-É ... Você conseguiu me deixar bem irritado naquele dia. - A voz ecoa seria.
-Por favor, me deixa ir embora. - Pedi tão nervoso e assustado que conseguia ouvir as fortes batidas do meu coração.
-Ah! Não mesmo! - Ele respondeu.
Foi possível ouvir ver atrás da forte luz do farol de seu carro uma silhueta dar um passo a frente e apontar a arma em minha direção. Num ato de medo e impulsionado pela adrenalina que percorria meu corpo, atirei-me para a esquerda em seguida ouvindo o barulho do disparo, Me abaixei rapidamente e outro disparo foi ouvido, mas este também não me acertou. Tentei rapidamente me levantar enquanto avança em passos rápidos para frente, mas acabei tropeçando em alguma coisa e tive que segurar meu corpo com minhas mãos pra não cair no chão. Outro disparo é ouvido e escuto um som metálico cortar o ar, me recomponho e corro rapidamente para a avenida principal, Minha respiração estava pesada e eu suava frio, uma lágrima escapada do meu olho e faz uma curva no meu rosto por conta da velocidade em que eu estava correndo. Quando me senti fora de perigo resolvi parar para descansar e pegar um ônibus pra ir de uma vez por todas pra casa. Encosto-me numa parede próxima ao ponto de ônibus e respiro fundo enxugando minhas lágrimas e meu suor com as mãos. Eu nunca mais na minha vida quero sentir a sensação de estar perto da morte. Peguei meu telefone com a mão meio trêmula e liguei pro Dean, chega de esconder as coisas dele e tudo o que eu queria e precisava agora era ouvir a sua voz.
-Oi Bebê Boa noite! - Ele fala atendendo.
-Dean... Eu quase morri. - Consegui falar sentindo minha garganta arder seca, precisava de água.
-O que?! - Escuto sua voz ficar exaltada e nervosa.
-Um cara tentou me matar Dean. - Falo puxando ar pra dentro dos meus pulmões.
-Cass, como isso foi acontecer? - Ele perguntou.
-É que eu tive uns problemas com uns bandidos, nunca imaginei que chegariam a esse ponto. - Expliquei.
-Você sabe quem são eles?
-Não...
Houve um silencio breve até que Dean voltou a falar.
-Onde você está?
-No ponto de ônibus, na frente de um lugar chamado House of darkness.
-Tô indo aí, me espera.
-Não precisa eu pego o ônibus.
-Você acha que eu vou ficar sentado enquanto você passou por um dos piores momentos da sua vida?!
-Dean é sério eu não quero incomodar só liguei pra te falar que... -Ele me interrompe.
-Não sai daí eu to pegando o carro.
Em seguida ele desligou.
Senti-me instantaneamente melhor, as vezes eu não consigo acreditar que o Dean faria isso tudo por mim. Sei que somos namorados, mas o que se espera de um casal gay é geralmente só agarração e sexo, mas com o Dean não é assim. Ele quer as coisas no tempo certo, ele quer fazer as coisas no tempo certo. Sentei-me num abrigo que ficava um pouco a minha direita, tinha algumas pessoas que pegaram o ônibus assim que ele chegou, fiquei sozinho esperando Dean, não demorou muito pra que eu pudesse ver o Impala se aproximar. Dean parou o carro na minha frente abaixando o vidro.
-Vem Cass, vamos pra casa.
Fui até o carro e abri a porta do mesmo me sentando no banco do carona ao lado de Dean. Seguimos em silencio durante um tempo até que Dean finalmente resolvi falar.
-Porra! Por que você faz essas coisas?
-O que?! - Perguntei um tanto quanto incrédulo. - Não foi minha culpa!
-Cass, por favor, para de se meter em confusão, principalmente das que podem acabar com a sua vida! - Ele acabou se exaltando novamente.
-Desculpe senhor certinho, mas como eu já falei não foi minha culpa. - Respondi.
-Quem sabe você poderia se cuidar um pouco mais. - Dean falou apertando as mãos no volante.
-E quem sabe você poderia lembrar que tem sua própria vida e parar de tentar cuidar da minha. - Respondi em seguida de maneira um pouco grossa.
Novamente ficamos em silencio, sinceramente eu estava meio irritado com ele depois disso. Eu liguei porque o amo, porque não quero que ele seja o ultimo a ficar sabendo das coisas que estão acontecendo comigo.
-Olha Cass desculpa. - Dean cortou o silencio. - É só que... Eu não quero te perder.
-Dean eu te entendo. - Falei virando o rosto para olhar seus olhos. - Não é todo dia que seu namorado quase é assassinado então... Perdoa-me por fazer merda também.
Ele suspirou num pequeno sorriso, derrepente já estávamos na frente do apartamento do meu pai, era incrível quando o tempo passava rápido quando eu estava com Dean.
-Bom, agora a gente se despede com um beijo? - Ele perguntou.
-Isso é muito clichê. - Respondi o fazendo dar uma pequena risada.
Aproximei-me dele lentamente e o abracei forte sentindo seu corpo contra o meu. O calor de Dean esquentava meu corpo frio naquela noite, ele me apertou contra si beijando meu pescoço. Sem solta-lo levei minha boca de encontro com a sua e com minha língua adentrei seus lábios encontrando a sua, enquanto eu passeava na boca de Dean ele correspondia adentrando minha boca a fazendo o mesmo nela, terminei massageando seus lábios com os meus.
-Eu te amo. - Sussurrei em seu ouvido.
-Te amo mais. - Dean sussurrou de volta.
-Te amei bem antes. - Rebati.
-Te amei muito mais bem antes. - Ele ergue uma sobrancelha.
-Tá bom desisto. - Me rendi sem saber o que responder. - Amanhã te mando mensagem explicando sobre nossa viagem pra Waco ok?
-Tudo bem.
-Tchau Dean, boa noite.
-Tchau Cass.
Saí do carro e entrei no prédio, enquanto subia as escadas do apartamento pensava em como era ruim, em como era dolorosa a dor de uma despedida, tudo o que eu queria nesse momento era assumir meu relacionamento com Dean e mandar um enorme FODA-SE pra sociedade. Mas é aquele ditado, tudo em seu tempo.
-Cass onde você estava?! - Meu pai começa perguntando logo quando abro a porta.
-Eu estava comprando roupas pra ir pra Waco. - Expliquei.
-Poxa eu fiquei preocupado, você poderia ter avisado. - Meu pai suspirou. - Eu estava quase ligando pra policia.
-Nossa pai! Eu só demorei um pouquinho. - Ri da sua ultima fala. - Mas desculpa de qualquer jeito.
-Hum! - Ele juntou os lábios. - Toma um banho e come alguma coisa tá?
Fiz que sim com a cabeça e segui até meu quarto pra separar minha roupa de dormir e guardar o que comprei hoje. Tomei um banho gelado e rápido, somente pra tirar a poeira do dia e claro da experiência de quase morte que passei hoje. Depois fui até a geladeira e peguei um pote com gelatina de limão levei comigo até o sofá e comi vendo supernatural. Depois fui até meu quarto e dormi rapidamente, não um sono bom, tive vários pesadelos com o que aconteceu comigo hoje, com toda a certeza vou demorar pra superar isso.
-Cass levanta! - Escuto meu pai gritar da cozinha.
-ARRGH! - Rugi de raiva, eu queria dormir mais.
-Nós vamos pegar o Ed no hospital hoje. - Ele gritou de novo.
-Já to indo! - Gritei de volta.
Levantei-me com os olhos pesados, é horrível ter que levantar no dia seguinte quando você passa a noite toda tendo pesadelos e sem conseguir dormir direito, na verdade é horrível ter que levantar todo dia. Fiz minha higiene matinal e não tomei café da manhã só comi umas bolachinhas porque iriarmos tomar café fora hoje, depois de prontos eu e meu pegamos o carro dele e seguimos até o hospital.
-Oi Ed! - Falei animado por ver ele já de pé na sala de espera.
-Achei que não chegavam hoje. - Ele me respondeu passando direto em direção ao carro.
-Nossa! O que aconteceu com o menino hippie que vive feliz e saltitante? - Perguntei pro meu pai.
-Ele só está um pouco cansado Cass logo vai voltar ao normal. - Meu pai me respondeu.
Entramos no carro e seguimos até um restaurante que meu pai gostava. Ed já estava voltando ao seu estado normal pelo o que percebi, ele falou que cada dia no hospital foi horrível, entediante e insuportável.
-Deve ter sido ruim mesmo. - Concordei.
-E a comida?! Eles queriam que eu comesse um negócio estranho pra me dar proteína sei lá! - O ruivo reclamou no banco de trás. - Até que em fim vou comer comida de gente de novo!
Meu pai estacionou o carro e nos sentamos numa mesa, o lugar era bem legal, bem estilo manhã mesmo, tira uns muros pequenos ao redor que eram completos por vidro. Logo uma garçonete veio nos perguntar o que iriamos querer, Escolhi um pão torrado com manteiga, uma porção de maças picadas em cubo com mel e suco de laranja. Meu pai a mesma coisa só que em vez de suco ele pediu um café e alguns pães extras. Ed pediu uma porção de geleia de morango pra comer com os pães que meu pai pediu e uma salada de frutas, suco ele pediu de limão. Começamos a tomar nosso café da manhã, até que vejo entrando pela porta de vidro, um homem alto com óculos escuros, assim que me vê ele tira os óculos e vejo que era aquele infeliz que tentou abusar de mim no banheiro. Ele deu um pequeno sorriso e mudou seu olhar para Ed que também o olhava, Ed virou o rosto pra mim e enquanto tomava um gole de seu suco me mandou um olhar que disse “Se ele tentar algo, cuidamos dele”.
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