História A Lenda dos Zora - Capítulo 3- Explosões e Aspirinas

Manhã, 07:30

Kremlin se tornou pó. Pouco da estrutura continuo de pé depois da explosão. Toneladas de concreto se espalharam pela cidade elevando poeira cobrindo a manhã clara de Moscou.
No meio das ruínas corpos de soldados que estavam entrando na construção depois do comunicado de Alek. Todos os 22 mortos. Felizmente a região havia sido evacuada e os reféns foram retirados a tempo.
No centro de tudo, uma minúscula parte do chão do gabinete ainda estava de pé, sobre ela estava Lucca.
A vampira estava estática, de braços abertos e sem nenhum arranhão. A boca e a roupa manchadas de sangue dos ministros. A pele antes branca estava vermelha e fervendo.
Sua kogti tinha fraquezas.
Ajoelhou-se e começou a vomitar um liquido negro com textura próxima ao sangue humano.
Ao longe, uma viga foi lançada para cima derrubando concreto.
Do buraco surgiu Kisa, cheia de feridas e arranhões. Estava inteira e seu sangue ainda bombeava com a droga.
Retirou da vala Alek. O garoto se encontrava em estado critico, a testa estava aberta e o braço direito havia sido estraçalhado com a explosão.
A perna estava quebrada em dois lugares e ele não respurava direito. Estava perdendo muito sangue.
-Ajuda.-Kisa apertou o comunicador.-Estamos vivos, venham rápido Alek está morrendo.
-Entendido.-Uma voz respondeu.
Kisa segurou o rosto do garoto e sussurrou.
-Aguente firme, eles estão vindo.
Olhou para trás e identificou a figura vampírica da mulher que havia explodido tudo. Estava viva. A raiva borbulhou no âmago de Kisa. Seu organismo drogado clamava por mata-la.
Deitou Alek num pedaço mais firme de concreto.
-Aguente firme.-Beijou sua testa e correu.
Com os dentes cerrados saltou pelos destroços. Fechou os olhos e se concentrou. Estava farejando.
Pode sentir a metros dali sua katana. O cheiro de enxofre e morte da arma era inconfundível.
Correu até a região coberta por pedregulhos e começou a retira-los. O metal vampirico refletiu a luz do sol nos olhos de Kisa.
Puxou a espada, ainda se cravava no que restara da kogti do vampiro armadurado.
Então zarpou para a inimiga com fúria assassina.
Ao longe a vampira pode ver Kisa se aproximando.
-Impossível!
Tonta se pôs de pé. Não acreditava no que via. A garota estava inteira e vinha na direção dela com espada na mão.
-Sua puta nojenta!
Puxou da cintura uma colt e começou a descarregar o pente.
Kisa não parou de correr. Seus braços giravam a espada com graça enquanto se movia e rebatia todas as balas.
Lucca entrava em desespero.
Um...dois...três...quatro...cinco...seis disparos e nada. Kisa agora estava a poucos metros. Antes que pudesse disparar a sétima bala o braço da vampira foi cortado.
Lucca berrou de dor. A lâmina da katana drenou o sangue da vampira. A espada tinha fome e Kisa também. Com um giro decepou o outro braço. A vampira andou para trás e tropeçou enquanto gritava.
Antes que caisse a katana de Kisa cortou as duas pernas da criatura como se fosse manteiga.
Lucca caiu aleijada no chão de costas. Berrava e se debatia.
-Como? Seu verme desprezível! Porque não morre de uma vez! Eu vou arrancar a sua cabeça e enfiar no seu...
A boca da criatura foi preenchida com o pé de Kisa que deslocou sua mandíbula num chute poderoso.
A vampira agonizava e sangrava.
Kisa ergue a espada para perfurar seu coração.
Mas foi interrompida por uma voz.
-Ainda não!

Noite, 21:46 Base da Armada

Alek acordou. As pálpebras coladas pelo tempo em coma tiveram dificuldade em se abrir.
Tentou se mover, mas os membros estavam presos na maca.
Olhava para o teto e sentiu o corpo aos poucos informando-o que estava fudido.
A cabeça explodia em dor, a garganta estava seca e arranhada, os membros gritavam em protesto as feridas e a sua respiração lacerava o pulmão.
Abriu a boca e soltou um resmungo, a lingua estava com gosto de podridão. A quanto tempo não escovava os dentes?
Então sua boca foi preenchida com algo doce e quente que expulsou a podridão.
Kisa levantava delicadamente sua cabeça enquanto equilibrava a xícara de chocolate quente no seus lábios.
-Bom dia, cachorro preguiçoso!
-Bom dia, gata gorda!-Disse lambendo os lábios.
-Gorda? - Disse com indignação.
Alek deu uma risada fraca. Kisa se levantou e colocou xícara em algum lugar que o primo não podia ver. Ouviu o barulho de água correndo e corpo tremeu. Estava morto de sede.
-Depois que explodimos o palácio do governo você dormiu por três dias e me deixou sozinha cuidando da bagunça...
Kremlin. As lembranças voltavam vagamente para sua consciência. Kisa novamente apoiou sua cabeça no braço e virou um delicioso copo de água nos lábio de Alek.
-Mais...-Disse o garoto sorvendo o líquido gelado.
-Sem problema.-Kisa continuou enquanto cuidava do primo.-Yeva disse que provavelmente foi o ataque terrorista mais desastroso da história. Os sete ministros das nações foram assassinados e a população de Zemli está em pânico. Os vampiros atacaram o coração da humanidade.
Desde o surgimento dos sangrentos as nações do mundo tiveram que deixar de serem países e se transformaram em blocos de resistência humana.
O ártico e os polos da terra foram tomados por vampiros e são chamados de Portões do Inferno. A Groelândia e a América do Norte se uniram e formaram a Fortaleza do Inverno. América do Sul e Oceania na União de Nazca. Europa e Ásia nas Terras Vermelhas ou como os Russos chamavam Krasnyye Zemli (onde se encontravam a Armada como a principal força militar do mundo) e a África se separou em República do Nilo e as Terras Sagradas. E as ilhas Madagascar, Nova Zelândia e Finlândia que continuaram como nações próprias sem se unir aos blocos.
A reunião de Kremlin era secreta e se discutiria uma nova possibilidade da humanidade de lutar contra a ameaça vampírica. Os ministros da União de Nazca, República do Nilo, Fortaleza do Inverno, Nova Zelândia, Madagascar, Finlândia e de Zemli foram assassinados em Moscou sobre supervisão da armada num desastre histórico. O mundo estava prestes a virar de cabeça para baixo.
-Estamos fudidos!-Comentou Alek.
-Pois é.-Concordou Kisa com ar cansado. Deitou a cabeça sobre o peito do primo.-Vamos dormir! Amanhã você vai fazer uma cirurgia e vamos tirar você daqui...
-Cirurgia?
-É pro seu braço.
- O que tem ele?
- Sumiu.
-Ah.-Alek pareceu transtornado por um segundo, mas logo se tranquilizou o importante era que estavam vivos.- Depois vamos tirar uma folga.
-Concordo. Você vai me levar no zoológico!
-Fechado.
Dormiram sem nenhuma dor na consciência. Embora o peso do mundo estivesse em suas costas.

Tarde, 16:50

Yeva estava a ponto de explodir, e tudo que menos precisava era de outra explosão.
Tomava a sexta aspirina naquele dia.
A mulher alta de cabelos loiros e olhos azuis andava com passos nervosos pelos corredores da Armada.
Apertou o comunicador na orelha.
-Como eles estão?
-Vivos. O garoto se comprometeu bastante ossos quebrados aqui e ali, um trauma craniano leve, seríssimos danos ao pulmão, perdeu o antebraço direito e está tetraplégico.
-Perfeito. E Kisa?
- Está de pé. Fizemos uma análise profunda, não possui muitos ferimentos devido a regeneração alterada e a droga de combate. Mas o estresse cardíaco da medicação de batalha foi bastante danoso, se ela continuar a se esforçar pode ter uma parada irreversível.
-Corte a droga dela imediatamente e gaste o quanto for necessário no garoto.
-Entendido.
Trocou a linha.
-Ela disse algo?
-Ainda não.
-Porra...
-Estamos fazendo o possível, seja paciente.
-Paciente? Essa vaca acabou de explodir a bunda da humanidade! Sabe o quão fudido nós estamos? Tortura essa puta com tudo o que temos, não podemos sair de mãos vazias!
-Entendido.
Yeva parou. Precisava de outra aspirina.