha esse problema, exceto nas noites de cinema. Porque só deus sabe o que os seus amigos faziam no escurinho, e depois só queriam correr para casa e terminar o que tinham começado. Baekhyun quase vomitava.

Naquela noite, contudo, nem Jimin nem Jungkook tinham ido, e Sehun e Chanyeol desapareceram antes sequer de ele se levantar da cadeira. Jin e Namjoon viviam a um quarteirão do cinema e não tinham boleia para lhe dar. Começou a pensar seriamente em chamar um Táxi, já lamentando a fortuna que iria desperdiçar, quando Luhan o chamou.

— Eu dou-te boleia — ofereceu o mais velho, amável.

— Não tinhas vindo com o Sehun? — perguntou Baek, arrependendo-se imediatamente da pergunta idiota.

— Normalmente venho. — Luhan não se mostrou minimamente incomodado com a pergunta — Mas hoje não deu. Por isso, queres vir?

— Ah — Baekhyun avaliou a sua situação. Gastar todo o seu precioso dinheirinho ou ir de boleia com a crush? — Tudo bem. Obrigada. — forçou um sorriso, apesar do embaraço. Luhan sorriu-lhe de volta e, com um gesto da cabeça, indicou o estacionamento. O chinês destrancou um Hyundai cinzento, que só podia ser alugado, e Baekhyun não perdeu tempo a entrar. Estava uma noite fria. Luhan entrou pouco depois.

— Onde é que vives, mesmo? — perguntou, ao dar à chave na ignição.

— Ah, é perto do Jimin. — respondeu, controlando-se para não gaguejar. — O Sehun costuma deixar-me na avenida e eu depois vou a pé.

— Hm — Luhan tamborilava com os dedos no volante, e Baekhyun deu por si a observar as suas mãos delicadas e de dedos finos. Depois Luhan falou e o olhar do mais novo foi atraído de volta para o rosto dele. — Não, eu deixo-te mesmo à porta. Vai-me dando as indicações, sim? — desviou rapidamente o olhar da estrada para Baekhyun, sorrindo rapidamente antes de voltar-se para a frente novamente. Baekhyun nem reagiu, concentrado a seguir com o olhar a linha do maxilar do mais velho. Luhan era tão bonito que não podia ser real.

Grunhiu algo parecido com um “sim”, distraído, e continuou a analisar Luhan. Os lábios bonitos que pareciam ser macios, as sobrancelhas bem desenhadas, o nariz pequeno e arrebitado, o sorriso doce, quase infantil, e o olhar meigo e acolhedor. Luhan era quase um anjo.

Luhan fazia de conta que não percebia. Já deixara há algum tempo de sentir-se desconfortável com os olhares intensos do mais novo. Bem, não exactamente, mas já estava mais ou menos habituado. Baekhyun, na verdade, não precisava de abrir a boca para Luhan saber o que ele estava a pensar ou como se sentia. Era tão óbvio que o mais velho sentia-se mal por deixá-lo às escuras. Mas ao mesmo tempo achava-o adorável, a forma como corava facilmente, as suas respostas limpas para os maknaes, a facilidade com que se irritava com estes. Para Luhan, Baekhyun era uma criaturinha adorável e preciosa que precisava de ser protegida.

— …à direita ou à esquerda? — perguntava o mais velho, despertando Baekhyun. Encontrou os olhos do outro e corou instantaneamente. Esperava que Luhan se risse da sua atrapalhação, mas este limitou-se a dar um pequeno sorriso e a esperar a resposta.

— Ah. Em frente. Mas eu fico aqui. — respondeu Baekhyun atabalhoadamente.

— Ora essa, Baekkie — Luhan sorriu ainda mais — Já te disse que te levo a casa. E levo mesmo, sim? Diz lá por onde ir.

O que é que Baekhyun tinha perdido? Aparentemente, muita coisa. Só esperava que não tivesse feito completa figura de idiota por estar distraído demais a observar Luhan. Deu as indicações ao mais velho, sentindo-se embaraçado, e desviou firmemente o olhar para a estrada de modo a evitar encarar o outro. Luhan conteve uma risada.

— Ah, é esta… esta aqui. — apontou Baekhyun, censurando-se por gaguejar. Luhan encostou o carro e instalou-se um silêncio estranho entre os dois.

— Bem, acho que estás entregue. — concluiu Luhan, sorrindo e olhando para Baekhyun. Este apenas acenou, sentindo um reboliço no estômago.

— O-obrigada, hyung. — conseguiu dizer, sem no entanto conseguir sorrir. Droga, estava tão nervoso.

— Sempre às ordens, Baekkie. — Luhan sorriu ainda mais e, para escândalo, surpresa, choque, perplexidade e pura desordem emocional de Baekhyun, o mais velho inclinou-se e depositou um beijo no seu rosto. Bem na maçã do rosto, com os lábios húmidos e quentes, durante dois segundos, antes de se tornar a afastar com o mesmo sorriso doce. Baekhyun quase gritou, mas contentou-se em ficar da cor do semáforo vermelho ao fundo da rua e a encolher-se como um gatinho assustado.

Abriu e fechou a boca várias vezes, tentando dizer algo sem na verdade saber o que dizer, o coração martelando-lhe no peito como se estivesse prestes a ter um ataque cardíaco, as entranhas reviradas em ansiedade e o seu psicológico completamente baralhado. Queria gritar por socorro, mas tudo o que conseguiu fazer foi desejar boa noite e sair a correr do carro.

 

―ᴥ―

 

De alguma forma, ir de boleia com Luhan para casa tornou-se rotina semanal. O mais velho não explicava porquê, mas de há algum tempo para cá que não vinha mais de boleia com Sehun e, como tal, oferecia sempre a sua a Baekhyun. O mais novo aceitava — tanto porque era tempo a sós que tinha com o senpai, quanto porque este o deixava à porta de casa e não na avenida, como Sehun. O que antes não o incomodava, mas Luhan habituara-o mal.

Umas vezes conversavam, outras ouviam música, e outras iam no mais absoluto silêncio. Naquela noite, iam a ouvir uma música suave e melancólica que dava a Baekhyun a sensação de estar nalgum dorama triste. Desejava que aquela viagem durasse para sempre, para ficar na companhia de Luhan, mas, ao mesmo tempo, desejava também que chegasse ao fim para ter o seu habitual beijo na bochecha. Outro hábito que Luhan lhe tinha deixado.

Luhan virou uma última vez até chegar à rua de Baekhyun, começando a abrandar para encostar, e o coração de Baekhyun deu um salto no peito. Luhan baixou o volume do rádio quando o carro parou, e virou-se ligeiramente para Baekhyun.

— Chegámos. — constatou, sorrindo. Baekhyun só conseguiu acenar e sorrir em resposta, agradecendo. Considerou convidar Luhan a entrar; já o tinha feito uma ou duas vezes, e o mais velho recusara sempre. Não sabia se estava pronto para ser recusado uma terceira vez, por isso, rapidamente apagou a ideia. Ia apenas despedir-se e esperar pela próxima semana.

— Obrigada mais uma vez, hyung. — disse, tentando soar o mais relaxado possível. Luhan sorriu abertamente e inclinou-se para o beijo do costume.

— Boa noite, Baekkie. — desejou ao afastar-se. Baekhyun não gostou, como nunca gostava, do momento em que Luhan se voltava a afastar. Ok, podia não o convidar outra vez para entrar, mas tinha de fazer alguma coisa. Certo? Certo.

— Boa noite, hyung. — desejou e, tomado por uma onda de coragem, ele próprio inclinou-se e beijou o rosto de Luhan. Não na maçã do rosto, mas mais abaixo. Demasiado perto dos lábios. Sobretudo quando, conforme se afastava, a sentir-se quente e embaraço, Luhan virou subitamente o rosto, roçando os narizes. Era pra ser só mais um daqueles momentos embaraçoso, se Luhan não segurasse rapidamente o seu rosto entre as mãos — frias, mas macias — e o beijasse. Na boca. Lábios com lábios. Até Baekhyun abrir os seus pelo espanto e um simples beijo leve se transformar num beijo a sério.

Socorro. Baekhyun queria gritar. Estava a beijar Luhan! Meu Deus, Baekhyun estava a beijar Luahn! Não, Luhan estava a beijá-lo! E os seus lábios eram realmente macios, e quentes, e todo ele cheirava tão bem, e Baekhyun só queria deslizar os dedos para o cabelo dele e sentir mais daquilo. Mas Luhan, após alguns momentos, afastou-se. Não muito. Só o suficiente para poderem respirar. Observava atentamente Baekhyun, que por sua vez apenas respirava pesadamente com os olhos arregalados, lábios entreabertos e bochechas rosadas.

— Não desmaies, Baekkie, eu não saberia o que fazer.   — gracejou Luhan, deslizando o seu polegar na bochecha de Baekhyun — Estás bem?

Baekhyun sacudiu a cabeça, embora pouco mais tenha sido que um estremecer leve, e mordeu o lábio inferior. Ainda estava em estado de choque.

— Baekkie — chamou Luhan, suave. Baekhyun apenas pestanejou. — Posso beijar-te outra vez? Desculpa não ter pedido antes, mas ia perder a coragem. Posso?

Baekhyun praguejou internamente e procurou a sua própria voz, mas esta parecia ter morrido na própria garganta. Ah, não, se não respondesse Luhan ia encarar como um não e lá se ia a possibilidade de beijá-lo uma segunda vez.

Inspirou fundo e fechou os olhos, chegando-se apenas ligeiramente à frente para passar melhor a mensagem. Ouviu a risada leve de Luhan antes de sentir os seus lábios novamente, e desta vez não resistiu a tocá-lo de alguma forma, mesmo que fosse só pousar uma das mãos no braço do mais velho. Conseguia cheirá-lo, o seu perfume uma mistura de roupa lavada com água de colónia, e sentia o calor que emanava dele. Luhan era quentinho e confortável e Baekhyun só queria enrolar-se no colo dele.

Afastaram-se novamente, Luhan ainda dando dois beijos superficiais antes de afastar-se de vez, e encararam-se com meios sorrisos e rostos rosados.

— O teu convite para chocolate quente ainda está de pé? — perguntou. Baekhyun sorriu, acenando, e Luhan sorriu-lhe de volta.

 


Notas Finais


Sobre o shipp: eu sou ChanBaek minha gente, mas aqui o Chan já estava com o Sehun, por isso tive de procurar alguém que ficasse bem com o Baekkie... e de alguma forma sinto que o Luhan combina bem. :3


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