Lucy pensou por alguns instantes –... Pensando bem, a velha a fez voltar ao normal, então... Ela já não é mais uma amaldiçoada, por isso não pode mais manter contato comigo... – ficou cabisbaixa – Eu estou realmente... Ficando sozinha novamente.
Enquanto isso, na escola, Natsu já passava pelo portão quando viu Jellal e Gajeel ali perto.
Natsu – Bom dia – cumprimentou, bocejando logo em seguida.
Gajeel e Jellal o cumprimentaram de volta, mas estranharam.
Gajeel – Você está bem? – indagou.
Natsu – Sim, por quê? – não entendeu.
Jellal – Você parece mais animado... Mais vivo – o respondeu.
Natsu – Se eu estou quase morrendo, vocês acham estranho, mas se estou transbordando vida, vocês também não acham normal... O que vocês acham normal em mim? – perguntou com uma gota na cabeça.
Jellal – Você tomar um fora de alguma garota, se deprimir, ser rejeitado mais uma vez, usar roupa de mulher, ser péssimo no vídeo game e tomar outro fora de uma garota – explicou, fazendo Gajeel concordar com a cabeça.
Natsu – Tem muitos foras ai, não? – se indignou.
Gajeel – Por falar em foras, nos perdoe por lhe atrapalhar com a Lisanna da ultima vez – abriu um sorriso sem graça.
Natsu – Tudo bem.
Jellal – Nós realmente sentimos muito – suspirou – Você até faltou ontem para ficar chorando em seu apartamento.
Natsu – EU NÃO ESTAVA CHORANDO! – estava prestes a voar no pescoço de um dos dois.
Gajeel – Vamos entrar, já está quase na hora da aula começar – informou e logo foi seguido pelos outros dois ao deixar o local.
Ao chegarem à sala de aula, Gajeel e Jellal perceberam como o rosto de Natsu havia ficado vermelho ao ver Lisanna.
Jellal – Mas o que? – se sentou em seu lugar sem entender nada – Mesmo no dia em que ela se apresentou, ele não ficou tão sem graça assim... Parece que voltou a ser o Natsu fracassado do começo do ano...
Assim que Natsu se sentou atrás da albina, a mesma se virou.
Lisanna –... Você está fugindo de mim? – indagou em um tom mais baixo, de forma que poucos puderam ouvir.
Natsu – N-Não! Por que eu fugiria? – respondeu um pouco sem graça.
Lisanna – Eu lhe perguntei... Aquilo no terraço... – deu uma leve corada – Mas você não me respondeu e... Não veio para a escola ontem, então... – desviou os olhos ao explicar.
Natsu corou ainda mais – Tão fofa! – logo a respondeu – E-E-Eu tive alguns problemas... E-Em casa, então não pude vir.
Lisanna – Mas e então? – desta vez encarou o rosado seriamente – Qual a sua resposta?
Gajeel e Jellal assistiam a tudo sem nem mesmo piscar, não queriam perder aquele momento.
Natsu – M-Minha resposta? – viu a albina confirmar com a cabeça – Minha resposta é... – foi interrompido.
Gildarts – Façam silêncio! – os repreendeu, fazendo Lisanna se virar para frente – Se não querem assistir a aula, deixem a sala! – exclamou.
Natsu – Fui salvo novamente... – no mesmo instante se surpreendeu com seu próprio pensamento – Salvo? De que? Eu fui atrapalhado... Ahn? – não entendeu nada – Por que pareço estar um pouco aliviado?
As aulas continuaram, mas Natsu viajava em seus pensamentos, não conseguia se concentrar no que o professor explicava.
Lucy já estava ali, flutuando sobre o rosado, fazia algumas horas – Por que ele está tão distraído? – desceu, ficando de frente para Natsu.
A loira encarou o garoto por alguns segundos, tendo suas bochechas adquirindo um leve tom avermelhado logo depois – Ele é tão fofo – abriu um sorriso carinhoso, levando sua mão até a face do mesmo, mas seu sorriso se desfez ao não conseguir tocar o garoto –... Será que é possível me desfazer desse efeito também? – se perguntou em um tom mais triste –... Quando me pergunto isso, a primeira coisa que vem à minha mente é... Não é melhor deixar assim? – murmurou pra si mesma – Se ele começar um relacionamento com a... Lisanna... Ele não vai precisar voltar para o interior, pra casa dos pais dele... E além do mais... Ela é o primeiro amor dele, então... – parou de conversar sozinha, passando a encarar Natsu com a tristeza estampada em sua face –... Mas EU não quero isso! – as lágrimas voltaram escorrer por seu rosto – Eu quero toca-lo de novo! – levou a mão ao rosto do mesmo, mas sem conseguir encostar no mesmo – Quero que ele me abrace, que me beije, que sorria pra mim novamente... Eu quero ouvir de novo... Quero ouvi-lo dizer que me ama mais uma vez – falou em meio ao choro, mas logo ouviu o sinal do intervalo tocar.
Lisanna se levantou rapidamente de seu lugar – Natsu! – exclamou o nome do garoto – Pode vir comigo? – indagou seriamente.
Natsu – C-Claro – respondeu um pouco corado.
Lucy – EH? – viu seu rosado deixar a sala com Lisanna – Ela vai dar em cima dele de novo? – se perguntou um pouco indignada – Eu não vou deixar! – flutuou rapidamente em direção à porta do local, mas logo parou, desanimando –... Mas, seria melhor pro Natsu se... – voltou lentamente para a mesa do rosado, mas em meros segundos se virou rapidamente para a porta – MAS HÁ A POSSIBILIDADE DE TUDO VOLTAR AO NORMAL! – saiu voando do local.
Pouco mais de dois minutos depois, Natsu estava a sós com Lisanna no terraço da escola.
Natsu – O-O que você quer... Falar comigo? – indagou enquanto via as costas da albina.
Lisanna se virou para o rosado –... Eu quero sua resposta.
Natsu forçou um sorriso – R-Resposta? Resposta de que mesmo?
Lisanna – Seus sentimentos em relação a mim, ainda são os mesmos? – voltou a perguntar – Você ainda me ama?
O rosado corou violentamente – M-M-Meus sentimentos p-por você... – travou por alguns segundos – Vamos, diga! Diga que você ainda a ama! DIGA! – logo continuou – Meus sentimentos por você...
No mesmo instante Lucy atravessou a porta – NATSU! – gritou o nome do rosado ao chegar ao local.
Natsu – Mudaram sim! – respondeu completamente vermelho – Eu disse... Espera... Ahn?
O silêncio tomou conta do local, apenas o vento fazia alguns ruídos ao passar por ali.
O rosado então viu a expressão que a albina tinha em seu rosto enquanto seus cabelos, mesmo que curtos, dançavam com o vento.
Sem conseguir esconder sua tristeza, Lisanna ficou cabisbaixa, não conseguindo mais encarar Natsu nos olhos – E-Entendo... Mas eu sabia... Que tinham mudado... Afinal, como você poderia continuar a me amar, se eu lhe rejeitei e não fiquei mais por perto.
Natsu não sabia o que dizer, aquelas duas palavras ditas antes não eram as que ele queria dizer.
Lisanna –... Você... – levantou o rosto – Encontrou outra pessoa, certo? – tentou sorrir gentilmente ao perguntar.
Natsu se surpreendeu –... Sim! –a respondeu – NÃO! NÃO! NÃO! QUEM EU ENCONTREI? PORQUE ESTOU DIZENDO ESSAS COISAS? O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – não conseguia entender, parecia estar respondendo automaticamente.
Lucy, com os olhos brilhando e um sorriso incondicional no rosto, apenas assistia a tudo aquilo.
Lisanna – Eu imaginei – continuou com o sorriso no rosto, mas dessa vez foi Lisanna quem chorou –... Me desculpe! – tentou conter as lágrimas que escorriam por seu rosto – Não era pra eu estar chorando...
Ver aquilo partia o coração de Natsu, mas o mesmo não sabia o que fazer depois de ter dito tudo aquilo.
Lisanna – Eu não podia... Estar chorando... Fui eu quem... Lhe deu o fora – começou a falar em meio ao choro – Fui eu quem não quis... Um relacionamento, mesmo que fosse a distância... Me perdoe... Por estar chorando na sua frente, é só que... Dói saber... Que a pessoa que amo, não me ama mais – surpreendeu tanto o rosado quanto a loira.
Apesar de tudo, Lucy podia sentir a dor que albina estava sentindo.
Natsu nada disse, apenas se aproximou da garota e a abraçou, a confortando.
Horas depois, já no fim das aulas, Gajeel e Jellal viram Lisanna deixar a sala completamente abatida.
Gajeel – O que aconteceu com ela? – se preocupou.
Jellal – O que você fez Natsu? – indagou ao encarar o amigo seriamente.
Mas Natsu nada respondeu – O que aconteceu lá em cima? – ainda não conseguia compreender – Eu queria dizer que meus sentimentos por ela ainda eram os mesmos, mas saiu o contrário... Quis dizer que não havia encontrado nenhuma outra pessoa, mas mesmo assim... – suspirou – Eu a magoei... Eu quero ficar com ela! Mas ao mesmo tempo, não quero...
Lucy, que até então flutuava sobre o rosado, viu o mesmo se levantar rapidamente e sair correndo do local – Ele lá vai fazer merda! – saiu voando atrás do mesmo.
Jellal e Gajeel se entreolharam – Vamos! – sorriram, correndo atrás de Natsu.
O rosado só alcançou a albina no portão da escola – Lisanna! Espera! – fez a garota parar e se virar para ele.
Lisanna – O que foi? – não entendeu direito.
Natsu – Saia comigo! – pediu em um tom mais alto, chamando a atenção das pessoas que passavam ao redor – Eu consegui dizer agora...
Lisanna – Eh?
Lucy – O QUE? – se indignou.
Natsu – Venha a um encontro comigo! – insistiu.
De longe Gajeel e Jellal assistiam a tudo enquanto Lisanna demorava a responder, parecendo surpresa.
Gajeel – O Natsu tomou uma iniciativa? – não conseguiu acreditar.
Jellal – Por que está tão surpreso? Da ultima vez foi assim também... – o respondeu.
Gray – O que está acontecendo? – perguntou calmamente ao chegar junto de Sting.
Jellal – Natsu está chamando a Lisanna pra sair – explicou, e no mesmo instante Sting e Gray se esconderam com os outros dois.
Lisanna –... Não – finalmente respondeu ao rosado, surpreendendo ele e a loira.
Lucy/Natsu – Ela recusou? – não puderam acreditar.
Natsu – P-Por que não? Você não disse que gostava de mim? – começou a ficar sem graça, já que as pessoas ao redor estavam olhando.
Lisanna – Sim – abriu um sorriso triste – Eu te amo... Mas você não sente o mesmo por mim... Você ama outra pessoa, não?
Natsu – QUE PESSOA? EU NEM SEI QUE PESSOA É ESSA! – se indignou – E o que garante que eu não possa lhe amar de novo?
Lisanna não respondeu a aquela pergunta –... Me desculpe, mas eu não posso – se virou e correu do local, deixando o rosado sozinho.
Distante de Natsu, os quatros amigos do mesmo apenas seguravam a risada.
Gray – D-De novo! – se segurava pra não rir.
Jellal – E da mesma... Garota – estava no mesmo estado do amigo.
Sting – E-Eu não posso... Rir – fazia de tudo para se segurar.
Após ficar parado no local por alguns segundos, ouvindo os risinhos e os cochichos ao seu redor, Natsu deixou o local calmamente, enquanto Lucy apenas o seguiu.
A loira via que quanto mais distante da escola eles ficavam, mais difícil ficava para o rosado esconder sua frustração e sua tristeza.
Lucy – Natsu... – queria poder fazer algo, queria poder abraça-lo, mas não conseguia.
Ao chegar em seu apartamento, Natsu viu Wendy sentada em seu sofá, mexendo no notebook.
Natsu – Estou em casa – informou.
Wendy se virou para encarar o rapaz – Bem-vindo – o recepcionou.
Natsu – Encontrou alguma informação sobre seus pais? – indagou calmamente, não demonstrando o que estava sentindo naquele momento.
Wendy – Eu procurei por tudo que era site que podia, procurei nas redes sociais, mas só encontrei uma coisa... – comentou.
Natsu – Que ótimo! Você os encontrou? – fingiu um tom animado ao ir até a cozinha, ouvindo a garota confirmar – E onde eles estão?
Lucy, que havia ficado na sala, se espantou com a expressão da pequena – Wendy?
Wendy –... Estão do outro lado do país... – o respondeu – Em um cemitério.
O som de copo se quebrando foi ouvido.
Lucy via as lágrimas escorrerem dos olhos opacos de sua pequena amiga, até Natsu parar em frente à menina.
Wendy – A-Ao que parece... Eles morreram... Em um acidente de carro – explicou sem demonstrar nenhum sentimento, apesar de seus olhos sem vida e das lágrimas que escorriam incessantemente por seu rosto.
O rosado se sentou ao lado da pequena no sofá, a abraçando logo em seguida.
Natsu –... Perdão – apertou ainda mais o abraço.
Finalmente o rosto de Wendy se fechou – P-Por que está pedindo perdão? – perguntou ao afundar a face no ombro do rapaz.
Natsu – Por não saber o que lhe dizer... Por não saber o que fazer para lhe confortar nesse momento – a respondeu gentilmente.
Lucy, sem poder fazer nada, chorava enquanto via aquele abraço, queria poder confortar à pequena também, mas não podia.
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