Capítulo 4 – Criança abusada e...
Um convite?
Não pensei duas vezes e me joguei na cama de Tae para chorar, socando o travesseiro com toda a força possível e recebendo um olhar de assustado de Jungkook. Eu realmente fiquei brava, mas não pelo meu irmão mais novo e sim por mim mesma, fui tão idiota em tratá-lo daquele jeito... Tá, é normal que eu pense nele como meu eterno bebê, mas eu não precisava forçar a barra e muito menos fazer isso na frente do amigo dele! Não é só vergonha pra ele, pra mim também é completamente vergonhoso por agir tão infantilmente.
— Hã... - Jungkook diz sem saber o que fazer, enquanto eu continuava chorando baixinho com a cara enfiada no travesseiro. - Você quer algum conselho? Porque eu realmente sou horrível nisso e...
— Eu sou uma idiota! - Dou um grito que é abafado pelo meu próprio braço.
— Hã... - Sinto um peso maior na cama e uma mão em minhas costas. - Eu não te conheço direito, mas eu sei que você não é uma idiota. - Ele diz e acaricia-me, me deixando assustada e mais calma ao mesmo tempo.
— Não precisa me consolar, Jungkook, e muito menos ter dó de mim. - Ergo meu rosto todo inchado e molhado para encará-lo, o mesmo mantinha sua mão em minhas costas e os olhos sobre minhas pernas. Acabei ignorando esse último fato. - Vai atrás do Taehyung e vê se ele precisa de alguma coisa. - Ele nega com a cabeça e arregalo os olhos. - Por que não está me obedecendo? - Me viro de frente para ele, me sentando na cama.
— Seu outro irmão já está lá. - Fecho os olhos. Tudo o que eu menos queria era Nam se infiltrando no meio. - E ele pediu que eu ficasse aqui com você. - Arregalo os olhos. Como é que eu não vi isso acontecer?!
— E o que você tem de bom pra fazer com uma adulta que maltrata o irmão adolescente mais novo e ainda por cima chora na frente de um qualquer? - Pergunto exaltada e ele prensa os lábios, levando o olhar para minhas pernas. - Com licença, meus olhos ficam bem aqui! - Aponto para a minha cara e ele dá um pequeno sorriso.
— Acho que eu deveria te consolar? - Ele pergunta meio indeciso e me jogo novamente na cama, fechando os olhos e me matando por dentro.
— Ótimo, agora um adolescente vai me dar lição de moral e ainda por cima me consolar, que decadência, Jung-Hee... - Nego com a cabeça e logo sinto um peso sobre meu corpo. Ao abrir os olhos, me deparo com Jungkook sorrindo de canto e me encarando com segundas intenções. - Oh, não! - Murmuro para mim mesma assustada e ele chega mais perto de minha orelha, sussurrando.
— Eu posso te consolar de um jeito que você nunca vai esquecer. - Engulo em seco. Deus, esse garoto nem saiu das fraldas direito e sabe dizer uma frase dessas de um jeito que me deixa fora dos eixos...
— Do que é que você está falando, Jungkook? - Digo aflita e sem mover um músculo, o que era tremendamente difícil de se fazer.
— Alguma coisa parecida com isso... - Ele lambe toda a minha orelha e a morde no final, me fazendo erguer violentamente e encará-lo arregaladamente.
— Jungkook, por favor. - Tampo sua boca com uma das mãos. - Para que tá feio. - Me afasto dele, porém o idiota continuava com a mesma cara. - Acho que você não entendeu o sentido de consolar que eu quis dizer... - Passo as mãos no cabelo e ele volta a olhar para minhas pernas.
— E se eu te dissesse que o meu dicionário é completamente diferente? - Ele engatinha um pouco até chegar em mim e meu coração começa a pulsar rapidamente. Alguém me explica o problema dessa criança?
— Jungkook... - Ele coloca um indicador na frente da minha boca e sussurra.
— Ninguém precisa saber de nada, noona... - Me arrepio por inteira e assim que escuto alguém batendo na porta dou um pulo da cama, saindo de perto do idiota e a abrindo.
— Hee? - Namjoon me pergunta um pouco assustado. - O que aconteceu contigo? - Ele coloca a cara para dentro do quarto e arregala os olhos, me puxando para o corredor. - O que foi que aconteceu nesse quarto? - Ele cruza os braços e fica me encarando feio.
— O-o quê? - Merda. Por que foi que eu gaguejei? - Não é nada do que você está pensando, Nam... - Ergo as mãos em redenção e ele dá um pequeno sorriso.
— Ah, sua pervertida... Se aproveitando do moleque? - Arregalo os olhos e nego com a cabeça, fazendo o mesmo rir. - Calma, eu te conheço... Se você fosse fazer alguma coisa com ela, com certeza eu iria ouvir tudo daqui do lado. - Dou um tapa em seu ombro e ele ri mais ainda.
— E o Tae, como ele está? - Ele suspira alto.
— Chorando. - Tapo minha boca com as duas mãos. - Está se culpando o tempo inteiro por ter gritado com você, se xingando de idiota e deu uns bons murros no meu travesseiro.
— Ah meu Deus. - Digo num fio de voz. - Eu vou atrás dele. - Nam afirma com a cabeça e saio correndo até o quarto do meu outro irmão, já vendo Taehyung e o abraçando fortemente. - Oh, Tae... - Ele chora em meu ombro como um neném.
— Desculpa, noona... - A voz dele me fez derreter. - Eu não... Eu não deveria ter sido tão grosso com você... - Beijo sua testa e o aperto ainda mais em meus braços.
— Eu que tenho que me desculpar por ser tão infantil... - O pego pelos ombros para que pudesse encará-lo. - Eu prometo que vou parar com essas coisas e vou te tratar com um homenzinho, viu? - Ele dá um grande sorriso e beija minha bochecha. - Você sabe que eu te amo, né? - Ele afirma com a cabeça e aperta mais ainda o nosso abraço.
— Eu também te amo, noona... - Ele sussurra em meu ouvido e acabo ficando arrepiada. O jeito que ele me chamo ficou idêntico ao de Jungkook, e fui obrigada a relembrar o que tinha acontecido há alguns minutos.
Merda. Por que aquele garoto tinha que fazer aquilo?!
[...]
— ♫ Nan kkaeeona kkaman bamgwa hamkke... Da deureowa damen nugu charye... Han chi apdo bol su eopsneun makjang gerilla... Gyeongbaehara mokcheongi teojige... ♫ - Estava eu, cantando meu maravilhoso Big Bang e passando pano pelo chão, quando de repente a campainha começa a tocar loucamente, me fazendo sair correndo para a porta. E quando a abro, levo um belo de um susto.
— Senhor Min? - O que Yoongi estava fazendo na porta de minha casa e me vendo toda soada e com as roupas grudadas? E ainda mais com aquele terno preto e seu cabelo descolorido maravilhoso? Deus, isso é muito vergonhoso...
— Me desculpe não ter ligado ou qualquer coisa assim... - Ele diz enquanto coçava a nuca.
— Quer entrar? - Ele afirma com a cabeça e abro a porta para que o mesmo passasse. - Só... Não ligue muito para a bagunça, eu estava terminando de limpar o chão da sala. - Ele afirma com a cabeça e se senta no sofá.
— Nossa... A senhorita mora sozinha? - Ele pergunta enquanto encarava a lata de roupa suja lotada. - Ou o seu namorado está aqui? - Dou uma pequena gargalhada e nego com a cabeça.
— Eu moro com os meus irmãos mesmo... Três, pra ser mais exata. - Ele fica de queixo caído.
— Nossa... Você deve ter muita paciência. - Dou um pequeno sorriso e ficamos nos encarando por um tempo, até que ele chacoalha a cabeça e quebra o silêncio. - Enfim, eu vim aqui para fazer um convite para a senhorita. - Arregalo um pouco os olhos.
— Um convite... Pra mim? - Ele afirma com a cabeça e se põe de pé à minha frente.
— Sabe, um de meus clientes me convidou para um jantar beneficente hoje à noite, assim nós acabaríamos por fechar mais um contrato. - Ele suspira alto e me olha dos pés à cabeça. - E, nesse convite, estava escrito que eu realmente precisava de uma acompanhante. - Engulo em seco. Ele não pode estar falando sério... - A senhorita aceitaria ser minha acompanhante, senhorita Kim? - Ele pergunta enquanto me encarava sério e eu até derrubo o rodo no chão.
— Eu... Eu como sua acompanhante? - Pergunta colocando a mão em meu peito e ele dá um pequeno sorriso, afirmando com a cabeça.
— Se eu tivesse uma namorada eu a levaria, e como a senhorita é uma das únicas no trabalho que converso... Pensei que seria uma boa te convidar. - Engulo em seco, já sentindo minhas bochechas esquentarem. - E então? A senhorita aceita ou acha que seu namorado não iria deixar? - Dou um pequeno sorriso.
— Senhor Min, eu não tenho um namorado para ficar mandando em mim. - Ele abaixa um pouco o olhar. - E tenho certeza que eu não o deixaria fazer algo tão patético assim. - Ele ergue seu olhar novamente, dessa vez sorrindo. - E sim, seria um prazer ser a sua acompanhante, senhor Min. - Vejo seu sorriso se estender e sinto que eu iria para o mesmo caminho do rodo.
— Então, irei buscar a senhorita hoje às sete. - Reviro os olhos, dando mais um sorriso.
— Por favor, pare de me chamar de senhorita, não estamos no trabalho! - Ergo minhas mãos e ele prensa os lábios, se aproximando mais de mim.
— Ok. Até mais tarde, então... - Ele beija minha bochecha e fico com as pernas bambas. - Jung-Hee. - Acabo por me derreter num sorriso e o acompanho até a porta.
— Até, Yoongi. - Ele sorri abertamente e segue até seu carro. O acompanho com o olhar até que seu carro suma de minha vista e fecho a porta, logo encarando o teto feito uma louca.
— Quem estava aí, Hee? - Apenas escuto Seokjin falando, pois eu não tinha mais consciência para pensar em outra coisa.
— Ah, meu chefe... - Digo sorridente e posso sentir sua sombra em minha frente.
— Hee... Você está bem? - Ele pergunta, colocando a mão em meu ombro.
— Estou sim, só... Me segura. - Na mesma hora eu acabo indo direto para o chão. Merda. Era pra ele me segurar, caramba! - Eu tô bem. - Acabo me pondo de pé, e desta vez estava melhor.
— Tá, eu vou fingir que isso é normal... - Seokjin diz me olhando assustado. - E o que o seu chefe queria contigo em pleno sábado? - Novamente dou mais um sorriso.
— Ah, ele veio me convidar para um jantar beneficente que um de seus clientes o convidou para hoje à noite... - O olho animada. - E ele pediu para que eu fosse sua acompanhante! - Seokjin dá um pequeno sorriso.
— Então quer dizer que nossa pequena vai desencalhar?! - Namjoon aparece do nada na cozinha e começa a rir. - E olha, com alguém realmente de outro patamar... - Reviro os olhos.
— Nam, por favor, ele veio me chamar porque sou do trabalho e iria ajudar ele com as papeladas depois! - Ele me encara por um tempo.
— Duvido muito. - Uma almofada logo vai voando em sua direção, acertando sua bunda. - Ei!
— Vocês tem que aprender a parar de se intrometer na minha vida amorosa... - Digo voltando para meu rodo e terminando de limpar o chão.
— Nós iríamos se você pelo menos tivesse uma vida assim... - Taehyung também surge do além, caçoando da minha cara. Ai, como eu odeio esses três!
— Será que alguém nessa casa ainda tem coração pela irmãzinha querida?! - Os três se explodem na risada e dou uma rodada na bunda de cada um. - Se continuarem assim, eu juro que sumo daqui! - Taehyung revira os olhos.
— Não me venha com essas frases clichês de mãe, Hee... - Ele recebe mais uma rodada e vai até seu quarto rindo.
— Aish, essas crianças... - Murmuro para mim mesma e jogo toda a sujeira no lixo. - Prontinho. - Limpo as mãos uma na outra e as ponho na cintura. - Agora eu só preciso lavar a roupa... - Pego a lata de roupas sujas, porém ele realmente era pesado. - Aish, que troço pesado! - Quando eu iria tentar novamente, sinto um corpo quente se esfregando no meu e duas mãos ao lados das minhas, me ajudando a erguer aquele negócio. - Ah, obrigada... - Me viro para a pessoa e me assusto assim que encontro Jungkook muito perto de mim. Mas esse garoto tá achando que aqui é a casa da mãe Joana?!
— De nada, noona... - Seu hálito quente se instala em toda a minha face e sinto meus pelos arrepiados. Ele ergue a cesta e vai em direção até a lavanderia, me fazendo ir atrás com a pele ardendo.
— Aish, essa criança abusada...
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