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História A Lince Germain. - O que a Ceci está sentindo?


Escrita por: Ju_M10

Notas do Autor


Oi gente, eu demorei? Espero que não.

Capítulo 21 - O que a Ceci está sentindo?


Fanfic / Fanfiction A Lince Germain. - O que a Ceci está sentindo?

     Eu sabia que poderia me envolver em uma encrenca danada se eu seguisse qualquer coisa que Guilherme propusesse já que nada do que já me falou em nossas vidas, serviu pra alguma coisa. Alias, dava pra ver nos olhos dele, que ele tinha um plano maligno.

-Eu não quero me vingar- falei tentando me afastar dele- Eu nem sei por que falei essas coisas pra você.

-Pera ai Ceci- ele disse com um sorriso em que ele tentava ser charmoso- Vamos conversar primeiro ok?

     Soltei um suspiro e assenti. Hoje, eu tive um dia horrível, mal descansei em casa, então não vou discutir com o Guilherme.

-Zlatan... então, pelo visto ele costuma te magoar muito né?- Guilherme disse com rodeios e revirei os olhos.

-Pois é- falei- Mas quem nunca me magoou né?

     Eu estava com muita raiva de Zlatan, um ódio mortal, mas nunca fui de falar mal das pessoas pra me sentir melhor.

-E mesmo assim, quis perder a virgindade com ele?- Guilherme ironizou.

     Ah, lá vem.

-Foi um momento de imprudência- me defendi- E por favor, eu tenho 22 anos!

-Hum, que adulta- ironizou ainda mais- E como foi?

     Olhei pra cara dele irritada, Guilherme era um idiota mesmo, e eu já chama-lo disso quando ele deu um suspiro como se dissesse “apenas responda a porra da pergunta Ceci”.

-Foi ótimo- respondi seca.

     Ótimo?

     Não, ontem a noite foi incrível, mas agora nem tanto. Alias, havia sido um enorme erro, isso era certeza.

-Que bom Ceci- Guilherme disse simplesmente e bebericou seu copo.

     Já estava me levantando pra dar o fora dali quando ele finalmente fez uma pergunta que se valia a pena responder.

-Eu tenho inveja de você. Sabia?

     Quase gargalhei na hora.

-Mentiroso- respondi.

      Guilherme sempre teve absolutamente tudo, tudo o que ele queria. Uma boa família, uma casa incrível, estudava na melhor escola, as garotas caiam em cima dele e nunca me consideravam uma ameaça. E agora, depois de passar anos em um país maravilhoso, ele volta com o emprego dos sonhos.

-Eu não estou mentindo- ele disse seriamente sem olhar pra mim- Você não gosta daqueles jogadores te protegendo né Ceci? Você disse que eles fizeram a cabeça de Zlatan pra ele não ficar com você por que tinham medo dele te machucar. Certo?

-Sim- onde ele quer chegar?

-Você sempre teve isso. Sempre teve pessoas cuidando de você, te dizendo o que seria bom pra você fazer, agindo como se você fosse um bebê.

     Enquanto Guilherme falava, eu conseguia sentir traços de rancor que eu nunca havia sentindo em sua voz antes. Quer dizer, Guilherme sempre foi um cubo de gelo comigo, se estava bravo me ignorava, se estava feliz eu mal sabia, se achava graça ria de uma maneira esquisita que parecia falsa, suas emoções eram um mistério. E agora ele vem com isso?

-Do que esta falando?- perguntei confusa.

-To falando de quando namoramos- ele resolveu olhar pra mim- Eu ficava com raiva dos meus próprios amigos por que eles tratavam você como se você significasse pra eles muito mais do que eu, que cresci com eles! Eles até escolhiam suas roupas! As vezes, eu acho que eles só falavam comigo, por que eu namorava você. Você era a rainha da atenção.

    Guilherme bateu o copo no balcão com força e me assustei.

     Bem, sim. Quando eu era mais nova, o meu irmão e os amigos dele eram muito protetores comigo. Mas era apenas por que eu era a irmã mais nova, e por que eu era uma garotinha que havia perdido a mãe eu não achava nada demais além de eu me achar meio masculina.  Tudo mudou quando meu pai casou e eu ficava mais do lado da minha madrasta pra me tornar feminina, ai um tempo depois Guilherme se mudou pro Canadá e meu irmão resolveu morar com a Clau Clau e passei a não ter mais motivos pra andar com eles.

-Era por isso que você namorava comigo Guilherme? Pra ganhar atenção também? Pra ganhar a atenção deles?

     Meu Deus, eu vou vomitar! Como eu pude ser tão usada?! Será que ninguém nunca se aproximou de mim por gostar de mim de verdade?!

-Não, claro que não- ele quase gritou- Eu amava você! Eu também queria cuidar de você!

-Não parece!- quase berrei de volta, to cansada de mentiras!- Você sempre foi frio comigo!

      Sempre comparei Guilherme aos outros amigos do meu irmão. Enquanto todos os outros eram cuidadosos, Guilherme metia o foda-se pra mim, não sentia um pingo de ciúmes, me ignorava, mas dizia que me amava e nunca compartilhou nada comigo, nenhum sentimento, nenhum segredo, nenhuma boa noticia, nenhum sonho e muito menos um futuro comigo.

-Você não precisava do meu carinho- ele disse friamente- Tinha eles. Enquanto eu, não tinha ninguém pra cuidar de mim.

-Você tinha a mim!- quase gritei exasperada com seu cinismo- E eu só queria você! Quantas e quantas vezes banquei a trouxa tentando me aproximar de você Guilherme? E você sempre me repeliu. A gente nunca teve um pingo de intimidade, nem pra contar problemas, nem pra transar!

     Como diabos eu consegui aguentar esse ego dele por tanto tempo?

-Me desculpa- ele disse e eu olhei pra ele surpresa- Isso foi a muito tempo e eu sei que a culpa não é sua, nem deles e nem minha.

     Bebi minha cerveja quieta. Quando foi que minha noite de bebedeira se transformou em uma lavação de roupa com o Guilherme  e depois em pedido de desculpas?

-Não que seja sua culpa Ceci, mas isso vem de você. Você tem uma fragilidade incrível, uma alma infantil que da a todos uma vontade imensa de olhar pra ver se você não vai ser atropelada ao atravessar a rua. Você também está sempre tentando ajudar todo mundo, sempre rodeada de todo mundo.

-Isso não é verdade- retruquei- Que amigos eu tenho?

-Eu sei que você está brava com os jogadores lá, mas eles fizeram isso justamente por que querem seu bem, justamente porque são seus amigos e gostam de você.

     Respirei fundo. Ok, na cabeça deles, eles fizeram isso por que são meus amigos.

-E eu vou te ajudar agora, por que sou seu amigo- ele completou.

-Me ajudar em que?- indaguei- A sair da fossa né?

-Chame disso se quiser- ele riu, era raro vê-lo sorrir- Eu quero chamar de vingança;

-Só fale Guilherme.

-Bom, o plano é simples. O Ibrahimovic morre de ciúmes de você, é evidente isso, percebi naquela vez que ele me mataria só de falar com você. Você pode começar a sair comigo, sermos amigos, até ele ver e voltar pra você de joelhos.

      Uau, que plano imbecil esse;

-Mas eu não o quero mais- respondi.

-Então você vai dizer não pra ele- Guilherme deu de ombros- Faze-lo sofrer.

     Olhei pra ele como se ele realmente fosse um idiota, mas ele ignorou meu olhar pra dizer:

-Alias, eu quero que você me conheça melhor Ceci- ele disse isso baixinho- Eu mudei Ceci, e não seria correto eu não dizer que quando voltei pra França, eu tinha  esperanças de voltar com você.

     Arregalei os olhos em surpresa. Oi? Guilherme quer voltar comigo? HAHAHA, que mundo insano é esse em que vivemos.

-Sei que hoje, você passou por muita coisa- ele continuou- Mas eu não te deixaria de novo. Por enquanto, vamos ser só amigos.

     Por algum motivo, eu concordei. Talvez seja o cansaço, de forma alguma eu voltaria com o Guilherme, ele é muito diferente de mim. Muita coisa tinha acontecido e eu precisava espairecer.

     Entrei em casa em silencio naquela noite. Estava atônita, tentando entender tudo o que tinha acontecido. Eu já estava pronta pra abrir o maior berreiro e chorar até morrer quando meu celular, que eu havia deixado em casa por motivos de “tem trezentos jogadores idiotas me ligando” começou a tocar de novo e dessa vez era a Paulinha.

-Alô?- atendi incerta.

-Eu soquei o Ibra- ela disse friamente, tinha algo estranho com ela- Eu fiquei puta quando o Erik me disse o que tinha acontecido, e eu podia ter socado cada um daqueles malditos por eles terem concordado com aquela cafajestagem que o Ibra fez contigo. E eu juro Ceci, juro pela alma da Sabrina, que eu vou socar aqueles filhos da puta, um por um, começando pelo otário do meu namorado, eu juro que vou bater neles.

     Nossa, como essas brasileiras são tão movidas a violência desse jeito?

-Paulinha- eu queria rir, mas eu estava chorando- Deixa isso pra lá, já passou.

-Não, não passou! Isso foi horrível. Como eles puderam?

-Sei lá. Eles são loucos, odeio todos eles.

     Limpei as lagrimas e quase engasguei quando ela perguntou:

-Como foi perder a virgindade com o Ibra? Eu não sabia que você era virgem mano! Por que não me contou?

-Não é algo que eu goste de espalhar por ai né? Eu tenho cara de que?

-Ok, mas e quando você dormiu na casa do Pastore?

-Eu dormi, e não dei pra ele.

    Respirei fundo. Agora todo mundo vai saber da minha vida sexual e pior, de como o Zlatan me deixou depois disso.

-E você? Como está?- perguntei a ela.

     Paulinha ficou muda. Tive que chamar umas três vezes e ai ela respondeu.

-Você tem seus problemas Ceci, não se preocupe comigo.

-Fala logo- exigi.

-Ta, o Erik, ele vai receber uma proposta pra voltar pro Borussia, e ele vai aceitar.

     Ótimo, menos um alemão!

-Sério?! Isso é tão...- eu ia dizer maravilhoso, mas ainda bem que eu me toquei- horrível. Por que diabos ele aceitaria isso?

-Por que ele não tem espaço no PSG.

-E tem alguma chance de você ir com ele?

     Paulinha suspirou chateada. E eu posso imaginar como é isso. Não importa o quanto ela o amasse, ele teria que pensar nele primeiro.

-Não- ela respondeu- Nenhum time feminino alemão é tão bom quanto o PSG, e eu amo esse clube, sempre foi meu sonho.

-Entendo. Mas você sabe que é o melhor pra ele né?

-É, parece que sempre vamos buscar o melhor um do outro.

     Sim, e isso era horrível.

     Conversamos por mais uns dez minutos até Paulinha ter que ir tomar banho. Aproveitei e dei uma olhada no meu registro de chamadas telefônicas. Tinha 30 ligações só do David, 10 do Erik, Cavani, Carol, Clau Clau e Babi também haviam me ligado.

     Nenhuma ligação de Zlatan, nem mensagens. Ele realmente queria me esquecer, fingir que nada aconteceu, afirmar que eu nunca existi.

     Chorei bastante aquela noite, e de manhã, eu me sentia muita mais cansada. Meu plano era passar o dia todo na cama, assistindo TV, comendo porcaria, chorando, ignorando o mundo, ignorando o celular que não parava de tocar por um só minuto.

    Meu chefe me mandou um e-mail em resposta a cena de amor de Elle e Pedro que eu enviei pra ele no dia anterior. Eu tinha ficado tão feliz com a cena, tinha achado perfeita e meu chefe também adorou, disse que pra ele era como se tivesse sido real, espontânea, magica e me pediu mais.

    Li de novo a cena, li de novo a mensagem dele, e entre lagrimas digitei em caps lock: “EU DESISTO DO LIVRO, NÃO VOU MAIS ESCREVE-LO, VOU ESCREVER OUTRA HISTÓRIA INFANTIL, DESCULPE MICHAEL”. Meia hora depois ele me responde também em letras garrafais “ VAI ESCREVER SIM SENHORA! NÃO SEI O QUE ACONTECEU, MAS TOME DUAS SEMANAS PRA PENSAR SOBRE SUAS ESCOLHAS, ESSE LIVRO VAI SER A MELHOR COISA QUE VOCÊ JÁ ESCREVEU E VAI NOS DEIXAR RICOS!!!!!”.

    Respirei fundo e resolvi deixar pra lá.

    Na semana seguinte, eu desembarquei na casa da minha avó em Sevilla, Espanha. Não conseguia mais ficar em casa por que tudo lá me lembrava daquele maldito. Eu tinha crises de choro no meio da noite, não conseguia comer, e não conseguia parar de preocupar Clau Clau e as outras meninas.

    Assim que me viu no portão de casa, meu irmãozinho Pedro correu em meu encontro e eu pude receber o melhor abraço de mundo.

-Você cresceu muito!- falei enquanto o colocava no chão e entregava o carrinho de brinquedo que comprei para dar-lhe de presente.

-Eu estou com um dente mole- ele disse me mostrando o dente.

-E já está aprendendo as letras na escola- Vovó veio me abraçar.

    Meu irmão já estava ficando grande, e eu estava perdendo muito da vida dele. Meu plano sempre foi viver com ele em uma boa casa, sonho que agora parece ser impossível se eu desistir do livro agora.

   Na casa da minha avó, pude tomar um bom banho de banheira. E eu me afundava nela com vontade, morrendo de vontade de relaxar pela primeira vez em meses, dormir, ficar sem problemas.

  Amanhã, talvez eu faria alguma compras com a minha avó no centro, tomaria um milk-shake enorme e se desse tempo eu cortaria o cabelo, deu vontade de cuidar de mim.

   Toda vez que eu fechava os olhos, Zlatan aparecia na minha mente e eu sentia a velha vontade de morrer. Enquanto eu estava na banheira, só pensava que tudo isso podia ter sido evitado se eu seguisse meu próprio plano.

     Era só pra eu ser amiga de Zlatan, entender a personalidade dele e colocar no livro, não era pra eu me envolver assim jamais! E agora, está tudo ferrado, como eu vou escrever esse livro se eu estou tão dependente daquele homem? Como eu vou conseguir ser financeiramente estável pra morar com o Pedrinho sem o livro?

    Após o jantar, eu fui pra cama assistir TV, e foi ai que eu fiquei gelada quando meu irmão mais velho resolveu me ligar, rezei pra que ele não tivesse descoberto meu segredo.

-Fala Raul.

-Eu vou dizer numa boa- ele começou- Eu odeio quando minha namorada fica de segredinhos com a minha irmã.

-Não tenho culpa que você namora minha melhor amiga Raul.

-Desembucha Cecilia, o que está acontecendo? Por que está na Espanha?

     Respirei fundo. Vou falar o que pra ele?

    Meu irmão, tirando Deus e o presidente, é a maior autoridade na terra pra mim. Ele sempre cuidou de mim, já deixou várias coisas importantes pra ele de lado por mim, eu o amo muito e o respeito. Só que não da pra ser sincero com ele, ele pira rapidamente.  

-Não está acontecendo nada Raul.

-Não me engane...

-Volte pra casa então!

-Você sabe que eu não posso! Preciso expandir minha empresa.

-Preciso expandir meus segredos e privacidade também.

-Não faz assim- ele pediu com calma- Você sabe que eu só quero ser bem.

     Mas um idiota quer meu bem.

-Eu sou seu irmão- continuou- Se você estiver com problemas, quem pode te ajudar sou eu.

-Raul, está tudo bem, se havia um problema, eu já resolvi.

-Cara, desde quando você guarda segredos de mim?

-Desde quando você resolveu surtar quando alguém do sexo masculino resolve se envolver comigo.

-Então o problema é um homem?

    Como você é burra Ceci!

-Sim- respondi- E é perfeitamente normal alguém ter uma desilusão amorosa.

-Eu sei. Me diga o primeiro nome dele.

-Não.

-É por que o Guilherme voltou?

-Não.

-Você conheceu alguém?

-É.

-E ele te deixou?

-É.

-Você dormiu com ele?

     Respirei fundo.

-Sim.

-Como é Cecilia?!

    Eu ouvi um puta sermão sobre como dormir com alguém casualmente é errado, de como sexo deveria ser algo sagrado entre pessoas que se ama, a importância de uma boa camisinha, que como o sexo casual com alguém que não conhecemos é algo muito errado e traz sérias consequências, que eu sou uma idiota por ter me entregado á alguém que não namora seriamente comigo.

-É por isso que eu não te conto nada Raul! 

-Quem é ele Cecilia? O que aconteceu? Me fala tudo! Vou quebrar a cara dele.

-Para de ser idiota Raul! Não foi nada! Ele apenas percebeu que eu não sou o melhor pra ele, que ele não é o melhor pra mim, que não daríamos certo jamais! E ele me avisou, sempre me avisou que faria o melhor pra mim, inclusive se fosse melhor me deixar e foi isso que aconteceu.

    Porra! Olha eu ai, defendendo Zlatan, fazendo as palavras dele serem as minhas, como se ele tivesse realmente feito algo bom pra mim em vez de ter esmagado meu coração com as mãos.

-Ele te iludiu?- meu irmão perguntou zangado, querendo qualquer pretexto pra acabar com o infeliz do cara.

-Não, eu me iludi sozinha, e você sabe que isso é possível.

    Meu irmão ficou quieto. Toda vez que ele ficava quieto era por que entendeu o recado, coisa que não acontecia frequentemente.

-Eu estou bem, e vou ficar ainda mais se eu não pensar sobre o assunto, nem vê-lo.

-Ele é do Clube?- porra, voltamos tudo de novo, outra vez.

-Sim, ele é- eu podia mentir pra nada dar errado, mas era meu irmão, ele tinha que confiar em mim e eu nele.

-Não me diga que é um jogador Cecilia- ele ficou mais bravo.

-Sim, é um jogador, um maldito jogador, por favor, deixe esse assunto de lado, eu...

-Não acredito que você se envolveu com um jogador! Mano, você é inacreditável! Foi por causa do livro não é? Eu sabia que isso não ia dar certo!

-Vai dar certo!- gritei de volta pra ele captar atenção e entender que eu falava sério- Não vou vê-lo mais!

-E o Germain?

     Germain.

    Já enfiei a fantasia do Germain em uma caixa por duas vezes, pensando em despacha-la na frente do CT do clube sem nenhum bilhete de explicação. Mas nessas duas vezes, eu ficava olhando pros olhos de Germain e via o quanto eu gostava de ser Germain.

    Sim, eu odiava pagar mico, cair de escadas, ganhar cartão vermelho, mas eu amava poder dançar como louca, amava ser uma verdadeira palhaça, amava a fantasia, amava o espirito de ser Germain. Eu amava o Germain, e amava o PSG também.

    Então eu desisti de desistir ser o Germain, voltava a colocar a fantasia no sol pra ela tomar um ar.

-Não vou mais vê-lo como Ceci, vou como mascote e tudo ficará bem.

    Quando meu irmão desligou o telefone, me senti mais leve. Era bom ter parado de mentir um pouco, de esconder algo importante pro meu irmão.

    Fiquei uma semana na casa da minha avó, e honestamente, foi a melhor semana. Pude ficar a vontade com meu irmão, pude receber carinho da minha avó, pude comer muito. E durante toda essa semana, eu recebi ótimos conselhos da minha avó.

     Ela disse que eu era especial, que qualquer um podia ver isso, e que com certeza o homem da minha vida iria dizer isso o tempo todo pra mim, que se ele realmente me amasse, tudo daria certo, ele não exigiria nada de mim e que eu me tornaria melhor por ele. Por fim, ela disse que eu tinha que cuidar mais de mim, que eu estava precisando melhorar por mim mesma.

    Foi o que eu fiz logo que cheguei a Paris. Resolvi me tornar uma nova e melhorada Ceci.

    Comecei por fazer uma limpa no meu apartamento, deixei a cozinha brilhando, tirei vários livros sujos e empoeirados das pilhas de livros que eu tenho e coloquei para vender, passei o aspirador de pó até no teto, coloquei muitas e muitas roupas na pilha de doação de roupas que tinha na recepção do meu prédio, mudei os móveis de lugar e coloquei uma cocha de cama nova na minha caminha. Parecia um outro apartamento, um apartamento de gente grande.

    Alguns dias depois, chamei Paulinha, Babi, Carol, Peru e até a Poly para fazermos umas compras, elas toparam, fiquei surpresa pela Poly ter aceitado, acho que começar a namorar com o Mario fez um bem pra ela.

    Gastei quase todas minhas economias em roupas, sei que não podia fazer isso mas dinheiro vai e vem. Comprei muitos vestidos, várias saias, calças justas, camisas, sapatos e uma bolsa de marca incrível.

-Você arrebentou hoje hem- Babi assobiou olhando pra minhas inúmeras sacolas que eu colocava na cadeira do lado quando resolvemos parar pra comer em um restaurante.

-Devia ter feito isso antes- dei de ombros.

-É ótimo curar as dores assim- Paulinha disse enquanto tomava seu chá gelado- Logo logo farei uma dessas compras também.

-Erik vai perceber logo que está cometendo um erro- Peru soou gentil.

-O pior é que não é um erro- Paulinha suspirou- Ele tem que ir, talvez um relacionamento a distância seja bom pra gente.

-Pouco provável- Babi disse com sinceridade.

-Todo relacionamento é difícil- Poly entrou na conversa e sorri pra ela, era bom ficar e boa com ela.

-Até o que não é um relacionamento- Peru quis citar ela própria.

-Você podia estar namorando com o James- Poly disse- Você que não quer.

-Eu não consigo confiar nele, ele é muito pegador! Sempre tem alguma galinha dando em cima dele.

-O Lucas também era, mas ele parou tudo por mim- disse Babi procurando o garçom com os olhos.

-Eu também era, mas parei pelo Erik- Paulinha deu de ombros.

-Por que estamos falando sobre relacionamentos?- Carol disse quase que irritada- Por favor.

-Ai gente- Babi revirou os olhos- Você não supera não?

-Falando sério- Peru começou- Cavani e a namorada são estranhos, literalmente, parecem estranhos um com o outro.

-Como se não se conhecessem- completei

-Eles não parecem estranhos no outdoor quando estão juntos de roupas intimas- Carol disse e demos gargalhadas.

     Elas eram engraçadas. Animadas. Sendo que cada uma tinha um problema em particular, elas me fizeram perceber que apesar de eu estar mal, eu podia muito bem ficar feliz e ser forte.

    No meio do nosso jantar, meu telefone toca e me surpreendi ao ver o nome do Guilherme na tela, eu nem lembrava que tinha o telefone dele gravado e nem sabia que ele tinha o meu.

-Quem é Guilherme?- Babi xereta perguntou ao analisar meu celular tocando.

-Alô?- atendi incerta.

-Oi!- ele me respondeu animado- Voltou da Espanha?

-Como sabia que eu estava lá?

-Seu irmão me contou.

    Engoli em seco e as meninas começaram a olhar pra mim, curiosas por eu estar falando com um cara, que não fosse o Zlatan.

-Hum, vocês falam de mim?- joguei a pergunta no ar pra tentar captar informações.

-Falamos.

-Entendo. Sobre o que?

-Eu não tenho que responder isso- ele sorriu, podia vê-lo sorrindo, e não seria um sorriso falso.

-Quem é?- Paulinha sussurrou com curiosidade.

-O que quer então?- perguntei seriamente a ele.

-Vamos sair amanhã?

     Assim que ele perguntou isso, eu engasguei e segurei a tosse. Como? Por quê? Sério, eu não tinha levado a sério aquilo que ele falou naquele dia, eu achava que ele só queria brincar e como ele nunca insistiu, acreditei mesmo.

-Sair com você?

      Pronto, ganhei a atenção de geral na mesa. Todas com os olhos brilhando querendo que eu superasse logo o Zlatan.

-Não só comigo- ele disse baixinho, de um modo estranho- Os meninos também vão, vamos em uma churrascaria argentina, eles disseram que seria uma boa se você fosse, e não, eu contei sobre nossa conversa para ele.

-Sair?- falei pra tentar similar seu convite.

-Aceita pelo amor de Deus!- Paulinha exigiu.

-Não recusa Ceci!- Babi foi outra.

-Posso levar a Clau Clau?- perguntei a ele, ela me deixaria muito segura.

-É claro. Então nos vemos amanhã?

-Sim.

-Te mando o endereço ok?

-Ta bom.

-Fico muito feliz que você tenha aceitado.

     Quando desliguei o celular, tive que aguentar o interrogatório complicado das meninas sobre o cara, Babi teve a cara de pau de perguntar se eu já tinha transado com ele.

-Ele é meu ex- respondi irritada com as perguntas delas- Ele resolveu que deveríamos ser amigos.

     Vou omitir sim o fato de que além de amigo, ele quer fazer parte da vingança contra Zlatan.  

-Amigo?- Paulinha ironizou- Ele quer é te pegar, e eu não vou me opor.

-Se é ex, é por que não foi legal- Poly apontou, pelo menos ela entendeu alguma coisa sobre minha situação.

-Nossa relação não foi como eu queria- disse simplesmente e fiquei feliz quando o foco da conversa se desviou de mim.

    No dia anterior, eu quase me arrependi de ter aceito o convite de Guilherme. Tipo, eu não era mais tão intima dos meninos, e qual é? Era o Guilherme! Meu ex, ele só me trouxe problemas e decepções, eu não tenho que falar com ele.

   Eu iria desmarcar, mas a nova Ceci teria que ser corajosa, não havia o que temer, Clau Clau estaria lá, eu gostava dos meninos, qual seria o problema? Guilherme, Guilherme era o problema. Mas ele era o problema por eu não gostar dele ou por que não queria gostar dele?

    Resolvi caprichar no visual. Usei um vestido azul soltinho que era novo com uma jaqueta, um salto alto, maquiagem leve mas bonita e um coque elegante no topo da minha cabeça. Eu me sentia bem.

    Enquanto eu esperava Clau Clau avisar que estava na portaria para eu descer, me lembrei de uma situação que passei com o Guilherme.

    Era no meio do inverno, estava frio e eu estava congelando, estávamos eu, Guilherme, meu irmão, seus amigos e duas amigas do amigo meu irmão na Champ-Elysees, uma garota estava dando em cima do Guilherme o tempo todo e eu ficava irritada com isso, meu maior desejo era ir embora dali e deixar todos. Em uma determinada hora, eu reclamei que minha mãos estavam geladas, Guilherme tirou suas luvas, apertou minhas mãos, disse um simples “realmente”, colocou as luvas de volta. Fiquei chocada. E fiquei mais chocada ainda, quando depois de algum tempo, a menina reclamou de frio também, e ele ofereceu seu casaco á ela. Isso me matou por dentro.

    Eu ainda não tinha parado de pensar nisso quando eu e Clau Clau descíamos do taxi e caminhávamos por uma quadra até a tal churrascaria. Era insano. Por que eu não tinha terminado com Guilherme logo ali? Por que eu ainda seguia com o grupo em vez de ir pra casa?

-Estou preocupada com você- Clau Clau disse, tirando-me dos meus pensamentos.

-Não precisa, eu sou grande.

-Não muda muita coisa, ainda estou preocupada com você. Alias, por que estamos aqui com eles?

-Relaxa Clau Clau, ainda são amigos do seu namorado, lembra?

-Sim, eu não tinha que estar aqui sem ele.

-Você está aqui comigo.

-E você está aqui por quem? Pelo Guilherme?

     Soltei um suspiro, ela me conhecia bem, sabia que eu tinha algo em mente.

-Você não está planejando esquecer o Ibra com o Guilherme né? É quase trocar um espinho por uma serra elétrica.

-Você acha mesmo que Zlatan é melhor que o Guilherme?

-Acho sim. Por que sei que Zlatan, lá no fundo gostava de você, e fez isso por que acreditou mesmo que ele não te faria bem.

-Esta defendendo ele Clau Clau?- parei de nadar para encara-la.

-Não, foi o que você disse pro seu irmão.

     Claro, meu irmão não escondia meus segredos pra namorada dele.

-Eu não estou tentando esquecer o Zlatan com o Guilherme. Estou aqui por quero me divertir.

    Sem nenhuma outra palavra, nós duas nos dirigimos ao restaurante.

    Todos já estavam lá, Kevin, Doug, Dom, Marco e Guilherme. Havia uma figura desconhecida também, uma loira maquiada para abalar, sentada ao lado de Dom, quando fui apresentada á ela, soube que ela era “amiga”, em aspas mesmo, do Dom.

     No primeiro momento em que chegamos, eu fiquei meio aliviada. A comida era boa, os meninos eram divertidos, Guilherme estava sendo gentil, até Clau Clau que não gostava de sair muito parecia feliz. O que poderia dar errado?

-Adorei a camisa Guilherme, tem aparência de cara- era a loira, soando simpática para Guilherme, sorrindo.

-Obrigada, ter uma aparência cara é importante não é?- ele disse.

     Me enrijeci. O que estava acontecendo?

    Depois disso, eu não consegui mais parar nesses dois e em como eles agiam um com o outro.

     Guilherme falava bastante das viagens dele, mas estranhamente, não era pra se exibir como de costume, o que me deixava intrigada, ele só estava tentando ser legal e interagir com todo mundo.

-Você já foi em Istambul? Eu sempre quis ir lá!- os olhos da loira brilhavam toda vez que ele falava qualquer coisa- Seja meu guia turístico.

     Franzi a testa analisando a situação e encarei a loira. Ela estava mesmo se jogando pra cima de Guilherme do lado de Dom? E por que Dom ainda conversava com Marco sem se importar com nada?

    Guilherme me pegou encarando a loira e arqueou a sobrancelha, me indagando sobre meu estado mental, apenas revirei os olhos pra mostrar que estava de saco cheio e desviei o olhar.

-A Ceci já foi em Istambul- Guilherme soltou e voltei meus olhos a ele chocada- Não é?

-É- falei entediada.

     Eu fiquei muito irritada mesmo com essa garota sem noção enchendo o saco a noite, e o pior, é que ela não fazia isso por maldade, ela fazia pro bem dela. E não, eu não fiquei irritada por ela dar em cima logo dele, e sim por que ela fazia isso na cara de Dom e não percebia que Guilherme não estava dando a mínima pras investidas dele, alias, várias vezes ele a fazia conversar comigo, isso me deixava bolada.

    Bem, na maior parte da noite, eu fiquei conversando com Kevin e Clau Clau, e me senti bem quando ela pediu pra irmos embora por causa do horário.

-Eu levo vocês- Guilherme se apresentou quando começamos a nos despedir.

-Não precisa- falei secamente.

-Precisa sim- ele se levantou.

     A loira parecia arrasada.

-Tadinho do Dom com aquela menina- Clau Clau comentou quando estávamos na metade do caminho pra casa dela- Por acaso ela estava tentando fazer ciúmes no Dom?

-Não- Guilherme riu- Eles estão em um relacionamento aberto, então ele não liga muito se ela quiser ficar com alguém, assim como ela também não liga.

-E Você iria ficar com ela?- perguntei por perguntar,

-O que?!- ele ficou chocado- Claro que não, não gosto de meninas se jogando pra mim descaradamente, eu é que tenho que conquista-las.

-Claro, isso massageia seu ego de garanhão- murmurei.

-Ceci!- ele me repreendeu e dei de ombros.

    Assim que ele deixou Clau Clau em casa, fiquei muda no carro. Eu não fazia ideia por que estava tão irritada, mas não era ciúmes.

     Nunca teve uma vez, em que eu saísse com o Guilherme e que alguma garota não tivesse olhado duas vezes pra ele. E isso nunca mudaria.

-Chegamos- ele anunciou assim que estacionou o carro em frente ao meu prédio.

-Obrigada- falei, e quando eu ia alcançar a trava do carro para sair, Guilherme trancou o carro e o encarei- Que foi? Vai me matar?

-Qual é o problema?- perguntei confuso.

-Nenhum.

-Se liga Ceci, eu conheço você, é muito fácil descobrir quando você não tá legal.

-E nunca fez nada a respeito- retruquei, fiz uma nova tentativa de sair, sem sucesso- Vamos Guilherme, me deixe sair.

-Eu nunca sabia qual era o problema Ceci, e nesse momento, eu também não sei! Você precisa me contar pra eu resolver.

-Não existe um problema Guilherme, eu só...

-Vou arriscar e dizer que o problema se chama Ellen- ele disse seriamente.

-Quem é Ellen?- perguntei confusa.

-A Ellen ué, a ficante do Dom.

-Ah! A loira- preciso aprender o nome das pessoas ante de apelida-las- Por que o problema seria ela?

-Eu é que tenho que te fazer essa pergunta. Por que ela é um problema? Está com ciúmes? Eu mal dei atenção á ela.

     Respirei fundo. Meu coração batia forte e descompassadamente, eu me sentia ansiosa. Guilherme me olhava com doçura, não me julgando por estar hipoteticamente sentindo ciúmes dele.

-Não estou com ciúmes- falei sem encara-lo- Só tive milhares de dejavus, Você sempre teve uma menina te secando, e isso nunca vai mudar.

-Mas isso não é minha culpa.

-Eu sei que não é, mas me incomoda.

     Guilherme soltou um suspiro profundo, eu tive vontade de sumir dali.

-Ta, eu não entendo por que te incomoda, mas a partir de agora, se você quiser sair de novo, juro que vou prestar atenção em você.

-Mas não é isso que...

-Não importa- me respondeu com firmeza e me surpreendi- Eu quero que você saia mais comigo, e com os outros é claro, e quero que você se sinta confortável.

     Olhei besta pra Guilherme, ele nunca falou assim e nunca quis me passar confiança.

-E outra- ele continuou- Nunca me senti bem quando algum cara se aproximava de você, e também não me senti bem com Zlatan Ibrahimovic tirando sua virgindade.

     Fiquei vermelha de vergonha, e assenti. Guilherme estava tão estranho, e eu o admirava por finalmente falar algo assim comigo.

    Notei que ele começou a olhar minha boca e desviava para meus olhos, um sinal claro de que queria me beijar. E eu queria beija-lo também, eu não sabia porque, mas sabia que não estava pronta pra isso, então me despedi, ele abriu a porta e fui embora.

    Meu coração ainda disparava freneticamente quando entrei no apartamento. Como as coisas chegaram a esse ponto? Nada disso era normal! Eu ainda tomei um susto quando meu celular começou a tocar, era Paulinha.

-Como foi?! Como foi!- ela praticamente exigiu saber.

-Ué Paulinha, não foi nada demais, foi divertido, mas tecnicamente, mal conversei com ele, alias, para de ficar alegrinha, não vai rolar!

-Ah- ela murmurou decepcionada e resolvi contar.

-Mas no caminho, ele admitiu não gostar de saber sobre o Zlatan.

-Ai meu Deus Ceci! Ele gosta de você!

      Eu não entendia por que Paulinha estava tão animada com isso. Sério! Eu nunca senti que ela fosse ficar tão animada assim.

-Menos Paulinha, não é nada demais, pelo amor de Deus eu já falei, não vai rolar!

-E por que não hem?

-Por que ele é o Guilherme! Meu ex namorado idiota!

-Pelo o que eu vejo, ele esta se redimindo, e por favor, você gosta um pouquinho dele se não, não teria saído com ele, alias, ele é seu passaporte pra ficar longe do Ibra!

-Não preciso de um passaporte, posso fazer isso sozinha!

-Sabemos que não- então ela começou a falar mais suavemente- Olha, eu sei que você ainda ama o Ibra, eu sei que você ainda chora por ele, eu só quero que você seja feliz com alguém que você ame de verdade.

-Não preciso de um homem pra ser feliz.

-Sei que não precisa, mas ajuda muito né?

    Paulinha era incorrigível, e uma romântica patética.

    Resolvi deixar pra lá, qualquer coisa que me acontecesse não faria tanta diferença no momento. Eu estava ferrada em tudo, principalmente no livro, meu chefe praticamente ameaçava colocar fogo na minha vida caso eu não tomasse um jeito.

     Nos próximos dias que se seguiram, sai muito com o Guilherme. Claro, nós nunca saiamos sozinhos, só nós dois como em um encontro, sempre tinha alguém com a gente e eu até que achava bom, pelo menos eu não me sentia pressionada em falar com ele sobre sentimentos que eu estava sentindo mas que eram conflitantes.

    Quase todos os dias nós saíamos, íamos a bares, shows, baladas e fomos até em um jogo do PSG feminino, claro eu estava de Germain e não paguei mico. Era divertido! Eu me divertia como não havia me divertido há meses.     

     Comecei a me sentir bem com Guilherme. De vez em quando eu tocava minha mão acidentalmente, as vezes fazia carinho em meus cabelos e sorria, olhava minha boca. Ao mesmo tempo, algo estranho me consumia, me sentia confusa igual me sentia com Zlatan.

    Um certo dia, Paulinha me chamou pra sair e me pediu pra levar Guilherme para ela conhece-lo. Ele aceitou o convite e achei estranho, mas ele disse que se eu saia com os amigos dele, ele deveria sair com os meus também.

    Quando eu o avistei na esquina do bar em que íamos encontrar Paulinha, fiquei nervosa, ele estava absurdamente lindo.

-Você está linda- ele disse beijando meu rosto, fiquei gelada com o gesto.

-Obrigada- sorri a ele.

     Eu realmente entrei no bar sorrindo, passando os olhos pelo lugar em busca de Paulinha.

    Mas quando eu a avistei, meu sorriso se desmanchei na hora, me deixando carrancuda. Não havia só Paulinha, Babi e Pastore, estava David, Cavani, Erik, Lucas, a corja maldita que eu não queria nunca mais ver.

-Ceci!- Paulinha gritou meu nome assim que me virei pra ir embora daquele lugar.

    Guilherme segurou meu braço com firmeza, me impedindo de sumir de lá, e com um sorriso maldito murmurou:

-São seus amigos Ceci, eles fizeram isso achando que era pro seu bem, lembra?

    Bufei nervosa e ele continuou:

-E eu estou aqui com você.

     Ele segurou minha mão carinhosamente e senti algo em meu estomago, deixei que ele me levasse até a mesa.

    Eu me sentia uma criança irritada na mesa, todo mundo falava comigo e eu repelia nervosa. Eu não queria falar com eles! Eu não queria ve-los! Por que ninguém entende isso?!

    Guilherme, por outro lado, encantava todos os meus amigos, ex-amigos, com seu charme. Paulinha e Babi praticamente babavam por ele, David não parava de conversar com ele, procurando informações, como se tivesse interrogando-o. Isso me irritou a beça.

-David, quer parar?- praticamente exigi, mandando olhares furiosos a ele- Você não é meu pai!

-Só estou tentando conhece-lo- ele se defendeu- Cresce Ceci.

-Estou tentando, mas infelizmente estou sempre sendo tratada como um bebê!

-Você quer resolver isso lá fora?- David perguntou

-Por que? Você vai me bater? Vai me punir.

-Não!- ele disse irritado- Quero que entenda meu lado, qual é? Supere!

-Supere-a- rebati e ele ficou ainda mais irritado.

-Não mete a Cynara nisso.

      Foda-se a Cynara! Eu só quero ir pra casa.

     Mas logo após, outro assunto surgiu na mesa e lá estava Guilherme dominando a conversa, simpático. Falava de futebol, falava sobre viagens, falava sobre tudo, sempre fazendo um carinho em meu rosto, pegando na minha mão e sorrindo pra mim. Ele me incluía na conversa também, as vezes eu dava o braço a torcer e participava, mas era só David ou Cavani falarem que eu me excluía.

    A noite já estava sendo um fiasco com o pior de tudo aconteceu. Ele chegou.

-Desculpe o atraso- Zlatan falou com a voz rouca- Tive uma emergência.

    Estava comendo uma puta por ai. Não que seja da minha conta.

-Tudo bem Cecile?- ele perguntou e enfiei trezentas batatas fritas na minha boca pra não responder.

    Por cinco minutos, deixei Guilherme conversar com todos, e quanto mais ele falava, mais quieto Zlatan ficava, ele só observava, analisava, fechava a cara. Então, me virei pra Guilherme:

-Podemos ir embora?

-Você já quer ir?- tadinho, ele estava gostando da noite- Tudo bem, vamos.

    Enquanto ele se despedia, eu só falei tchau pra Pastore, Babi e Paulinha, só pra quem valia a pena. Então nós saímos do restaurante de mãos dadas.

    No caminho até minha casa, Guilherme e eu ainda caminhávamos juntos, estranhamente como um casal, e fiquei surpresa quando ele resolveu perguntar sobre o Pastore.

-Você se via com ele? Tipo, no futuro?

-Naquele momento sim, eu o achava perfeito pra mim, mas bem, ele é quase perfeito pra outra pessoa.

-Você achava que poderia ser feliz com ele?

-Ele era meu tipo, carinhoso, romântico, fofo.

    Guilherme suspirou e eu o olhei, ele parecia perturbado, nervoso.

-Por que?- indaguei.

-Nada demais, ele parece ser um cara legal.

-Ele é legal.

     O resto do caminho, ficamos quietos, ele não perguntou de Zlatan, ele não quis falar sobre sentia, em uma das únicas vezes em que estivemos sozinhos, ele resolveu ficar em silencio.

    Chegamos na entrada do meu prédio, eu percebi que ele tremia enquanto eu procurava as chaves no bolso, porque Guilherme estava assim?

-O que você tem?- perguntei, olhando no fundo de seus olhos.

-Minha vez de responder que não é nada- ele riu- Eu não sei, mas vou descobrir.

-Hum- murmurei, e recebi um carinho na bochecha dele.

-Amanhã, vai ter um festival no Jardim de Luxemburgo- ele disse- Vai ser legal, vai ser no deque em cima do lago, vamos lá com a galera?

    Galera, claro.

-Tudo bem- eu disse e abri o portão.

-Ceci- ele sussurrou antes que eu fechasse o portão- Se eu descobrir e contar como eu me sinto, não se assuste ok?

     Eu não consigo descrever pra vocês o quão bem eu me senti, o quão leve e o quanto eu queria algo que eu não sabia o que era naquele momento. Ao mesmo tempo, eu queria sumir por que eu sentia que isso era um erro. Então sorri pra ele e assenti.

     Talvez amanhã, no Jardim de Luxemburgo, eu sentiria algo mais.

    

    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     

 

       

 


Notas Finais


Então queridas e queridos, eu preciso MUITO da opnião de vocês! O que vocês acham da Ceci e do Guilherme? O que estão achando da fic? Algumas ideias?


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