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História I'm still here - Five- Think about something good


Escrita por: OnlineGirl

Notas do Autor


Boa leitura📚

Capítulo 5 - Five- Think about something good


Fanfic / Fanfiction I'm still here - Five- Think about something good

                               Emily

—Vá para casa. Você tem alguém que te busque?— perguntou a diretora, distraída com alguns papéis. Por fim, tirou um da pilha, escreveu algumas coisas, assinou e me deu. Segurei-o com força, amassando a borda do papel. Eu sempre ia sozinha para casa e dessa vez não seria diferente.

—Não, eu volto sozinha.— foi a última coisa que eu falei antes de afastar a cadeira. Ela voltou a fazer alguma coisa nos papéis e não reparou quando eu peguei uma estatueta de flor da sua estante. Uma lembrancinha para casa. 

                                   ***

Estava no meu quarto e era noite, não havia jantado e estava feliz por perder aula. Não suportava toda aquela gente. Talvez tenha sido uma má ideia me mudar para a casa da Agatha, mas com quem eu ficaria? Fiz um pedido de emancipação depois da morte do meu avô, mas este foi negado por eu não ter um responsável que concordasse em assinar, por eu não ter um emprego nem para onde ir e por eu não ser considerada "madura o suficiente" para viver por conta própria. Assim, eu vim morar aqui. De qualquer forma, faltavam apenas dois anos para os 18 e eu finalmente sairia de lá. Gostava da minha tia. Era um pouco atrapalhada, mas gentil e compreensiva. Estava tentando não me sentir em casa, já que eu não ficaria lá por muito tempo. Nunca ficava. Já tinha ficado com três parentes diferentes antes do meu avô e todos não me quiseram. Eu era um fardo, uma criança que havia presenciado um assassinato, uma desgraça. Escorei meu corpo na parede, me obrigando a ficar ereta. Peguei o papel da suspensão, dobrado de qualquer jeito e jogado em cima da escrivaninha e o li. 

                         Termo de suspensão 

O aluno(a) "Emily" Cameron Denn da série 2º do Ensino médio  fica suspenso(a) por 10 dias pelo motivo:

Agrediu uma aluna fisicamente e se envolveu em uma briga com a mesma, machucando-se e machucando-a gravemente. Também disse palavras de baixo calão , fez falsas acusações muito graves e desrespeitou a diretora. Esperamos que isso não aconteça novamente.

                       Sra. Shermansky 

                          Assinatura                  07/02/2018

 

Falsas acusações? Mesmo? Incrível. Ainda bem que a excursão seria daqui a 11 dias e eu estava realmente animada para ir, pela primeira vez na minha vida. Ainda não tinha mostrado para a minha tia. Na verdade, não a tinha visto hoje, somente um bilhete escrito: Estou trabalhando. Volto tarde, mas o jantar está na geladeira, é só esquentar. Beijos, titia. Eu não queria saber o que ela fazia durante o tempo que ficava fora. Não perguntava nada e ela também não dava grandes revelações. Só voltava à tarde, cansada e eu não dizia nada. Também não queria descobrir coisas que eu não queria saber, então achava melhor deixá-la fazendo seja lá o que ela fazia. Estava há menos de uma semana aqui e estava tentando não estragar tudo novamente. Então, para relaxar um pouco, decidi sair para andar um pouco e, quem sabe, comer alguma coisa. Reuni todas as minhas forças para me levantar da cama quentinha e aconchegante, colocar os sapatos e sair do quarto, carregando minha jaqueta numa das mãos. A casa toda estava escura e não tinha cheiro de comida no ar e nem televisão ligada, sinal de que minha tia ainda não havia chegado. Olhei para o relógio, em dúvida se devia me preocupar ou não. Já eram oito horas e nada dela. Deixei um bilhete no quadro de avisos da cozinha, caso ela voltasse e saí. Lá fora estava chuviscando um pouco. Lamentei por um minuto não ter trazido um guarda chuva, mas não ia voltar para pegar. Saí do "telhadinho" da casa, sentindo as finas gotas geladas castigarem minha pele, como gelo sólido. Caminhei rapidamente, a roupa de lã já com alguns pontos molhados. Não havia muita gente na rua, mas todos os bares estavam abertos e um outro carro passava. Meu bairro não era muito movimentado, principalmente à noite. Comprei um sanduíche de atum com algum dinheiro que havia sobrado e me sentei na calçada para comer, protegendo o sanduíche com a jaqueta. 

—Olha lá a fracassada! Perdeu papai e mamãe, foi?— me virei no mesmo instante. Ambre estava sozinha, desta vez com uma roupa diferente: um vestidinho laranja de manga comprida e salto alto. Como ela ousava falar dos meus pais assim? Desta vez, não me exaltei nem dei um soco na cara dela, mesmo tendo muita vontade. Apenas voltei ao meu sanduíche com os punhos cerrados, tentando não olhar para ela. 

—Eu sei sobre os seus pais! O suicídio de 2007, em St. Louis, Missouri. Um casal se matou conjuntamente, atirando em suas cabeças ao mesmo tempo, deixando uma filha de cinco anos trancada no armário. Parece que eles se mataram para não ter que te aguentar!— gritou ela, se aproximando com um sorriso diabólico no rosto. Saí correndo, o sanduíche caindo na sarjeta. Corri até meu pulmão começar a queimar, meu vestido começar a colar no corpo com a chuva e o suor. Só parei quando estava bem longe da cidade. Era um parque, mas estava praticamente vazio. Algumas das luzes estavam queimadas, mas eu tinha que parar. Eu fugi, como uma covarde. Havia prometido à mim mesma que nunca ia fugir, me entregar à dor ou ao pânico, mas estava falhando. Me sentei em um banco com os joelhos encostados no peito e lágrimas marejaram meus olhos. Eu estava chorando. Lágrimas quentes e gordas escorriam pelo meu rosto e eu comecei a soluçar. Sentia falta dos meus pais, da minha família. Sabia que eles não tinham se matado, mas não tinha como provar. E Ambre havia estragado tudo. Eu estava começando a gostar desse lugar, mas agora só queria voltar para o aconchego da minha casa em Portland, Oregon. 

—Ei, garota! Você está bem?—levantei o olhar, imaginando como deveria estar agora. Olhos inchados e vermelhos, olhos marejados. Devia ter ficado mais de uma hora com a cabeça abaixada. Havia uma garota de mais ou menos a minha idade, com cabelos completamente brancos e azulados, vestindo um vestido rosa que mal passava das coxas e que segurava um guarda chuva amarelo e tinha outro pendurado no braço.

—Sim, eu tô. Obrigada. Foi muito gentil.— respondi fungando e limpando as lágrimas do rosto. Ela franziu o cenho.

—Tudo bem, então. Meu nome é Rosalya. 

—Emily.

—Você estuda na Sweet Amoris, não é?

—Como sabe?

—Eu estudo lá também. E vi o vídeo da briga no refeitório. Eu sinto muito.— ela estendeu o guarda chuva excedente para mim. Eu sorri. Um sorriso triste, um pouco amargo talvez, mas sorri. Estava feliz por finalmente encontrar alguém gentil, mesmo que fosse uma desconhecida. Peguei o guarda chuva, mas não abri. A chuva já estava ficando mais fina e logo ia parar. Também estava molhada mesmo. 

—Bem, eu tenho que ir. Meu namorado está me esperando, mas boa sorte. Nos vemos na escola!— ela se afastou acenando. Ia dizer para ela que havia esquecido o guarda chuva, mas ela já estava longe. Devolveria amanhã. Agora só queria pensar um pouco e livrar minha mente da Ambre. Eu era má, podia sentir que havia algo de errado comigo. Talvez eu fosse amaldiçoada. E eu nem disfarçava. Mas Ambre era mais do que má, ela sentia prazer em machucar os outros, ela escolheu isso. Eu não. Nasci assim, com uma maldade tão negra e viscosa quanto petróleo dentro de mim. Decidi voltar para casa, imaginando que a minha tia estivesse esperando em casa, com os pés pintados em cima de uma almofada enquanto assistia TV aberta e comia sorvete. Voltei pelo mesmo caminho, agora com mais movimento. O meu sanduíche estava caído na sarjeta ainda, com a enxurrada encharcando-o. Nem se via sinal da Ambre, ela havia ido embora. Deixei minha dignidade naquele banco, chorando em público. Não que eu já não tivesse a deixado há tempos. 

                                 ***

Cheguei em casa tarde, eram meia noite ou mais, mas nem sinal da minha tia. Liguei vinte e sete vezes para o celular dela, mas ela não atendeu. Então esperei. Sentei-me no sofá de veludo rosa e esperei aflita, com as mãos no colo, olhando para a TV desligada. Depois de um tempo a porta foi aberta e Agatha entrou, se esquivou das sombras. Eu me levantei do sofá e corri até ela.

—Tia Agatha? Onde você estava?— eu gritei e ela murmurou alguma coisa e entrou na sala. Seu cabelo estava todo desarrumado, havia escapado do coque que havia feito nessa manhã. Um pouco de suor escorria pelo seu rosto, mas fora isso, ela parecia bem. Mas estava chorando e apavorada. Ela me abraçou forte e chorou. Retribuí o abraço, sendo a primeira vez que eu abraçava alguém em dias. Antes disso, meses. Não sabia onde ela tinha ido ou o que havia feito, mas naquele momento, só estava aliviada por ela estar viva. Já estava quase chamando a polícia e não podia perder mais um parente. Ela parou após alguns minutos e me encarou.

—Onde você estava?— perguntei. Quando ela não respondeu, perguntei de novo, mais alto.

—Eu saí para dar uma volta, só isso. Não se preocupe e vá dormir, já está tarde.— ela fez um gesto em direção às escada, um pouco dispersa. Tentei insistir, mas não consegui tirar nada dela. Então, decidi que esqueceria essa noite pelo meu próprio bem e o da minha tia. Subi as escadas rumo à escuridão interminável do andar de cima. Nele tinha apenas o meu quarto, um banheiro e uma sala que sempre ficava trancada. Minha tia dizia que era um tipo de sótão onde ela guardava caixas e seu piano antigo, mas eu desconfiava que havia algo a mais. A única luz  era a luz da lua, que entrava por uma pequena janela de treliça e iluminava o corredor suficiente para que eu conseguisse enxergar. Entrei no meu quarto e observei a bagunça que havia feito naquele dia. A roupa de cama preta havia se desfeito e agora o edredom estava metade na cama metade no chão, alguns pôsteres estavam colados na parede branca, maculando-a. O mural de madeira acima da escrivaninha estava abarrotado de desenhos que havia trazido de viagem. Eram desenhos comuns, de pessoas, árvores, bandas, jogos e animes. Os especiais eu guardava pra mim. Aqueles que não queria que minha tia entrasse no quarto e visse ou que eu não queria ver. Os desenhos sombrios, os desenhos nos quais eu vomitava os meus problemas através de rabiscos apressados de lápis, pinceladas raivosas de aquarela  e suor pingando no papel. Esses eu guardava junto com as minhas lembrancinhas roubadas, em minha gaveta de calcinhas. Acendi a luz do abajur, deixando o brilho cálido e amarelado iluminar levemente o quarto. Sob a luz fraca, me pus a desenhar na cama com carvão. Sombras contra luz, sol contra a lua, água contra vinho. Risquei profundamente o papel do meu caderno de desenho, até fiz vincos. Após minutos (ou horas), terminei. Observei a minha "obra de arte". Era um homem com o rosto encoberto pelas sombras de carvão e ele sorria. Não era um sorriso bom, feliz, como aqueles que os vendedores dão e dizem "Volte sempre". Não. Era um daqueles sorrisos amargurados e maliciosos, do tipo que corroem sua alma até nada restar além de fragmentos negros. Um daqueles que me vi dar algumas vezes. Não o conhecia, mas era normal desenhar coisas que eu não conhecia, fazia isso mais que o normal. Enrolei a cartolina e passei um elástico em volta para que não se solte. Então, enfiei o desenho na gaveta de calcinhas, entre uma calcinha preta com bolinhas brancas e uma meia calça de veludo para o inverno. O brinde que eu havia pego da diretora estava lá também. 


Notas Finais


Demorei muito tempo para escrever isso então... sorry.

Obrigada por ler, espero que tenha gostado, comentr e favorite para me ajudar (críticas construtivas sao bem vindas. Eu não mordo. Na maioria das vezes)

Beijos❤️


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