História A Louca Vida de Kim Jung-Hee - Capítulo 8 - O Dramático Irritante

Capítulo 8 – O Dramático Irritante 

— Ah, digamos que eu tenho um grande laço com o Sherlock Holmes e demorei séculos pra conseguir o seu número, uvinha... - Reviro os olhos e subo para o meu quarto ao som dos cochichos entre meus dois irmãos. 

— Park, para de graça e responda a minha pergunta! - Escuto sua gargalhada e dou uma checada no quarto de Taehyung, onde os dois dormiam feito anjinhos. "Coisa que Jungkook literalmente não é!", pensei para mim mesma. - Como conseguiu meu número? - Ele ri mais um pouco e estala a língua. 

— Apenas entrei no seu trabalho e pedi para uma das atendentes. - Arregalo os olhos. Qual o problema desse baixinho? - Devo completar que eu iria preferir mil vezes que você fosse a atendente, nossa, eu iria para lá todos os dias só pra dar uma olhada em suas pernas... 

— Cala a boca. - Digo sem paciência e tranco a porta de meu quarto. - Só responde minha pergunta logo, porque eu realmente preciso ir dormir logo. - Ele suspira alto. 

— Tudo bem, princesa, eu vou te responder... - Reviro os olhos e me deito na cama. - Bom, eu vi os seus olhares com o branquelo ontem na festa, e achei que como eu te roubei da companhia maravilhosa dele, eu deveria me redimir e te ajudar. - Franzo a testa. Ele está bêbado? Cheirou alguma coisa? Usou drogas ilícitas? Porque ele não está falando coisa com coisa... - Vou te ajudar a conquistar seu albino preferido! - Arregalo os olhos. 

— Como é que é?! Do que você está falando?! - Ele começa a rir feito uma hiena e escuto um som de colchão, provavelmente ele tinha se jogado na cama. 

— Vou te ajudar com Min Yoongi, uvinha. - Fecho os olhos e começo a negar com a cabeça. - E não adianta dizer não, amanhã mesmo eu vou aparecer lá no seu emprego e pedir para te liberarem mais cedo, assim você recebe minhas lições e ao mesmo tempo você vai para a faculdade. - Eu estava tão chocada com a atitude dele, que descartei a ideia dele saber que eu faço faculdade. 

— Jimin, pare com essas brincadeirinhas idiotas. Eu nem quero ficar com Yoongi, ele pode ser gentil e educado, mas... - Escutei a risada diabólica de Park no mesmo instante. - E você, Jimin, pare de ficar rindo da minha cara, que coisa mais idiota, você realmente quer... - Na hora começo a ouvir o "bi bip", sinal de que a ligação foi encerrada. - ... Jimin? - Fico sem resposta e bufo nervosa. - Aish, que cara irritante! 

Sem mais nem menos, jogo a coberta por cima do corpo e me ponho a dormir. Precisava reforçar minhas energias para aguentar Park Jimin amanhã. 

[...] 

— Bom dia, senhor Min. - Digo assim que o mesmo entra no elevador comigo. 

— Bom dia, senhorita Kim. - A porta se fecha e o clima começa a pesar, parecia que ele queria dizer algo para mim porém não conseguia. - Hã... Senhorita Kim? - Levo meu olhar para o seu, encontro sua face meio corada. - Você gostou da festa? - Afirmo com a cabeça. - Que bom. - Ele suspira alto. - Eu nem ao menos elogiei sua roupa mais de uma vez... - Dou um meio sorriso e abaixo a cabeça. - Estava terrivelmente linda, senhorita Kim, eu deveria ter dito isso a noite inteira. - Sinto minhas bochechas esquentarem mais ainda. 

— Obrigada, senhor Min. - Ele sorri e, de súbito, sinto sua mão em meu queixo e o mesmo o erguendo para que eu pudesse o encarar. 

— Senhorita Kim... - Meus olhos vacilam e vão em direção aos lábios de Yoongi, quase me fazendo fraquejar para o chão. - Sabe, eu não te dei a atenção necessária na festa, acabei te deixando de lado e Park veio encher o seu saco. - Volta a olhar em seus olhos, o mesmo queria demonstrar que estava decepcionado consigo mesmo. - Então, eu... 

No mesmo instante, as portas do elevador se abrem e rapidamente me desprendo dele para que meus colegas de trabalho não pensassem errado sobre toda a situação. Yoongi se assustou um pouco com o som do elevador, mas calmamente se distanciou de mim. 

— Até mais, senhor Min, e tenha um bom trabalho. - Nem espero ele me responder e já sigo meu caminho até minha mesa, jogando o cabelo para a frente do rosto para tentar esconder toda a área quente e vermelha de minha pele. 

Deus, por que Min Yoongi tinha que causar esse efeito em mim?! 

[...] 

Passando-se quatro horas arrumando as papeladas e atendendo alguns telefonemas, ergo o olhar ao escutar o sino do elevador e dar de cara com Yoongi, que cumprimenta todos do andar e segue em direção até minha mesa. Ai. Meu. Deus. 

— Precisa de alguma coisa, senhor Min? - Ele nega com a cabeça e se senta à minha frente, entrelaçando as mãos e chegando mais perto de minha cara para sussurrar. 

— Sabe, Jung-Hee, tem uma coisa que não sai da minha cabeça e preciso resolver isso imediatamente. - Não sei qual parte que me fez tremer um pouco, se foi as duras palavras que utilizou num tom gélido, ou se foi o simples fato de que ele me chamou pelo meu próprio nome. - Será que eu poderia fazer isso agora? Está muito ocupada? - Suspiro baixo, já começando a surtar pelo assunto ser referido à mim. 

— É... - Recebo uma mensagem no celular na hora, desbloqueio o celular e assim que meus olhos batem no ser que estava me enchendo saco, volto a dar atenção para meu chefe. - Claro, senhor Min. - Dou um pequeno sorriso e ele nega com a cabeça. 

— Por favor, me chame de Yoongi agora, não é um assunto que envolve o trabalho. - Engulo em seco, e recebo mais uma mensagem. Apenas finjo que não era nada, sem tirar os olhos de Min. 

— Tudo be, Yoon... - Mais uma notificação e apenas respiro fundo. - Ok, ent... - Mais uma mensagem e estalo a língua, colocando o celular sobre a mesa. - Sobre o que o se... - Do nada, começo a receber várias mensagens, Yoongi me olha preocupado, depois encara o celular, e volta a me olhar erguendo uma sobrancelha. 

— Tem certeza que não está ocupada? - Começo a afirmar com a cabeça, mas o ritmo de mensagens aumentou ainda mais e arregalo os olhos. 

— Posso apenas ler as mensagens e logo voltamos a conversar? - Ele afirma com a cabeça e leva sua atenção para o próprio celular. 

Insiro minha senha correndo na tela e já começo a ler as mensagens, quase tendo uma convulsão pelo o que se tratava que Jimin queria tanto comigo. 

"Uvinha passa, já estou saindo de casa, se prepare que a sua salvação logo chega aí!" 
"Hee? Você está ocupada no serviço?" 
"Dane-se, eu vou do mesmo jeito!" 
"Ok?!" 
"Não vai me dar atenção mesmo?" 
"Ei!" 
"Você!" 
"Responde" 
"Caramba!" 
"Quer mesmo que eu seja grosso contigo?!" 
"Responda!!!" 
"Ei!" 
"K" 
"I" 
"M" 
"J" 
"U" 
"N" 
"G" 
"H" 
"E" 
"E" 
"!!!" 
"UVA" 
"PASSA" 
"EI" 
"SOLITÁRIA" 
"SOLTEIRONA" 
"PRA TITIA" 

Arregalo os olhos mais ainda. Meu Deus, pra quê tanto drama?! Desço um pouco mais a conversa e entro em choque, levando o olhar para Yoongi que continuava atento em seu celular. 

"Tudo bem, não vai me dar atenção?" 
"Pois saiba que eu já estou estacionando na frente do seu prédio, ok?" 
"Tente avisar pra que você não ficasse estressadinha, mas não, você não quis ler minhas mensagens..." 
"Agora se fode aí." 
"Entrei no prédio só pra você saber... E já avisei que você vai ser dispensada agora mesmo, e vai vir embora C-O-M-I-G-O!" 
"Tô no elevador." 
"Piso 1" 
"Piso 2" 
"Piso 3" 
"Piso 4" 

Mal leio a última mensagem, e já recebo mais uma. 

"Piso 5." 

Meu coração quase vai parar na goela quando as portas do elevador se abrem, todos os olhares vão para lá e a maioria de minhas colegas se desmancham em suspiros ao ver o sorriso que para elas era inocente e galanteador, mas para mim era como o capeta dizendo que logo me veria no inferno. Yoongi estreita os olhos, não entendo o porquê de Park estar lá e o porquê de ele estar vindo em nossa direção, mas precisamente com o olhar em mim. 

— Bom dia, senhor Min. - Ele diz seco e abre seu sorriso novamente para mim. - Vamos, Hee? - Por que raios ele me chamou pelo apelido? Ele quer morrer?! Yoongi me olhou sem entender nada, como se me perguntasse que aquilo era realmente sério. 

— Eu estou no meio de uma conversa com o senhor Min, então... - Park revira os olhos e me pega pelo pulso com força, fazendo com que eu ficasse de pé e fervendo de raiva. 

— Mas nós não podemos nos atrasar para o nosso almoço... - Ele diz num tom surpreendente, desde quando Park Jimin era tão carinhoso assim? 

— Hã... - Levo meu olhar para Yoongi, que continuava petrificado com toda a situação. - Eu... - Volto a encarar Jimin, que estava com um sorriso que poderia ser considerado normal, porém por trás dele Park dizia "é melhor aceitar logo antes que eu te pegue pelos cabelos e te leve a força!". Respiro fundo e volto a olhar Yoongi. - Vou tentar ser o mais rápida o possível e então... 

— Mas nós vamos demorar, Hee. - Jimin diz dando de ombros, e levo meu olhar indiferente para ele, querendo matá-lo logo. 

— Então, assim que terminamos o que temos para terminar, eu juro que venho o mais rápido o possível para terminarmos nossa conversa. - Meu chefe apenas dá um pequeno sorriso e afirma com a cabeça. 

— E depois eu te levo para a faculdade, certo? - Forço um sorriso. 

— É, depois você me leva para a faculdade. - Estalo a língua. - Então, até mais tarde, senhor Min. 

— Por favor, já pedi que me chame de Yoongi. - Afirmo com a cabeça e ele se levanta, chegando muito perto de mim e selando minha bochecha. Ai. Meu. Deus. Ainda bem que Park me segurou pelo braço, assim eu não desmaiaria no chão. - Até mais tarde, Jung-Hee. - Ele sussurra baixo me causando arrepios e dou um último sorriso antes que Jimin me puxasse com tudo. 

— Eu vou te matar. - Digo entredentes perto do ouvido de Park e o mesmo dá uma risada nasalada. - É sério, eu vou te matar mesmo... - Entramos no elevador e já o encaro feio, esperando por explicações. 

— Nem vem fazer essa cara feia pra mim, eu não sei se eu te dou uma bronca porque eu te avisei que eu iria vir, ou se eu bato na sua cara por ficar tão fofa assim... - Arregalo os olhos e dou alguns tapas em seu ombro. - Você sabe que está piorando as coisas, não é? - Ele diz como se eu não estivesse afetando em nada com os tapas, então tentei usar mais força ainda. - Ei, você quer me machucar ou me fazer rir de tantas cócegas? - Reviro os olhos e cruzo os braços, com raiva. 

— Você disse que iria me ajudar, mas parece que só piorou as coisas. - Fico esperando ele ficar nervoso, mas a única coisa que tirei dele foi um sorriso vitorioso. Ué, qual o problema dele? Sério, estou achando que ele realmente está envolvido com o tráfico... 

— Então você admite que quer minha ajuda com o branquelo? - Reviro os olhos e saímos do elevador, seguindo nosso caminho para o carro dele. Apenas entro e bufo assim que ele faz o mesmo. 

— Posso saber pelo menos onde vai me levar? - Digo com o olhar na janela, porém ele me puxa bruscamente pelo o rosto, com as duas mãos em cada lateral de minha cara, me fazendo tomar um susto. 

— Pro meu apartamento. - Ele sorri de canto e me solta. 

— Seu apartamento? - Pergunto indiferente e ele afirma com a cabeça. 

— Pra minha casa que não seria... - Franzo a testa. Oxi, ele é mesmo estranho... - Minha casa é muito grande, pode te assustar um pouco já que não está acostumada com isso e meus pais estão lá. - Ele dá a partida e chega mais perto de mim, sussurrando. - Precisamos ficar sozinhos. Literalmente sozinhos, só você e eu... - Ele volta sua atenção para o volante e começa a dirigir. 

Deus, aonde foi que eu fui me meter...