História A Loira que apenas EU posso ver - Papéis Trocados

As horas haviam se passado, e com o céu já tomado pela escuridão da noite, Lucy começou a ficar com medo.

Lucy – Onde está aquele idiota? – murmurou pra si mesma em meio ao escuro –... Eu não sei como ligar o gerador, e esse escuro... E se algum bicho entrar na casa? – não demorou muito para que o corpo da loira se arrepiasse por inteiro ao ouvir a porta da frente ranger, como se estivesse sendo aberta lentamente –... Olha o bicho ai! – logo em seguida pode ouvir aquela voz familiar chamar por seu nome.

Natsu –... Lucy? – chamou em meio a todo aquele silêncio.

A loira que até então se escondia no quarto, ao lado da cama, se levantou rapidamente, mas andou com cuidado, já que não conseguia enxergar nada a sua frente.

Lucy –... Natsu? – o chamou ao sair do quarto, e logo se assustou ao sentir o garoto segurar seu braço.

Natsu – Estou aqui... Vou ligar o gerador, só me espera – falou com a voz um pouco baixa.

Lucy – O que deu nele? – pensou ao sentir que o garoto já não estava mais por perto.

Após pouco mais de dois minutos, Lucy pode ver as luzes de toda casa se ascenderem, enquanto um barulho de motor podia ser ouvido do lado de fora.

Lucy – Ohhhh... A Luz! – finalmente pode relaxar, mas ao ver Natsu voltando pela cozinha, sentiu seu coração pular uma batida e seus olhos se arregalarem – O... O-O que aconteceu? – indagou preocupada, andando rapidamente até o garoto ao vê-lo com a camisa rasgada e toda ensanguentada, enquanto uma das mãos do mesmo até pingava sangue.

Natsu – Eu... Fui atacado por um urso – respondeu em um tom mais fraco.

Lucy – U-URSO? – se surpreendeu.

Natsu – S... Sim – no mesmo instante em que respondeu, o garoto perdeu a consciência, despencando ao chão.

Lucy – Natsu! – se assustou.

Pouco mais de uma hora depois, Natsu já estava deitado sobre a cama arrumada.

Lucy – Idiota, idiota, idiota – murmurava enquanto encarava o garoto dormindo quase nu – Quase me matou de preocupação... Ainda tive que lhe limpar e te arrastar até aqui – levou os dedos próximos à ferida no peito do rosado – Por sorte encontrei uma caixa de primeiros socorros... Então pude dar uns pontos... Mas seria melhor leva-lo ao hospital, pois se infeccionar... – soltou um longo suspiro –... Você é realmente um fracasso em pessoa – murmurou consigo mesma, deslizando a mão do peito para o abdômen do rapaz –... Pelo visto não iremos jantar hoje – soltou uma pequena risada, se levantando da cama logo depois –... Agora posso tomar um banho... Depois eu volto pra ver se você ainda está vivo – brincou, deixando o quarto logo em seguida.

Na manhã seguinte, em meio ao canto dos pássaros e dos finos raios de sol que adentravam no quarto, Natsu finalmente despertou.

Natsu – Ahn? – não entendeu o que estava, ou o que havia acontecido –... Eu não estava tentando fugir de um Urso? – murmurou consigo mesmo –... Não me lembro do que aconteceu... Nem como cheguei aqui... – pode sentir a dor em seu peito e mão – Ah... – finalmente viu os curativos, vendo também Lucy deitada sobre metade de seu corpo, diferente do habitual, já que a mesma sempre ficava sobre ele todo.

Lucy –... Bom dia – murmurou sonolenta – Como você está?

Natsu – Acho que vou viver – a respondeu calmamente.

Lucy –... Pode me dizer o que aconteceu? – indagou com a cabeça ainda deitada sobre o peito do garoto.

Natsu – Com muito custo eu consegui pescar um peixe... Mas um urso o quis, então nós brigamos por ele – explicou.

Lucy – Brigaram? – soltou uma pequena risada – Essa luta parece ter sido bem unilateral... – brincou.

Natsu – Acredite, eu o cansei bastante... – falou em um tom convencido.

Lucy – Claro, em compensação, ele apenas comeu seu peixe como também quase te comeu – respondeu sarcasticamente.

O silêncio se instalou entre eles.

Natsu –... Perdão – chamou a atenção da loira – Devo ter lhe preocupado, certo?

Lucy –... Só um pouquinho – se aconchegou ainda mais sobre o garoto –... As coisas estão bem difíceis pra nós ultimamente, né? – soltou um leve suspiro – Nossos amigos, meu pai, a fuga e agora isso de termos que viver sozinhos sem as mordomias as quais estamos acostumados...

Natsu –... Mas será por pouco tempo – respondeu calmamente –... Falando em mordomias, ontem eu não jantei e... Estou morrendo de fome.

Lucy – Eu não fiz nada – respondeu de imediato.

Natsu –... Imaginei – murmurou com uma gota na cabeça – Limpou a casa pelo menos?

Lucy – Vou ter que repetir? Eu não fiz nada – falava calmamente, sem se importar.

O rosado então se indignou – Eu... Lá fora... Tendo que lutar contra um urso pra trazer algo para você comer... E você simplesmente não fez nada? – não recebeu nenhuma resposta –... Acho que teremos que rever nossa relação.

Lucy – Ah, eu nem te contei... Eu achei um gato... AZUL! – exclamou, ignorando Natsu completamente.

Natsu –... Não me ignore – suspirou, fazendo com que o local voltasse ao completo silêncio.

Lucy –... Dessa forma, não sei se duraremos um mês – comentou em um tom mais sério – Eu sou um fracasso como “dona de casa” e você é como se fosse rejeitado pelo mundo lá fora...

Natsu –... E o que podemos fazer? Falar com seu pai, ver se ele muda de ideia? – indagou calmamente.

Lucy – Não... Eu sei que ele não vai nos ouvir – o respondeu.

Natsu –... E... Há coisas que até eu posso fazer – falou um pouco incomodado.

Lucy deu uma pequena erguida em seu corpo, abrindo um sorriso sacana – Me diga então... O que você pode fazer?

Natsu – Eu posso cuidar de uma casa melhor que você! – respondeu seriamente, surpreendendo a loira, a deixando um pouco indignada também.

Lucy – P-Pode até ser, m-mas eu posso caçar melhor do que você! – falou no mesmo tom do garoto, o que os fez se encararem em silêncio, durante alguns segundos.

Natsu –... Então façamos isso – deixou a garota um pouco confusa – Eu cuido dos deveres domésticos e você sai para conseguir coisas para comermos.

Lucy – VOCÊ SÓ ESTÁ COM MEDO DO URSO! E ESTÁ QUERENDO ME JOGAR PRA CIMA DELE TAMBÉM! – exclamou em um tom mais revoltado.

Natsu – O que? – fingiu tom de surpresa – Como se eu fosse fazer isso! – logo deu um leve suspiro – E não é como se o urso fosse aparecer toda hora... Apenas não tive sorte ontem – explicou – E além do mais, tem a arma... Se quiser leva-la para se proteger...

Lucy estreitou os olhos –... E por que você não fez isso?

Natsu – Pois eu não esperava encontrar com um urso – respondeu com uma gota na cabeça.

A loira continuou a encarar o rosado, desconfiando das reais intenções do garoto.

Natsu – Se não quiser, é só você se esforçar pra cuidar da casa... – jogou, para que Lucy aceitasse aquela ideia.

Lucy – Prefiro ir caçar – informou diretamente – Cuidar de casa é muito chato, e eu não sei fazer nada disso... Talvez lá fora eu seja mais produtiva.

Natsu – Então é melhor você já ir saindo... Estou morrendo de fome sabe? – falou calmamente.

Lucy – Já entendi... – soltou um longo suspiro, se pondo de pé ao lado da cama –... Mas quando eu chegar, quero ver essa casa limpinha... QUERIDA – deu ênfase na ultima palavra, deixando o quarto logo em seguida.

Natsu –... Não estás exigindo muito de uma pessoa ferida? – murmurou consigo mesmo um pouco chateado.

Algum tempo depois, já próximo ao horário do almoço, o rosado já caminhava pela casa, vendo que a mesma não estava tão suja. Havia apenas um pouco de pó sobre as mobílias, sujeira no chão e alguns respingos de seu sangue no local em que havia caído, onde Lucy não tinha conseguido limpar direito.

Natsu – Não está muito difícil... Acho que consigo fazer tudo até o pôr do sol... Acabei acostumando já que no apartamento eu é quem tinha que fazer tudo – se lembrou de que a loira não fazia nada –... Mas vamos ver o que ela vai trazer para nós... Melhor eu procurar algo para eu comer... Na dispensa... Já que ela deve comer algumas frutas na floresta... – murmurou consigo mesmo.

O dia pareceu passar rapidamente para os dois jovens. Natsu limpava toda a casa de forma animada, mesmo tomando cuidado com seus ferimentos, nem mesmo ele entendia o porquê daquilo. Já Lucy subia em diversas árvores frutíferas, como uma criança sem medo, se divertindo com toda aquela liberdade.

Lucy – Peguei alguns peixes e vários tipos de frutas... – comentou sentada, encostada em uma arvore enquanto encarava uma bolsa com os alimentos –... Não entendo como o Natsu teve tanta dificuldade... Talvez eu devesse tentar caçar algumas aves ou até mesmo outro animal... – pensou por alguns instantes – Não... Mesmo tendo uma arma... Eu não teria coragem de atirar – suspirou – Bem... – se colocou de pé, botando a bolsa pesada em suas costas – Melhor eu voltar, daqui a pouco escurece... Ainda bem que não me esqueci de marcar o caminho para voltar, essa floresta é enorme – murmurou já seguindo as marcas que havia deixado para trás – Acabei encontrando locais bem interessantes... Um lago bom para nadar, uma área aberta que dá até para tirar um cochilo e um pomar... Um lugar que só há frutas, até mesmo em galhos baixos... Como o Natsu não sabia sobre esse local? – se perguntou enquanto caminhava tranquilamente –... Por sorte não encontrei o urso que atacou o Natsu...

Com o sol já se pondo, a loira finalmente chegou em frente à porta de casa.

Lucy –... Estou quebrada... Preciso de um banho e um bom descanso – falou consigo mesma – Mas de alguma forma o dia foi bom... Não pensei tanto nos problemas, já que estava focada em outras coisas... – abriu a porta normalmente – QUERIDAAAA CHEGUEI! – exclamou com uma voz mais grossa e um tom brincalhão ao entrar na casa.

Mas logo em seguida os olhos da garota se arregalaram e a mesma ficou boquiaberta ao ver que Natsu já a esperava.

Natsu – Seja bem-vindo querido – respondeu em um tom afeminado – O que você quer? Jantar? Tomar um banho, ou... – deu uma leve corada – Eu? – indagou vestindo apenas um avental sobre seu corpo praticamente nu.

Lucy corou violentamente, deixando a bolsa cair de suas costas –... O-O-O que v-você está fazendo?

Natsu – Ahn? – fingiu não entender.

Lucy – P-P-Por que... P-Por que está vestindo só um avental? – indagou completamente envergonhada.

Natsu – Ah, isso? – olhou pra baixo, vendo a peça – Eu estava limpando casa, mas comecei a ficar com calor, então resolvi tirar a roupa... E como fui lavar algumas louças que estavam empoeiradas, coloquei o avental – explicou calmamente – Mas olhe... – se virou rapidamente, podendo ouvir um pequeno grito da loira –... Eu ainda estou de cueca.

Lucy – D-De qualquer forma... Vai colocar uma roupa! – exclamou ainda corada.

Natsu – Ora... – tornou a se virar para a loira, abrindo um sorriso malicioso – Então quer dizer que você achou que eu estava nu? Seria você... Um pervertido? – voltou a fingir um tom feminino, brincando com a garota.

Lucy –... N-Não seja idiota! – exclamou ainda sem graça – E-Eu trouxe algumas frutas e peixes – mudou rapidamente de assunto – E-Enquanto eu tomo banho, prepare algo para comermos... QUERIDA! – passou apressadamente pelo garoto, deixando a bolsa na porta, mas antes, se virou para ver as costas do rosado, ver o bumbum que ela tanto admirava quando ainda estava amaldiçoada.

Após apenas alguns minutos, a loira já terminava de se despir para que assim pudesse entrar de baixo de chuveiro. Mas assim que girou a torneira, ouviu a porta do banheiro ser aberta.

Lucy – O-O que? – se virou rapidamente, pegando a toalha e se cobrindo – POR QUE ESTÁ AQUI? – bradou completamente corada ao ver o rosado adentrar o local apenas com uma toalha enrolada em sua cintura e com o peito enfaixado por causa do ferimento.

Natsu – Ora querido... Você se esforçou tanto hoje... Então vim lavar suas costas – soltou uma pequena risada, se aproximando ainda mais da loira.

Lucy – N-Não precisa! – se afastou um pouco, mas logo sentiu suas costas tocarem a parede.

Natsu – O que foi? Eu só vou lavar suas costas – soltou uma pequena risada, cercando a garota com os braços – Ah não ser... – se aproximou da orelha da loira – Ah não ser que você queira algo mais – sussurrou sensualmente.

Lucy já não sabia mais como reagir nem o que falar, apenas se tampava com a toalha –... Natsu...